Odesafio de resgatar a memória da imprensa e construir



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Transcrição:

Duzentos anos de mídia no Brasil [VI Congresso Nacional de História da Mídia] Odesafio de resgatar a memória da imprensa e construir a história da mídia no Brasil que deu origem, em 2001, à Rede Alfredo de Carvalho foi celebrado em Niterói/RJ, entre os dias 13 e 16 de maio de 2008, durante o VI Congresso Nacional de História da Mídia, realizado na Universidade Federal Fluminense, tendo como tema central Duzentos anos de mídia no Brasil: historiografia e tendências. O evento, que reuniu cerca de seiscentos participantes, confirmou o crescente interesse por este campo de pesquisa e significou uma expressiva contribuição para o resgate da história da mídia, através dos 482 artigos inscritos nos dez grupos de trabalho (GTs), e para o debate sobre os desafios da pesquisa historiográfica em comunicação. A programação da sexta edição do congresso contou com conferências e painéis temáticos sobre a história da mídia no Brasil, na Europa e na América Latina, perspectivas teóricas e metodológicas, estudos precursores e tendências de pesquisa neste campo, além de colóquios sobre personagens paradigmáticos da mídia no Brasil, apresentações de trabalhos e lançamentos de livros da área. Na abertura do evento, no dia 13 de abril, exatos duzentos anos depois de assinado o decreto que permitiu a implantação oficial da imprensa no Brasil, Marialva Barbosa, coordenadora do congresso, prestou homenagens aos professores José Marques de Melo, criador de Rede Nacional de Pesquisa de História da Mídia e presidente da Intercom, e Muniz Sodré de Araújo Cabral, fundador do Departamento de Comunicação da UFF e presidente da Fundação Biblioteca Nacional, por sua contribuição para a área. A conferência inaugural foi apresentada por Diane Cooper Richet, da Universidade de Versailles Saint Quentin en Yvelines (França), que substituiu o professor Jean-Yves Mollier (diretor do Centro de História Cultural das Sociedades Contemporâneas, na mesma universidade) na exposição sobre o papel da mídia na 284 Comunicação e Sociedade 50

história política e social da França, destacando a importância da imprensa na construção da idéia de nação, em um percurso que abarcou desde o final do século XVIII até a atualidade. Em seguida, o painel sobre Historiografia ibero-americana: cenários teórico-metodológicos ofereceu um panorama dos estudos de história da mídia, destacando algumas perspectivas teóricas e contribuições interdisciplinares. A pesquisadora Celia del Palacio, da Universidad de Guadalajara, abordou o estudo da imprensa nas regiões do México no período de 1925 a 1950, concentrando sua discussão nas tendências teóricas e metodológicas adotadas naquele país para o estudo do jornalismo e destacando que, embora se perceba uma profissionalização destas pesquisas, é necessária uma maior complexificação teórica nos estudos da história da mídia. Já a professora Mirta Varela, da Universidad de Buenos Aires, problematizou a especificidade latino-americana dos meios de comunicação, entre modernidades periféricas e futuros para a memória, observando que a história mundial ignora estes países. O paradoxo se apresenta, na avaliação da pesquisadora, diante do peso social da mídia em um contexto marcado por desigualdades e especificidades culturais. Juan Garguverich, da Universidad Católica del Perú, contribuiu com a temática da mesa discutindo novas abordagens metodológicas para o estudo histórico do jornalismo por meio das biografias. Para ele, as histórias pessoais dos profissionais que fizeram o jornalismo podem oferecer compreensões mais profundas sobre a história dos meios de comunicação. Com estas abordagens, os referidos pesquisadores lançaram diversos olhares sobre a construção da história da mídia, destacando limites e possibilidades. A mesa que discutiu o tema Historiografia luso-brasileira: influências e confluências contou com a participação dos palestrantes Jorge Pedro Sousa, da Universidade Fernando Pessoa e pesquisador do Centro de Investigação Media e Jornalismo (Portugal), e Humberto Machado, professor de História da Universidade Federal Fluminense, que trouxeram reflexões para uma análise da história da mídia. O pesquisador português apresentou uma historiografia da historiografia portuguesa do jornalismo, recuperando livros pioneiros sobre história do jornalismo publi- 285

cados por autores portugueses até à Revolução de Abril de 1974. O trabalho, que reúne 91 obras, baseia-se em pesquisa bibliográfica e análise documental e aborda as particularidades destes estudos, em que se destacam algumas obras referenciais. Humberto Machado, por sua vez, realizou um percurso histórico pelos jornais brasileiros do final do século XIX, para compreender o papel da imprensa na abolição da escravidão no Brasil, e fez ainda uma reflexão sobre as conseqüências dos 120 anos de abolição da escravidão para a história do Brasil. Outras mesas se ocuparam do tema mídia e história, com o objetivo de apresentar os estudos precursores e as tendências futuras. Sobre a questão das fontes para a pesquisa em história da mídia, Esther Caldas Bertoletti, do projeto Resgate de Documentação Histórica (Ministério da Cultura), discutiu aspectos da preservação e do acesso das coleções de periódicos, recuperando o trabalho iniciado nos anos 1970 para a microfilmagem de publicações, que permitiu resgatar diversas coleções. A pesquisadora defendeu a necessidade de criação de políticas públicas para preservar e viabilizar o acesso a fontes documentais, destacando o dever do Estado no registro da história e da memória do País. José Marques de Melo, titular da Cátedra Unesco-Metodista de Comunicação, participou da mesa discutindo a trajetória dos estudos jornalísticos brasileiros, em uma abordagem sobre o pensamento emancipatório na fase embrionária e no momento precursor do jornalismo no Brasil. O pesquisador percorreu as contribuições de personagens paradigmáticos nos séculos XIX e XX, destacando o pensamento de Hipólito José da Costa, Frei Caneca, Evaristo da Veiga, Joaquim Serra, Alfredo de Carvalho e José Veríssimo na construção de uma história do jornalismo que, segundo o professor, ainda reserva muitos desafios. Na mesma mesa, Alzira Alves de Abreu, pesquisadora do CPDOC da Fundação Getulio Vargas, abordou a imprensa nos anos 1920 a partir de um caso que mobilizou a opinião pública na época e que teve início com a publicação de duas cartas de caráter ofensivo ao candidato à presidência da República, Nilo Peçanha, publicadas em outubro de 1921 no Correio da Manhã, supostamente escritas por Artur Bernardes, candidato opositor. As cartas falsas revelam, para a pesquisado- 286 Comunicação e Sociedade 50

ra, o partidarismo e a violência da linguagem presentes no jornalismo na época, apontando para o papel exercido pela imprensa na construção de um acontecimento. A mesa que discutiu as tendências futuras da história da mídia, destacando aspectos teóricos e metodológicos, contou com a participação de Ana Maria Mauad (UFF), que discutiu o tempo histórico nas fotografias a partir de registros da imprensa e de relatos de fotógrafos; Ana Paula Goulart Ribeiro (UFRJ), que realizou um panorama das pesquisas sobre história da mídia e apontou os principais desafios e limites dos estudos na área; Sônia Virgínia Moreira (UERJ), que abordou o uso de diversas fontes nas pesquisas sobre história do rádio; e Lúcia Maria Alves Ferreira (Unirio), que se ocupou do processo de discursivização da história na imprensa, em um estudo sobre o tempo presente. As pesquisadoras apresentaram variados enfoques sobre a pesquisa em história da mídia, trazendo abordagens interdisciplinares para compreender a mídia como objeto de estudo. A programação do evento contou ainda com uma mesa sobre Cinema: entre a ficção e a história, que teve como palestrantes Vera Lúcia Follain de Figueiredo, da PUC-RJ, e os pesquisadores João Luiz Vieira, Mariana Baltar e Ivan Cappeler, da UFF. As apresentações abordaram aspectos da ficção cinematográfica e da produção documental, além da compreensão da narrativa do cinema, em suas relações com a construção da história. O VI Congresso Nacional de História da Mídia realizou ainda colóquios sobre dois personagens que marcaram a história da mídia: Nelson Werneck Sodré, principal historiador da imprensa brasileira, e Adolpho Bloch, um dos mais importantes empresários da comunicação no País. O colóquio Nelson Werneck Sodré e os estudos históricos reuniu Luitgarde Barros (UERJ), José Marques de Melo (Umesp) e Marly Vianna (Universo). Os pesquisadores apresentaram diversas faces de Sodré (considerado um autor injustiçado), partindo da contribuição de sua obra para o registro histórico da mídia no Brasil e estabelecendo relações entre o intelectual, o militar, o crítico e o militante político. Já o colóquio Adolpho Bloch: cem anos contou com a presença de Ana Bentes Bloch, que foi casada com o empresário, Fernando 287

Resende e Felipe Pena (UFF), que mesclaram elementos da trajetória pessoal de Bloch com aspectos da história da mídia. Durante o evento, também aconteceu a plenária de constituição da Associação Nacional de História da Comunicação Rede Alfredo de Carvalho, tendo a professora Marialva Barbosa como presidente e contando com a adesão de diversos sócios fundadores. Ao se consolidar como entidade civil, a Rede Alcar assumiu o desafio de promover, além dos eventos científicos, iniciativas diversas capazes de contribuir para a construção da história e da memória da mídia no Brasil. Diante dos debates, das reflexões e das iniciativas que marcaram o VI Congresso Nacional de História da Mídia, pode-se dizer que o evento representou um importante marco na comemoração dos duzentos anos da imprensa no Brasil, consolidando uma trajetória de pesquisas na área e, ao mesmo tempo, lançando novos desafios. Este trabalho somará novas contribuições na sétima edição do congresso, que será realizada em Fortaleza/CE, com a participação da Universidade de Fortaleza, da Universidade Federal do Ceará e da Faculdade 7 de Setembro. Afinal, conforme destacou José Marques de Melo durante o evento, mais do que comemorar os duzentos anos, nosso desafio é mudar o Brasil para chegarmos aos trezentos. Karina Janz Woitowicz Professora do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e doutoranda do PPG Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC. 288 Comunicação e Sociedade 50