Plano Municipal de Combate ao Mosquito Vetor de Transmissão da Dengue



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Transcrição:

Plano Municipal de Combate ao Mosquito Vetor de Transmissão da Dengue Funchal, Novembro de 2012

ÍNDICE Resumo executivo... 2 I Introdução... 4 II Objetivo... 5 III Estratégia de atuação... 5 IV Área de intervenção... 6 V Atividades... 6 Inventariação dos focos/criadouros do mosquito... 6 Monitorização da atividade do mosquito com recurso a armadilhas (ovitraps)... 7 Sensibilização da população dos conjuntos habitacionais camarários... 7 Envolvimento das Juntas de Freguesia com vista à mobilização e envolvimento direto da Comunidade... 8 Ações de informação junto do setor turístico... 8 Articulação com outras entidades e programas... 8 VI Meios logísticos e humanos... 8 VII Calendarização... 9 VIII Avaliação... 9 Município do Funchal Plano Municipal de Combate ao Vetor de Transmissão da Dengue Pág. 1

Resumo executivo O mosquito vetor da febre da Dengue e da Febre Amarela, Aedes aegypti (Linnaeus, 1762), foi identificado pela primeira vez na Madeira em Outubro de 2005, com base em exemplares colhidos na freguesia de Santa Luzia e trazidos ao Museu de História Natural do Funchal. Entre 2005 e 2009 a Câmara Municipal do Funchal manteve um programa de monitorização desta espécie com vista a determinar com exatidão a sua distribuição na cidade do Funchal e a sua progressão. Esse programa consistiu na instalação de armadilhas para colheita de ovos ( ovitraps ) distribuídas em diversos pontos da cidade e vistoriadas semanalmente. Paralelamente os técnicos do Museu de História Natural do Funchal procederam à prospeção de criadouros desta espécie nos diversos espaços públicos e intervieram também em muitas residências particulares e edifícios públicos situados nas freguesias de Santa Luzia, São Pedro e Sé, com vista a determinar a existência de criadouros desta espécie e a alertar as pessoas para a necessidade de os eliminar. Colaboradores da autarquia participaram também, em conjunto com colaboradores da então Direção Regional de Saúde, mais tarde Instituto da Administração da Saúde, IP RAM, na eliminação de criadouros em diversos pontos da cidade e procederam também a operações de limpeza de sarjetas, potenciais locais de criação do mosquito. Em 2009 a Câmara Municipal do Funchal, o IASAUDE, a Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais e a Universidade de La Laguna, Canárias, viram aprovado o projeto MOSQIMAC Gestão Integrada do vetor Aedes aegypti, no âmbito do programa PCT MAC. Neste projeto coube ao Museu de História Natural do Funchal dar continuidade ao programa de monitorização (27 armadilhas no Funchal e 18 nos outros 10 concelhos) e a proceder ao ensaio de novas armadilhas destinadas à captura de formas adultas do mosquito. Em 2012 uma Técnica do Departamento de Educação e Promoção Social, em parceria com as Técnicas da SócioHabita Funchal, efetuaram 40 ações de sensibilização, em 27 conjuntos habitacionais do Funchal, sendo visitadas pedagogicamente 270 habitações, nas quais se procedeu à eliminação de criadouros e à sensibilização dos moradores, e feitas intervenções diretas a mais de 1500 pessoas. Foram ainda desenvolvidas ações de sensibilização, com eliminação de criadouros, em duas escolas básicas do 1º ciclo, estando programadas ações idênticas para as restantes 25 existentes no concelho. Em Outubro de 2012 foram diagnosticados os primeiros casos de Dengue autóctone no concelho do Funchal e rapidamente a situação evoluiu para um surto da doença, estando já confirmados mais de 1000 casos. Face ao aparecimento da doença e as suas implicações ao nível da população residente e flutuante, do Funchal e com vista a enquadrar e a aumentar a eficácia das ações já desenvolvidas pelos técnicos da autarquia e a envolver ainda mais a comunidade na luta contra este mosquito, a Câmara Municipal do Funchal, no uso das suas competências, decidiu implementar um Plano Municipal de Combate ao Mosquito Vetor de Transmissão da Dengue. Este plano tem como objetivo contribuir para debelar o surto de Dengue no Funchal através da eliminação drástica e duradoura de focos de mosquitos, Aedes aegypti e consequentemente, Município do Funchal Plano Municipal de Combate ao Vetor de Transmissão da Dengue Pág. 2

conduzir à interrupção do ciclo de transmissão da doença, com o envolvimento da população residente. Geograficamente cobre toda a área urbana do Concelho. A estratégia de intervenção é baseada na luta anti vetorial contra a doença, através da eliminação de focos/criadouros de mosquitos Aedes aegypti, e compreende os seguintes eixos de atuação: 1 Inventariação dos focos/criadouros do mosquito; 2 Monitorização da atividade do mosquito com recurso a armadilhas e estabelecimento de indicadores; 3 Combate aos criadouros nas áreas públicas; 4 Sensibilização da população dos conjuntos habitacionais camarários; 5 Envolvimento das Juntas de Freguesia com vista à mobilização e envolvimento direto da Comunidade; 6 Ações de informação junto do sector turístico; 7 Articulação com outras entidades e programas; O plano prevê o envolvimento de: 5 equipas de sensibilização (1 2 pessoas/equipa) Departamentos Educação e Promoção Social, Ciência e SócioHabita Funchal. 2 equipas de monitorização/investigação (2 pessoas/equipa) Departamento de Ciência 14 brigadas de combate (2 cantoneiros/brigada) Departamento de Ambiente e Juntas de Freguesia. 1 equipa de tratamento e análise de dados (4 pessoas) Departamentos de Ciência e Planeamento Estratégico (Gabinete de Informação Geográfica). O plano tem a duração de dois anos, com início em Dezembro de 2012. No final serão avaliadas as metas e os resultados atingidos, sendo decididos nessa altura os moldes da sua continuação. Município do Funchal Plano Municipal de Combate ao Vetor de Transmissão da Dengue Pág. 3

I Introdução O mosquito vetor da febre da Dengue e da Febre Amarela, Aedes aegypti (Linnaeus, 1762), foi identificado pela primeira vez na Madeira em Outubro de 2005, com base em exemplares colhidos na freguesia de Santa Luzia e trazidos ao Museu de História Natural do Funchal. Ciente da potencial gravidade da presença desta espécie, a Câmara Municipal do Funchal, através do seu Departamento de Ciência e do Museu de História Natural do Funchal deu, de imediato, início a um programa de monitorização desta espécie com vista a determinar com exatidão a sua distribuição na cidade do Funchal e a sua progressão. Esse programa consistiu na instalação de armadilhas para colheita de ovos ( ovitraps ) distribuídas em diversos pontos da cidade e vistoriadas semanalmente. Paralelamente os técnicos da autarquia procederam à prospeção de criadouros desta espécie nos diversos espaços públicos e intervieram também em muitas residências particulares e edifícios públicos situados nas freguesias de Santa Luzia, São Pedro e Sé, com vista a determinar a existência de criadouros desta espécie e a alertar as pessoas para a necessidade de os eliminar. Colaboradores da autarquia participaram também, em conjunto com colaboradores da então Direção Regional de Saúde, mais tarde Instituto da Administração da Saúde, IP RAM, na eliminação de criadouros em diversos pontos da cidade e procederam também a operações de limpeza de sarjetas, potenciais locais de criação do mosquito. Os resultados obtidos com este programa de monitorização nos 3 primeiros anos permitiram verificar que este mosquito alastrou se a toda a parte baixa da cidade e a zonas mais altas, até à cota média dos 200 m. Em 2009 esta rede de armadilhas foi redefinida sendo colocadas 27 armadilhas no Funchal e neste mesmo ano foi lançada uma rede de armadilhas sentinela fora do concelho, constituída por 18 ovitraps distribuídas em todos os concelhos da Ilha da Madeira Ainda em 2009, a Câmara Municipal do Funchal, o IASAUDE, a Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais e a Universidade de La Laguna, Canárias, viram aprovado o projeto MOSQIMAC Gestão Integrada do vetor Aedes aegypti, no âmbito do programa PCT MAC. Neste projeto coube ao Museu de História Natural do Funchal dar continuidade ao programa de monitorização e a proceder ao ensaio de novas armadilhas destinadas à captura de formas adultas do mosquito. Este projeto chega ao seu termo em Dezembro de 2012 e permitiu determinar de forma precisa a distribuição da espécie, que neste momento já está presente nos concelhos de Santa Cruz, Machico, Câmara de Lobos, Ribeira Brava e Ponta de Sol. Permitiu também determinar os ciclos anuais de atividade do mosquito, altamente correlacionados com a temperatura, a humidade e a pluviosidade. Assim assiste se a uma intensificação da Município do Funchal Plano Municipal de Combate ao Vetor de Transmissão da Dengue Pág. 4

atividade do mosquito no Verão, com um pico no início do Outono, seguido de uma diminuição nos meses mais frios do Inverno. Ciente da necessidade de envolver a população no combate a esta espécie, a Câmara Municipal do Funchal, através de uma técnica do Departamento de Educação e Promoção Social, em colaboração com as técnicas da SócioHabita Funchal, iniciou em Outubro de 2012 um conjunto de ações de sensibilização e educação da população dos conjuntos habitacionais da autarquia, a maioria dos quais situados em áreas da cidade infestadas com o mosquito. Assim foram feitas até à data 40 ações de sensibilização, em 27 conjuntos habitacionais do Funchal, sendo visitadas pedagogicamente 270 habitações, nas quais se procedeu à eliminação de criadouros e à sensibilização dos moradores, e feitas intervenções diretas a mais de 1500 pessoas. Foram ainda desenvolvidas ações de sensibilização, com eliminação de criadouros, em duas escolas básicas do 1º ciclo, estando programadas ações idênticas para as restantes 25 existentes no concelho. Em Outubro de 2012 foram diagnosticados os primeiros casos de Dengue autóctone no concelho do Funchal e rapidamente a situação evoluiu para um surto da doença, estando já confirmados mais de 1000 casos. Face ao aparecimento da doença e as suas implicações ao nível da população residente e flutuante, do Funchal e com vista a enquadrar e a aumentar a eficácia das ações já desenvolvidas pelos técnicos da autarquia e a envolver ainda mais a comunidade na luta contra este mosquito, a Câmara Municipal do Funchal, no uso das suas competências, decidiu implementar um Plano Municipal de Combate ao Mosquito Vetor de Transmissão da Dengue. II Objetivo Contribuir para debelar o surto de Dengue no Funchal através da eliminação drástica e duradoura de focos de mosquitos, Aedes aegypti e, consequentemente, conduzir à interrupção do ciclo de transmissão da doença, com o envolvimento da população residente. III Estratégia de atuação A estratégia de intervenção é baseada na luta anti vetorial contra a doença, através da eliminação de focos/criadouros de mosquitos Aedes aegypti, e compreende os seguintes eixos de atuação: 1 Inventariação dos focos/criadouros do mosquito; Município do Funchal Plano Municipal de Combate ao Vetor de Transmissão da Dengue Pág. 5

2 Monitorização da atividade do mosquito com recurso a armadilhas e estabelecimento de indicadores; 3 Combate aos criadouros nas áreas públicas; 4 Sensibilização da população dos conjuntos habitacionais camarários; 5 Envolvimento das Juntas de Freguesia com vista à mobilização e envolvimento direto da Comunidade; 6 Ações de informação junto do setor turístico; 7 Articulação com outras entidades e programas; IV Área de intervenção A área de intervenção ao abrigo deste plano é a área urbana do Concelho do Funchal. Face ao conhecimento já existente, as atividades previstas neste plano vão concentrarse, num primeiro tempo, nas áreas mais infestadas da cidade do Funchal. Assim será dedicada particular atenção às freguesias da Sé, São Pedro, Santa Luzia, São Gonçalo, Santa Maria Maior, São Martinho e Imaculado Coração de Maria e aos conjuntos habitacionais camarários. V Atividades Este plano prevê as seguintes atividades: Inventariação dos focos/criadouros do mosquito 1. Levantamento geográfico das áreas a estudar SIG; 2. Caraterização social da comunidade (faixa etária, nível de escolaridade, n.º pessoas por agregado) e caraterização ambiental de cada residência através do preenchimento de uma ficha, nos conjuntos habitacionais camarários; 3. Estabelecimento do estado de referência; 4. Visitas domiciliárias nas áreas de estudo selecionadas, segundo o método LIRA. O objetivo de cada vistoria consiste na identificação de criadouros e colheita de estados imaturos do mosquito (pesquisa larvária direta) no interior das habitações, áreas comuns e espaços circundantes. Nos conjuntos habitacionais camarários selecionados, estas visitas terão uma periodicidade mensal. Nas restantes áreas urbanas, e de acordo com a aplicação do método LIRA, as visitas aos imóveis selecionados será trimestral; Município do Funchal Plano Municipal de Combate ao Vetor de Transmissão da Dengue Pág. 6

5. Preenchimento de uma ficha entomológica com base na informação obtida no ponto 4; 6. Estimativa do nível de infestação do Aedes aegypti, nas áreas em estudo, através do cálculo do índice de infestação predial (HI), índice de Breteau (BI) e índice de recipiente (CI); Monitorização da atividade do mosquito com recurso a armadilhas (ovitraps) 1. Estabelecimento de uma rede de armadilhas à escala da área urbana do concelho do Funchal, com recurso ao SIG; 2. Monitorização através do uso de armadilhas de oviposição (ovitraps): 3. Colocação de uma rede de ovitraps com base na avaliação ambiental/ entomológica efetuada. A ovitrap consiste num balde plástico, de cor preta, com capacidade de 10 L onde se coloca uma fita de papel de veludo vermelho fixa a uma régua de plástico. O balde contendo 1,5 L de água da torneira é colocado numa zona sombria, abrigada e longe do alcance de crianças e animais domésticos. Semanalmente, as fitas são recolhidas e substituídas; os baldes são inspecionados para verificação da presença de ovos/larvas, após este processo, são lavados e recolocados no terreno. 4. Cálculo dos índices de densidade de ovos (IDO) e positividade (IPO). 5. Análise e tratamento estatístico dos dados. Combate aos criadouros nas áreas públicas 1. Inventariação das situações, com recurso ao SIG; 2. Lavagem semanal de sarjetas e lagoas e inspeção de córregos e ribeiros e eventual aplicação de agentes de controlo vetorial, biológicos e/ou químicos; 3. Eliminação de criadouros (coberturas de espaços públicos, eco pontos, fontanários, imóveis municipais desocupados, cemitérios, etc.). Sensibilização da população dos conjuntos habitacionais camarários 1. Ações de sensibilização junto dos moradores, através de palestras, folhetos e pósteres informativos; 2. Visitas domiciliárias mensais para avaliação da informação recebida. 3. Envolvimento direto dos moradores, através dos Centros Comunitários, com eventual criação de brigadas de intervenção contra o mosquito (BIM s); 4. Criação de um certificado de boa conduta (autocolante). Município do Funchal Plano Municipal de Combate ao Vetor de Transmissão da Dengue Pág. 7

Envolvimento das Juntas de Freguesia com vista à mobilização e envolvimento direto da Comunidade 1. Ações de sensibilização junto dos moradores, através de palestras, folhetos e pósteres informativos; 2. Envolvimento direto dos moradores, através dos Centros Cívicos, com eventual criação de brigadas voluntárias, coadjuvadas por elementos afetos à Junta de Freguesia; 3. Levantamento dos imóveis devolutos e em mau estado de conservação que sejam potenciais focos de criadouros; 4. Levantamento de situações de criadouros ou potenciais criadouros (sucatas, veículos abandonados, lixos, etc.) e correção das mesmas. 5. Envolvimento das Juntas de Freguesia nas ações de combate referidas anteriormente. Ações de informação junto do setor turístico 1. Sensibilização dos gestores hoteleiros para a problemática do mosquito Aedes aegypti, com vista à eliminação de potenciais criadouros nas suas instalações; 2. Elaboração de um folheto informativo sobre esta temática, em português, inglês, francês e alemão, contendo informações úteis para o visitante (prevenção, proteção individual, etc.) e outras sobre as atividades que estão a ser desenvolvidas. 3. Atribuição de um certificado de boa conduta aos estabelecimentos que, após inspeções periódicas, demonstrem que estão isentos de criadouros e desenvolvem ações conducentes à minimização deste problema. Articulação com outras entidades e programas 1. A estratégia de intervenção prevista neste Plano articula se, de forma sinérgica, com as estratégias desenvolvidas por outras entidades e organismos públicos e privados. 2. As atividades previstas neste plano articulam se sinergicamente com as previstas no projeto PCT MAC MOSQIMAC Gestão Integrada do Vetor Aedes aegypti do qual a Câmara Municipal do Funchal é parceiro. VI Meios logísticos e humanos A implementação de um plano desta natureza envolve meios logísticos e humanos importantes, afetos a vários departamentos da autarquia. Município do Funchal Plano Municipal de Combate ao Vetor de Transmissão da Dengue Pág. 8

Assim está previsto o envolvimento de: 5 equipas de sensibilização (1 2 pessoas/equipa) Departamentos de Educação e Promoção Social, Ciência e SócioHabita Funchal. 2 equipas de monitorização/investigação (2 pessoas/equipa) Departamento de Ciência 14 brigadas de combate (2 cantoneiros/brigada) Departamento de Ambiente e Juntas de Freguesia. 1 equipa de tratamento e análise de dados (4 pessoas) Departamentos de Ciência e Planeamento Estratégico (Gabinete de Informação Geográfica). Não estão aqui contabilizadas as BIMs voluntárias a criar nos conjuntos habitacionais camarários e nas Juntas de Freguesia, cujo número não é possível antecipar. Ao nível material está prevista a utilização de viaturas, armadilhas ovitraps, equipamento informático, fotográfico e outro inerente à monitorização, produtos de desinfeção, repelentes, fardamento, equipamento de proteção individual, coletes identificadores, apresentações powerpoint, folhetos, pósteres e outros materiais de divulgação. VII Calendarização O presente Plano Municipal tem o seu início programado para 1 de Dezembro de 2012 e estará em vigor durante 2 anos (2012 2014), após o que será revisto, em face dos resultados obtidos, sem prejuízo de poder sofrer aperfeiçoamentos de pormenor durante a sua execução VIII Avaliação A cada trimestre será elaborado um relatório contendo os resultados obtidos e a evolução da situação, apontando para os eventuais desvios face aos resultados esperados e para a sua correção. Após dois anos, todo o programa será avaliado e definidos os moldes da sua continuação, de acordo com os resultados obtidos e as condicionantes do momento. Município do Funchal Plano Municipal de Combate ao Vetor de Transmissão da Dengue Pág. 9