Universidade do Extremo Sul Catarinense Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais



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Transcrição:

Universidade do Extremo Sul Catarinense Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais ARBORIZAÇÃO URBANA NO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SANTA CATARINA: POTENCIALIDADE DAS ESPÉCIES NATIVAS Joanna Caznok Criciúma, SC 2008

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Joanna Caznok ARBORIZAÇÃO URBANA NO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SANTA CATARINA: POTENCIALIDADE DAS ESPÉCIES NATIVAS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense para obtenção do Título de Mestre em Ciências Ambientais. Área de Concentração: Ecologia e Gestão de Ambientes Alterados Orientador: Prof. Dr. Robson dos Santos Criciúma, SC 2008

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação C386a Caznok, Joanna. Arborização urbana no município de Criciúma, Santa Catarina: potencialidade das espécies nativas / Joanna Caznok; orientador: Robson dos Santos. -- Criciúma: Ed. do autor, 2008. 77 f. : il. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, 2008. 1. Arborização das cidades Criciúma (SC). 2. Vegetação urbana Criciúma (SC). 3. Fitogeografia. I. Título. Bibliotecária: Flávia Cardoso CRB 14/840 Biblioteca Central Prof. Eurico Back UNESC CDD. 21ª ed. 635.977

AGRADECIMENTOS A Deus, por tudo que sou e pela grandiosa Natureza da qual fazemos parte e buscamos merecer estar em harmonia. Aos meus pais pelo amor, incentivo e educação proporcionados. Ao meu orientador Prof. Dr. Robson dos Santos pela confiança, total apoio e orientação, com importantes sugestões e franqueza de opiniões. Também por dividir as incertezas e apoiar meus avanços. Aos integrantes da Banca Examinadora do Exame de Qualificação Profª. Drª. Vanilde Citadini-Zanette, Profª. Drª. Teresinha Gonçalves, pelas valiosas contribuições. Aos meus amigos de profissão: os biólogos Edilane Rocha, M.Sc. Aline Costa B. Figueiró-Leandro, Jader Lima Pereira, M.Sc. Alecsandro Schardosim Klein, M.Sc. Rafael Martins pelo incentivo, apoio e companheirismo ao longo deste trabalho. Ao amigo Dilton Pacheco pelas ilustrações. À querida amiga e excelente profissional Maria Isabel Verdieri, pela afinidade de idéias, força e incentivo e pelo exemplo de amor à Natureza. À Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), pela oportunidade de realização do mestrado. Aos colegas de curso pela boa convivência e troca de experiências. Aos funcionários do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, pelo excelente convívio e atenção recebida. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais que muito contribuíram para o meu aprendizado. A todos os integrantes do Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz (CRI), sobretudo a Profª. Drª. Vanilde Citadini Zanette pelo apoio, colaboração, disponibilização de materiais e consultas ao acervo, tornando possível a realização desta dissertação. Aos autores que se dedicam à Mata Atlântica, pelas aprazíveis leituras, importantes informações e necessárias pesquisas, que tanto me serviram de inspiração como contribuem para divulgação da real necessidade de se lutar pela sua preservação. A CAPES pela concessão da bolsa de estudos, viabilizando a dissertação.

... Mas não, mas não O sonho é meu e eu sonho que Deve ter alamedas verdes A cidade dos meus amores E, quem dera, os moradores E o prefeito e os varredores Fossem somente crianças c Deve ter alamedas verdes A cidade dos meus amores E, quem dera, os moradores E o prefeito e os varredores E os pintores e os vendedores As senhoras e os senhores E os guardas e os inspetores Fossem somente crianças (A Cidade Ideal, Chico Buarque)

LISTA DE TABELAS Tabela 1.1: Relação das praças amostradas para levantamento da vegetação arbustivo-arbórea no município de Criciúma, Santa Catarina... 13 Tabela 1.2: Espécies arbustivo-arbóreas exóticas encontradas nas praças do município de Criciúma, Santa Catarina... 16 Tabela 1.3: Espécies arbustivo-arbóreas nativas encontradas nas praças do município de Criciúma, Santa Catarina... 17 Tabela 2.1: Relação das árvores amostradas em um fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana em estádio inicial de regeneração natural, localizado no Morro Casagrande, município de Criciúma, Santa Catarina. Grupo ecológico (GE): Pio = pioneira, Sin = secundária inicial.... 25 Tabela 2.2: Relação das árvores amostradas em um fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana em estádio avançado de regeneração natural, localizado no Morro Casagrande, município de Criciúma, Santa Catarina. Grupo ecológico (GE): Pio = pioneira, Sin = secundária inicial, Sta = secundária tardia e Cli = clímax.... 25 Tabela 2.3: Relação das árvores exóticas, presentes no fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana, localizado no Morro Casagrande, município de Criciúma, Santa Catarina... 29 Tabela 3.1: Característica das árvores quanto ao porte (altura e diâmetro da copa).... 41 Tabela 3.2: Árvores da Floresta Ombrófila Densa Submontana citadas em levantamentos florísticos como de ocorrência no município de Criciúma, Santa Catarina. Citando-se: espécie; nome popular; características morfológicas: altura em metros; DAP (diâmetro à altura do peito); Porte: Pequeno (até 6m, Ø copa 6m) ; Médio (8-10m, Ø copa 6-9m); Grande (acima de 10m, Ø copa 9m); dados fenológicos: época de floração e de frutificação (1 = janeiro, 2 = fevereiro, 3 = março,..., 12 = dezembro)... 46 Tabela 3.3: Detalhes paisagísticos das espécies citadas em levantamentos florísticos realizados no município de Criciúma, Santa Catarina... 50

LISTA DE FIGURAS Figura 1.1: Localização do município de Criciúma, Santa Catarina.... 14 Figura 2.1: Área de preservação permanente do Morro Casagrande, Criciúma, Santa Catarina, destacando a Floresta Ombrófila Densa Submontana em estádio inicial (EI) e avançado (EA) de regeneração natural, campo antropizado (CA) e sistema agroflorestal (AG)... 24 Figura 2.2: Distribuição do número de espécies por grupo ecológico e estádio sucessional da regeneração natural em um fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana, na área de preservação permanente do Morro Casagrande, Criciúma, Santa Catarina... 29 Figura 3.1: Característica da árvore quanto ao porte (altura e diâmetro da copa)... 41 Figura 3.2: Característica da árvore quanto ao comportamento das raízes... 41 Figura 3.3: Forma da copa das árvores visando sua utilização no paisagismo.... 42 Figura 3.4: Folhagem (sombreamento) proporcionada pelas árvores visando sua utilização no paisagismo... 42 Figura 3.5: Folhagem (persistência das folhas) visando sua utilização no paisagismo... 43

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO... 8 CAPÍTULO 1 : ÁRVORES E ARBUSTOS DAS PRAÇAS DO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SANTA CATARINA... 10 Resumo... 10 Abstract... 10 1.1 Introdução... 11 1.2 Material e Métodos... 13 1.3 Resultados e Discussão... 15 1.4 Conclusão... 18 1.5 Referências... 18 CAPÍTULO 2 : COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA NO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SC... 20 Resumo... 20 Abstract... 20 2.1 Introdução... 21 2.2 Material e Métodos... 22 2.3 Resultados e Discussão... 23 2.4 Conclusão... 30 2.5 Referências... 31 CAPÍTULO 3 : ÁRVORES NATIVAS PARA ARBORIZAÇÃO URBANA NO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SANTA CATARINA... 34 Resumo... 34 Abstract... 34 3.1 Introdução... 35 3.2 Material e Métodos... 37 3.3 Metodologia... 38 3.3.1 Árvores com potencial para o paisagismo... 39 3.3 Resultados e Discussão... 45 3.4 Conclusão... 59 3.5 Referências... 60 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 66 REFERÊNCIAS... 68 APÊNDICE... 69

8 APRESENTAÇÃO De acordo com o Terceiro Relatório Nacional para a Convenção sobre Diversidade Biológica (MMA, 2006) o Brasil abriga a maior diversidade biológica entre os 17 paises megadiversos, os quais reúnem 70% das espécies animais e vegetais catalogadas no mundo, até o presente. As estimativas são de que o Brasil tenha entre 15 e 20% de toda a biodiversidade mundial e o maior número de espécies endêmicas do globo. A Mata Atlântica se destaca como um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas em diversidade biológica do Planeta. Distribuída ao longo de mais de 23 graus de latitude sul é composta de uma série de fitofisionomias bastante diversificadas, o que propiciou significativa diversificação ambiental e, como conseqüência a evolução de um complexo biótico de natureza vegetal e animal altamente rico (CAPOBIANCO, 2002). Em função de sua altíssima diversidade de espécies (aproximadamente 500 espécies vegetais por hectare) associadas à alta taxa de endemismo (50% das espécies vegetais) é considerada uma das áreas hotspots (MYERS et al., 2000; SECHREST et al., 2002), que, no conceito internacional, lhe confere prioridade máxima para conservação genética. Dentre as alterações recentes que vêm ocorrendo nas florestas mundiais, destaca-se a fragmentação, resultando em remanescentes naturais com áreas progressivamente menores, isoladas e tomadas em seu entorno pelo desenvolvimento agrícola, industrial e urbano. Considera-se a fragmentação como sendo a divisão em partes de uma dada unidade do ambiente, partes estas que passam a ter condições ambientais diferentes do entorno (RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003). As conseqüências vão desde o distúrbio do regime hidrológico das bacias hidrográficas, as mudanças climáticas, a degradação dos recursos naturais e a deterioração da qualidade de vida das populações tradicionais, até a perda da diversidade com o aumento expressivo das taxas de extinção das espécies (OLESEN; JAIN, 1994). O Estado de Santa Catarina, no início de sua ocupação humana, tinha seu território coberto por florestas em quase toda a sua extensão. Esta fitofisionomia era apenas interrompida pelos campos, situados nos planaltos. As florestas catarinenses representaram papel fundamental no processo de colonização, porém a situação ambiental atual na região sul catarinense apresenta-se crítica, sendo considerada como área prioritária no Estado para reabilitação ambiental.

9 De acordo com Reis et al. (2003), no contexto atual de valorização da biodiversidade, o espaço urbano merece ficar incluso de forma a garantir a conservação do maior número de espécies possível e, ao mesmo tempo, conscientizar as pessoas sobre o valor da biodiversidade. Para Lombardo (1990) o ambiente urbano é a resultante das interações dos fatores ambientais, biológicos e sócio-econômicos, onde o meio edificado pelo homem predomina sobre o meio físico, causando profundas alterações sobre este e na qualidade de vida dos seres. Para o intuito de contribuir com a questão da conservação da biodiversidade, a presente dissertação foi concebida em três capítulos. O primeiro capítulo trata de um levantamento da vegetação arbustivo-arbórea presente em 21 praças do município de Criciúma, Santa Catarina, com destaque ao uso de espécies exóticas empregadas habitualmente no paisagismo em detrimento ao uso das espécies nativas. O segundo capítulo indica espécies arbustivo-arbóreas nativas com potencialidade para a recuperação de áreas degradadas. O terceiro capítulo, baseado em levantamentos florísticos e fitossociológicos anteriormente realizados em fragmentos florestais no município, indica espécies arbóreas nativas com potencialidade para a arborização urbana.

10 CAPÍTULO 1 : ÁRVORES E ARBUSTOS DAS PRAÇAS DO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SANTA CATARINA Resumo Visando a contribuir para o melhor entendimento da paisagem urbana, especialmente no que concerne à arborização dos espaços públicos realizou-se levantamento da vegetação arbustivo-arbórea em 21 praças do município de Criciúma, Santa Catarina. Foram amostrados indivíduos com diâmetro à altura do peito (DAP) 3,2cm. Das 62 espécies amostradas, 39 espécies (60%) são exóticas no Brasil. Dentre as exóticas, pela freqüência, destacaram-se Ligustrum lucidum W.T.Aiton (alfeneiro), Melia azedarach L. (cinamomo) e Hibiscus rosasinensis L. (hibisco), tradicionalmente utilizadas para arborização urbana. As razões do uso apontam para a facilidade de propagação destas espécies, bem como fácil obtenção de mudas em viveiros locais. Das espécies nativas, 15 são citadas como de ocorrência nas formações florestais do município. Palavras-chave: Paisagismo, Arborização, Diversidade. Abstract Seeking to contribute for the best comprehension of urban landscape, especially when it concerns to the arborization of the urban public areas, this research surveyed the floristic composition of shrub-tree vegetation in 21 squares of the Criciúma municipality, Santa Catarina. It sampled individuals whose diameter at breast height (DBH) 3.2cm. 39 of the 62 sampled species of plants (60%) are exotic from Brazil. Among these exotic species, the frequency searching highlighted Ligustrum lucidum W.T.Aiton, Melia azedarach L. and Hibiscus rosa-sinensis L. as traditionally used for the urban arborization. The reasons of the often way of using these species are their easy propagation such as the easy acquirement of their seedlings at nurseries. Among the indigenous species from Brazil, 15 are named as happened on the forestal formation of Criciúma municipality. Key words: Urban forestry, Urban landscaping, Diversity.

11 1.1 Introdução No Brasil, a presença de praças e largos remonta aos primeiros séculos da colonização. Sobre esses espaços recaíam as atenções principais dos administradores, pois constituíam pontos de atenção e focalização urbanística, localizando-se ao redor da arquitetura de maior apuro, onde havia concentração da população (REIS FILHO, 2001). Segundo Terra (2000) o interesse pela arborização urbana no Brasil surgiu no fim do século XVIII, com objetivo de preservação e cultivo de espécies, influenciado pela Europa. Mas, somente na segunda metade do século XIX é que a natureza começa a ser valorizada e modificada com os trabalhos do paisagista Auguste Glaziou (TERRA, 2000). Ao longo da história, o papel desempenhado pelos espaços verdes nas nossas cidades tem sido conseqüência das necessidades experimentadas de cada momento, ao mesmo tempo em que é um reflexo dos gostos e costumes da sociedade (LOBODA et al., 2005). Como função social, Sanchotene (1989) aponta a importância do convívio da população, em especial crianças e adolescentes, que são os maiores freqüentadores das praças e parques, com a flora e fauna nativas da região, que ao conhecê-las, aprenderão a valorizá-las e a preservá-las. Segundo Guzzo (1999), a arborização é extremamente benéfica aos ambientes urbanizados. Salienta que as áreas livres, as áreas verdes e a arborização viária assumem papel importante na melhoria da qualidade ambiental das cidades, pois: a) melhoram a composição atmosférica, fixando poeira, resíduos em suspensão, bactérias e outros microrganismos, reciclam gases pelo processo da fotossíntese e fixam gases tóxicos; b) melhoram o microclima por promoverem equilíbrio solo-clima-vegetação, suavizando temperaturas extremas, conservando a umidade do solo, reduzindo a velocidade do vento, mantendo a permeabilidade e a fertilidade do solo, influenciando no balanço hídrico e c) reduzem a poluição sonora, amortecendo os sons. Áreas verdes é um termo que se aplica a diversos tipos de espaços urbanos, que têm em comum o fato de serem abertos, acessíveis, relacionados com saúde e recreação ativa e passiva, proporcionando interação das atividades humanas com o meio ambiente (DEMATTÊ, 1997). Desta forma, a vegetação no meio urbano contribui para manutenção do equilíbrio físico-ambiental das cidades e pode ser considerada indicativa de qualidade de vida. Mondin (2006) chama a atenção para o enorme contingente de espécies exóticas utilizadas em nossos jardins, praças e outras áreas públicas. Para o autor é premente a

12 necessidade das instituições governamentais desenvolverem mais pesquisas na área de plantas ornamentais, frutíferas e florestais nativas, tornando-as disponíveis para o mercado consumidor, a fim de que existam alternativas ao uso generalizado de espécies exóticas. O uso de espécies vegetais exóticas nas praças e ruas das cidades brasileiras vem de longa data, sendo esta tradição passada através de décadas, para a prática do paisagismo. Espécies exóticas, segundo Bechara (2003), são aquelas que estão inseridas fora de seu limite de ocorrência natural. Binggeli (2000 apud ZILLER, 2001) alerta que quase metade das plantas exóticas introduzidas em diferentes países, a maior parte para fins ornamentais, tornaram-se espécies invasoras. Espécie exótica invasora é aquela introduzida, intencionalmente ou não, em hábitats onde é capaz de se estabelecer, invadir nichos de espécies nativas, competir com elas e dominar novos ambientes. Reis et al. (2003) destacam que a arborização do meio urbano, se planejada com princípios ecológicos, incluirá a maior diversidade possível de espécies, evitando multiplicar exatamente aquelas que já se caracterizam como exóticas invasoras, ou que apresentam potencial para tal. No entanto, apesar da biodiversidade brasileira, praticamente não se utilizam de forma sistemática espécies nativas regionais na arborização de nossas cidades (SANCHOTENE, 1989; FARIA et al., 1999; BIONDI; ALTHAUS, 2005). Segundo Sanchotene (1989), há acentuada tendência para aproveitamento das plantas nativas em nosso paisagismo, sobretudo nos jardins, praças, avenidas e também em nossa silvicultura. Reis et al. (2003) salientam que devido à adaptação das plantas aos mais variados ambientes naturais, há espécies nativas capazes de ocupar e dar um forte caráter estético aos ambientes mais variados do meio urbano. Considera-se então, que uma proposta de arborização urbana prime pelo bem estar da comunidade, buscando ser um modelo de integração e, também o início de um processo de conservação ecológica e de manifestação cultural (REIS et al., 2003). Atualmente, há maior valorização das nossas essências nativas, reconhecendo-lhes os benefícios e as qualidades. Visando a contribuir para o melhor entendimento da paisagem urbana especialmente quanto à arborização dos espaços públicos realizou-se levantamento da vegetação arbustivoarbórea em 21 praças do município de Criciúma, Santa Catarina.

13 1.2 Material e Métodos O município de Criciúma, Santa Catarina (Figura 1.1), está situado na região sul do Brasil (latitude 28 40 39 Sul e longitude 49 22 11 Oeste). Ocupa uma área de 235,6km². A altitude média é de 46m acima do nível do mar. Seu clima é mesotérmico úmido com verão quente (Cfa), com índice de pluviosidade de 1.500mm/ano e temperaturas médias de 28ºC, no verão, e de 18ºC, no inverno. A cobertura vegetal original (Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas e Submontana) se encontra na maior parte descaracterizada pela ação antrópica, restando, atualmente cerca de 2% das formações florestais em estádio avançado de regeneração natural (RAMOS, não publicado). No censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2007 (IBGE, 2008), Criciúma apresenta população estimada de 185.506 habitantes e densidade demográfica de 78 habitantes por km². O município possui atualmente, 64 praças. O levantamento realizado para amostrar a vegetação arbustivo-arbórea incluiu 21 praças, das 64 existentes no município, localizadas em 12 bairros (Tabela 1.1), com base no mapa oficial do município. Tabela 1.1: Relação das praças amostradas para levantamento da vegetação arbustivo-arbórea no município de Criciúma, Santa Catarina. Bairro Ana Maria Brasília Centro Cidade Mineira Metropol Pio Correa Pinheirinho Próspera Rio Maina Santa Bárbara Santa Luzia Santo Antônio Praça Stanislau J. dos Santos Vereador Aloysius Back do Congresso dos Imigrantes Maria Silva Rodrigues Nereu Ramos Vittorio Veneto Mário Diomário da Rosa Arnaldo Nápoli Esperandino Damiani Sebastião Toledo dos Santos da Chaminé do Trabalhador Pedro Beneton XV de Novembro Ernesto Lacombe Santa Bárbara Walter de Bona Castelan da Resistência Democrática João Constante Milioli Bento F. Santiago

14 Para a denominação de praça seguiu-se Demattê (1997), que a define como ponto de encontro cuja principal função é incentivar a vida comunitária; são áreas verdes com dimensões, em geral entre 100m² e 10.000m². Foram amostrados, para cada praça, todos os indivíduos arbustivo-arbóreos, incluindo as palmeiras, com diâmetro à altura do peito (DAP) 3,2cm. Elaborou-se uma ficha para cada praça, para registro do nome científico e popular das espécies, família botânica e número de indivíduos encontrados. Calcularam-se a freqüência absoluta e relativa e a densidade relativa para cada espécie. Figura 1.1: Localização do município de Criciúma, Santa Catarina.

15 1.3 Resultados e Discussão Das 62 espécies arbustivo-arbóreas amostradas em 21 praças no município de Criciúma, 60% são espécies exóticas (Tabela 1.2). Dentre estas se destacou por apresentar maior freqüência e densidade relativas, Ligustrum lucidum W.T.Aiton, com 7,61% e 11,23%, respectivamente. Ligustrum lucidum é nativa da China e Coréia; e foi introduzida voluntariamente para fins ornamentais invadindo ambientes urbanos. Árvore com até 15m de altura, de casca lisa com coloração acinzentada; folhas brilhantes, simples e glabras, copa densa; inflorescência em panículas e flores pequenas e brancas; frutos roxos e circulares, muito característico. O florescimento ocorre entre outubro e dezembro e a frutificação ocorre de maio a julho no sul do Brasil. A polinização é por insetos e a dispersão dos frutos é por aves. Árvore de rápido crescimento, com raízes superficiais que se adaptam facilmente a diversos ambientes. Não possui restrição de drenagem, adaptando-se em solos bem drenados e úmidos (HÓRUS, 2008). Hibiscus rosa-sinensis L., com freqüência relativa de 3,55%, ocupa o segundo lugar, seguida por Melia azedarach L., com 3,55% e Grevillea robusta A.Cunn. ex R.Br., com 3,05%. Archontophoenix cunninghamii H.Wendl. & Drudi apresentou a segunda maior densidade relativa (7,21%), seguida por Eucalyptus spp. (4,49%), Grevillea robusta (4,14%) e Bauhinia variegata L. (3,19%). O fato de a amostragem apresentar como resultado que mais da metade das espécies são exóticas (60%) pode ser um sinal de alerta para rever a introdução de espécies exóticas no município de Criciúma. Das 23 espécies arbustivo-arbóreas nativas do Brasil encontradas nas 21 praças do município de Criciúma, 15 (65%) são encontradas em fragmentos florestais do município, provenientes de remanescentes de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas e Submontana (Tabela 3). Dentre essas destacaram-se por apresentarem maior freqüência e densidade relativas Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassm., Ficus organensis (Miq.) Miq. e Tabebuia chrysotricha (Mart. ex DC.) Standl.. Euterpe edulis Mart., embora apareça em quarto lugar em densidade relativa (4,76%), foi utilizada apenas na Praça Nereu Ramos, a mais antiga do município, onde a espécie desenvolve-se e predomina sob as outras árvores.

16 Tabela 1.2: Espécies arbustivo-arbóreas exóticas encontradas nas praças do município de Criciúma, Santa Catarina. Nº Espécie Ni FA FR DR Nome popular Família 1 Aleurites mollucana (L.) Willd. 1 4,76 0,51 0,12 Nogueira-de-iguapé Euphorbiaceae 2 Araucaria columnaris (Forst.) Hook. 5 19,05 2,03 0,59 Araucária-de-cook Araucariaceae 3 Archontophoenix cunninghamii H.Wendl. & 61 19,05 2,03 7,21 Seafórtia Arecaceae Drudi 4 Bauhinia variegata L. 27 19,05 2,03 3,19 Pata-de-vaca Fabaceae 5 Brachychiton populneus (Schott & Endl.) 6 9,52 1,02 0,71 Braquiquito Sterculiaceae R.Br. 6 Caryota urens L. 2 4,76 0,51 0,24 Palmeira-rabo-depeixe Arecaceae 7 Cassia fistula L. 2 4,76 0,51 0,24 Chuva-de-ouro Fabaceae 8 Casuarina equisetifolia L. 9 9,52 1,02 1,06 Casuarina Casuarinaceae 9 Citrus sinensis Osbeck 1 4,76 0,51 0,12 Laranjeira Rutaceae 10 Cupressus lusitanica Mill. 12 14,29 1,52 1,42 Cipreste-mexicano Cupressaceae 11 Cupressus sempervirens L. 5 9,52 1,02 0,59 Cipreste-italiano Cupressaceae 12 Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf. 18 23,81 2,54 2,13 Flamboyant Fabaceae 13 Dillenia indica Blanco 1 4,76 0,51 0,12 Flor-de-abril Dilleniaceae 14 Dypsis lutescens (H.Wendl.) Beentje & 10 9,52 1,02 1,18 Areca-bambu Arecaceae J.Dransf. 15 Eucalyptus spp. 38 14,29 1,52 4,49 Eucalipto Myrtaceae 16 Euphorbia cotinifolia L. 1 4,76 0,51 0,12 Leiteiro-vermelho Euphorbiaceae 17 Ficus benjamina L. 3 9,52 1,02 0,35 Figueira-benjamin Moraceae 18 Ficus elastica Roxb. 4 14,29 1,52 0,47 Falsa-seringueira Moraceae 19 Ficus microcarpa L. 1 4,76 0,51 0,12 Laurel-da-índia Moraceae 20 Grevillea robusta A.Cunn. ex R.Br. 35 28,57 3,05 4,14 Grevílea Proteaceae 21 Hibiscus rosa-sinensis L. 17 33,33 3,55 2,01 Hibisco Malvaceae 22 Jacaranda mimosifolia D.Don. 24 23,81 2,54 2,84 Jacarandá-mimoso Bignoniaceae 23 Lagerstroemia indica L. 23 19,05 2,03 2,72 Extremosa Lythraceae 24 Ligustrum lucidum W.T.Aiton 95 71,43 7,61 11,23 Alfeneiro Oleaceae 25 Livistona australis (R.Br.) Mart. 1 4,76 0,51 0,12 Falsa-latânia Arecaceae 26 Mangifera indica L. 3 14,29 1,52 0,35 Mangueira Anacardiaceae 27 Melia azedarach L. 19 33,33 3,55 2,25 Cinamomo Meliaceae 28 Michelia champaca L. 13 14,29 1,52 1,54 Magnólia-amarela Magnoliaceae 29 Nerium oleander L. 5 14,29 1,52 0,59 Espirradeira Apocynaceae 30 Paulownia fortune (Seem.) Hemsl. 1 4,76 0,51 0,12 Kiri Scrophulariaceae 31 Persea americana Mill. 3 9,52 1,02 0,35 Abacateiro Lauraceae 32 Platanus x acerifolia (Aiton) Willd. 4 9,52 1,02 0,47 Plátano Platanaceae 33 Plumeria rubra L. 4 9,52 1,02 0,47 Jasmim-manga Apocynaceae 34 Psidium guajava L. 6 14,29 1,52 0,71 Goiabeira Myrtaceae 35 Sabal maritima (Kunth) Burret 1 4,76 0,51 0,12 Sabal-de-cuba Arecaceae 36 Spathodea campanulata P.Beauv. 5 9,52 1,02 0,59 Espatódea Bignoniaceae 37 Syzygium cuminni (L.) Skeels 4 9,52 1,02 0,47 Jambolão Myrtaceae 38 Syzygium jambos (L.) Alston 1 4,76 0,51 0,12 Jambo-amarelo Myrtaceae 39 Tipuana tipu (Benth.) Kuntze 7 19,05 2,03 0,83 Tipuana Fabaceae Total 478 557,12 59,44 56,50 Ni: número de indivíduos presente nas praças do município.

17 Alchornea glandulosa Poepp. & Endl., Cecropia glaziovii Sneth e Senna multijuga (L.C.Rich.) Irwin & Barneby, espécies nativas encontradas no município de Criciúma, não são utilizadas na arborização urbana e provavelmente têm sua origem em fragmentos florestais próximos das praças estudadas. Tabela 1.3: Espécies arbustivo-arbóreas nativas encontradas nas praças do município de Criciúma, Santa Catarina. Nº P Espécie Ni FA FR DR Nome popular Família 1 NC Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. 2 4,76 0,51 0,24 Tanheiro Euphorbiaceae 2 N Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze 6 9,52 1,02 0,71 Pinheiro-do-paraná Araucariaceae 3 N Caesalpinia echinata (Vell.) M.Alemão 1 4,76 0,51 0,12 Pau-brasil Fabaceae ex Bentham 4 N Caesalpinia ferrea Mart. ex Tull.. 7 4,76 0,51 0,83 Pau-ferro Fabaceae 5 N Caesalpinia pluviosa DC. 22 23,81 2,54 2,60 Sibipiruna Fabaceae 6 NC Cecropia glaziovii Sneth 1 4,76 0,51 0,12 Embaúba Urticaceae 7 NC Cedrela fissilis Vell. 4 14,29 1,52 0,47 Cedro Meliaceae 8 N Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna 21 28,57 3,05 2,48 Paineira Malvaceae 9 NC Enterolobium contortisiliquum (Vell.) 4 4,76 0,51 0,47 Timbaúva Fabaceae Morong. 10 NC Euterpe edulis Mart. 40 4,76 0,51 4,73 Palmiteiro Arecaceae 11 N Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Miq. 1 4,76 0,51 0,12 Gameleira Moraceae 12 NC Ficus organensis (Miq.) Miq. 53 90,48 9,64 6,26 Figueira-de-folhamiúda Moraceae 13 NC Inga marginata Willd. 2 4,76 0,51 0,24 Ingá-feijão Fabaceae 14 NC Matayba guianensis Aubl. 2 14,76 0,51 0,24 Camboatá-branco Sapindaceae 15 N Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. 4 4,76 0,51 0,47 Canafistula Fabaceae 16 NC Schinus terebinthifolius Raddi 9 14,29 1,52 1,06 Aroeira Anacardiaceae 17 NC Schizolobium parahyba (Vell.) Blake 11 19,05 2,03 1,30 Guapuruvú Fabaceae 18 N Senna macranthera (Collad.) Irwin et 11 28,57 3,05 1,30 Fedegoso Fabaceae Barn. 19 NC Senna multijuga (L.C.Rich.) Irwin & 1 4,76 0,51 0,12 Aleluia Fabaceae Barneby 20 NC Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassm. 93 38,10 4,06 10,99 Jerivá Arecaceae 21 NC Tabebuia chrysotricha (Mart. ex DC.) 52 28,57 3,05 6,15 Ipê-amarelo Bignoniaceae Standl. 22 NC Tabebuia heptaphylla (Vell.) Tol. 19 28,57 3,05 2,25 Ipê-roxo Bignoniaceae 23 NC Tibouchina sellowiana (Cham.) Cogn. 2 4,76 0,51 0,24 Quaresmeira Melastomataceae Total 368 390,94 40,65 43,50 P: procedência; N: nativa do Brasil, NC: nativa do Brasil e ocorre nas formações florestais de Criciúma. De acordo com Reis et al. (2003), no contexto atual de valorização da biodiversidade, o espaço urbano merece ficar incluso de forma a garantir a conservação do maior número possível de espécies e, ao mesmo tempo, conscientizar as pessoas sobre o valor da biodiversidade.

18 1.4 Conclusão A arborização pública tem grande importância para as nossas cidades, agregando valores à qualidade de vida. Conforme Biondi e Althaus (2005), a arborização urbana, além de ser um serviço público é um patrimônio que deve ser conhecido e conservado para as futuras gerações. Por meio de levantamento das árvores e arbustos de 21 praças no município de Criciúma, pode-se constatar elevado uso de espécies exóticas em detrimento das nativas, estando Ligustrum lucidum, como a mais representativa pelo maior número de indivíduos encontrados. Este estudo buscou trazer nova abordagem sobre o tema arborização urbana, pois as praças, além da beleza paisagística e do lazer que proporcionam à população, devem contribuir para a conservação da biodiversidade. 1.5 Referências BECHARA, F. C. Restauração ecológica de Restingas contaminadas por Pinus no Parque Estadual do Rio Vermelho, Florianópolis, SC. 2003. 123 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal) Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. BIONDI, D.; ALTHAUS, M. Árvores de Rua de Curitiba: cultivo e manejo. Curitiba: FUPEF, 2005. DE ANGELIS, B. L. A praça no contexto das cidades: o caso de Maringá, PR. 2000. 367 f. Tese (Doutorado em Geografia Humana)- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. DEMATTÊ, M. E. S. P. Princípios de Paisagismo. Jaboticabal: FUNESP, 1997. GREY, G. W.; DENEKE, F. J. Urban forestry. New York: John Wiley, 1978. GUZZO, P. Estudo dos Espaços Livres de Uso Público da Cidade de Ribeirão Preto; SP, com detalhamento da cobertura vegetal e áreas verdes públicas de dois setores urbanos. 1999. 130 f. Dissertação (Mestrado)- Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, 1999.

19 LOBODA, C. R. et al. Avaliação das áreas verdes em espaços públicos no município de Guarapuava/PR. Ambiência, Guarapuava, v. 1, n. 1, p. 141-155, 2005. MONDIN, C. A. Espécies vegetais exóticas invasoras em florestas no Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 57., 2006. MARIATH, J. E.; SANTOS, R. P. (Org.). Os avanços da botânica no início do século XXI: morfologia, fisiologia, taxonomia, ecologia e genética. Porto Alegre: SBB, 2006. p. 529-531. REIS, A. et al. Critérios para a seleção de espécies na arborização urbana. Sellowia, Itajaí, n. 53-55, p. 51-67, 2003. REIS FILHO, N. G. Evolução Urbana no Brasil (1500-1720). 2. ed. São Paulo: Pini, 2001. SANCHOTENE, M. C. C. Frutíferas nativas úteis à fauna na arborização urbana. Porto Alegre: SOGRA, 1989. SMAM. Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Porto Alegre. Disponível em: <http//www2.portoalegre.rs.gov.br/smam/default.php?p_secao=81-13k>. Acesso em: 30 nov. 2007. TERRA, C. G. Os jardins no Brasil no século XIX: Glaziou revisitado. 2. ed. Rio de Janeiro: EBA/UFRJ, 2000. ZILLER, S. R. Plantas exóticas invasoras: a ameaça da contaminação biológica. Ciência Hoje, São Paulo, v. 30, n. 178, p. 77-79, 2001.

20 CAPÍTULO 2 : COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA NO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SC Resumo Visando subsidiar planos de restauração ambiental, no município de Criciúma, Santa Catarina, apresenta-se estudo florístico realizado em um fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana. Nos locais do fragmento em estádio inicial de regeneração natural foram identificadas 16 espécies arbóreas, distribuídas em 11 famílias. Euphorbiaceae apresentou a maior diversidade específica, com quatro espécies, seguida por Fabaceae e Myrsinaceae, com duas. Nos trechos do fragmento em estádio avançado de regeneração natural foram identificadas 87 espécies arbóreas, distribuídas em 44 famílias. Myrtaceae apresentou a maior diversidade específica, com 11 espécies, seguida por Lauraceae, com sete, Euphorbiaceae, com seis e Meliaceae, com cinco espécies. O conhecimento da composição florística de fragmentos florestais urbanos poderá contribuir para tomada de decisão em projetos de restauração de áreas degradadas no município, quando solicitado o uso de espécies nativas regionais. Palavras-chave: Florística, Biodiversidade, Floresta Atlântica, Restauração Ambiental. Abstract Aiming to subside environmental restoration plan, in Criciúma County, Santa Catarina State, it presents floristic survey carried out in an urban fragment of Submontane Dense Ombrofilous Forest. In the places of fragment in natural regeneration initial stage it was identified 16 species, distributed in 11 families. Euphorbiaceae it presented the biggest specific diversity (four species), followed by Fabaceae (two) and Myrsinaceae (two). In the places of the fragment in natural regeneration advanced stage it was identified 87 trees species, distributed in 44 families. Myrtaceae presented the biggest specific diversity (11 species), followed by Lauraceae (seven), Euphorbiaceae (six) and Meliaceae (five). The floristic composition knowledge of urban forests fragments stages will be able contributed for making decision at restoration projects in degraded areas in Criciúma County, when asked the use of region native plant species. Key words: Floristic, Biodiversity, Atlantic Forest, Environmental Restoration.

21 2.1 Introdução A Floresta Ombrófila Densa em função de sua alta diversidade de espécies, associada à alta taxa de endemismo, é considerada uma das áreas hotspots (MYERS et al., 2000; SECHREST et al., 2002). Assim sendo, no conceito internacional, lhe é conferida prioridade máxima para conservação. Apesar da fragmentação, a Floresta Atlântica, constitui-se ainda em importante auxílio na conservação da biodiversidade, desde que sejam incorporados os conceitos de sucessão e dinâmica do ecossistema original, restabelecendo tanto sua função como sua estrutura. A fragmentação é o processo no qual um habitat contínuo é dividido em manchas ou fragmentos, mais ou menos isolados, que passam a ter condições ambientais diferentes do entorno (RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003). O processo de fragmentação do ambiente existe naturalmente e tem sido intensificado pela ação humana, resultando em grande número de problemas ambientais e tornando-se uma das maiores ameaças à diversidade biológica (CERQUEIRA et al., 2003). Um dos principais desafios para a ciência é medir a natureza e a taxa de fragmentação dos ambientes e determinar suas implicações para a redução na diversidade (MORELLATO; LEITÃO-FILHO, 1995). Segundo Gandolfi e Rodrigues (2006), buscar soluções para questões ambientais e sociais tão diversas e complexas são dilemas com que se defrontam os brasileiros nesse começo de milênio. As respostas das comunidades vegetais e de cada espécie à fragmentação variam de acordo com diversos fatores como: histórico do fragmento, tamanho e forma, impacto das ações humanas atuais, grau de isolamento e a sensibilidade da comunidade e dos indivíduos de cada espécie a estes processos (SCARIOT et al., 2003). Fragmentos florestais urbanos ou próximos às cidades são cada vez mais comuns, mas as diretrizes para sua conservação ou mesmo a importância de sua manutenção como reservas naturais são dúvidas freqüentes. Florestas tropicais extensas e pouco perturbadas são cada vez mais raras e há premência de sua preservação, pois abrigam alta diversidade de espécies que estão em seu estado natural (MORELLATO; LEITÃO-FILHO, 1995). Segundo estes autores, é importante compreender que proteger a biodiversidade, em termos práticos, não significa proteger somente florestas primárias e pouco perturbadas. O fato de uma área não ser primária ou apresentar diversos tipos de perturbações não significa que sua

22 conservação não tenha valor. O objetivo da conservação não é preservar algum ideal de floresta ou vegetação primária e intocada e sim proteger a diversidade. Segundo Tonhasca Jr. (2005), áreas florestais continuas, são cada vez mais raras, por este motivo, estudos que visam avaliar as conseqüências da fragmentação e a qualidade ecológica dos fragmentos, são de grande importância para a conservação destas áreas. O presente estudo teve por objetivo conhecer a composição florística de um fragmento florestal urbano que contribuirá para subsidiar projetos de restauração de áreas degradadas na região sul catarinense. 2.2 Material e Métodos O presente estudo foi realizado em um fragmento pertencente à área de preservação permanente (APP) do Morro Casagrande (Morro do Céu), localizado no município de Criciúma, Santa Catarina (28 41 S e 49 21 W, altitude de 140m). No Morro Casagrande, será criado o Parque Natural Municipal do Morro do Céu (projeto assinado no início de 2006). O parque será a primeira unidade de conservação de Criciúma a seguir determinação da lei 9985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). No local já foi construído um Centro de Educação Ambiental, que poderá ser utilizado por estudantes e população em geral que tiverem interesse em conhecer o ecossistema local. O fragmento urbano, com 13,6 hectares, de Floresta Ombrófila Densa Submontana estudado apresenta-se em diferentes estádios sucessionais de regeneração natural. Segundo a classificação de Köppen, predomina na região sul de Santa Catarina o clima mesotérmico úmido com verão quente (Cfa). A precipitação anual média na região é de 1.600mm a 1.900mm (SANTA CATARINA, 1986). Segundo Epagri (2005), o solo é classificado como PEa1: Associação Podzólico Vermelho Escuro Álico Tb A moderado textura argilosa/muito argilosa + Podzólico Vermelho Amarelo Álico Tb A moderado textura argilosa/muito argilosa, ambos, fase floresta tropical perenifólia relevo suave ondulado. Solos que, regionalmente, ocorrem nos municípios de: Criciúma, Forquilhinha, Içara, Morro da Fumaça, Nova Veneza e Siderópolis. São solos que têm baixa fertilidade natural como principal fator limitante, classe de uso 2ef. O levantamento florístico foi realizado percorrendo-se toda a área do fragmento florestal, conforme procedimentos de Filgueiras et al. (1994). Foram registradas as árvores

23 encontradas, conforme definição adotada por Martins (1991). Complementou-se o estudo com levantamento do campo antrópico, onde predominava vegetação herbácea e arbustiva. A identificação taxonômica seguiu os padrões de taxonomia clássica (morfologia comparada), com auxílio de chaves analíticas, por comparação com espécimes depositados no Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz (CRI) da UNESC e por especialistas. O material fértil coletado foi incorporado ao acervo do Herbário CRI. A delimitação familiar segue em sua apresentação as propostas de Tryon e Tryon (1982) para pteridófitas e APG II (2003) para angiospermas. As espécies arbóreas, amostradas no fragmento florestal, foram incluídas nos grupos funcionais segundo critérios de Budowski (1965; 1970). 2.3 Resultados e Discussão Nos locais em que o fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana encontrava-se em estádio inicial de sucessão (Figura 2.1), foram identificadas 16 espécies arbóreas, distribuídas em 11 famílias. Euphorbiaceae apresentou a maior diversidade específica, com quatro espécies, seguida por Fabaceae e Myrsinaceae, com duas. As demais famílias, em número de oito, apresentaram apenas uma espécie cada (Tabela 2.1).

24 Figura 2.1: Área de preservação permanente do Morro Casagrande, Criciúma, Santa Catarina, destacando a Floresta Ombrófila Densa Submontana em estádio inicial (EI) e avançado (EA) de regeneração natural, campo antropizado (CA) e sistema agroflorestal (AG). Nos locais em que o fragmento florestal encontrava-se em estádio avançado de regeneração natural (figura 2.1) foram identificadas 87 espécies arbóreas, distribuídas em 44 famílias (Tabela 2.2). Myrtaceae apresentou a maior diversidade específica (11 espécies), seguida por Lauraceae (sete), Euphorbiaceae (seis) e Meliaceae (cinco). A constatação da maior riqueza para Myrtaceae e para o gênero Eugenia corrobora o padrão que tem sido encontrado para a floresta atlântica do sul de Santa Catarina (CITADINI-ZANETTE, 1995; CITADINI-ZANETTE et al., 2003; SANTOS; LEAL-FILHO; CITADINI-ZANETTE, 2003; MARTINS, 2005; SILVA, 2006) e do Brasil (OLIVEIRA FILHO; FONTES, 2000).

25 Tabela 2.1: Relação das árvores amostradas em um fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana em estádio inicial de regeneração natural, localizado no Morro Casagrande, município de Criciúma, Santa Catarina. Grupo ecológico (GE): Pio = pioneira, Sin = secundária inicial. Família/Espécie Nome popular GE Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira-vermelha Pio Bignoniaceae Jacaranda puberula Cham. Caroba Pio Cannabaceae Trema micrantha Blume Grandiúva Pio Clethraceae Clethra scabra Pers. Carne-de-vaca Pio Cunoniaceae Lamanonia ternata Vell. Guaperê Pio Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. Tanheiro Sin Sapium glandulatum (Vell.) Pax.S. Leiteiro Pio Sebastiania argutidens Pax & K.Hoffm. Tajuvinha Pio Tetrorchidium rubrivenium Poepp. & Endl. Cruzeiro Sin Fabaceae Piptadenia gonoacantha (Mart.) MacBr. Pau-jacaré Pio Mimosa bimucronata (DC.) O.Kuntze Maricá Pio Myrsinaceae Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. Capororoca Sin M. umbellata (Mart. ex A.DC.) Mez Capororocão Sin Phyllanthaceae Hieronyma alchorneoides Fr.Allem Licurana Sin Urticaceae Cecropia glaziovii Sneth. Embaúba Pio Verbenaceae Aegiphila sellowiana Cham. Gaioleiro Sin Tabela 2.2: Relação das árvores amostradas em um fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana em estádio avançado de regeneração natural, localizado no Morro Casagrande, município de Criciúma, Santa Catarina. Grupo ecológico (GE): Pio = pioneira, Sin = secundária inicial, Sta = secundária tardia e Cli = clímax. Família/Espécie Nome popular GE Annonaceae Duguetia lanceolata St.Hil. Pindabuna Sta Rollinia sericea R.E.Fries Cortiça Sta Xylopia brasiliensis Spreng. Pindaíba Sta Apocynaceae Aspidosperma camporum Muell.Arg. Peroba Sin Peschiera catharinensis (DC.) Miers Jasmim Pio Araliaceae Schefflera morototoni (Aubl.) Maq., Steyerm. & Frod Pau-mandioca Sta Arecaceae Euterpe edulis Mart. Palmiteiro Cli Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassm. Jerivá Sin Asteraceae Piptocarpha tomentosa Baker Pau-toucinho Pio Vernonia discolor (Spreng.) Lees. Vassourão-preto Pio Bignoniaceae Jacaranda micrantha Cham. Caroba Pio Bombacaceae

Família/Espécie Nome popular GE Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns Embiruçu Pio Boraginaceae Cordia ecalyculata Vell. Café-de-bugre Sin Cannabaceae Trema micrantha Blume Grandiúva Pio Chrysobalanaceae Hirtella hebeclada Moric. ex DC. Cinzeiro Sta Clethraceae Clethra scabra Pers. Carne-de-vaca Pio Clusiaceae Rheedia gardneriana Planch. & Triana Bacopari Sin Combretaceae Buchenavia kleinii Exell Garajuva Cli Cunoniaceae Lamanonia ternata Vell. Guaperê Pio Cyatheaceae Alsophila setosa Kaulf. Xaxim Cli Elaeocarpaceae Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. Laranjeira-do-mato Cli Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. Tanheiro Sin Gymnanthes concolor Spreng Laranjeira-do-mato Sta Pera glabrata (Schoh.) Baill. Coração-de-bugre Sta Sapium glandulatum (Vell.) Pax.S. Leiteiro Pio Sebastiania argutidens Pax & K.Hoffm. Tajuvinha Pio Tetrorchidium rubrivenium Poepp. & Endl. Cruzeiro Sin Fabaceae Inga sessilis (Vell.) Mart. Ingá-macaco Sin Lonchocarpus cultratus (Vell.) Az.Tozzi et H.C.Lima Embira-de-sapo Sin Piptadenia gonoacantha (Mart.) MacBr. Pau-jacaré Pio Lauraceae Nectandra membranacea (Sw.) Griseb. Canela Sta N. oppositifolia Nees & Mart. ex Nees Canela Sta Ocotea indecora Schott ex Meisn. Canela Cli O. laxa (Nees) Mez Canela Sta O. puberula Ness Canela-sebo Cli O. silvestris Valt. Canela Cli O. urbaniana Mez Canela Cli Magnoliaceae Talauma ovata St.Hil. Baguaçú Sta Malpighiaceae Byrsonima ligustrifolia A.Juss. Baga-de-pomba Sta Melastomataceae Leandra dasytricha (A.Gnay) Cogn. Sin Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Canjerana Sta Cedrela fissilis Vell. Cedro Sta 26

Família/Espécie Nome popular GE Guarea macrophylla Vahl Pau-d arco Cli Trichilia lepidota Mart. Guacá-maciele Cli T. pallens C.DC. Catiguá Cli Monimiaceae Mollinedia schottiana (Spreng.) Perkins Pimenteira Cli Moraceae Brosimum lactescens (S.Moore) C.C.Berg Leiteiro Cli Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. Gameleira-vermelha Sta Sorocea bonplandii (Baill.) Burger, Lanj. & Boer Cincho Sta Myrsinaceae Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. Capororoca Sin M. umbellata (Mart. ex A.DC.) Mez Capororocão Sin Myrtaceae Calyptranthes grandifolia Berg Guamirim-chorão Sta C. lucida Mart. ex DC. Guaramirim-ferro Sta Campomanesia xanthocarpa Berg Guabiroba Pio Eugenia beaurepaireana (Kiaersk.) C.D.Legrand Guamirim-ferro Sta E. multicostata Berg Pau-alazão Cli Myrcia fallax (Rich) DC. Guamirim-de-folha-miúda Sin M. pubipetala Miq. Guamirim-araçá Sta M. richardiana (O.Berg) Kiaersk. Guamirim-araçá Sta M. tijucensis Kiaersk. Ingabaú Sta Neomitranthes gemballae (Legr.) Legr. Guamirim-ferro Sta Psidium cattleyanum Sabine Araçazeiro Sta Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz Maria-mole Sin Ochnaceae Ouratea parviflora (DC.) Baill. Guaraparim-miudo Sta Olacaceae Heisteria silvianii Schwacke Casca-de-tatu Sta Phyllantaceae Hieronyma alchorneoides Fr.Allem Licurana Sin Piperaceae Piper cernuum Vell. Pariparoba Sta Proteaceae Roupala brasiliensis Klotzsch Carvalho-brasileiro Sin Quiinaceae Quiina glaziovii Engl. Juvarana Sta Rubiaceae Faramea marginata Cham. Pimenteira-selvagem Cli Psychotria longipes Müll.Arg. - Sta P. suterella Müll. Arg. Café-do-mato Cli Rudgea jasminoides (Cham.) Müll.Arg. Café-do-mato Cli Rutaceae Esenbeckia grandiflora Mart. Cutia-amarela Sta Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica-de-cadela Pio Sabiaceae 27

28 Família/Espécie Nome popular GE Meliosma sellowii Urban Pau-fernandes Sta Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Chá-de-bugre Sin Sapindaceae Allophylus edulis (St.Hil.) Radlk. Ex Warm. Chal-chal Pio Cupania vernalis Camb. Camboatá-vermelho Pio Matayba elaeagnoides Radlk. Camboatá Pio M. guianensis Aubl. Camboatá-branco Pio Sapotaceae Chrysophyllum inornatum Mart. Murta Pio Solanaceae Solanum pseudoquina St.Hil. Canema Pio Urticaceae Boehmeria caudata Sw. Urtiga-mansa Pio Cecropia glaziovii Sneth. Embaúba Pio Verbenaceae Aegiphila sellowiana Cham. Gaioleiro Sin Citharexylum myrianthum Cham. Tucaneira Sin Caracterizando as espécies amostradas de acordo com seu grupo ecológico, nos locais em que o fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana encontrava-se em estádio inicial de sucessão 100% das espécies se enquadram como sendo aquelas características de estádio inicial de sucessão (pioneiras + secundárias iniciais). Nos locais em que o fragmento florestal encontrava-se em estádio avançado de regeneração natural, 55% enquadram-se dentro como sendo aquelas características de estádio avançado (secundárias tardias + climácicas) e 45% de estádio inicial (pioneiras + secundárias iniciais) de regeneração natural (Figura 2.2). As espécies de início da sucessão (pioneiras e secundárias iniciais) desempenham alto valor ecológico na comunidade durante o processo sucessional, pelo fato de se desenvolverem em clareiras e em áreas degradadas, apresentarem rápido crescimento, ciclo de vida curto, produzirem muitas sementes dispersas por agentes generalistas e formarem banco de sementes com viabilidade por longo período (GÓMEZ-POMPA; VASQUEZ-YANES, 1981; WHITMORE, 1978).

29 35 30 31 25 20 21 18 17 15 10 5 10 6 0 pioneiras secundárias iniciais secundárias tardias climácicas inicial avançado Figura 2.2: Distribuição do número de espécies por grupo ecológico e estádio sucessional da regeneração natural em um fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana, na área de preservação permanente do Morro Casagrande, Criciúma, Santa Catarina. Foram amostradas nove espécies exóticas arbóreas, introduzidas por antigos moradores, na área de estudo (Tabela 2.3). Fiszon et al. (2003) enfatizam que a introdução de espécies exóticas de animais e plantas, seja de forma deliberada ou em decorrência de alguma atividade de exploração econômica do ambiente, legal ou clandestina, merece atenção permanente. Animais domésticos e silvestres, plantas para cultivo e ornamentação, agentes biológicos para controle de pragas, comensais e parasitas indesejáveis, são introduzidos em áreas onde não ocorriam naturalmente alterando o hábitat e causando a extinção de espécies nativas. Tabela 2.3: Relação das árvores exóticas, presentes no fragmento urbano de Floresta Ombrófila Densa Submontana, localizado no Morro Casagrande, município de Criciúma, Santa Catarina. Família/Espécie Nome popular Origem Lauraceae Persea americana Mill. Abacateiro México e América Central Meliaceae Melia azedarach L. Cinamomo China e Índia Moraceae Ficus benjamina L. Beringan Índia, Filipinas, China, Tailândia, Austrália e Nova Guiné Myrtaceae Eucalyptus saligna Sm. Eucalipto Austrália Syzygium jambolanum Lam. Jambolão Ásia, Java Rhamnaceae Hovenia dulcis Thunb. Uva-do-japão Ásia (Índia até o Japão) Rosaceae Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl. Ameixa-amarela Japão e China Rubiaceae Coffea arabica L. Cafeeiro África Rutaceae Citrus sp. Laranjeira Ásia

30 Segundo Ziller (2001), a invasão por plantas exóticas tende a alterar propriedades ecológicas essenciais (ciclo de nutrientes, produtividade, cadeias tróficas, estrutura da comunidade vegetal, distribuição de biomassa, acúmulo de serapilheira, taxas de decomposição, processos evolutivos e relação entre plantas e polinizadores). Hovenia dulcis Thunb e Eucalyptus saligna Sm. são citadas entre as árvores consideradas invasoras biológicas. O processo de invasão de um ecossistema por uma planta exótica, contaminação biológica, se dá quando qualquer espécie não natural de um ecossistema é nele introduzida e se naturaliza, passando a se dispersar e a alterar esse ecossistema. A invasão por plantas exóticas afeta o funcionamento natural do ecossistema e tira espaço das plantas nativas (ZILLER, 2001). Espécies exóticas são aquelas que estão inseridas fora de seu limite de ocorrência natural (BECHARA, 2003). 2.4 Conclusão O remanescente florestal estudado se apresenta em diversos estádios serais, decorrentes da própria dinâmica da formação vegetal e principalmente pela ação antrópica (corte seletivo, desmatamento localizado, fogo colocado ou espontâneo, entre outros). Observa-se dossel relativamente contínuo, formado pelas copas das espécies de maior porte, e também há uma média diversidade de espécies arbóreas presentes. As espécies encontradas e listadas neste estudo, poderão auxiliar na restauração de áreas degradadas no município em diferentes situações de degradação, que são distintas em suas características e na complexidade dos recursos que demandam para serem recuperados. As ações de recuperação dos fragmentos, devem visar o aumento do potencial destes como ilhas de biodiversidade, interligando-os através de corredores que devem atrair os dispersores da biodiversidade, notadamente animais. Esforços devem ser empreendidos junto aos órgãos públicos, proprietários, ONGs e sociedade em geral para que se faça a recuperação florestal das áreas degradadas, buscando resgatar o papel de proteção ambiental ou de preservação da biodiversidade que essas áreas possuem, mas que não impedem de no futuro, se transformar em áreas de visitação para educação ambiental, como o que está sendo previsto para a área do Morro do Céu, para o ecoturismo, entre outros. Há também necessidade de maiores estudos do comportamento das