CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DOS DEPÓSITOS COLUVIAIS DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA, PIAUÍ.



Documentos relacionados
DEPÓSITOS SEDIMENTARES RECENTES DA PORÇÃO SUPERIOR DA BAÍA DE MARAJÓ (AMAZÔNIA)

Barros, A.C.M. 1 ; Souza, J.O.P. 2 ; Correa, A.C.B. 3 ;

DADOS SEDIMENTOLÓGICOS E GEOCRONOLÓGICOS DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO TOCA DO GORDO DO GARRINCHO, PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA, PIAUÍ.

GRANULOMETRIA DE PRAIAS DO MUNICÍPIO DE UBATUBA, SP*

BATIMETRIA E DISTRIBUIÇÃO DOS SEDIMENTOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL INTERNA PARANAENSE PARANÁ - BRASIL

Classificação de Aroldo de Azevedo

GEOMORFOLOGIA E ANÁLISE DA REDE DE DRENAGEM DA FOLHA ALHANDRA, TABULEIROS LITORÂNEOS DOS ESTADOS DA PARAÍBA E PERNAMBUCO

CAPÍTULO 4 GEOLOGIA ESTRUTURAL DA ÁREA

TENDÊNCIAS DE TRANSPORTE SEDIMENTAR AO LONGO DAS PRAIAS DO MUNICÍPIO DE PONTAL DO PARANÁ (PR): DADOS PRELIMINARES.

LAUDO GEOLÓGICO GEOTÉCNICO GUARITUBA

Sugestões de avaliação. Geografia 6 o ano Unidade 4

XX Encontro Anual de Iniciação Científica EAIC X Encontro de Pesquisa - EPUEPG

SEDIMENTAÇÃO QUATERNÁRIA NA BACIA DO RIO MACAÉ (RJ): ESPACIALIZAÇÃO E ANÁLISE DE TERRAÇOS FLUVIAIS

Atividade 11 - Exercícios sobre Relevo Brasileiro Cap. 03 7º ano. Atenção: Pesquise PREFERENCIALMENTE em seu Livro e complemente a pesquisa em sites.

Jonathan Kreutzfeld RELEVO BRASILEIRO E FORMAS

ESTUDO SEDIMENTOLÓGICO-AMBIENTAL DO MUNICÍPIO COSTEIRO DE BARRA DOS COQUEIROS

TERCEIRÃO GEOGRAFIA FRNTE 8 A - aula 24. Profº André Tomasini

ESTUDO GRANULOMÉTRICO DA PLATAFORMA INTERNA N DO RN, ENTRE GALINHOS E PORTO DO MANGUE

Os sedimentos da Formação Urucutuca foram originalmente interpretados por Bruhn

Relatório de Campo (operação II)

CARTOGRAFIA E IMAGEM ASTER APLICADOS NO MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE CATU, BA.

CARACTERÍSTICAS MORFODINÂMICAS DA PRAIA DE ITAPIRUBÁ, SC, BRASIL. Palavras-chave: Praias arenosas, morfodinâmica praial, morfologia de praia

Geologia da Bacia do Paraná. Antonio Liccardo

Instituto de Pesquisas Hidráulicas. IPH - UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil. Av. Bento Gonçalves 9500, , Porto Alegre, RS, Brasil

Diagnóstico geológico-geomorfológico da planície costeira adjacente à enseada dos Currais, Santa Catarina, Brasil

ANALISE DE PERDA DE SOLO EM DIFERENTES RELEVOS NO SEMIÁRIDO CEARENSE

COMPARAÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS DE SEDIMENTO PARA GRANULOMETRIA A LASER

FUVEST Segunda Fase. Geografia 07/01/2003

RELAÇÃO ENTRE PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA E ÁGUA SUBTERRÂNEA NO SETOR NORDESTE DA CIDADE DE BELÉM/PA - UM ESTUDO DE CASO.

SEDIMENTOLOGIA E GEOFÍSICA NA PLATAFORMA INTERNA DO RIO GRANDE DO SUL: PRO-REMPLAC.

Compartimentação geomorfológica da folha SF-23-V-A

Palavras-chave: Sub bacia, Caracterização Ambiental, Sustentabilidade.

Colégio Salesiano Dom Bosco GEOGRAFIA Prof. Daniel Fonseca 6 ANO. Capítulo 7 Formas, Relevos e solos da Terra

Relevo GEOGRAFIA DAVI PAULINO

Quanto à sua origem, podemos considerar três tipos básicos de rochas:

ESTRUTURA GEOLÓGICA E RELEVO AULA 4

Fatores de formação do solo

Desempenho da Calha Rochosa Não-Revestida do Vertedouro da Usina Hidrelétrica Governador Ney Braga (Segredo) após 14 anos de Operação

CAPÍTULO 1 Introduzindo SIG

IMPACTOS DE ATIVIDADES DE MINERAÇÃO NA DINÂMICA FLUVIAL DO RIO ARAQUÁ (SÃO PEDRO SP)

Aplicação do Diagrama de Pejrup na Interpretação da Sedimentação e da Dinâmica do Estuário da Baía de Marajó-PA

VENTOS DO PASSADO: SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ENCONTRADOS EM LICENCIAMENTO DE PARQUE EÓLICO NA BAHIA.

PROVA DE GEOGRAFIA 3 o BIMESTRE DE 2012

UTILIZAÇÃO DE GEOTECNOLOGIAS DE GEOPROCESSAMENTO NO LEVANTAMENTO DE CLASSES DE SOLOS.

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DA LAVRA DA PEDRA MORISCA DA REGIÃO DE CASTELO DO PIAUÍ NA CONFECÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS RESUMO

A TERRA ONTEM, HOJE E AMANHÃ

SUSCETIBILIDADE A EROSÃO DO SOLO NA CIDADE DE SALVADOR BAHIA

CURSO: PÓS GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA DISCIPLINA: CLASSIF. MAPEAMENTO DE SOLOS

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO GRÁBEN DO RIO MAMUABA E SUAS ADJACÊNCIAS

1 - PRÓLOGO 2 - INTRODUÇÃO 3 - METODOLOGIA

XIII Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário ABEQUA

CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DO AQUÍFERO DUNAS / BARREIRAS EM NATAL, RN

EXERCÍCIOS DE REVISÃO - CAP. 04-7ºS ANOS

Figura 1: Localização da Praia de Panaquatira. Fonte: ZEE, Adaptado Souza, 2006.

ANEXO 3. Imagens das Unidades de Relevo e Terreno do Parque Estadual da Cantareira. Anexo 3 Imagens das Unidades de Terreno e Relevo do PEC 1

EXCURSÃO AOS APARADOS DA SERRA (Cambará do Sul-RS)

Evolução da Terra. Geografia Prof. Cristiano Amorim

Aterro Sanitário. Gersina N. da R. Carmo Junior

INFLUÊNCIA DE FASES EXTREMAS DA OSCILAÇÃO SUL SOBRE A INTENSIDADE E FREQUÊNCIA DAS CHUVAS NO SUL DO BRASIL

As características gerais dos tipos de relevo de ocorrência na região do PNSB e Zona de Amortecimento são apresentadas na Tabela A.42, a seguir.

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SECAGEM DE ARGILA

Identificação de Solos Moles em Terrenos Metamórficos Através de Sondagem Barra Mina.

COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO DE ANÁPOLIS (GO) COM BASE NA INTENSIDADE DA DISSECAÇÃO

ANÁLISE DE IMPACTO CAUSADO NO MEIO FÍSICO PELO VAZADOURO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE LONDRINA E MEDIDAS MITIGADORAS PROPOSTAS

MUDANÇAS SÓCIO-ESPACIAIS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DA HIDRELÉTRICA DO FUNIL (MG)

Juliana Aurea Uber, Leonardo José Cordeiro Santos. Introdução

Formas de representação:

Noções de Topografia Para Projetos Rodoviarios

Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DISCIPLINA DESENHO GEOLÓGICO PROF. GORKI MARIANO

APÊNDICE H-DIAGNÓSTICO FÍSICO- CONSERVACIONISTA

4Distribuição de. freqüência

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA FOLHA ITAPOROROCA, NA BORDA ORIENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA

UNIDADE 5 AMÉRICA DO NORTE. Os Estados Unidos Tema 1

ESTUDO DAS PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DE SOLOS DE ENCOSTA DO RIO DE JANEIRO

COMPARTIMENTAÇÃO MORFOPEDOLÓGICA E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA BACIA DO CÓRREGO AMIANTO, MINAÇU GO

CAPÍTULO 4 TIPOLOGIA DE SOLOS

O CONTATO ENTRE AS FORMAÇÕES PIRAMBÓIA E BOTUCATU NA ÁREA DE RIBEIRÃO PRETO (SP)

Avaliação Mensal Geografia 6ºB FAF *Obrigatório

GEOGRAFIA - 1 o ANO MÓDULO 31 CARTOGRAFIA: ESCALAS

RESOLUÇÃO Nº 303, DE 20 DE MARÇO DE (D.O.U. de 13/05/02) Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.

MÉTODO DE ANÁLISE DA VULNERABILIDADE COSTEIRA À EROSÃO

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ/RO

GEOGRAFIA E FÍSICA. Primeiro ano integrado EDI 1 e INF

AMOSTRAGEM DE SOLO PARA AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE 1 INTRODUÇÃO

MAPEAMENTO DAS UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS DOS MUNICÍPIOS DE CASTELO DO PIAUÍ E JUAZEIRO DO PIAUÍ, PIAUÍ, BRASIL

Aplicação de geoprocessamento na avaliação de movimento de massa em Salvador-Ba.

MACRO CAPTURA FLUVIAL NO NORDESTE DO PLANALTO CENTRAL: RESULTADOS PRELIMINARES

Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto Projecto financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia

3 ASPECTOS GERAIS DA ÁREA ESTUDADA

Monitoramento de qualidade e quantidade de água superficial em área de reflorestamento de Pinus taeda e Pinus elliottis

Impactos Ambientais Provenientes da Expansão Urbana Desordenada no Município de Campos dos Goytacazes-RJ.

ANEXO 4 SONDAGEM (ORIGINAL)

MECANISMOS FÍSICOS EM MÊS EXTREMO CHUVOSO NA CIDADE DE PETROLINA. PARTE 3: CARACTERÍSTICAS TERMODINÂMICAS E DO VENTO

A QUALIDADE DA ÁGUA E DO SEDIMENTO NA BACIA DO CÓRREGO TRIPUÍ, OURO PRETO MG: ENSAIOS DE ECOTOXIDADE E USO DO SOLO.

Auditoria Energética

A Geologia no litoral do Alentejo

SOLOS EM ÁREA DE RELEVO SUAVE ONDULADO A ONDULADO DA BACIA DO RIBEIRÃO CHIQUERIRO, GOUVEIA-MG. (1)

Bairros Cota na Serra do

Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DOS DEPÓSITOS COLUVIAIS DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA, PIAUÍ. Janaina C. Santos 1, Alcina Magnólia Franca Barreto 2, Kenitiro Suguio 3 1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geociências, UFPE (janainasc@gmail.com), 2 Depto Geologia, UFPE, 3 CEPPE-UnG e IGc-USP. Abstract The objective of this research is to identify the quaternary deposits in the area of the Serra da Capivara National Park (Brazil) and nearby surroundings. The identification of these deposits enabled the acquisition of data regarding its geological history and geomorphologic evolution. Therefore, it will be possible to understand the continental deposition events in this area. The preliminary study made possible the identification of quaternary sedimentary deposits of colluvial, elluvial and alluvial origins. This research objective is focused on presenting data about the colluvial deposits. Colluvial deposits are associated to the arenitic plateau and to the cuesta, where they are found at the base of the rocky walls in the Serra Grande ridge. They may also be found on the pediment associated within Precambrian limestone. Sendimentologic analyses were performed by the densimeter method and the grain size parameters by Folk & Ward method. As a general rule, these deposits present alternate layers of sand and gravel; and regarding the deposits associated to the pediment, mud fraction is predominantly present. Palavras-chave: Quaternário, Colúvio, Serra da Capivara. 1. Introdução Os depósitos sedimentares quaternários do Parque Nacional Serra da Capivara e circunzinhanças, localizado no sudeste do Piauí, ainda não foram estudados do ponto de vista de sua história geológica e evolução geomorfológica. Estudos sedimentológicos e geocronológicos são importantes para se compreender os eventos deposicionais continentais (coluviais e aluviais) pretéritos da área. O reconhecimento preliminar da área em questão levou a identificação de depósitos sedimentares quaternários de origens aluvial, eluvial e coluvial. Este trabalho objetiva estudar principalmente os depósitos de origem coluvial. O Parque Nacional Serra da Capivara e circunvizinhanças abrangem áreas pré-cambrianas da Faixa de Dobramento Riacho do Pontal que pertence à Província Borborema (subzona de cisalhamento Barra do Bonito) e rochas paleozóicas dos grupos Serra Grande e Canindé, da Bacia do Parnaíba sendo que a maior parte da área de estudo está situada na área da bacia sedimentar. Segundo Pellerin (1984), podem ser reconhecidas três unidades geomorfológicas: planalto arenítico, cuesta e pedimento. O planalto arenítico está situado a noroeste do Parque Nacional Serra da Capivara, sendo formado por chapadas modeladas no reverso da cuesta em arenitos dos grupos Serra Grande e Canindé. O relevo é regular e monótono e a altitude chega a 630m. A cuesta foi modelada em rochas predominantemente areníticas do Grupo Serra Grande e situa-se no centro do Parque Nacional. Apresenta de 3 a 7km de extensão, com tabuleiro intermediário e chega a 550m de altitude. O pedimento constitui vasta área predominantemente erosiva, situada no sopé da cuesta, que se inclina suavemente a partir dos bordos da cuesta rumo à calha central do Rio Piauí, onde afloram rochas

da Faixa de Dobramento Riacho do Pontal, marcada por inselbergs de granito e gnaisse e ocorrem também relevos planos de micaxisto e serrotes calcários. 2. Métodos e Técnicas No intuito de identificar os depósitos coluviais quaternários do Parque Nacional Serra da Capivara, foi percorrida amplamente a área de estudo, a fim de visitar os diferentes compartimentos geomorfológicos e topográficos percorrendo topos da chapada, vales secos, encostas, barrancos das margens do rio Piauí, para identificação dos depósitos sedimentares e para descrição dos aspectos geológicos e sedimentológicos. Foram levantadas seções colunares em alguns afloramentos e foram retiradas amostras para análises sedimentológicas e para datações pelos métodos de Luminescência Opticamente Estimulada (LOE), Termoluminescência (TL) e Radiocarbono ( 14 C). Em laboratório foram realizadas análises granulométricas e estão em andamento datações por TL e/ou LOE no Laboratório de Vidros e Datações da FATEC. Nas análises granulométricas foi utilizada a técnica do densímetro adotada pela EMPRAPA (1997) e o tratamento estatístico seguiu o método de Folk & Ward (1957), com a finalidade de caracterizar sedimentos quanto à distribuição granulométrica, incluindo o diâmetro médio, grau de seleção, grau de assimetria e curtose.o diagrama de Perjrup (1988) foi usado para obter dados sobre a hidrodinâmica da deposição. 3. Resultados e considerações finais Foram reconhecidos 14 afloramentos de depósitos coluviais com melhores condições para o levantamento de seções estratigráficas. Em nove deles foram feitas amostragens para datação por TL e/ou LOE e 14 C e para análises sedimentólogicas. Os depósitos coluviais ocorrem associados aos três compartimentos geomorfológicos, descritos por Pellerin (op. cit). 3.1 Depósitos coluviais associados ao planalto arenítico e cuesta No planalto arenítico e na cuesta, os depósitos coluviais estão associados principalmente aos vales escavados no Grupo Serra Grande, que litologicamente é constituído por arenitos e conglomerados, apresentando seixos bem arredondados e fragmentos líticos, distribuindo-se ao longo dos sopés dos paredões rochosos. As melhores exposições estão ligadas às trincheiras escavadas em sítios arqueológicos Toca do Vento, Toca do Pau d Óia, Toca do Veado, Toca do Morcego, Toca do Sítio do Meio, Toca da Cerca do Elias, Toca do Perna, Toca do Boqueirão da Pedra Furada, Toca do Fundo do Boqueirão da Pedra Furada, Toca do Deitado e Toca dos Coqueiros. Em geral os depósitos relacionados às trincheiras arqueológicas são arenáceos e rudáceos homogêneos, constituídos por camadas alternadas de areias de cor geralmente amarelada e cascalhos. Essa alternância de camadas pode sugerir diferentes eventos de coluvionamento. A forma desses depósitos acompanha a inclinação da encosta que, quase sempre exibe baixo grau de declividade. Não foi encontrada nenhuma estrutura hidrodinâmica e, em geral, caracteriza-se por estrutura maciça. A espessura varia de 3,20m a 12m. A figura 1 mostra um afloramento típico dos depósitos coluviais da área. Foi constatada presença de tálus em dois afloramentos: Toca do Morcego e a Toca do Sítio do Meio, conforme figura 2. As análises granulométricas mostram que os depósitos apresentam 13 classes texturais e curvas acumulativas homogênas. Os sedimentos distribuem-se em frações de areia argilosa, areia e areia síltica, conforme figura 3. O diâmetro médio das partículas varia entre areia muito fina a areia média, sendo a maioria areia muito fina. O grau de

seleção indica sedimentos pobremente selecionados. A classe predominante de assimetria é positiva indicando ser a parte fina a pior selecionada. Quanto à curtose varia de freqüências muito platicúrtica a leptocúrtica, provavelmente refletindo o grau de seleção. O diagrama de Pejrup (1988), indica a energia hidrodinâmica de moderada a alta, de acordo com reduzida quantidade de finos nas amostras, (Fig. 4). 3.2 Depósitos coluviais associados ao pedimento. Os depósitos coluviais associados ao embasamento pré-cambriano e ao compartimento geomorfológico denominado de pedimento apresentam algumas diferenciações. São sedimentos que preencheram as cavernas da área cárstica e nesses sedimentos há predominância de frações finas, de argila e argila sítica, conforme a classificação de Shepard (1954) (Fig. 5), talvez refletindo a granulometria da fração insolúvel da rocha carbonática dissolvida. Quantos aos parâmetros de Folk & Ward (1957), a assimetria indica valores muito negativos, indicativos de que a parte grossa é a menos selecionada. Quanto à curtose predominam valores platicúrticos, que sugerem materiais depositados sob condições de alta energia. A presença de fração fina, relacionada à mudança na área-fonte (calcário) pode estar ligada a mudança da energia de deposição pois conforme a classificação de Pejrup (Fig. 6), a energia de deposição no ambiente diminui se houver aumento na quantidade de finos no depósito. 5. Referências EMBRAPA. 1997. Manual de métodos de análises do solo. EMBRAPA- CNPS. 2ed. Rio de Janeiro. 212p. FOLK, R. L. & WARD, W (1957). Brazos River bar: a study in the significance of grain size parameters. Journal of Sedimentary Petrology, 27: 3-26. GÓES, A. M. O. & FEIJÓ, F.J.1994 Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobrás: 4, 57-67. OLIVEIRA. R. G. 1998. Arcabouço geotectônico da região da Faixa Riacho do Pontal, Nordeste do Brasil. Dados aeromagnéticos e gravimétricos. Universidade de São Paulo, Dissertação de Mestrado, 157p. PELLERIN. J. 1984. Les bases physiques. In: L aire archéologique du sud-est du Piauí. In: GUIDON. N. (org). Paris: Ed. Recherche sur les Civilisations, p.11-22. PEJRUP, M. (1988). The triangular diagram used for classification of estuarine sediments: a new approach. In: DE BOER, P.L., VAN GELDER A., NIO, S.D (eds), Tide-Influenced Sedimentary Environments and Facies. Ridel, Dordrecht, 289-300. SHEPARD, F. P. 1954. Nomenclature based on sand-sil-clay ratins. Journal of Sedimentary Petrology, 24: 153-156. Agradecimentos À FAPESP pela concessão de verba de modalidade Auxílio à Pesquisa, processo 2003/13229-4.

Figura 1: Trincheira arqueológica da Toca do Perna, notar desde a base do afloramento a presença de seqüência de areias e cascalhos.

Figura 2: Seção colunar da estação de coleta SC 49 (Sítio do Meio) mostrando a seqüência litológica do afloramento: arenito do Grupo Serra Grande, cascalho, talus e cascalho. Notar indicações dos locais de amostragem para datação por luminescência e para análises granulométricas, além dos níveis de ocupação arqueológica. Figura 3: Diagrama de Shepard para amostras de depósitos coluviais relacionadas aos planaltos areníticos e cuestas. Figura 4: Diagrama de Perjrup, mostrando os níveis de hidrodinâmica para amostras de depósitos coluviais relacionadas aos planaltos areníticos e cuestas.

Figura 5: Diagrama de Shepard para amostras de depósitos coluviais relacionadas aos pedimentos. Figura 6: Diagrama de Perjrup, mostrando os níveis de hidrodinâmica para amostras de depósitos coluviais relacionadas aos pedimentos.