Autoria: Felipe da Silva Moreira, José Emerson Firmino, Rosana Cristina da Silva, José Diego Braz da Silva



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Transcrição:

Qualidade da Auditoria nos Clubes de Futebol Brasileiro: Abordagem sobre o Julgamento dos Auditores Independentes na Redução ao Valor Recuperável de Ativos Autoria: Felipe da Silva Moreira, José Emerson Firmino, Rosana Cristina da Silva, José Diego Braz da Silva RESUMO Diante do cenário atual a informação contábil nos clubes de futebol nunca teve tanta importância, e a auditoria independente surge como um agente importante no objetivo de trazer confiabilidade a essas informações. Nesse cenário a pesquisa tem como problema: Existe qualidade uniforme na emissão da opinião dos auditores independentes sobre a obrigatoriedade de divulgação da Redução ao Valor Recuperável de Ativos nos clubes de futebol do Brasil? Entre os principais resultados verifica-se que não é possível afirmar que existe qualidade de auditoria na opinião emitida tendo como critério técnico de julgamento a divulgação da redução ao valor recuperável de ativos. Palavras-chave: Qualidade da Auditoria; Redução ao Valor Recuperável de Ativos; Clubes de Futebol. 1 INTRODUÇÃO Os escândalos contábeis envolvendo grandes companhias e empresas de auditoria estimulam pesquisadores a buscar respostas sobre a qualidade da auditoria nas demonstrações financeiras. Fraudes contábeis de grandes proporções como ocorreram com Enron, WorldCom e Banco PanAmericano ainda não foram identificadas nos clubes de futebol do Brasil. No entanto, o montante de recursos que os clubes de futebol movimentam e o processo legal atribuído pela Lei nº 9.615/98 (Lei Pelé) em obrigar os clubes brasileiros a divulgar e submeter a auditoria independente as suas demonstrações contábeis, propicia um momento favorável para avaliar a qualidade da auditoria sobre as informações contábeis divulgadas por essas entidades. Em paralelo a essa situação, a adoção da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) nº 1.292/2010 e a redução ao valor recuperável de ativos permite avaliar qual o nível de disclosure sobre os itens obrigatórios de divulgação e permite analisar qual o posicionamento do auditor sobre a omissão, de natureza relevante, acerca dessa obrigatoriedade, caso exista. É importante destacar, que os clubes de futebol apresentam importantes ativos relacionados à geração de caixa para a entidade, como por exemplo, os atletas e os estádios de futebol, assim como outras instalações (instalações das divisões de base, centros de treinamento profissional, academias). Pesquisas relacionadas à qualidade da auditoria já utilizaram de diversos modelos para se chegar a uma conclusão sobre a opinião do auditor nas demonstrações contábeis. Entre os principais modelos aplicados já foi utilizado métricas para extrair o nível de disclosure, determinantes do gerenciamento de resultados e detecção de fraudes. Esta pesquisa utiliza a aplicação de métrica para extrair o nível de disclosure e análise estatística entre os resultados encontrados acerca da qualidade da auditoria com a qualificação técnica do auditor independente. Vale salientar que a auditoria garante ao mercado maior segurança no processo de tomada de decisão e que um agente independente permite assegurar a simetria da informação. Entretanto, o surgimento de escândalos contábeis suscita o questionamento de até que ponto existe qualidade na opinião dos auditores independentes. Os clubes de futebol brasileiro, 1

apesar de não participarem do mercado de ações, tem obrigação legal assegurada pela Lei Pelé em divulgar suas demonstrações contábeis, e, adicionalmente, os sócio-torcedores também precisam das informações financeiras no intuito de analisar o desempenho econômico dos seus clubes. Estudos mais recentes apontam que as receitas do mercado brasileiro de futebol atingiram um montante de R$ 2,7 bilhões em 2011. O valor da marca dos 17 clubes mais ricos do Brasil gira em torno de R$ 5,38 bilhões em 2012, representando um aumento de 24% em relação a 2011. (BDO, 2012). A pesquisa tem como problema: Existe qualidade uniforme na emissão da opinião dos auditores independentes sobre a obrigatoriedade de divulgação da Redução ao Valor Recuperável de Ativos nos clubes de futebol do Brasil? Busca-se identificar a qualidade da opinião emitida no relatório dos auditores independentes, baseando-se no critério técnico de seu julgamento, quanto à adoção adequada da resolução do CFC n.º 1.292/10 Redução ao Valor Recuperável de Ativos pelos clubes de futebol do Brasil. Quanto aos procedimentos metodológicos, foi aplicada uma métrica para extrair o nível de disclosure e análise das notas explicativas, sendo paralelamente aplicada análise estatística de regressão para avaliar a relação da qualidade de auditoria obtida com a qualificação técnica do auditor responsável. A pesquisa se justifica pelo fato de existirem poucos estudos acerca de qualidade de auditoria no Brasil e sobre as demonstrações contábeis dos clubes de futebol do país. A busca de evidências sobre o posicionamento do auditor independente sobre os relatórios financeiros e a grande movimentação econômica dos clubes também contribuem para que as pesquisas relacionadas a esse tema sejam mais frequentes. Não obstante, a importância dos ativos dos clubes na geração de receita também constitui fator determinante para a construção de novas teorias. A seguir é feita uma breve abordagem sobre a Qualidade da Auditoria, Clubes de Futebol e Redução ao Valor recuperável de ativos e posteriormente são apresentadas a metodologia utilizada na pesquisa e a descrição da análise dos resultados. Por fim, são discutidas as conclusões obtidas e evidências encontradas na pesquisa. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Qualidade da Auditoria A auditoria desempenha um importante papel na economia, no desenvolvimento de uma empresa e seus negócios, no governo e na prestação de informações para usuários internos e externos. Ela está presente em todas as atividades públicas e privadas de indivíduos e organizações (SIEGEL; RAMANAUSKAS-MARCONI, 1989). A evidenciação de itens obrigatórios de divulgação conforme a Resolução CFC 1.292/10 permite aos usuários maior grau de informação e mais subsídio para a tomada de decisão, partindo do parâmetro de comparabilidade das informações contábeis. Diante desse contexto é possível avaliar se a omissão de determinados itens relevantes, obrigatórios e necessários foram citados nos relatórios dos auditores independentes. Pesquisas internacionais como as de Hogan (1997); Palmrose (1998); Krishnan (2003); e Kallapur, Sankaraguruswamy e Zang (2010) buscaram avaliar o aspecto da qualidade de auditoria. Em um cenário nacional, as pesquisas desenvolvidas por Azevedo e Costa (2008), Almeida e Almeida (2009) e Martinez e Reis (2010) também buscaram verificar as situações envolvendo a qualidade da auditoria sobre as demonstrações contábeis. 2

Porém, são raros os estudos que busquem avaliar a qualidade da auditoria sobre os relatórios financeiros dos clubes de futebol. Perry (1984) já tratava aspectos relacionados a auditoria da qualidade como sendo fatores relacionados a Limitação de Escopo; Incompetência profissional; Auditoria por conversação; avaliação das transações sem analise crítica; e ausência de objetividade e ceticismo profissional. Braunbeck (2010) buscou investigar quais as potenciais determinantes para qualidade da auditoria, verificando relação inversamente proporcional quando analisado o conflito de agência entre controladores e não controladores e quanto maior o tempo de relacionamento entre o auditor e a empresa auditada de forma contínua. Foi verificado também que as empresas denominadas Big-N, bem como os auditores especialistas nos segmentos de indústria de seus clientes, oferecem maior qualidade. A qualidade de auditoria nos clubes de futebol é importante também em virtude da grande movimentação econômica e contexto financeiro dessas entidades. No ano de 2010 e 2011, os clubes selecionados para essa pesquisa apresentaram um montante de Ativo Total de R$ 4,4 bilhões e R$ 6,4 bilhões, respectivamente. Sobre as receitas totais os clubes atingiram o patamar de R$ 1,6 bilhões em 2010 e R$ 2,0 bilhões no ano posterior. 2.2 Redução ao Valor Recuperável de Ativos A resolução do CFC nº 1.292/10 trouxe uma situação que já vinha sendo discutida anteriormente e que é semelhante quando da constituição de provisão para perdas com crédito, ou provisões para perdas nos estoques. A definição do que seja redução ao valor recuperável é abordada na resolução citada como sendo o maior valor entre o valor em uso e o valor justo líquido da despesa de venda. A necessidade de se constituir uma provisão é em virtude do valor contábil está acima do valor recuperável. Os atletas dos clubes de futebol, os estádios e outros ativos de características semelhantes estão propícios a avaliação constante sobre a sua recuperabilidade. É possível ilustrar um exemplo de quando um atleta do elenco se machuca e está sujeito a ficar uma temporada sem poder jogar ou quando o mesmo perde sua capacidade física, nesses casos é possível questionar se o valor que está registrado nas demonstrações contábeis representa a realidade econômica e financeira daquela entidade, sobre esse aspecto. Algumas pesquisas desenvolvidas mostraram que não é possível afirmar a existência de uma qualidade de auditoria tendo como critério a adoção ao valor recuperável de ativos. Firmino, Damascena e Paulo (2010) verificaram que não há qualidade uniforme no relatório dos auditores independentes sobre as empresas listadas na Bolsa de Valores do Brasil do setor de telecomunicações com base nesse critério técnico de julgamento. Pesquisa internacional desenvolvida por Carlin, Finch e Laili (2009) corrobora com essa afirmação ao buscar analisar a qualidade da auditoria e a uniformidade dos relatórios dos auditores sobre a redução ao valor recuperável de ativos em empresas listadas na Bolsa da Malásia. 2.3 Disclosure em Clubes de Futebol Custódio e Rezende (2009) buscaram identificar a comparabilidade entre as demonstrações contábeis dos clubes de futebol no Brasil, observando a existência da não uniformidade entre essas demonstrações, comprometendo a transparência e a qualidade da informação. Leite e Pinheiro (2012) pesquisaram quais as variáveis que influenciam no nível de divulgação do ativo intangível nos 20 maiores clubes de futebol do Brasil e verificaram que a 3

representatividade do intangível nas demonstrações contábeis não se mostrou estatisticamente significativa. Em pesquisa desenvolvida por Cardoso, Maia e Ponte (2012) foi verificado que os clubes de futebol brasileiro apresentam um nível de disclosure menor que os clubes europeus. Segundo os autores, o atleta representa um importante ativo dentro dos clubes capazes de gerar receitas e, portanto, deveriam ser objeto de disclosure. 3 METODOLOGIA A metodologia utilizada na pesquisa se caracteriza, quanto aos seus objetivos, predominantemente exploratória, em virtude da ausência de pesquisas que tratam sobre qualidade da auditoria nas demonstrações contábeis dos clubes de futebol brasileiro. De acordo com Beuren e Raupp (2006) a pesquisa de caráter exploratório é quando existe pouco conhecimento sobre o assunto que está sendo discutido. No que diz respeito aos procedimentos, a pesquisa tem natureza bibliográfica, pelo fato de que para o desenvolvimento do estudo foram necessários análises em livros e artigos que abordam o tema em questão e documental, utilizando-se de materiais que ainda não receberam tratamento, como legislação aplicável, relatório dos auditores independentes dos clubes de futebol e demonstrações contábeis dos mesmos (GIL, 2009). A abordagem do problema de pesquisa é de caráter quantitativo e qualitativo, visto que foram analisados os relatórios dos auditores independentes, o nível de disclosure das demonstrações contábeis dos clubes de futebol acerca dos itens obrigatórios de divulgação sobre a redução ao valor recuperável de ativos e as notas explicativas. Adicionalmente, foi realizada análise regressiva para verificar o nível de correlação entre a qualidade de auditoria obtida com a qualificação técnica do auditor responsável, objetivando identificar se os auditores com maior qualificação são os que oferecem maior qualidade. Na análise de regressão linear utilizada para verificar as variáveis qualidade da auditoria e qualificação técnica do auditor independente foi utilizado o Microsoft Excel para análise dos dados. O objetivo de se analisar a relação da qualificação técnica do auditor independente com a qualidade de auditoria é proposto por Arruñada (1997), partindo da ideia de que determinado nível de qualificação sugere mais independência e qualidade. Corrobora com essa afirmação a pesquisa desenvolvida por Gul et al (2009) na verificação de menor gerenciamento de resultados em auditorias realizadas por auditores mais qualificados. Para avaliar a qualificação técnica do auditor foi considerado os auditores que possuem cadastro ativo no CNAI Cadastro Nacional de Auditores Independentes, verificando a habilitação do mesmo, podendo ser QTG, BCB, SUSEP e/ou CVM. Os clubes analisados na pesquisa compreendem aos que participaram da Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2010 e/ou 2011, conforme a Tabela 1 e Tabela 2 a seguir: Tabela 1 Clubes brasileiros da Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro 2010 4

Clube UF Clube UF Atlético Goianiense GO Fluminense RJ Atlético Mineiro MG Goiás GO Atlético Paranaense PR Grêmio RS Avaí SC Guarani SP Grêmio Prudente SP Internacional RS Botafogo RJ Palmeiras SP Ceará CE Santos SP Corinthians SP São Paulo SP Cruzeiro MG Vasco da Gama RJ Flamengo RJ Vitória BA Tabela 2 Clubes brasileiros da Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro 2011 Clube UF Clube UF América-MG MG Cruzeiro MG Atlético Goianiense GO Figueirense SC Atlético Mineiro MG Flamengo RJ Atlético Paranaense PR Fluminense RJ Avaí SC Grêmio RS Bahia BA Internacional RS Botafogo RJ Palmeiras SP Ceará CE Santos SP Corinthians SP São Paulo SP Coritiba PR Vasco da Gama RJ 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS A partir dos clubes selecionados para análise, o que compreende a um total de 24 clubes, buscou-se as demonstrações contábeis e o respectivo relatório dos auditores independentes acerca dessas demonstrações financeiras. Verificou-se que determinados clubes brasileiros ainda descumprem com a Lei nº 9.615/98, os quais devem divulgar suas demonstrações contábeis até o último dia útil do mês de abril do ano subseqüente. O Quadro 1 evidencia quais os clubes não apresentaram suas demonstrações financeiras e/ou relatório dos auditores independentes. Quadro 1 Clubes que não apresentaram as Demonstrações e/ou Relatório dos Auditores Apresentou Demonstrações Contábeis? Clube 2010 2011 2010 2011 AMÉRICA Futebol Clube NÃO NÃO NÃO NÃO ATLÉTICO Clube GOIANIENSE SIM SIM SIM NÃO Esporte Clube BAHIA NÃO NÃO NÃO NÃO Barueri/Grêmio Barueri/GRÊMIO PRUDENTE NÃO NÃO NÃO NÃO CEARÁ Sporting Clube NÃO NÃO NÃO NÃO Figueirense Futebol Clube SIM SIM NÃO SIM Goiás Esporte Clube SIM NÃO SIM NÃO Guarani Futebol Clube SIM NÃO SIM NÃO Apresentou Relatório dos Auditores independentes? 5

É possível visualizar no Quadro 2, a composição dos clubes para análise em 2010 e 2011 (clubes que divulgaram suas demonstrações contábeis e o relatório dos auditores independentes). Quadro 2 Resumo dos Clubes para análise 2010 2011 Descrição Quant. % Quant. % Clubes que divulgaram suas Demonstrações 20 83,3% 18 75,0% Clubes que NÃO divulgaram suas Demonstrações 4 16,7% 6 25,0% Clubes que divulgaram o Relatório da Auditoria 19 79,2% 17 70,8% Clubes que NÃO divulgaram o Relatório da Auditoria 5 20,8% 7 29,2% Total de Clubes 24 100,0% 24 100,0% Fonte: própria, 2013 Para analisar o parâmetro de qualidade da auditoria sob a ótica da redução ao valor recuperável de ativos foram selecionados os itens obrigatórios para divulgação em busca de verificar se foram apresentados de maneira adequada nas demonstrações contábeis dos clubes selecionados. O Quadro 3 revela quais os itens analisados para aplicação da métrica onde foi extraído para cada item as seguintes observações: Sim O clube divulgou em notas explicativas; Não o clube não divulgou em notas explicativas; e N/A o item não se aplica. O nível de divulgação foi baseado nos itens divulgados em relação ao total, com exceção dos que não são aplicáveis (N/A). Quadro 3 Itens de divulgação para a redução ao valor recuperável de ativos 1 o montante das perdas por desvalorização reconhecido no resultado do período e a linha da demonstração do resultado na qual essas perdas por desvalorização foram incluídas; 2 o montante das reversões de perdas por desvalorização reconhecido no resultado do período e a linha da demonstração do resultado na qual essas reversões foram incluídas; 3 Os eventos e as circunstâncias que levaram ao reconhecimento ou à reversão 4 O montante da perda por desvalorização reconhecida ou revertida 5 Para um ativo individual: natureza do ativo e se divulga informaçõs por segmento, qual o segemento reportado 6 Para uma UGC: descrição da UGC e se houve mudanças dos ativos integrantes da UGC em relação ao periodo anterior, informar as mudanças 7 Se o valor recuperável da UGC é o valor justo ou o valor em uso 8 Se o valor recuperável for o valo justo, informa-se a base 9 Se o valor recuperável for o valor em uso, qual a taxa de desconto estimada para o periodo corrente e anterior (se houver) 10 Base de obtenção do valor recuperável, valor em uso ou valor justo 11 Descrição de cada premissa-chave sobre a qual a administração tenha baseado suas projeções de fluxo de caixa 12 Descrição da abordagem utilizada pela administração para determinar o valor sobre o qual estão assentadas as premissaschave 13 O período sobre o qual a administração projetou os fluxos de caixa, baseada em orçamento ou previsões por ela aprovados e, quando um período superior a cinco anos for utilizado para a UGC uma explicação do motivo por que um período mais longo é justificável. 14 A taxa de crescimento utilizada para extrapolar as projeções de fluxo de caixa, além do período coberto pelo mais recente orçamento ou previsão 15 A taxa de desconto aplicada às projeções de fluxo de caixa Se por valor justo e não adotado o preço de mercado que seja observável, necessita-se divulgar: 16 Descrição de cada premissa-chave sobre a qual a administração tenha baseado a determinação do valor justo 17 Descrição da abordagem utilizada pela administração para determinar o valor sobre o qual estão assentadas as premissaschave 18 Periodo dos fluxos de caixa 19 Taxa de crescimento utilizada para extrapolar as projeções de fluxo de caixa 20 Taxa de desconto aplicada às projeções de fluxo de caixa 6

A seguir segue os pontos obtidos na pesquisa através da análise das demonstrações contábeis e notas explicativas (Tabela 3 e Tabela 4), com a correspondente referência textual. Tabela 3 Análise dos Clubes 2010 Clube Empresa de Auditoria Tipo de Parecer Ref. Emitido ATLÉTICO Clube GOIANIENSE Ética Consultoria Auditoria Planejamento e Projetos Sem Ressalva (a) Clube ATLÉTICO MINEIRO Soltz, Mattoso & Mendes Auditores Independentes Sem Ressalva (b) Clube ATLÉTICO PARANAENSE Parker Randall - Auditores Independentes Com Ressalva (c) AVAÍ Futebol Clube AUDIBANCO - Auditores Independentes SS Sem Ressalva (d) BOTAFOGO de Futebol e Regatas Parker Randall - Auditores Independentes Com Ressalva (e) Sport Club CORINTHIANS Paulista BDO Trevisan Auditores Independentes Sem Ressalva (f) CORITIBA Foot Ball Club AXCEL Auditores E Consultores Com Ressalva (g) CRUZEIRO Esporte Clube Sem Empresa de Auditoria Sem Ressalva (h) Clube de Regatas do FLAMENGO Loudon Blomquist - Auditores Independentes Com Ressalva (i) FLUMINENSE Football Club Parker Randall - Auditores Independentes Com Ressalva (j) GOIÁS Esporte Clube Floresta Auditores Independentes SS Com Ressalva (k) GRÊMIO Foot Ball Porto Alegrense BDO Auditores Independentes Com Ressalva (l) GUARANI Futebol Clube Higuchi & Assurance PC SS Auditoria Independente Com Ressalva (m) Sport Club INTERNACIONAL SAWERYN & Associados S/S Com Ressalva (n) Sociedade Esportiva PALMEIRAS Granth Thorton Adverso (o) SANTOS Futebol Clube Ernest & Young Terco Sem Ressalva (p) SÃO PAULO Futebol Clube BC Control Auditores Independentes S/S Sem Ressalva (q) Club de Regatas VASCO DA GAMA PSContax e Associados Com Ressalva (r) Esporte Clube VITÓRIA IGF Auditores Independentes S/S Sem Ressalva (s) Tabela 4 Análise dos Clubes 2011 Clube Empresa de Auditoria Tipo de Parecer Ref. Emitido Clube ATLÉTICO MINEIRO Soltz, Mattoso & Mendes Auditores Independentes Sem Ressalva (b) Clube ATLÉTICO PARANAENSE Mazars Auditores Independentes SS Com Ressalva (c) AVAÍ Futebol Clube AUDIBANCO - Auditores Independentes SS Com Ressalva (d) BOTAFOGO de Futebol e Regatas Parker Randall - Auditores Independentes Com Ressalva (e) Sport Club CORINTHIANS Paulista Granth Thorton Sem Ressalva (f) CORITIBA Foot Ball Club AXCEL Auditores E Consultores Com Ressalva (g) CRUZEIRO Esporte Clube Sem Empresa de Auditoria Sem Ressalva (h) FIGUEIRENSE Football Club Mazars Auditores Independentes SS Com Ressalva (t) Clube de Regatas do FLAMENGO Loudon Blomquist - Auditores Independentes Com Ressalva (i) FLUMINENSE Football Club Parker Randall - Auditores Independentes Sem Ressalva (j) GRÊMIO Foot Ball Porto Alegrense Rokembach + Lahm, Villanova, Gais & Cia Auditores Com Ressalva (l) Sport Club INTERNACIONAL Cerutti & Machado S/S Auditores Associados Com Ressalva (n) Sociedade Esportiva PALMEIRAS GF Auditores Independentes Com Ressalva (o) SANTOS Futebol Clube Ernest & Young Terco Sem Ressalva (p) SÃO PAULO Futebol Clube BC Control Auditores Independentes S/S Sem Ressalva (q) Club de Regatas VASCO DA GAMA PSContax e Associados Com Ressalva (r) Esporte Clube VITÓRIA IGF Auditores Independentes S/S Sem Ressalva (s) (a) O clube não divulgou junto com suas demonstrações contábeis as respectivas notas explicativas, o parecer dos auditores não segue o modelo proposto pelas normas internacionais de auditoria. Em 2011 não foi visualizado o relatório dos auditores independentes; 7

(b) O clube cita em suas notas explicativas que ao final de cada exercício revisa o valor contábil de seus ativos para determinar se há alguma indicação de que tais ativos sofreram alguma perda por redução ao valor recuperável (impairment). É utilizado as taxas de depreciação fiscal, a empresa mantém investimentos permanentes e reconhece os custos com formação de atletas e direitos federativos no intangível. Verifica-se que o clube não divulgou as bases da revisão do valor contábil do exercício conforme citado em nota explicativa. O auditor por sua vez não fez menção em seu parecer sobre esse assunto. (c) O clube realizou reavaliações do seu imobilizado em exercícios anteriores, onde não foi procedido avaliações quanto à recuperabilidade dos ativos no exercício social analisado. Em 2011 o clube apresentou em seu ativo não circulante, saldo em investimento com controladas. O parecer não contém modificações em relação a esse assunto. (d) O clube procedeu a prática de reavaliações dos seus ativos em exercícios anteriores, onde não foi praticado a avaliação no que diz a recuperabilidade desses valores. O clube utiliza as taxas de depreciação fiscal e seu imobilizado e intangível representam 96% do ativo total. O parecer foi emitido sem ressalva, não contendo modificações no que diz respeito a esse assunto. Em 2011 o auditor mencionou o fato do clube não ter avaliado o imobilizado a valor justo e não ter efetuado a análise da vida útil econômica dos bens. (e) O clube divulga em suas notas explicativas, no que diz respeito a avaliação do intangível que a amortização dos valores dos atletas profissionais é feito conforme o prazo do contrato e que sobre o custo de formação de atletas é considerado no final do exercício a possibilidade de recuperação (impairment) do valor contábil de cada atleta em formação. No entanto não consta as bases para se chegar ao valor recuperável e o clube não divulgou as premissas utilizadas. Adicionalmente o clube utiliza as taxas de depreciação fiscal. O auditor independente não citou em seu parecer esse assunto. (f) O clube cita que é feito análise periodicamente se existem evidências de que o valor contábil de um ativo não será recuperado, no entanto não demonstra as bases para se chegar ao valor recuperável e se foi necessário ou não constituir a provisão. Foi realizada em exercícios anteriores a prática de reavaliação do seu ativo imobilizado, o auditor não citou esse assunto em seu parecer. (g) O clube citou em suas notas explicativas que adotou as principais determinações trazidas pelas mudanças nas práticas contábeis, não aderindo a recuperabilidade de ativos e quanto aos critérios de depreciação. O parecer contém modificações no que diz respeito ao reconhecimento dos gastos com atletas e provisões para contingências (em 2010) e modificação quanto a ajustes positivos no imobilizado e provisões para contingências (em 2011). Em 2011 o clube afirma ter optado pela atribuição de custo aos bens do ativo imobilizado. (h) O parecer não está de acordo com as normas internacionais de auditoria (em 2010). O clube cita em nota explicativa que efetua a depreciação com base na vida útil econômica dos bens, sendo que utiliza as taxas de depreciação/amortização fiscal. Não foram divulgadas as bases para avaliar a real vida útil econômica do bem no exercício. O parecer foi emitido sem modificações. 8

(i) O clube apresentou em exercícios anteriores reavaliações do ativo imobilizado, mantendo até o exercício da referida demonstração, utilizando também as taxas de depreciação fiscal. O auditor, por sua vez relatou esse assunto em seu parecer. (j) O clube utilizou em 01/01/2010 a opção de adoção ao custo atribuído para seus terrenos e edificações, onde apresentou um aumento no saldo desses ativos em relação ao valor contábil registrado anteriormente. A amortização dos valores dos atletas profissionais é feito conforme o prazo do contrato e que sobre o custo de formação de atletas é considerado no final do exercício a possibilidade de recuperação (impairment) do valor contábil de cada atleta em formação. No entanto não constam as bases para se chegar ao valor recuperável e o clube não divulgou as premissas utilizadas. O parecer dos auditores não contém modificações relacionadas a esse assunto. (k) O clube não fez levantamento patrimonial no exercício, comprometendo a realização e aplicação da Resolução CFC nº 1.292/10 redução ao valor recuperável de ativos. O auditor citou em seu parecer esse assunto. Em 2011 não foi visualizado as demonstrações contábeis e relatório dos auditores independentes. (l) O clube realizou reavaliações sobre o seu ativo imobilizado nos últimos exercícios e em 2010 também. Em setembro do referido ano o clube iniciou as construções do seu novo estádio, o Grêmio Arena. Uma parcela dos valores de terrenos e edificações de propriedade do clube está sendo utilizada como garantia em dívidas tributárias. São utilizadas as taxas de depreciação fiscal. O parecer do auditor não contém modificações em relação a esse assunto. Em 2011, o clube afirma ter realizado a avaliação da recuperabilidade dos ativos, onde não constatou a necessidade de realizar a provisão, porém não divulgou as bases e premissas utilizadas. O parecer dos auditores não faz menção a esse assunto. (m) O relatório dos auditores independentes não está sendo apresentando de acordo com as normas internacionais de auditoria. O clube não apresenta controle patrimonial sobre seus bens, o auditor fez menção ao fato do mesmo não ter o controle desses itens, mas sem dispor relação ao critério de recuperabilidade do ativo. (n) As demonstrações contábeis do clube discursam que os valores registrados estão sendo demonstrados pelo valor reavaliado até 2007. Em 01/01/2010 o clube utilizou a opção de custo atribuído e reavaliação das taxas de depreciação. É citado que os valores sujeitos a amortização são revisados para a verificação do impairment sempre que mudanças ou indicações indicarem que o valor contábil pode não ser recuperado. O estádio da Beira-Rio começou o seu processo de reforma e modernização em 2010, onde não foi visualizado avaliação ou análise de recuperabilidade. O auditor, no entanto não fez menção a esse assunto no seu parecer. (o) O clube apresentava seu Estádio Palestra Itália, em processo de reforma e sem operação, no entanto o clube não fez avaliação quanto a provisão para impairment. Adicionalmente, o clube mantém saldos com atletas em formação sem avaliação ou análise de recuperabilidade. Por sua vez o auditor evidenciou essas situações em seu relatório. (p) O clube realizou reavaliações em seu imobilizado em exercícios anteriores. Para 2010 a administração do clube atualizou os laudos de avaliação e julgou não ser necessário constituir a provisão ao valor recuperável dos ativos. Em 2011 a 9

situação é semelhante, na qual o clube cita em suas notas explicativas que os bens mais relevantes do imobilizado são construções e terrenos que sofreram valorização no exercício e a administração, dessa forma, julgou desnecessário ajustes relacionados ao valor recuperável. (q) O clube afirma em suas notas explicativas que não foi necessário constituir a provisão para impairment, no entanto não divulgou quais as premissas utilizadas para se chegar a essa conclusão. O clube realizou reavaliações em seu imobilizado em exercícios anteriores. O Auditor emitiu parecer sem ressalva. (r) O clube cita em notas explicativas que não realizou o levantamento total dos seus bens do imobilizado e por isso não realizou a depreciação do imobilizado. O clube também não executou as avaliações necessárias para avaliar a redução ao valor recuperável de ativos. O auditor independente mencionou o fato em seu parecer. (s) É divulgado em notas explicativas que o clube revisa o valor contábil dos ativos utilizados em suas operações com o objetivo de identificar possíveis perdas em seu valor recuperável. É citado também que não foi necessário o registro de provisão para redução ao valor recuperável de ativos, no entanto não divulgou as premissas utilizadas para se chegar a essa conclusão. O auditor mencionou o fato de o clube ter julgado desnecessária a avaliação do valor recuperável dos ativos como um parágrafo de ênfase. (t) Em 2010 não foi visualizado o relatório dos auditores independentes. Em 2011 o clube afirma em suas demonstrações contábeis que os valores envolvidos no custo de contratação e formação de atletas são considerados a possibilidade de recuperação econômico-financeira do valor contábil de cada atleta. O clube utiliza as taxas de depreciação fiscal, adicionalmente consta no ativo imobilizado saldo referente a reavaliações. O parecer do auditor não faz inferência a essa situação. Observa-se que, no geral, os auditores independentes não fizeram menção em seus relatórios sobre o aspecto da redução ao valor recuperável de ativos, demonstrando desta forma que não há qualidade razoável na emissão da opinião do auditor. Corrobora com essas conclusões as pesquisas desenvolvidas por Firmino, Damascena e Paulo (2010) através de observações com empresas listadas na bolsa de valores do Brasil; e por Carlin, Finch e Laili (2009) com análise sobre as companhias listadas na bolsa de valores da Malásia. Vale salientar que estas pesquisas foram realizadas através de empresas de capital aberto e sob a ótica das maiores empresas de auditoria do mundo. Verifica-se que os clubes brasileiros apresentam um nível de disclosure nulo, com exceção de Corinthians-SP e São Paulo-SP em 2010 e adicionalmente o Santos-SP em 2011, conforme apresentado nas Tabelas 5 e 6 a seguir: Tabela 5 Nível de disclosure dos Clubes brasileiros 2010 (Valores em R$ mil, exceto o nível de disclosure) 10

Clube Ativo Total Receita Total Investimentos Imobilizado Intangível Nível de Disclosure ATLÉTICO Clube GOIANIENSE 20.995 Não Disponível 3.582 17.338 0 0% Clube ATLÉTICO MINEIRO 672.973 93.290 434.968 202.203 16.325 0% Clube ATLÉTICO PARANAENSE 189.079 44.700 0 137.897 4.077 0% AVAÍ Futebol Clube 36.330 31.987 0 34.500 463 0% BOTAFOGO de Futebol e Regatas 93.220 52.699 61 40.696 22.589 0% Sport Club CORINTHIANS Paulista 430.591 177.670 0 167.710 16.370 5% CORITIBA Foot Ball Club 61.000 30.696 300 45.743 5.448 0% CRUZEIRO Esporte Clube 230.985 101.391 0 73.140 52.744 0% Clube de Regatas do FLAMENGO 357.786 128.558 0 201.445 33.118 0% FLUMINENSE Football Club 346.950 76.822 46 326.290 6.831 0% GOIÁS Esporte Clube 17.208 30.363 0 11.078 0 0% GRÊMIO Foot Ball Porto Alegrense 202.052 103.203 60 121.281 63.588 0% GUARANI Futebol Clube 73.895 22.033 0 73.398 0 0% Sport Club INTERNACIONAL 661.171 145.344 0 547.569 37.002 0% Sociedade Esportiva PALMEIRAS 199.885 121.139 0 124.590 46.100 0% SANTOS Futebol Clube 146.365 115.508 0 53.332 32.587 0% SÃO PAULO Futebol Clube 395.323 194.708 0 269.804 55.335 10% Club de Regatas VASCO DA GAMA 222.842 83.558 0 108.782 0 0% Esporte Clube VITÓRIA 50.297 42.136 2.157 20.093 0 0% TOTAL 4.408.948 1.595.806 441.174 2.576.890 392.578 Fonte: própria, 2013 Tabela 6 Nível de disclosure dos Clubes brasileiros 2011 (Valores em R$ mil, exceto o nível de disclosure) Clube Ativo Total Receita Total Investimentos Imobilizado Intangível Nível de Disclosure Clube ATLÉTICO MINEIRO 700.279 99.801 434.968 202.122 28.715 0% Clube ATLÉTICO PARANAENSE 295.497 44.042 10 135.360 7.906 0% AVAÍ Futebol Clube 37.828 34.607 0 35.262 512 0% BOTAFOGO de Futebol e Regatas 311.832 58.901 0 43.632 38.819 0% Sport Club CORINTHIANS Paulista 755.839 230.783 0 193 53 5% CORITIBA Foot Ball Club 224.180 66.468 2.245 149.171 19.387 0% CRUZEIRO Esporte Clube 253.432 128.692 0 71.393 50.177 0% FIGUEIRENSE Football Club 65.239 40.662 0 25.609 3.022 0% Clube de Regatas do FLAMENGO 976.159 184.239 0 448.352 53.092 0% FLUMINENSE Football Club 361.052 80.174 50 325.643 9.864 0% GRÊMIO Foot Ball Porto Alegrense 221.043 102.703 1.595 120.101 79.691 0% Sport Club INTERNACIONAL 707.333 175.660 0 552.913 55.946 0% Sociedade Esportiva PALMEIRAS 475.886 146.141 0 93.590 37.125 0% SANTOS Futebol Clube 182.354 189.113 0 51.882 37.400 10% SÃO PAULO Futebol Clube 489.296 224.631 0 280.143 100.112 10% Club de Regatas VASCO DA GAMA 238.283 136.591 0 126.310 0 0% Esporte Clube VITÓRIA 63.297 34.234 2.157 27.604 0 0% TOTAL 6.358.829 1.977.442 441.025 2.689.280 521.823 Como visualizado nas tabelas acima, é possível afirmar que os clubes de futebol apresentam um nível de divulgação nulo, com exceção do Corinthians/SP, Santos/SP e São Paulo/SP. Entretanto, no que diz respeito ao montante de recursos, verifica-se que os clubes apresentam aplicações relevantes no ativo imobilizado e intangível. O clube que apresentou maior ativo total em 2010 e 2011 foi, respectivamente, Atlético Mineiro/MG e Flamengo/RJ, sendo este último devido a uma reavaliação de bens. Verifica-se que a maior parte dos recursos está aplicada no ativo imobilizado e intangível, a exemplo de Avaí/SC, 11

Fluminense/RJ e Internacional/RS. As maiores receitas de 2010 e 2011 foram dos clubes paulistas São Paulo/SP e Corinthians/SP, respectivamente. Foi verificado, através da consulta do cadastro nacional dos auditores independentes, que os responsáveis técnicos que assinaram o relatório dos auditores independentes para os anos analisados compreendem a um total de 22 auditores, dos quais 27% não apresentam nenhum tipo de registro e 14% apresentam seu registro como baixado. Verifica-se que dos 22 auditores, 32% possuem habilitação CVM. Na análise de correlação do nível de qualidade obtido com a qualificação técnica do auditor independente responsável foi observada a seguinte característica: Tabela 7 Análise de Regressão Linear Simples 2010 Estatística de regressão R múltiplo 0,251794281 R-Quadrado 0,06340036 R-quadrado ajustado 0,008306264 Erro padrão 0,450531076 Observações 19 Tabela 8 Análise de Regressão Linear Simples 2011 Estatística de regressão R múltiplo 0,288281995 R-Quadrado 0,083106509 R-quadrado ajustado 0,021980276 Erro padrão 0,432405318 Observações 17 Diante das observações, é possível verificar que auditores com nível de qualificação, teoricamente, mais elevado também não fizeram menção em seus relatórios dos aspectos relevantes não divulgados em notas explicativas pelos clubes brasileiros, assim como os auditores sem qualificação técnica. Vale salientar que o objetivo desta análise não é medir o grau de qualidade da auditoria, mas verificar se houve ou não alguma situação que precisava ser citada no parecer do auditor e que não houve sua inclusão, caracterizando a ausência de qualidade. A pesquisa desenvolvida por Gul et al. (2009) mostra situação inversa ao resultado encontrado na análise, verificando que os auditores com mais capacitação são menos responsáveis por situações de gerenciamento de resultados. No entanto, é importante destacar que esta pesquisa é desenvolvida em entidades desportivas brasileiras, que não tem participação em mercado acionário, assim como os auditores responsáveis selecionados não são de empresas denominadas big four, com exceção do Santos-SP. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa teve como objetivo verificar se é possível afirmar que existe qualidade de auditoria sobre as demonstrações contábeis dos clubes de futebol brasileiro, observando-se como critério técnico de julgamento a adoção à resolução do CFC nº 1.292/10 Redução ao valor recuperável de ativos. 12

Verifica-se que os principais ativos dos clubes de futebol que estão diretamente relacionados com a geração de receitas para a entidade consistem nos atletas (ativos intangíveis), estádios, centros de treinamento, alojamentos, estrutura para jovens atletas. E diante da importância desse grupo de ativos, é importante que o clube verifique se o valor registrado em suas demonstrações contábeis espelha a real situação econômica e patrimonial para esses grupos de ativos. Com base nas análises realizadas na pesquisa, a utilização da métrica para avaliar o nível de disclosure, permite afirmar que os clubes de futebol do Brasil não apresentam qualidade uniforme e/ou qualidade, devido ainda não apresentam nível de divulgação apropriado sobre os itens obrigatórios de divulgação para a redução ao valor recuperável dos ativos. Em análise às notas explicativas, os clubes de futebol citam avaliar ao final do exercício a possibilidade de constituir a provisão para impairment, no entanto, não divulgam em suas notas os parâmetros utilizados para se chegar a conclusão obtida e não mencionam situações relacionadas a esse assunto. No que tange a qualificação técnica do auditor independente, é visualizado que parte dos auditores não apresentam nenhum tipo de qualificação ou apresentaram seu registro baixado no cadastro nacional dos auditores independentes - CNAI. Através das análises, é possível afirmar também que não existe relação entre a qualificação técnica do auditor com a qualidade de auditoria obtida, ou seja, em alguns auditores que apresentaram um grau de qualificação técnica maior não foi observado uniformidade no relatório dos auditores independentes, consequentemente, impossibilidade de afirmar que existe qualidade na opinião emitida. A pesquisa se limitou a análises com base nas demonstrações contábeis disponíveis, relatório dos auditores independentes, qualificação técnica do auditor e legislação aplicável no que aborda a questão da recuperabilidade dos ativos. O acesso a informações como os papéis de trabalho do auditor e outras informações obtidas pelos auditores externos no curso dos exames, poderia complementar e validar as conclusões obtidas. No contexto do trabalho, a pesquisa estimula que outros estudos relacionados ao aspecto da qualidade da auditoria busquem identificar possíveis problemas e que possam contribuir com a literatura contábil e com a profissão de auditoria independente no Brasil. REFERÊNCIAS ALMEIDA, J. E. F.; ALMEIDA, J. C. G. Auditoria e earnings management: um estudo empírico nas empresas abertas auditadas pelas big four e demais firmas de auditoria. Revista Contabilidade e Finanças, USP, São Paulo, v. 20, n. 50, p. 62 74, maio/agosto 2009. ARRUÑADA, B. La calidad de la auditoría: incentivos privados Y regulacíon. Madrid: Marcial Pons, 1997. AZEVEDO, F.; COSTA, F. M. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. II Congresso ANPCONT, Salvador, Junho 2008. BDO. Finanças dos clubes brasileiros e valor das marcas dos 17 clubes mais valiosos do Brasil. 4.ed. 2012. Disponível em: < http://www.bdobrazil.com.br/pt/publicacoes.html>. Acesso em: 15 de janeiro de 2013. 13

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