informações de colegas e professores mais capacitados quando escrevem de forma colaborativa. Em Duffy, Dueber e Hawley (1998) observa-se que existe



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Transcrição:

COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA: O USO DO FÓRUM PARA APRENDIZAGEM DO PENSAMENTO CIENTÍFICO CAMAS, Nuria Pons Vilardell PUC-SP nuriapons@uol.com.br GT: Educação e Comunicação / n.16 Agência Financiadora: CNPq Apresentando o Estudo Este estudo, em fase final de investigação, situa-se na linha de pesquisa Novas Tecnologias em Educação. Procura analisar o uso de revistas científicas eletrônicas pelos professores-tutores em sala de aula virtual, com o uso da ferramenta fórum, disponível no ambiente virtual pesquisado, com alunos do primeiro ano do curso de Pedagogia em modalidade a distância, autorizado pelo MEC desde 2006, em uma Instituição de Ensino Superior particular do interior do estado de São Paulo. Desde 2004, a pesquisadora percorre o caminho de entender como revistas científicas eletrônicas de acesso aberto na área de Educação, disponibilizadas na Internet, são utilizadas pelos docentes e discentes para a construção do pensar científico dos alunos licenciandos em Pedagogia. Com a crescente abertura de cursos de graduação em licenciaturas em modalidade a distância e semipresencial, deve-se voltar o olhar aos sujeitos que dela participam _ educação a distância_ de modo a poder auxiliar a construção de um caminho que mais do que a quantidade de futuros professores formados em diferentes áreas do saber, tenha-se, também, a qualidade necessária para o desenvolvimento do país. Deste modo, buscou-se vivenciar, no ano de 2006, como professor-tutor da disciplina Informática na Educação, juntamente com outros dois professores tutores, convencionalmente, chamado de prof.b, e um professor titular da disciplina, chamado de prof.d, os fios que teceriam a rede da aprendizagem dos alunos de Pedagogia, cursando seu primeiro semestre letivo. O curso pesquisado tinha como único meio de comunicação entre professores e alunos: os fóruns de comunicação. No percorrer do bimestre letivo, abriram-se 6 fóruns, cada um correspondia a uma Unidade estudada em sistema telepresencial, em cada disciplina curricular. O fórum trazido à pesquisa intitulava-se "Fórum 6: A Internet na sala de aula" e pertencia a disciplina Informática Aplicada à Educação I. A experiência, sobre o efeito dos fóruns virtuais na aprendizagem, fundamentam-se na idéia de Vygotsky (1998) de que os estudantes internalizam as orientações e as

2 informações de colegas e professores mais capacitados quando escrevem de forma colaborativa. Em Duffy, Dueber e Hawley (1998) observa-se que existe atualmente um movimento educativo que se identifica ao modelo didático centrado naquele que aprende, no qual a aprendizagem dos alunos está diretamente ligada à pergunta e resolução de problemas, normalmente num espaço colaborativo. Os autores afirmam que os fóruns dão a possibilidade aos professores de além da observação das contribuições dos alunos numa determinada discussão, poderem incluir as transcrições das discussões em arquivos de forma a promover retroação e avaliação; participar das discussões para modelar as habilidades de pensamento crítico; formular perguntas e comentários para promover o pensamento crítico e, por fim, propiciar conhecimentos quando estes são requeridos. Rafaeli e Sudweeks (1997) propõem, em seus estudos que a interatividade é uma das perspectivas de análise da comunicação por meio de ferramentas virtuais. A interatividade é a variável chave nas situações de comunicação, porque expressa o grau de comunicação transcendendo à reação. Interatividade é a variável do processo característica das situações de comunicação. Igual que a comunicação cara-a-cara, a comunicação por meio da Internet tem a possibilidade de gerar interatividade. Tem a ver com a seqüência e interelação das mensagens postadas no ambiente. A Interatividade virtual surge do escrever e ler outros, e do ler e escrever para outros em um meio: o Fórum de discussão. A questão plantada que se traz para este trabalho é como o professor virtual desenvolve diálogos com seus alunos em fóruns, na orientação das leituras de trabalhos científicos disponíveis em revistas eletrônicas de acesso aberto? Partiu-se do pressuposto de que em uma sala de aula virtual, devem-se criar meios e métodos que possibilitem não apenas a transmissão, mas a tomada de consciência, a relação com o meio e os outros no meio, a análise, a reflexão para uma nova tomada de consciência que seria representada pela autoria e co-autoria dos alunos nos fóruns. Toda esta ação teria a intermediação do professor-virtual, do pesquisador observador participante virtual ativo e dos alunos no caminhar à construção do conhecimento. Deste modo, possibilitar-se-ia o estar junto virtual (VALENTE, 2005), que facilitaria o não depositar (FREIRE, 1977, 2002) informações, mas levar o aluno graduando de Pedagogia, neste caso específico, ao desenvolvimento do ensino-aprendizagem por

3 meio de pesquisa em artigos científicos disponibilizados na Internet em revistas científicas eletrônicas. Demo (2004, p. 37) considera que é fundamental "tornar a pesquisa o ambiente didático cotidiano", tanto ao professor quanto ao aluno, "desde logo para desfazer a expectativa arcaica de que pesquisa é coisa especial, de gente especial.". Concorda-se com o autor (idem) quando enfatiza que o aluno não pode ser aquele que apenas recebe instruções, na condição de receptor passivo do conhecimento, e passa a copiar o conteúdo ministrado pelo professor. Se a aula é assim destaca Demo (idem, p.7) "não sai do ponto de partida, e, na prática, atrapalha o aluno, porque o deixa como objeto de ensino e instrução. Vira treinamento". Seguindo essa linha de raciocínio, a sala de aula deve ser um espaço de socialização do conhecimento, de amadurecimento das reflexões teóricas, em que se forma um sujeito crítico e historicamente inserido numa sociedade que o reconheça competente na sua forma de pensar e agir. Essa ação em Educação a distância em ambientes virtuais que divide o processo de ensino aprendizagem com tutores deveria estar coordenada para a ação do aprender e do fazer por meio de diálogos que se constroem em fóruns. A metodologia A Metodologia aplicada a este estudo voltou-se à etnografia virtual (HIDE, 2002; 2004) numa comunidade virtual educacional, num enfoque qualitativo sócio-histórico decorrente de não se investigar em razão de resultados, mas chegar a "compreensão dos comportamentos, a partir da perspectiva dos sujeitos da investigação" (BODGAN, BIKLEN, 1994, p.16), com relação ao contexto em que se inseriam e viviam. A pesquisadora inseriu-se no contexto pesquisado, assumindo a posição de observadora participante virtual ativa para entender o processo de ensino-aprendizagem desenvolvido no sistema virtual. Foram coletados os dados durante a participação do processo. Estavam devidamente matriculados 1.300 alunos que deveriam ter participação no Fórum 6, assim como em todos os fóruns desta e das demais disciplinas que cursavam. Foram enviadas 477 mensagens (msg) ao fórum 6 do dia 20/09/2006 ao dia 11/10/2006. Dessas 477 mensagens, 96 msg foram da pesquisadora e 108 msg do prof. B., restando para os alunos a participação de 270 mensagens. Apenas 205 alunos, dos 1.300 alunos devidamente matriculados, participaram deste fórum. Destes, 37 alunos retornaram uma vez mais depois da primeira participação na tentativa de construir o conhecimento.

4 A disciplina Informática Aplicada na Educação I, não abordava o potencial pedagógico das tecnologias que podem ser usadas em sala de aula, por este motivo, o professorvirtual responsável pelo Fórum 6, sugeriu inserir no contexto de aprendizagem um artigo científico, que poderia ser lido em uma revista eletrônica, para que os alunos não tivessem um olhar apenas técnico do computador, mas iniciassem o pensar científico, necessário aos graduandos, como também notassem que além de periféricos e outros que tais, o computador com acesso à Internet pode ser um possibilitador de ensinoaprendizagem em sala de aula. Os dados até o momento analisados, que se apresentam, revelam que dos 1.300 alunos devidamente matriculados no primeiro ano de Pedagogia da Instituição pesquisada, poucos são os que entendem a comunicação eletrônica como processo de ensinoaprendizagem, a grande maioria escreve no fórum como cumprimento de tarefa enfadonha. Os 205 alunos cumpriram o dever de casa e receberam os pontos de "participação" em fórum, independente da qualidade desta participação. Apenas 7 alunos leram o artigo selecionado para o diálogo do fórum e participaram com duas mensagens na tentativa da colaboração e construção do conhecimento em sala virtual. Os alunos demonstram não ter significado o uso do fórum pela falta de leitura dos colegas que já haviam postado mensagens, pela falta de ler os professores virtuais atuantes no fórum e que inseriam questionamentos do uso da Internet na sala de aula, ao se encontram mensagens postadas como: "alguém poderia me enviar, por e-mail, um resumo do texto"(57 msg semelhantes); "envia pra mim também, não tenho tempo de ler 12 páginas" (46 msg semelhantes), o aluno não criou consciência de estudo em ambientes virtuais, subutiliza a ferramenta fórum. O aluno da instituição pesquisada mesmo utilizando um ambiente virtual de estudo, ainda tem dificuldades em acessar páginas da Internet para pesquisa, ler textos científicos e se tornar co-autor na construção de seu conhecimento. Mesmo tendo um professor que tenta ensiná-lo a pesquisar e construir o pensamento crítico, o aluno não criou o hábito de voltar a um fórum e ler seus colegas e professores. Resultados parciais Como a pesquisa se encontra em fase final de realização, a partir dos dados analisados, pode-se ressaltar que é necessário construir um projeto político pedagógico que inclua o papel do professor-virtual (chamado de tutor), na sua atuação pedagógica em ambientes virtuais de aprendizagem, não se pode permitir hoje que um professor virtual de ensino

5 superior seja apenas um corretor e "dador" de notas, reforçando a anulação do mesmo para os alunos e para a realização da educação. Os alunos devem ser ambientados no sistema, de modo que possam entender que aquele ambiente em que participam, representará o espaço em que aprenderão. As Instituições de ensino superior devem ter a responsabilidade de priorizarem a qualidade de ensino. A contratação de professores virtuais em regime autônomo de dois meses gera a banalização do ensino superior como se constatou, já que ninguém é responsável por nada em um ambiente virtual, por este motivo, o professor acaba por não assumir a responsabilidade de sala e não se sente responsável por seu papel e função no processo de ensino-aprendizagem. É pouco provável garantir qualidade de aprendizagem em fóruns abertos a 1.300 alunos e um único professor a acompanhá-lo, o aluno não está acostumado a ler, muito menos a dialogar em ambientes virtuais o que gera dificuldades maiores para o professor. A construção do diálogo, pensado na tomada da consciência, nas relações com o meio e com as pessoas, nas ações da pesquisa, análise e reflexão para a autoria dos alunos não se constitui com a maioria da sala da sala. REFERÊNCIAS BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994. DEMO, P. Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. Rio de Janeiro: Vozes, 2004. DUFFY, T.; DUEBER, B.; HAWLEY, C. Critical thinking in a distributed environment: A Pedagogical base for the design of conferencing systems. In C. Y. K. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro,1977. FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 12ª. Edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. HIDE, Virtual ethnography. Cal. USA: Sage Publications, 2000., Etnografía Virtual. Barcelona: UOC, 2004. RAFAELI, S.; SUDWEEKS, F. Networked interactivity. Journal of Computer- Mediated Communication, V. 2, n.4, 1997, s.p.

6 VALENTE, J. A. Pesquisa, comunicação e aprendizagem com o computador. O papel do computador no processo ensino-aprendizagem. ALMEIDA, M. E. B. de ; MORAN, J. M. (Orgs.) Integração das Tecnologias na Educação. Brasília: MEC, Seed, 2005. VYGOTSKY, L. S. Formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.