EFEITOS DA PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA MENTE ATIVA NO EQUILÍBRIO E COGNIÇÃO DE PARTICIPANTE COM DOENÇA DE ALZHEIMER EFFECTS OF PARTICIPATION IN THE PROGRAM " MENTE ATIVO" IN BALANCE AND COGNITIVE FUNCTION OF PERSON WITH ALZHEIMER 'S DISEASE Juliana da Silva Santos Discente do curso de Fisioterapia Centro Universitário Católico Unisalesiano Auxilium Lins Amanda de Andrade Macedo Discente do curso de Fisioterapia Centro Universitário Católico Unisalesiano Auxilium Lins Juliana Villasboas Cunha Discente do curso de Fisioterapia Centro Universitário Católico Unisalesiano Auxilium Lins José Alexandre Curiacos de Almeida Leme- Centro Universitário Unisalesiano Auxilium ; Universidade Estadual Paulista-UNESP RESUMO Os cuidados com o paciente com Doença de Alzheimer (DA) envolvem terapias em diversas áreas. As práticas de atividade física e cognitiva têm contribuído muito para amenizar os processos deletérios desta doença. O presente estudo teve por objetivo investigar os efeitos da participação no projeto Mente Ativa no equilíbrio e cognição de um participante com DA. O sujeito do gênero masculino, 82 anos e com DA grau leve participou do programa Mente ativa durante 4 meses. O programa consiste de atividade física e cognitiva uma hora/ dia, três dias/semana. Previa e posteriormente aos quatro meses de intervenção foram realizadas as avaliações de equilíbrio, utilizando o teste Berg Balance e cognitiva utilizando o teste mini-mental. O fato de ser um estudo de caso limita o poder dos resultados, apontando para possíveis conclusões a serem confirmadas em estudos mais amplos.. No presente estudo, os resultados apresentam aumento nos valores do teste Berg Balance (3 pontos) e manutenção dos valores do mini-mental após os 4 meses. Considerando que a DA é um quadro com progresso contínuo na perda cognitiva e que pode trazer prejuízos motores, a participação durante 4 meses no programa trouxe melhoras sutis para o equilíbrio e manutenção na função cognitiva, desacelerando o progresso sintomático da doença. Palavras-chave: Doença de Alzheimer. Cognição. Qualidade de vida. INTRODUÇÃO Com o crescimento da expectativa de vida nas últimas décadas e, 1
consequentemente do número de idosos, houve também um aumento da incidência e prevalência de doenças senis (APRAHAMIAN et al., 2009). Dentre estas doenças senis estão as demências. A demência de maior prevalência é a Doenças de Alzheimer (DA), que fora apresentada à comunidade científica pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer em 1907. Trata-se de uma afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de aparecimento insidioso, que apresenta sintomas como a perda da memória e diversos distúrbios cognitivos. A DA é classificada nos estágios leve, moderado e grave (APRAHAMIAN et al., 2009). No estágio leve o paciente apresenta confusão e perda da memória, desorientação espacial, dificuldade progressiva no cotidiano,mudanças na capacidade de julgamento. No estágio moderado haverá dificuldade nas atividades físicas diárias, ansiedade, delirios,agitação,alteração no sono,dificuldade de reconhecimento de amigos e familiares. Já o estágio grave o paciente terá diminuição acentuada no vocabulário, diminuição no apetite e peso, descontrole urinário e fecal e dependência progressiva do cuidador. A intervenção deve ser específica para atender às necessidades do paciente em cada estágio, sendo preferencialmente mais ampla e completa possível. As atividades interdisciplinares podem trazer a diversidade de cuidados que a doença de Alzheimer exige (VIERA et al., 2013). OBJETIVO O objetivo deste estudo foi investigar a influência da participação de um participante com DA no projeto Mente Ativa na cognição e equilíbrio. METODOLOGIA O projeto de extensão Mente ativa atende atualmente 5 pacientes e seus cuidadores, sendo todos familiares. Aos pacientes são oferecidas atividades físicas e cognitivas por estagiários do curso de Fisioterapia, enquanto aos cuidadores é oferecido o apoio psicológico por estagiária do curso de Psicologia. Os estagiários atuam sob supervisor dos docentes responsáveis pelos respectivos cursos. 2
Aspectos éticos O projeto foi submetido para apreciação junto ao comitê de ética do Unisalesiano e recebeu sua aprovação (Protocolo 36296314.8.0000.5379). Os cuidadores dos participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Previamente à inserção no programa o participante apresentou atestado de aptidão físico emitido por cardiologista. Sujeito da pesquisa As características do participante desta pesquisa são: gênero masculino, 82 anos de idade e com doença de Alzheimer de grau leve diagnosticada por neurologista. Descrição das atividades As atividades para as pessoas com DA foram realizadas no período da tarde (17-18 horas) com frequência semanal de três dias de atendimento. O período de duração da atividade foi de uma hora e distribuída nos seguintes dias: Segunda Quarta Sexta Atividade física Tarefa dupla: Atividade física aeróbia e recreativa e atividade física e aeróbia e atividade tarefa dupla cognitiva cognitiva Atividades físicas Estas atividades direcionadas aos pacientes com DA foram compostas de atividades aeróbias (65-70% da fcmáx), resistidas e de flexibilidade como proposto para idosos pelo American College of Sports Medicine (ACSM, 2009). A tarefa dupla trata-se de atividade físicas de forma simultânea a atividades cognitivas simples. Tal combinação parece trazer excelentes resultados para pacientes com demências (SHERIDAN, HAUSDORFF, 2007). Atividades cognitivas As atividades cognitivas consistiram de jogos, atividades lúdicas, perguntas e questões matemáticas que foram estrategicamente situadas para que, logo após um período de esforço físico fossem realizadas ou, ainda, realizadas de forma simultânea à atividade física. 3
Avaliações Foram realizadas as seguintes análises de forma prévia e posterior aos quatro meses de intervenção: - Para a avaliação de equilíbrio foi utilizado o teste Berg Balance (MIYAMOTO et al, 2004) - Para avaliação das funções cognitivas foi utilizado o teste mini-mental (FOLSTEIN et al. 1975). RESULTADOS PRELIMINARES No presente trabalho, após 4 meses de participação no projeto de atividades físicas e cognitivas Mente ativa o perticipante foi submetido às avaliações de equilíbrio através da aplicação do teste Berg Balance e da função cognitiva através do teste mini-mental. Os resultados estão apresentados na tabela. No teste de equilíbrio (Berg Balance) o sujeito apresentou um sutil aumento nos valores, sendo um fator relevante para o quadro. Apesar de não ser apontado como sintomas mais relevantes da doença, é importante ressaltar que os prejuízos motores, mesmo que relacionados à cognição, aumentam o risco de quedas em pessoas com DA (FERREIRA et al,. 2013; CHRISTOFOLETTI et al., 2006). Desta forma, o sutil aumento dos valores no teste indicam possível melhora no equilíbrio. O teste mini-mental é um instrumento muito utilizado para pesquisa e diagnóstico da doença de Alzheimer (ALMEIDA et al., 1998). No presente estudo, o período de 4 meses não promoveu alterações nos resultados deste teste. Todavia, é esperado que o progresso da doença venha a prejudicar a resposta encontrada no teste, sendo a ausência de alterações um achado importante, pois levanta a possibilidade de a participação no projeto esteja contribuindo para desacelerar este processo. Além disso, deve ser levado em conta que, apesar do diagnóstico da DA, o participante tinha valores altos para o teste (25), sendo apresentado na literatura valores de corte variando entre 22-25 para pessoas escolarizadas (LOURENÇO, VERAS, 2006). 4
Tabela. Resultados do participante nos testes de equilíbrio (Berg balance) e cognição (mini-mental) aplicados previa (avaliação 1) e posteriormente (avaliação 2) a participação no Programa. PARÂMETROS PRÉ PÓS Berg Balance 52 55 Mini-mental 25 25 Desta forma, pode ser concluído que a participação no programa promoveu sutil melhora no equilíbrio e contribuiu para manutenção das funções cognitivas. REFERÊNCIAS ALMEIDA, O.P. Mini exame do estado mental e o diagnóstico de demência no Brasil. Arq Neuropsiquiatr, v. 56, n. 3B, p. 605-12, 1998. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE et al. Manual do ACSM para avaliação da aptidão física relacionada à saúde. Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2006. APRAHAMIAN I., MARTINELLI J.E.; YASSUDA, M.S. Doença de Alzheimer: revisão da epidemiologia e diagnóstico. Rev Bras Clin Med, v. 7, n. 5, p. 27-35, 2009. BERG K. Measuring balance in the elderly: preliminary development of an instrument. Physiotherapy Canada, 41(6): 304-311, 1989. CHRISTOFOLETTI, G. et al. Risco de quedas em idosos com doença de Parkinson e demência de Alzheimer: um estudo transversal. Rev Bras Fisioter, v. 10, n. 4, p. 429-33, 2006. FERREIRA, L.L. et al. Risco de queda em idosos com doença de Alzheimer institucionalizados. ConScientiae Saúde, v. 12, n. 3, p. 379-385, 2013. FOLSTEIN M.F., FOLSTEIN S.E., MCHUGH P.R. Mini-mental state : a practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. Journal of psychiatric research, 2(3): 189-198, 1975. LOURENCO, R.A; VERAS, R.P. Mini-Exame do Estado Mental: características psicométricas em idosos ambulatoriais. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 40, n. 4, Aug. 2006. MIYAMOTO, S. T. et al. Brazilian version of the Berg balance scale.brazilian journal of medical and biological research, v. 37, n. 9, p. 1411-1421, 2004. SHERIDAN P.L., HAUSDORFF J.M. The role of higher-level cognitive function in gait: executive dysfunction contributes to fall risk in Alzheimer's disease. Dementiaandgeriatriccognitivedisorders 2007; 24(2), 125. 5
VIERA, G.B. et al. Acompanhamento interdisciplinar dos cuidadores de pessoas com doença de alzheimer.revista Contexto & Saúde, v. 11, n. 20, p. 621-624, 2013. 6