6º Fórum de Extensão Conta INFLUÊNCIA DAS ATIVIDADES MOTORAS NAS QUEIXAS DOLOROSAS EM ESCOLARES FREQUENTADORES DE UMA INSTITUIÇÃO FILANTRÓPICA INTRODUÇÃO Lidiane de Fátima Ilha Nichele (apresentadora) Ana Fátima Viero Badaró (Orientadora) Patrícia Turra Tatiéli Zulian As crianças e os adolescentes, na fase escolar, estão sujeitos a comportamentos de risco, principalmente no que se refere à utilização de mochilas e à postura sentada. Esses comportamentos podem vir a acarretar alterações posturais e queixas dolorosas que afetarão o indivíduo na vida adulta (PENHA et al, 2005). Nesse período estímulos variados são imprescindíveis para que os indivíduos possam reconhecer e inserir hábitos de vida saudáveis ao seu cotidiano (FREIRE et al., 2008; MARTINEZ-CRESPO et al.,2009; NOLL et al., 2012) Sob esta perspectiva a fisioterapia na saúde do escolar, constitui um fator importante para a aprendizagem de hábitos de vida saudáveis, devido a infância e a adolescência serem fases decisivas na construção de condutas. A escola vem a ser um campo de possibilidades para acompanhar esse crescimento e desenvolvimento corporal. Assim, a fisioterapia tem muito a contribuir no ambiente escolar e em ações que envolvem a promoção da saúde, a prevenção de doenças e a recuperação corporal. OBJETIVOS Verificar a influência das atividades motoras nas queixas dolorosas em escolares de 7 a 12 anos, freqüentadores de uma Instituição Filantrópica, durante o período de dois anos 2012 e 2013.
REFERENCIA TEÓRICO E METODOLOGIA A dor é definida pela International Association for the Study of Pain (1994) como uma experiência sensitiva emocional desagradável relacionada à lesão tecidual ou descrita em tais termos. Trata-se de uma manifestação subjetiva, que envolve mecanismos físicos, psíquicos e culturais. O ambiente escolar é um local predisponente às alterações posturais, pois quanto maior o tempo em que um indivíduo é exposto a riscos, maior a probabilidade de desenvolver problemas posturais com geração de sintomas dolorosos imediatos e/ou tardios (NOLL et al, 2012). Há evidências de que a permanência por longo período em uma posição sentada, somando-se as horas regulares de ensino em sala de aula e em frente à televisão e ao computador ( FREIRE et al., 2008; MARTINEZ-CRESPO et al., 2009), associado a carga, o modo de transporte e o modelo de mochilas utilizado, vem despertando o interesse de diferentes setores da saúde, por serem considerados fatores de riscos importantes nesta fase do crescimento (FERNANDES et al., 2008). Outra causa de dor em crianças e adolescentes é a dor de crescimento que pode acometer escolares com idade entre 6 e 13 anos. Essas dores são musculoesquelética, intensa, não articular, localizada nos membros inferiores, nas panturrilhas, nas coxas e na região poplítea (ASADI-POOYA, 2007). Tem duração de 10 a 15 minutos, que incide mais no final da tarde ou início da noite, podendo intercalar períodos remissivos que podem durar dias, semanas ou meses (FORNI, 2011). Estudos sobre prevalência de dor realizados em escolares (SUNDBLAD et al., 2007) mostraram intensidades significativamente mais altas da dor, principalmente nas meninas em comparação com os meninos. Esta diferença também foi encontrada por Slater et al. (2009) em uma amostra de pacientes atendidos em um centro pediátrico. A dor pode ser mensurada a partir de escalas, que são instrumentos simples, sensíveis e reprodutíveis, permitindo análise continua da dor, tendo a vantagem de se fazer entender e ajudar na mensuração e quantificação dos sintomas dolorosos. Um tipo de instrumento utilizado é a Escala Visual Analógica (EVA), que consiste em uma linha reta, indicando em uma extremidade a marcação de ausência de dor e na outra, pior dor imaginável (SAKATA et al., 2003). Este trabalho é proveniente de um programa extensionista intitulado Fisioterapia no Cuidado Corporal de Escolares, que possui financiamento FIEX e que envolve projetos de pesquisa, ensino e extensão, desenvolvendo-se no Centro de
Referência Familiar Recanto do Sol (CEFASOL). Este local recebe as crianças e adolescentes em turno diferente ao das aulas regulares, para complementar as atividades escolares e lhes propiciar alimentação, lazer e atividades como:, canto, percussão, informática e artesanato. Além disso, a fisioterapia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) desenvolve por meio da extensão, atividades lúdicas com bolas suíças, que visam o relaxamento, alongamento e conscientização corporal. Também o Curso de Educação Física da UFSM proporciona atividades esportivas e recreativas a todas as crianças. Desenvolvem-se, nesta mesma Instituição, pesquisas provenientes do projeto Avaliações do Crescimento e do Desenvolvimento Corporal de Escolares (aprovado no CEP/UFSM), que integra o programa de extensão. Foram entrevistados 38 escolares (14 meninos e 24 meninas), no primeiro semestres de 2012 e no de 2013. Os critérios de inclusão adotados foram: ter freqüentado regularmente a instituição neste período, obtenção do TCLE assinado e realização da avaliação anual das queixas dolorosas. Os critérios de exclusão foram: apresentar algum tipo de alteração cognitiva. Utilizou-se um breve questionário para investigar a presença de queixas dolorosas quanto à localização, à freqüência e à intensidade. A localização foi feita por meio da apresentação de um mapa do corpo humano para a criança indicar o(s) local (is) da dor referida. A intensidade da dor foi identificada através da Escala Visual Analógica (EVA) que, depois de explicada pelo avaliador, a criança apontou para a figura, com número e cor, de acordo com a sua interpretação dolorosa. A intensidade foi determinada em leve (0-2), moderada (3-7) ou intensa (8-10), através do número ou cor que a criança usou para simbolizar a dor. RESULTADOS ALCANÇADOS E PÚBLICO ENVOLVIDO Das 38 crianças avaliadas, por meio do questionário de dor, observou-se na primeira avaliação que 30 escolares relataram sentir algum tipo de dor e na segunda apenas 21 referiram alguma queixa dolorosa. As queixas dolorosas foram mais referidas nas pernas e na coluna. Sugere-se que a dor nas pernas seja proveniente do crescimento dessas crianças, conhecida como dor do crescimento. As dores nas costas podem ser interpretadas como resultado do longo período de permanência em posição sentada (escola, TV, computador), geralmente em posturas inadequadas.
Entre os avaliados a média de intensidade da EVA encontrada em 2012 foi 4,5, sendo classificada como moderada. Em 2013, esta média diminuiu passando para 3,3, obtendo a mesma classificação moderada, tendo, entretanto, mudança de mais de um ponto na escala de intensidade. Assim, pode-se sugerir que a diminuição da intensidade das dores possa se relacionar com as atividades motoras presente na rotina dessas crianças. Também, acredita-se que o programa propicie aos acadêmicos participantes uma visão sobre a importância de vivências no aprendizado em uma relação de ensinoassistência. Dessa maneira, busca-se incentivar a publicação do trabalho realizado, no intuito de incrementar as pesquisas nessa área e causar impacto na formação dos estudantes. INDICADORES DE AVALIAÇÃO UTILIZADOS A adesão e participação dos escolares na ação, a inserção da fisioterapia no ambiente escolar, obtenção dos dados por meio do questionário semiestruturado e consulta aos pais e gestores da instituição. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICAS ASADI-POOYA, A.; BORDBAR, M.R. Are laboratory tests necessary in making the diagnosis of limb pains typical for growing pains in children? Pediatr Int. v. 49, n. 6, p. 833-835, 2007. FERNANDES, S. M. S.; CASAROTTO, R. A.; JOÃO, S. M. A. Efeitos de sessões educativas no uso das mochilas escolares em estudante do ensino funadamental I. Rev Bras Fisioter. v. 12, n. 6, 2008. FORNI, J. E. N.; JALIKHIAN, W. Dor do crescimento. Rev Dor. v. 12, n. 3, p. 261-264, 2011. FREIRE, I.A.; TEIXEIRA, T.G.; SALES, C.R. Hábitos posturais: diagnóstico a partir de fotografias. Conexões. v.6, n.2, p. 28-41, 2008. International Association for the Study of Pain. Concensus development conference statement: the integrated approach to the management of pain. Journal of AccidEmerg Med. 1994. MARTINEZ-CRESPO, G. et al. Dolor de espalda en adolescentes: prevalencia y fatores associados. Rehabilitación.v. 43, n.2, p. 72-80, 2009. NOLL, M. et al. Alterações posturais em escolares do ensino fundamental de uma escola de Teutônia/RS. Rev bras Ci. e Mov. v. 20, n. 2, p. 32-42, 2012.
PENHA, P.J. et.al. Postural assessment of girls between 7 and 10 years of age. Clinics. v. 60, n. 1, p. 9-16, 2005. SLATER, S.et al. Effects of gender and age on paediatric headache. Cephalalgia. v. 29, p. 969-973, 2009. SAKATA, R. K. et al. Avaliação da Dor. In: CAVALCANTI, I. L.; MADDALENA, M. L., editores. Dor. Rio de Janeiro: SAERJ, 2003. p. 53-94. SUNDBLAD, G.; SAARTOK, T.; ENGSTROM, L. Prevalence and co-occurrence of self-rated pain and perceived health in school-children: Age and gender differences. European Journal of Pain. v.11, p.171-180, 2007.