O MATERIAL DIDÁTICO PEÇAS RETANGULARES



Documentos relacionados
A GEOMETRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: AS FORMAS LÓGICAS

O USO DO TANGRAM EM SALA DE AULA: DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO MÉDIO

Palavras-chave: Metodologia da pesquisa. Produção Científica. Educação a Distância.

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

Métodos de ensino-aprendizagem aplicados às aulas de ciências: Um olhar sobre a didática.

O JOGO COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NO ENSINO DA MATEMÁTICA

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SOBRE A CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO DE QUÍMICA NO MUNÍCIPIO DE GURJÃO-PB

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE JOGOS E MATERIAIS MANIPULATIVOS NO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO. Prof. Msc Milene Silva

Índice. 1. Frações e Decimais: As Representações dos Números Racionais Blocos Lógicos e Material Dourado...3

CARTA ABERTA EM DEFESA DO PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA

A ORALIZAÇÃO COMO MANIFESTAÇÃO LITERÁRIA EM SALA DE AULA

ALTERNATIVAS APRESENTADAS PELOS PROFESSORES PARA O TRABALHO COM A LEITURA EM SALA DE AULA

A MODELAGEM MATEMÁTICA E A INTERNET MÓVEL. Palavras-chave: Modelagem Matemática; Educação de Jovens e Adultos (EJA); Internet móvel.

Organização Curricular e o ensino do currículo: um processo consensuado

Diagnosticando conhecimentos matemáticos requeridos nas provas do ENEM

JOGOS ELETRÔNICOS CONTRIBUINDO NO ENSINO APRENDIZAGEM DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NAS SÉRIES INICIAIS

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

O ORIGAMI: MUITO MAIS QUE SIMPLES DOBRADURAS

A LÓGICA DOS BLOCOS LÓGICOS E O INÍCIO DO PENSAR MATEMÁTICO

UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA MOODLE PARA O ENSINO DE MATRIZES E DETERMINANTES

CONSTITUINDO REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: CONTRIBUIÇÕES DO PIBID PARA O TRABALHO COM ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

A IMPORTANCIA DOS RECURSOS DIDÁTICOS NA AULA DE GEOGRAFIA

RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA EM TRIGONOMETRIA

OFICINA DE JOGOS MATEMÁTICOS E MATERIAIS MANIPULÁVEIS

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DE OFICINAS PEDAGÓGICAS NAS ESCOLAS DO CAMPO

Composição dos PCN 1ª a 4ª

5 Considerações finais

Programa de Pós-Graduação em Educação

BLOCOS LÓGICOS NO ENSINO DE MATEMÁTICA

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO ENSINO DAS PROPRIEDADES DE POTÊNCIAS

A ÁLGEBRA NO ENSINO FUNDAMENTAL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DE INTERVENÇÃO

FACULDADE ASTORGA FAAST REGULAMENTO ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Relato de experiência sobre uma formação continuada para nutricionistas da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco

TÍTULO: BIOÉTICA NOS CURSOS SUPERIORES DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

JOGOS MATEMÁTICOS: EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

ENSINO DE BIOLOGIA E O CURRÍCULO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA REFLEXÃO INICIAL.

O ESTUDO DE SÓLIDOS GEOMÉTRICOS: A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS MANIPULÁVEIS NO ENSINO MÉDIO

Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Matemática versus Estágio Supervisionado

Pedagogia Estácio FAMAP

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

1 EDUCAÇÃO INFANTIL NATUREZA E SOCIEDADE O TEMPO PASSA... Guia Didático do Objeto Educacional Digital

O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹ RESUMO

ISSN TRILHA PITAGÓRICA

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

Projeto Matemática 5º ano 4ª série. Objetivos

CONSTRUÇÃO DE QUADRINHOS ATRELADOS A EPISÓDIOS HISTÓRICOS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA RESUMO

PROBLEMATIZANDO ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES/AS

Realizado de 25 a 31 de julho de Porto Alegre - RS, ISBN

definido, cujas características são condições para a expressão prática da actividade profissional (GIMENO SACRISTAN, 1995, p. 66).

O ESTUDO DE CIÊNCIAS NATURAIS ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA RESUMO

PROFESSORES DE CIÊNCIAS E SUAS ATUAÇÕES PEDAGÓGICAS

EDUCAÇÃO ESCOLAR: GESTOR OU ADMINISTRADOR?

INTERVENÇÕES ESPECÍFICAS DE MATEMÁTICA PARA ALUNOS DO PROEJA: DESCOBRINDO E SE REDESCOBRINDO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

ACESSIBILIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: EXPERIÊNCIA COM UM ALUNO CEGO DO CURSO DE GEOGRAFIA, A DISTÂNCIA

ENSINO SUPERIOR: PRIORIDADES, METAS, ESTRATÉGIAS E AÇÕES

EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL: PRÁTICAS INCLUSIVAS E ARTICULADORAS NA CONTINUIDADE DO ENSINO EM MEIO AO TRABALHO COLABORATIVO

Mestre Profissional em Ensino de Matemática pela PUC-SP; 2

NOVOS CAMINHOS PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID ESPANHOL

O LÚDICO COMO INSTRUMENTO TRANSFORMADOR NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

Desafiando o preconceito: convivendo com as diferenças. Ana Flávia Crispim Lima Luan Frederico Paiva da Silva

POSTER/PAINEL O PROJETO PIBID E A INSERÇÃO DO TEATRO NO ENSINO MÉDIO

Revista Perspectiva. 2 Como o artigo que aqui se apresente é decorrente de uma pesquisa em andamento, foi possível trazer os

PROJETOS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: DO PLANEJAMENTO À AÇÃO.

PARECER CME/THE Nº024/2008

EDUCAÇÃO AMBIENTAL & SAÚDE: ABORDANDO O TEMA RECICLAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR

Modelagem Matemática Aplicada ao Ensino de Cálculo 1

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

Experimento. Guia do professor. Otimização da cerca. Secretaria de Educação a Distância. Ministério da Ciência e Tecnologia. Ministério da Educação

Estudos da Natureza na Educação Infantil

A EDUCAÇAO INFANTIL DA MATEMÁTICA COM A LUDICIDADE EM SALA DE AULA

INVESTIGANDO O ENSINO MÉDIO E REFLETINDO SOBRE A INCLUSÃO DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA PÚBLICA: AÇÕES DO PROLICEN EM MATEMÁTICA

A QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL NA ESCOLA: REFLEXÕES A PARTIR DA LEITURA DOCENTE

Crenças, emoções e competências de professores de LE em EaD

Palavras-chave: Educação Física. Ensino Fundamental. Prática Pedagógica.

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

A EXPLORAÇÃO DE SITUAÇÕES -PROBLEMA NA INTRODUÇÃO DO ESTUDO DE FRAÇÕES. GT 01 - Educação Matemática nos Anos Iniciais e Ensino Fundamental

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NO CONTEXTO TECNOLÓGICO: DESAFIOS VINCULADOS À SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

RESUMO. Autora: Juliana da Cruz Guilherme Coautor: Prof. Dr. Saulo Cesar Paulino e Silva COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO DA ESCOLA ORLANDO VENÂNCIO DOS SANTOS DO MUNICÍPIO DE CUITÉ-PB

CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL EXPLORANDO GRÁFICOS DE BARRAS

OS PROJETOS DE TRABALHO E SUA PRODUÇÃO ACADÊMICA NOS GT07 E GT12 DA ANPED ENTRE OS ANOS 2000/2013

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID. Subprojeto de História

INVENÇÃO EM UMA EXPERIMENTOTECA DE MATEMÁTICA: PROBLEMATIZAÇÕES E PRODUÇÃO MATEMÁTICA

Jogo recurso de motivação, interpretação, concentração e aprendizagem

A DISLEXIA E A ABORDAGEM INCLUSIVA EDUCACIONAL

Aluno : Anderson Fabrício Mendes Orientadora: Drª. Maria do Carmo S. e Sousa

O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE JOGOS EM SALA DE AULA E DE UM OLHAR SENSÍVEL DO PROFESSOR

NARRATIVAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES 1

A INFLUÊNCIA DOCENTE NA (RE)CONSTRUÇÃO DO SIGNIFICADO DE LUGAR POR ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE FEIRA DE SANTANA-BA 1

Aula RELAÇÕES DE DISCIPLINARIDADE. TEMAS TRANSVERSAIS. CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE MATEMÁTICA

A LUDICIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

GEPAM - GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA NA ÁREA DE MATEMÁTICA uma articulação de ensino e iniciação à pesquisa

SEDUC SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO ESCOLA ESTADUAL DOMINGOS BRIANTE ANA GREICY GIL ALFEN A LUDICIDADE EM SALA DE AULA

PALAVRAS-CHAVE Formação continuada. Grandezas e medidas. Transição.

A mobilização de conhecimentos matemáticos no ensino de Física

Transcrição:

O MATERIAL DIDÁTICO PEÇAS RETANGULARES Maríthiça Flaviana Florentino da Silva/UFCG marithica@hotmail.com RESUMO O material didático peças retangulares - PR foi criado pelo professor Pedro Ribeiro Barbosa em 1997, tendo como fonte principal de inspiração o material blocos lógicos. Através dele podem ser explorados os atributos forma, cor, tamanho e largura. Podemos dizer que o PR é um material didático convencional em que se destacam as funções: conteúdo relacional; conteúdo informacional; lúdica e acessibilidade. A pouco mais de uma década temos desenvolvido atividades pedagógicas, a partir do uso desse material, com alunos e professores, tanto da rede pública quanto privada, nas quais constatamos bastante receptividade desses dois segmentos educacionais. Tais atividades permitem explorar desde situações que contribuem para a formação do pensamento lógicomatemático até a abordagem prática de conceitos matemáticos estudados nos anos iniciais do Ensino Fundamental. PALAVRAS-CHAVE: material didático; peças retangulares; ensino de matemática INTRODUÇÃO Temos verificado, nos últimos anos, uma ampliação nas recomendações de uso dos materiais didáticos de matemática. Destacamos aqui, por exemplo, a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática PCN, os quais foram inspirados em pesquisas desenvolvidas nas áreas de Psicologia da Educação Matemática e Educação Matemática e fazem menção a necessidade do conhecimento de diversas possibilidades de caminhos metodológicos para melhor instrumentalizar o fazer pedagógico do professor de matemática. Por extensão, os livros didáticos utilizados nas escolas hoje, assim como as oficinas ou cursos propostos pelos eventos educacionais têm recorrido ao material manipulável como ferramenta fundamental para a sala de aula dessa área disciplinar, em especial. De acordo com Durval (2003), de fato, a aprendizagem só ocorre quando o sujeito é capaz de transitar entre os mais variados ambientes didáticos. O esforço que esse sujeito faz na atividade de converter/articular as diferentes representações pode contribuir para diagnosticar se realmente há ou não domínio do objeto do saber.

Na verdade, Duval (2003) propugna a ideia de que a compreensão em matemática implica a capacidade de mudar de registros. Isso porque não se deve jamais confundir um objeto e sua representação (p. 21). Entendemos com isso que a observância a essa informação, tanto para os alunos quanto para os professores, é de fundamental importância para que a compreensão em matemática se efetive. Ora, se a via de acesso aos objetos matemáticos são as representações semióticas e a compreensão desse objeto supõe a condição de não identificá-lo com a representação que o torna acessível, mister se faz repensar as abordagens didáticas, a fim de priorizar-se modelos pedagógicos que possam considerar as reais condições de aquisição dos conhecimentos matemáticos. Nessa perspectiva, motivados pela certeza de que, por um lado, parte dos problemas relacionados ao ensino de matemática resulta de uma abordagem dos conteúdos de forma privilegiadamente abstrata, especialmente, nos anos iniciais do Ensino Fundamental; e, por outro, que o trabalho com os conhecimentos matemáticos através de outra natureza de abordagem, como é o caso da representação concreta, pode facilitar a aprendizagem matemática dos alunos, propomo-nos a contribuir com o conhecimento de mais um recurso que possibilite um trabalho diferenciado em matemática. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL O material didático peças retangulares - PR foi criado pelo professor Pedro Ribeiro Barbosa 1 em 1997, tendo como principal fonte de inspiração o material blocos lógicos, mas procurando explorar atributos que o diferem do criado por Dienes, especialmente na busca de superar os problemas conceituais no uso do atributo espessura (grosso e fino) e dos termos triângulo, quadrado e retângulo, comumente usados na identificação das peças. Sobre esses equívocos Barbosa et al (2010) explicam que trata-se de um atributo que explora conceitos (grosso e fino) específicos para entes associados ao espaço (tridimensional). No entanto, tais peças eram usadas como representantes de figuras planas (bidimensional). Como exemplo, podemos citar expressões comumente empregadas: triângulo fino, quadrado grosso, retângulo fino e círculo grosso. Havia duplo equívoco na relação estabelecida entre a terminologia e o conceito. Primeiro, como já foi destacado, o atributo espessura diz respeito a entes do espaço. Segundo, porque os termos triângulo, 1 Licenciado em Pedagogia pela UFPB. Licenciado em Matemática pela UEPB. Mestre e Doutor em Educação pela UFPE. Professor da UFCG nos Cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Pedagogia. Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Matemática Elementar LEPMAE.

quadrado e retângulo se referem aos contornos de figuras e não a superfícies 2. Nesse sentido, as peças poderiam ser nomeadas respectivamente como triangular, quadrangular 3 e retangular. (BARBOSA et al, 2010, p.15-16). Dessa forma, enquanto o material blocos lógicos trabalha os atributos forma, cor, tamanho e espessura, através das peças retangulares podem-se explorar os atributos cor, tamanho e largura, sendo desnecessário destacar a forma porque todas as peças são retangulares. No atributo cor do material PR, temos as seguintes variações: amarela (Am), azul (Az), verde (Vd) e vermelha (Vm). Já no atributo tamanho há três modalidades: pequena (P), média (M) e grande (G), e o atributo largura contempla as modalidades: estreita (E) e larga (L). Segundo Barbosa et al (2010), os atributos forma e cor são percebidos sem haver necessidade do estabelecimento da comparação, enquanto que os atributos tamanho e largura, distintamente, geram a necessidade de comparar para que cada peça assuma o atributo correspondente a cada modalidade (p.20). No quadro a seguir temos uma apresentação sinóptica das peças do material. Quadro 1 Esquema ilustrativo do material peças retangulares Am P M G Az Vd Vm Fonte: Barbosa, et al (2010, p.19) E L E L E L 2 Diferentemente desses termos usados (triângulo, quadrado e retângulo) a palavra círculo diz respeito à superfície de um ente circular, pois para contorno é usado o temo circunferência. No entanto, também não cabe usar círculo grosso ou círculo fino. 3 A expressão quadrangular está sendo usada como equivalente a uma região de uma superfície que possui formato de um quadrado. Nesse caso, estamos diferenciando quadrado que diz respeito ao contorno, de quadrangular, que faz alusão a uma região com forma de quadrado.

Legenda: P pequena; M média; G grande; E estrita; L larga; Am amarela; Az azul; Vd verde e Vm vermelha. É possível verificar no quadro acima quatro linhas e seis colunas. As linhas estão formadas pelas seguintes subclasses: 1.ª linha peças retangulares amarelas ; 2.ª linha peças retangulares azuis ; 3.ª linha peças retangulares verdes e 4.ª linha peças retangulares vermelhas. Quanto às subclasses das colunas, temos: 1.ª coluna peças retangulares pequenas estreitas ; 2.ª coluna peças retangulares pequenas largas ; 3.ª coluna peças retangulares médias estreitas ; 4.ª coluna peças retangulares médias largas ; 5.ª coluna peças retangulares grandes estreitas e 6.ª coluna peças retangulares grandes largas. Portanto, no que diz respeito ao aspecto quantitativo o kit PR é composto de 24 peças, organizadas da seguinte forma: 6 peças de cada cor (6 peças amarelas + 6 peças azuis + 6 peças verdes + 6 peças vermelhas = 24 peças); 8 peças de cada tamanho (8 peças pequenas + 8 peças médias + 8 peças grandes = 24 peças) e 12 peças de cada largura (12 peças estreitas + 12 peças largas = 24 peças). Importante observar que existe uma relação de proporção entre os tamanhos das peças do material PR. As medidas dos lados maiores dessas peças são: 6cm (peça pequena), 9cm (peça média) e 12 cm (peça grande). Percebe-se, pois, que a peça grande é o dobro do tamanho da peça pequena, enquanto que a intermediária (média) é a média aritmética entre os valores das medidas da pequena e da grande. Os lados menores possuem respectivamente 2cm e 4cm, apresentando a peça larga exatamente o dobro da dimensão da peça estreita. Em síntese, por meio dos atributos tamanho e largura o aluno pode estabelecer também relações de sobreposição de peças (BARBOSA et al, 2010). FUNÇÕES PEDAGÓGICAS Em se tratando das características do PR, dizemos que ele é um material didático convencional em que se destacam as funções: conteúdo relacional; conteúdo informacional; lúdica e acessibilidade (BARBOSA, 2008). Trabalhar com a função conteúdo relacional visa, sobretudo, contribuir com a formação do pensamento do aluno, que diz respeito aos conhecimentos cognitivos mobilizados, tais como: os aspectos da observação, comparação, ordenação e classificação.

Já a função conteúdo informacional refere-se aos conteúdos específicos, pois com o material PR também exploramos elementos presentes nos quatro blocos de conteúdos propostos pelos PCN de Matemática para os anos iniciais do Ensino Fundamental, quais sejam: Números e Operações, Espaço e Forma, Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação. Salientamos, inclusive, que existem atividades nas quais se trabalha mais de um bloco de conteúdo, principalmente nas relações entre Números e Operações e Grandezas e Medidas. Para Babosa et al (2010) é importante despertar no professor a consciência de que é possível explorar tais conteúdos a partir de um material didático que, supostamente, tende a apresentar um caráter mais cognitivo conteúdo relacional (p.51). Por fim, as funções lúdica e acessibilidade garantem, primeiro, a possibilidade de se explorar conteúdos relacionais e informacionais de maneira divertida, segundo, a facilidade de confecção e manuseio do material. CONSIDERAÇÕES FINAIS A título de considerações finais gostaríamos de ressaltar que a pouco mais de uma década temos desenvolvido atividades pedagógicas com esse material, aplicadas, por sua vez, com alunos e professores, tanto da rede pública quanto privada. Em todas elas, portanto, constatamos bastante receptividade desses dois segmentos educacionais. Ademais, esse tem sido um material largamente usado em turmas de Metodologia do Ensino da Matemática dos Cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática da UFCG. Com essas turmas foi possível aprimorar as atividades e os jogos explorados com ele, os quais deram origem a escrita de um manual metodológico intitulado: O material didático peças retangulares, hoje também adotado como livro-texto da disciplina. Com o uso do PR temos a expectativa de contribuir para uma prática pedagógica que favoreça a melhoria do processo de ensino e aprendizagem referente à formação do pensamento e ao ensino de conhecimentos matemáticos da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. REFERÊNCIAS

BARBOSA, Pedro R. Algumas reflexões sobre materiais concretos. Campina Grande: UFCG, 2008 (mimeo). BARBOSA, Pedro R. et al. O material didático peças retangulares. Campina Grande: EDUFCG, 2010. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997. DIENES, Zoltan P.; GOLDINE, E. W. Lógica e jogos lógicos. São Paulo: E.P.U., 1976. DUVAL, Raymond. Registros de representações semióticas e funcionamento cognitivo da compreensão em Matemática. In: MACHADO, Silvia Dias A. (Org.). Aprendizagem em Matemática: registros de representação semiótica. Campinas, SP: Papirus, 2003.