Ministério Público do Estado de Mato Grosso Promotoria de Justiça de Água Boa



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Transcrição:

Ministério Público do Estado de Mato Grosso Promotoria de Justiça de Água Boa EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ÁGUA BOA - MT O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO, representado pelo Promotor de Justiça infra-assinado, vem respeitosamente a Vossa Excelência, com arrimo nos artigos 6º. e 127 "caput" da Constituição Federal; artigos 3º.; 4º. "caput "; 6º "caput" e único, inciso III, e 9º., da Lei Federal n. 10.216/2001; artigos 1.177, inciso III, e 1.178, inciso I, do Código de Processo Civil; artigo 1777, do Código Civil, artigos 1º., "caput ", e alínea "a"; 3º., 1º. e 5º; 7º., 2º. alínea "b"; 10º. "caput " e 11º,, alínea "a"; 14º. "caput "; 27º., 1º., 2º. e 3º., do Decreto Federal n. 24.559, de 03-julho-1934, e artigo 29 "caput " e 1º., do Decreto-Lei n. 891, de 25-novembro-1938, de intentar AÇÃO DE INTERDIÇÃO, com pedido de liminar de internação compulsória, em face de..., CPF n.º..., residente e domiciliado..., expondo: 01 - O Requerido é portador de doença mental grave e, por essa razão, faz uso dos remédios controlados de acentuado efeito no metabolismo. Em razão disso, e mais precisamente quando alterado pelo uso de bebidas alcoólicas, o que é uma constante, torna-se violento, danificando objetos do lar; agredindo terceiros e sua própria família, e, principalmente, pondo-se a ofender verbalmente sua própria genitora, além de ameaçar-lhe de agressão física, dando azo à intervenção policial. Como decorrência lógica e natural, em resultado altamente previsível, o interditando praticou alguns delitos que já lhe renderam detenção momentânea. 02 O requerido está em tratamento médico a 09 (nove) anos, na cidade de Goiânia, ingerindo remédios controlados e com a associação de bebidas alcoólicas aumenta ainda mais a sua agressividade.

03 - O Requerido, face a doença mental e o consumo inveterado de álcool, encontra-se com sua higidez mental abalada, não mais tendo discernimento de seus atos; não raciocinando com lógica e nem medindo as conseqüências da exteriorização de seu comportamento, pondo em risco a segurança própria e de terceiros. Conseqüentemente não tem condições de reger sua pessoa e administrar seus bens. E muito menos de manter convivência sócio-familiar. 04- A internação liminar e compulsória do Requerido, diante do quadro, é medida emergente que se impõe, sobretudo para que sua genitora, e demais parentes e terceiros, tornem à normalidade de vida, direito que lhes é garantido constitucionalmente. E, subseqüentemente, sua interdição judicial, anotando-se que o requerido não possui bens e nem rendimentos. A doutrina não discrepa disso, pois: "Os loucos são recolhidos em estabelecimento adequado: a) SEMPRE que pareça inconveniente conservá-los em casa. A interdição só por si não autoriza o curador internar o interdito. Parecer inconveniente, quer dizer: ser de utilidade para o enfermo ou necessário para evitar prejuízo motivado por atos dele, como por exemplo nas manias incendiárias; na loucura furiosa e nas perversões sexuais graves" (PONTES DE MIRANDA, Tratado de Direito Privado, Tomo XIX, p. 1 336, 4a. ed., Ed. RT/1 983) E mais: "Na legislação de assistência e proteção à pessoa e aos bens dos psicopatas, novamente a possibilidade e o dever de atuação oficiosa do juiz se revelam. Dispõe o art. 11, letra "a", do Decreto n. 24559, de 03-07-34, que a internação de psicopatas, toxicômanos ou intoxicados habituais em estabelecimentos psiquiátricos, públicos ou particulares, será feita por ordem judicial ou a requisição de autoridade policial, devendo ocorrer sempre por ordem do juiz a internação no Manicômio Judiciário (art. 11, parágrafo 3º.). Atendendo à gravidade do caso, parece evidente que essas determinações judiciais poderão ocorrer também de ofício, inclusive de parte do juiz do cível nos processos de sua competência, como de interdição, por exemplo, assumindo, aí, por igual, o caráter de cautela atípica provisória " (GALENO DE LACERDA, Comentários do Código de Processo Civil, vol. VIII, tomo I, pg. 126, Forense/1 980, 1a. edição). seu artigo 6º, in verbis: O pedido encontra respaldo na própria Constituição Federal, em 2

Art. 6º.: São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. A Lei federal n.º 10.216/01 também, prevê que: Art. 3º: É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais. Art. 4º. "caput" : A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. Art. 6º. "caput" e único, inc. III: A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica: I...; II...; III: internação compulsória: aquele determinada pela Justiça. Art. 9º.: A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários. 1777. O Novel Código Civil também previu estes casos em seu artigo de Julho de 1934 (PSICOPATA E TOXICÔMANO): Não se pode esquecer ainda do decreto-lei Federal n. 24.559, de 03 Art. 1º, "caput" e alínea "a": A Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental terá por fim: a) proporcionar aos psicopatas tratamento e proteção legal. Art. 3º, 1º. e 5º.: A proteção legal e a prevenção a que se refere o art. 1º deste decreto, obedecerão aos modernos preceitos da psiquiatria e da medicina social. Os psicopatas deverão ser mantidos em estabelecimentos psiquiátricos públicos ou particulares, ou assistência hetero-familiar do Estado ou em domicílio, da própria família ou de outra, sempre que neste lhes puderem ser ministrados os necessários cuidados. Podem ser 3

admitidos nos estabelecimentos psiquiátricos os toxicômanos e os intoxicados por substâncias de ação analgésica ou entorpecente, por bebidas inebriantes, particularmente as alcoólicas. Art. 7º, 2º, alínea "b": Os estabelecimentos psiquiátricos públicos dividir-se-ão, quanto ao regime, em abertos, fechados e mistos. 0 estabelecimento fechado, ou a parte fechada do estabelecimento misto, acolherá: a...; b) os toxicômanos e os intoxicados habituais e os psicopatas ou indivíduos suspeitos cuja internação for determinada por ordem judicial ou forem enviados por autoridade policial ou militar com a nota de detidos ou à disposição de autoridade judiciária. Art. 10, "caput": O psicopata ou o indivíduo suspeito de atentar contra a própria vida ou a de outrem, perturbar a ordem ou ofender a moral pública, deverá ser recolhido a estabelecimento psiquiátrico para observação ou tratamento. Art. 11, alínea "a": A internação de psicopatas, toxicômanos e intoxicados habituais em estabelecimentos psiquiátricos, públicos ou particulares, será feita por ordem judicial ou a requisição de autoridade policial. Art. 14, "caput": Nos casos urgentes, em que se tornar necessário, em beneficio do paciente ou como medida de segurança pública, poderá ele ser recolhido, sem demora, a estabelecimento psiquiátrico, mediante simples atestação médica, em que se declare quais os distúrbios mentais justificativos da internação imediata. Art. 27, 1º.; 2º. e 3º.: O psicopata recolhido a qualquer estabelecimento, até o 90º. dia de internação, nenhum ato de administração ou disposição de bens poderá praticar senão por intermédio das pessoas referidas no art. 454 do Código Civil, com prévia autorização judicial, quando forma necessária. Findo o referido prazo, se persistir a doença mental e o psicopata tiver bens, rendas ou pensões de qualquer natureza, ser-lhe-á nomeado, pelo tempo não excedente de dois anos, um administrador provisório, salvo se ficar provada a conveniência de interdição imediata com a conseqüente curatela. Decorrido o prazo de dois anos e não podendo o psicopata ainda assumir a direção de sua pessoa e bens, ser-lhe-á decretada pela autoridade judiciária competente a respectiva interdição, promovida obrigatoriamente pelo Ministério Público, se dentro de 15 dias não o for pelas pessoas indicadas no art. 447, incs. I e II do Código Civil. Decreto-lei n. 891/1938: Complementando ainda o fundamento desta ação, invoca-se o 4

Art. 29 "caput" e 1º: Os toxicômanos e os intoxicados habituais, por entorpecentes, por inebriantes em geral ou bebidas alcoólicas, são passíveis de internação obrigatória ou facultativa, por tempo determinado ou não. A internação obrigatória se dará, nos casos de toxicomania por entorpecentes ou nos outros casos, quando provada a necessidade de tratamento adequado ao enfermo, ou for conveniente à ordem pública. Essa internação se verificará mediante representação da autoridade policial ou a requerimento do Ministério Público, só se tornando efetiva após decisão judicial. De outro lado, a questionada coação não viola, a propósito, o disposto no artigo 5º., n. LXVII, da Constituição Federal, porquanto é uma medida de natureza cautelar ordenada para garantir a eficácia de certa tutela jurisdicional e não se confunde com a prisão civil, meio de coerção excepcional destinado a assegurar o cumprimento da obrigação alimentar ou dos deveres assumidos pelo depositário infiel. Impõe-se a internação do mesmo em estabelecimento psiquiátrico de regime fechado, conforme prevista no artigo 7º, 2º, "a" de Decreto 24.559/34, diante de sua loucura furiosa. No entanto, diante da urgência da situação, considerando-se o risco de sua soltura, impõe-se seja determinada a sua manutenção no estabelecimento em que se encontra, INDEPENDENTEMENTE DE QUALQUER DECISÃO DA JUSTIÇA CRIMINAL, até se seja possível a internação em hospital psiquiátrico de regime fechado, nos termos do estabelecido no artigo 14 do Decreto 24.559/34. Insta anotar, por fim, que em razão da patologia psíquica de que é portador, o interditando não ostenta capacidade de gerir seus bens e pessoa, sendo absolutamente incapaz para a prática dos atos da vida civil. 06- Indica-se o Sra...., genitora do interditando, que poderá ser encontrada na... fone para recados..., para exercer o encargo de curadora, o qual, na condição de genitora, vem dispensando àquele todos os cuidados de manutenção e orientação. POSTO ISSO, requer-se: a) seja liminarmente determinada a internação compulsória do Requerido..., CPF n.º..., em estabelecimento psiquiátrico de regime fechado, autorizando, caso necessária, a força policial, ou, na sua impossibilidade, seja o mesmo mantido na Cadeia Pública de Água Boa, em razão desta ação, independentemente de qualquer decisão em seu processo crime; 5

b) seja a Entidade cientificada de que não poderá conceder alta e desinternar o Requerido sem prévia autorização judicial ( cf. artigo 20, Decreto Federal n. 24 559/34); termos do prevista no artigo 27 do Decreto 24.559/34; c) nomeação como curadora provisória, sob compromisso nos Processo Civil); d) nomeação de curadora à lide (art. 9º, I e 1.179, Código de e) seja o interditando citado para a presente ação, designando-se data para seu interrogatório judicial e conseqüente nomeação de defensor, bem como realização de perícia médica (seguem quesitos), atos que deverão ocorrer na Entidade onde recolhido; f) procedência à final, determinando-se a internação definitiva do Requerido e decretando-se-lhe a interdição total ou parcial, consoante o que for apurado em perícia, considerando-se a possibilidade de gradações (cf. art. 1 184, "in fine", Código de Processo Civil; 28, parágrafo 3º., Decreto Federal n. 24.559/34; RT 497/85), nomeando-se-lhe curador definitivo, com as cautelas de lei e determinando-se a inscrição da r. sentença no Registro de Pessoas Naturais competente (artigos 92 e 93 da Lei de Registros Públicos) e sua regular publicação, conforme estatuído no artigo 1.184 do Código de Processo Civil Protestando-se por todas as provas em direito admitidas, sem exclusão, dá-se à presente, para efeitos fiscais, o valor de R$ 350,00. Termos em que, Pede Deferimento. Água Boa, 31 de maio de 2006. Renee do Ó Souza Promotor de Justiça 6

Q U E S I T O S 1) O (a) interditando (a)..., apresenta anomalia ou anormalidade psíquica? 2) Em caso positivo, esse mal é congênito ou adquirido? 3) Qual a natureza da moléstia? É de caráter permanente ou transitório? 4) Se adquirido o mal, qual a data ou época, ainda que aproximada, de sua eclosão? 5) A eclosão desse mal gerou, desde logo, a incapacidade, ainda que parcial, do (a) interditando (a) de, por si só, gerir sua pessoa e administrar seus bens e interesses? 6) Tem o interditando (a), presentemente, condições de discernimento, com capacidade de, por si só, gerir sua pessoa e administrar seus bens e interesses? 7) O (a) interditando (a) sofre de restrições na capacidade de gerir e administrar seus bens e interesses? Se positivo, tais são parciais ou completas e por que? 8) Há riscos decorrentes de agressividade ou periculosidade do interditando em ferir su famíla ou terceiros? 9) Demais considerações relevantes, a critério dos srs. Peritos. 7