Prolapso uretral em um Bulldogue Inglês



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Transcrição:

Acta Scientiae Veterinariae. 35(1): 109-113, 2007. HOSPITAL FORUM Pub. 715 ISSN 1678-0345 (Print) ISSN 1679-9216 (Online) Prolapso uretral em um Bulldogue Inglês Urethral prolapse in English Bulldog Liziane Ferraresi Holanda Cavalcante 1, Janete Maria Volpato Marques 1, Emerson Antonio Contesini 2, Márcio Poletto Ferreira 3, Simone Scherer 4 & Marcelo Mucillo 5 RESUMO O prolapso uretral é incomum em cães, e se caracteriza pela protusão da mucosa uretral além da extremidade do pênis. O presente relato descreve o caso de um cão, Bulldogue Inglês, 6 meses de idade, atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (HCV-UFRGS) com histórico de sangramento prepucial. Ao exame físico, o animal apresentou aumento de volume da glande do pênis, de coloração avermelhada e presença de hemorragia local. Descartadas quaisquer outras patologias, confirmou-se o prolapso uretral. Encaminhado para cirurgia, realizou-se ressecção da porção uretral prolapsada e posterior sutura da mucosa uretral no epitélio peniano. Passados 15 dias do procedimento cirúrgico, o animal retornou para revisão onde foi evidenciada completa cicatrização uretral. Descritores: prolapso uretral, uretra, cão. ABSTRACT Urethral prolapse is uncommon in dogs and it is characterized by the prolapse of the urethral mucosa farther penile border. The present story describes a case of a dog, English Bulldog, 6 month old, taken care in HCV-UFRGS with history of preputial hemorrhage. At physical examination, the animal presented with enlarging of penile acorn, red coloured and local hemorrhagy. Dismissed others pathologies, prolapse urethral was confirmed. Leading for surgery, the resection of everted urethra was realized, with posterior syntesis of urethral mucosa at penile ephithelium. After 15 days of surgery, revision was done where complete utrethral healing was evident. Keywords: urethral prolapse, urethra, dog. Received: October 2006 www.ufrgs.br/favet/revista Accepted: December 2006 1 Programa de Residência Veterinária Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 2 Professor da Faculdade de Veterinária UFRGS. 3 Mestrando do Programa de Pós Graduação Ciências Veterinárias UFRGS. 4 Médica Veterinária autônoma UFRGS. 5 Médico Veterinário do HCV-UFRGS. CORRESPONDÊNCIA: L.F.H. Cavalcante [lferraresi@terra.com.br]. 109

INTRODUÇÃO O prolapso uretral é incomum em cães, e se caracteriza pela protusão da mucosa uretral além da extremidade do pênis [4,5,9,13]. Ocorre mais frequentemente em raças braquiocefálicas, especialmente Buldogues Ingleses, jovens e intactos, mas já foi descrito em diversas raças [1-7,9-11,13-15]. Não existem relatos em cadelas, ao contrário de humanos, onde a ocorrência é exclusiva das mulheres, onde está associado à fraqueza das camadas musculares uretrais, obesidade e baixos níveis de estrógeno [6,9]. A causa é desconhecida, mas acredita-se em predisposição genética nas raças braquiocefálicas ou como resultado do aumento da pressão intra-abdominal secundário a obstrução das vias aéreas superiores [9,11]. Ocorre secundariamente à excitação sexual e masturbação excessiva [3,6-8,11], ou associado a infecções genito-urinárias, cálculos e estenoses uretrais, anormalidades congênitas e neoplasias, e devem ter como diagnóstico diferencial todas as causas de sangramento prepucial e/ou peniano [1,3-6,9-15]. Os sinais clínicos incluem lambedura excessiva do pênis, estrangúria, hematúria e sangramento peniano intermitente, devido ao deslocamento dos coágulos sanguíneos durante a micção [1-3,5,9,11,13-15]. O diagnóstico é realizado através da observação direta do tecido uretral exposto, como uma massa arredondada vermelho brilhante a roxo-escura [2-5,11,14,15]. O tratamento clínico consiste em reposicionar a mucosa prolapsada com um cateter urinário e colocação de sutura em bolsa de fumo ao redor da extremidade do pênis por 5 dias [3,5-7,9]. Entretanto, a ressecção da mucosa prolapsada constitui o procedimento preferido por apresentar menor chance de recidiva [3,5,7,15]. A orquiectomia bilateral é útil em cães que apresentam prolapso associado à excitação sexual [1-3,5,7,15]. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de prolapso uretral em um cão Bulldog Inglês, corrigido cirurgicamente. RELATO DE CASO Um cão, Bulldogue Inglês, 6 meses de idade, pesando 16kg, foi atendido no HCV-UFRGS com histórico de sangramento prepucial desde o dia anterior. No momento da consulta, o proprietário relatou que o mesmo iniciou após um passeio onde o cão interagiu e brincou com outro cão. Havia também histórico de excitação sexual excessiva em casa. Ao exame físico, o animal apresentou todos os parâmetros clínicos dentro da normalidade, entretanto demonstrava agitação excessiva e comportamento inquieto. Na inspeção clínica da região peniana, o mesmo apresentava aumento de volume do óstio uretral, de coloração avermelhada e presença de hemorragia no local (Figura 1). Após a tentativa de se estancar o sangramento através de compressas de gelo no local, foi realizada coleta de sangue para realização de hemograma completo e o animal foi encaminhado para cirurgia. O protocolo anestésico adotado foi: medicação pré-anestésica utilizando, meperidina 3mg/kg e ampicilina 22mg/kg, indução anestésica com propofol 5mg/kg, bloqueio regional no pênis com lidocaína na dose de 3mg/kg e manutenção anestésica com isoflurano. O procedimento cirúrgico constou de uma incisão longitudinal na região da rafe peniana, de tamanho aproximadamente de 2cm (Figura 2A e 2B). Realizou-se ressecção da porção uretral prolapsada ao longo de toda a sua circunferência (Figura 3) e sutura do epitélio peniano na mucosa uretral utilizando-se fio poliglactina 910, padrão interrompido simples. Da mesma forma procedeu-se para a região da rafe peniana (Figuras 4). Foi realizada sondagem vesical através da colocação de cateter uretral número 8 e o mesmo fixado no prepúcio (Figura 5A e 5B). O pós-operatório imediato constou de cetoprofeno (1mg/kg), cloridrato de tramadol (3mg/kg) e colocação de colar elisabetano. O animal foi liberado para casa no dia seguinte instituindo-se terapia com cefalexina (25mg/kg BID) por 15 dias, meloxicam (0,1mg/kg SID) por 5 dias e manutenção do cateter urinário por 5 dias. O proprietário foi instruído a deixar o animal com o colar elisabetano durante todo o pós-operatório. Passados 15 dias do procedimento cirúrgico, o animal retornou para revisão onde evidenciou-se completa cicatrização uretral (Figura 6). DISCUSSÃO O prolapso uretral, apesar de ser um quadro incomum nos cães, é facilmente diagnosticado através da história clínica e sinais [4,5,9,11,13]. No presente relato, o cão apresentava lambedura excessiva do pênis, estrangúria, hematúria e sangramento peniano 110

Figura 1. Cão apresentando aumento de volume na região do óstio uretral caracterizando o prolapso uretral (seta). intermitente, sinais compatíveis com o processo [1-3, 5,9,11,13-15]. Apesar da causa não estar bem elucidada, neste relato, a predisposição genética e/ou defeito genético, associada à excitação sexual e masturbação excessiva agiram como fatores desencadeantes, uma vez que o animal não apresentava qualquer outra anormalidade genito-urinária. Mesmo assim, infecções, cálculos, estenoses uretrais, anormalidades congênitas, neoplasias e todas as causas de sangramento prepucial e/ou peniano devem ser incluídas no diagnóstico diferencial dessa patologia [1,3-6,9-15]. O tratamento clínico para o prolapso uretral é possível, entretanto a ressecção da mucosa prolap- A B Figura 2 (A, B). Incisão na região da rafe peniana no intuito de facilitar a remoção do tecido prolapsado (seta). Figura 3. Ressecção da porção uretral prolapsada (seta). Figura 4. Sutura da mucosa uretral à parede do epitélio peniano utilizando fio poliglactina 910 3-0 em padrão simples interrompido (seta). 111

A B Figura 5 (A, B). Sondagem vesical utilizando sonda uretral e fixação no prepúcio. Figura 6. Quinze dias após procedimento cirúrgico. Notar cicatrização uretral (círculo). sada constitui o procedimento preferido por apresentar menor chance de recidiva [3,5-7,9,15], e por isso foi empregado neste caso. A técnica cirúrgica empregada mostrou-se simples, rápida e eficaz, uma vez que o animal apresentou ótima recuperação cirúrgica evidenciada pela completa cicatrização uretral 15 dias após o procedimento. Assim, apesar de incomum, o prolapso uretral é uma afecção de fácil diagnóstico e tratamento, onde as raças braquiocefálicas devem estar em primeiro lugar na lista de raças afetadas. O procedimento cirúrgico, se bem conduzido, com adequada ressecção da porção prolapsada e posicionamento da sutura, possui mínimas chances de recidiva e é considerado o tratamento de escolha. REFERÊNCIAS 1 Barros L.P., Machado L.F.P., Silva F.C., Castro K.F. & Oliveira P.C. 2006. Prolapso Uretral em American Pit Bull Terrier. Brazilian Journal of Veterinary and Animal Sciences. 58 (Suppl 2): 1: 113. 2 Bjorling D.E. 1998. Cirurgia Uretral. In: Birchard S. J. & Sherding R. G. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais.1.ed. São Paulo: Roca, pp. 956-964. 3 Bojrab M.J., Birchard S.J. & Tomlinson J.L. 1996. Técnicas Atuais em cirurgia de Pequenos Animais. 3.ed. São Paulo: Roca, pp. 357-369. 4 Brown S.G. 1975. Surgery of the Canine Urethra. Veterinary Clinics of North America. 5 (3): 457-471. 5 Fossum T.W. 2002. Cirurgia de Pequenos Animais. 1. ed. São Paulo: Roca, pp. 533-570. 6 Hobson H.P. & Heller R.A. 1971. Surgical Correction of Prolapse of the Male Urethra. Veterinary Medicine/Small Animal Clinician. 66(12):1177-1179. 7 Hobson H.P. Fisiopatologia Cirúrgica do Pênis. In: Bojrab, J. Mecanismos da Moléstia Cirúrgica dos Pequenos Animais. 2. ed. São Paulo: Manole, pp. 645-653. 8 Kaiser S., Freistedt R. & Brunnberg l. 2003. Urethral Prolapse in a Male Long-haired Dachshound. Kleintierpraxis. 48 (Suppl 4): 219-222. 9 Kirsch J.A., Hauptman J.G. & Walshaw R. 2002. A Urethropexy Technique for Surgical Treatment of Urethral Prolapse in the Male Dog. Journal of the American Animal Hospital Association. 38: 381-384. 112

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