UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE ANÁLISE DO PROCESSO DE IMPORTAÇÃO Por: Renata Santos de Sousa Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro 2010

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE ANÁLISE DO PROCESSO DE IMPORTAÇÃO Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Logistica Empresarial. Por: Renata Santos de Sousa

3 AGRADECIMENTOS A todos os autores, alunos e pessoas que, diretamente e indiretamente para a confecção desta monografia.

4 DEDICATÓRIA Dedico essa monografia ao meu marido que tanto colaborou para sua confecção e aperfeiçoamento.

5 RESUMO O estudo empregado nesta pesquisa visou apresentar as etapas e conceitos básicos para importações, mostrando a divisão técnica do processo de importação: administrativa, cambial e fiscal, que serão analisadas distintamente, identificando os principais aspectos fiscais e administrativos da atividade de importação. Atualmente estamos vivendo o crescimento das operações de comércio exterior, e a cada instante, necessitamos conhecer todas as passagens e procedimentos desse setor da economia. Como podemos obter noção ampla da rotina de uma importação? Reunindo os principais conceitos administrativos, cambias e tributários inerentes à matéria, dando ênfase ao Despacho Aduaneiro. A estrutura mostra os órgãos que intervêm na atividade, nos aspectos conceituais, no sistema administrativo, no sistema fiscal. Esquivando-se, sempre que possível, de citar regulamentos pertinentes, por que estes sofrem mudanças constantes e podem levas os menos avisados a erros de interpretação.

6 METODOLOGIA Pesquisa bibliográfica em livros e revistas acadêmicas da aérea, baseada principalmente nos seguintes autores: BIZELLI, João dos Santos (2002); BARBOSA, Ricardo (2002); O estudo foi desenvolvido com base para noções básicas de importação, a temática é voltada para o comércio internacional, apresentando rotinas do processo de importação de forma abrangente, utilizando para a coleta dados secundários. Esta pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o assunto envolvendo levantamento bibliográfico. Utilizei para coletas de dados a leitura em livros, revistas, sites. A estrutura mostra os órgãos que intervêm na atividade, nos aspectos conceituais, no sistema administrativo, no sistema fiscal. Apresentando também o demostrativo de cálculo dos tributos e uma planilha de custos do processo de importação. Procurei colecionar fatos relacionados à importação, sobre o desenvolvimento da atividade de importação.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I Conceitos Básicos do 10 Comércio Internacional CAPÍTULO II Documentos de Importação 14 CAPÍTULO III Sistema Fiscal 16 CAPÍTULO IV Câmbio na Importação 24 CAPÍTULO V Classificação de Mercadoria 28 CAPÍTULO VI Despacho Aduaneiro 29 CAPÍTULO VII Custo de Importação 33 CAPÍTULO VIII Transporte em Veículo de 35 Bandeira Brasileira CAPÍTULO IX Roteiro Básico de uma 37 Importação CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40 ÍNDICE 42

8 INTRODUÇÃO Importação é o processo comercial e fiscal que consiste em trazer um bem, que pode ser um produto ou um serviço, do exterior para o país de referência. O estudo empregado nesta pesquisa visa retratar principalmente noções básicas de importação, orientação quanto à classificação fiscal dos produtos a importar, assistência à montagem de processos de importação, licenciamento e registros junto aos órgãos públicos, orientação quanto às modalidades de pagamentos, dos Incoterms e etapas do Desembaraço Aduaneiro nas importações. Os países, na maioria das vezes recorrem ao exterior para obter enorme gama de produtos não produzidos internamente. O comércio internacional é o setor de primordial importância tanto para os países menos desenvolvidos, com para os países que atingiram estágio superior desenvolvimento. Nos primeiros, os governos estão conscientes de que, da expansão do intercambio e da melhoria das condições de troca, muito depende o crescimento econômico; nas nações mais poderosas os esforços são renovados, visando melhores posições no mercado mundial, necessárias à manutenção do ritmo de desenvolvimento e, assim, do prestígio de desfrutam entre as demais nações. O desenvolvimento do tema é apresentado de forma clara e objetiva, procurando diminuir as dúvidas sobre os aspectos ligados à importação. Assim, a estrutura utiliza instrumento de linguagem e manuseio simples, certamente irá proporcionar aqueles que o vierem a consultar, facilidades na identificação das potencialidades que irão gradativamente descortinando nessa tão antiga e cada vez mais necessária atividade, que é o Comércio Internacional. Foi mantida a preocupação de utilizar e enfatizar, as rotinas básicas em geral.

9 Este trabalho presta uma colaboração às pessoas que procuram saber o significado do sistema de importação, setor extremamente importante para a economia brasileira.

10 CAPÍTULO I CONCEITOS BÁSICOS NO COMÉRCIO INTERNACIONAL...Deus é maior que todos os obstáculos. 1.1 Território Aduaneiro O território aduaneiro compreende todo o território nacional dividido, para fins de jurisdição dos serviços aduaneiros, em Zona Primária e Zona Secundária. Keedi, S. (2007) define a comercialização mercadorias e serviços como uma atividade que ocorra dentro do território de um país ou entre dois ou mais países. 1.1.1 Zona Primária A Zona Primaria compreende as faixas internas de portos e aeroportos, recintos alfandegados e locais habilitados na fronteira terrestres, bem como outras áreas nas quais se efetuem operações de carga e descarga de mercadorias, ou embarque e desembarque de passageiros, procedentes ou destinados ao exterior. 1.1.2 Zona Secundária Os recintos alfandegados na Zona Secundária são os entrepostos, depósitos, terminais ou outras unidades destinadas à exportação, que devam movimentar-se ou permanecer sob controle aduaneiro, incluindo-se também as dependências destinadas ao depósito de remessa postal internacional sujeito ao mesmo controle.

11 1.2 Importações Definitivas A importação definitiva ocorre quando a mercadoria estrangeira importada é nacionalizada, independentemente da existência de cobertura cambial, o que significa integrá-la à massa de riquezas do País com a transferência de propriedade do bem para qualquer pessoa aqui estabelecida. 1.3 Importações Não-Definitivas As importações não definitivas, por seu turno, são aquelas em que, contrariamente às importações definitivas, não ocorre nacionalização. São os casos, por exemplo, de mercadorias importadas sob o regime aduaneiro especial de admissão temporária que, após a sua permanência no país, pelo período previamente estabelecido, são reexportadas. 1.4 Nacionalização A nacionalização é a seqüência de atos que transfere a mercadoria da economia estrangeira para a economia nacional, por meio da Declaração de Importação (D.I.). 1.5 Despacho para Consumo O despacho aduaneiro de mercadorias na importação é o procedimento mediante o qual a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação às mercadorias importadas, aos documentos apresentados e à legislação específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro. Bizelli, J. (2002) define despacho para consumo como sendo o conjunto de atos que tem por objeto, satisfazer todas as exigências legais,

12 colocarem a mercadoria nacionalizada, à disposição do adquirente estabelecido no país, para seu uso ou consumo. 1.6 Despacho Aduaneiro para de Importação Despacho aduaneiro de importação é o procedimento fiscal mediante o qual se processa o desembaraço aduaneiro de mercadoria procedente do exterior, seja importada a título definitivo ou não. 1.7 SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior) O Siscomex é o instrumento administrativo que integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, mediante fluxo único, computadorizado, de informações. Todos os importadores ou agentes credenciados têm a sua disposição um software Siscomex, com interface gráfica, para formulação dos documentos eletrônicos de importação e respectivas transmissões para o computador central. 1.8 Incoterms 1 Compradores e vendedores, com vistas a evitar confusões e mal entendidos e com o propósito da facilidade as negociações utilizam-se de formas padronizadas (termos padronizados) para interpretação dos termos internacionais de compra e venda como, por exemplo, as estabelecidas pelos Incoterms, da Câmara de Comércio Internacional (CCI). São treze as condições ou os termos propostos pela Câmara de Comércio Internacional. 1 Adaptação do texto extraído da obra Operações de Câmbio e Pagamentos Internacionais no Comércio Exterior. São Paulo: Aduaneiras.

13 1.9 Terminais Alfandegados Para a execução dos serviços aduaneiros, poderão ser alfandegados terminais de uso público, denominados Estações Aduaneiras ou Terminais Retroportuário, destinados à movimentação e armazenagem de mercadorias que estejam sob controle aduaneiro, não localizado em área do porto ou aeroporto. Estação Aduaneira pode ser de fronteira (EAF) 1, quando situada em Zona Primária ou interior (EADI) 2, quando situada em Zona Secundária. Terminal Retroportuário (TRA) 3 é a instalação situada em área contígua a de porto organizado ou instalação portuária, a título permanente, assim entendida aquela localizada no perímetro de cinco quilômetros dos limites da zona primária, onde são realizadas as operações, sob controle aduaneiro, com cargas de importação e exportação. Regimes Aduaneiros nas Eadi poderão ser realizados nas operações com mercadorias submetidas aos regimes aduaneiros comuns e suspensivos (entreposto aduaneiro; admissão temporária; trânsito aduaneiro; drawback; exportação temporária; depósito alfandegado certificado; e depósito especial alfandegado). Nas EAF e TRA serão admitidos igualmente os regimes citados, com exceção do entreposto aduaneiro. Na importação a permissionária assumirá a condição de depositária da mercadoria, a partir do momento que atestar o seu recebimento em documento hábil. 1 2 3 Estação Aduaneira de Fronteira. Estação Aduaneira Interior Terminal Retroportuário

14 CAPÍTULO II DOCUMENTOS DE IMPORTAÇÕES 2.1 Licença de Importação (LI) Antes de iniciar uma operação de importação, o interessado deve sempre verificar se a mercadoria a ser importada está sujeita a controle administrativo. Licença de Importação é o documento eletrônico que deve ser preenchido pelo importador ou por seu despachante aduaneiro, por meio do Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX, sendo obrigatório nas importações com isenção de impostos. Todas as importações estão sujeitas a licenciamento. De modo geral, licenciamento das importações ocorrerá de forma automática, efetuada pelo próprio sistema, no momenta da formulação da Declaração de Importação. Quando se tratar de mercadoria ou operação de importação sujeita a controles especiais do órgão licenciador (Secex) ou dos demais órgãos federais que atuem como anuentes, a importação estará sujeita, ao Licenciamento Não-automático (LI). 2.2 Declaração de Importação (DI) A declaração de importação é o documento formulado pelo importador, ou por seu representante, no Siscomex, devendo conter informações gerais (importador, básicas, transporte, carga, pagamento) e informações especificasadição (fornecedor, mercadoria, valor aduaneiro e métodos, Incoterms, tributos I.I./I.P.I/Antidumping, Compensatórios e câmbio). O processo de elaboração da DI pelo importador compreende introdução dos dados gerais da declaração,

15 comuns a todas as mercadorias objeto do despacho e introdução dos dados específicos de cada mercadoria. 2.3 Comprovante de Importação (CI) De acordo com Furtado, J. (2005) comprovante de importação é o documento que promove definitivamente a nacionalização da mercadoria, é um documento eletrônico, emitido pela Secretaria da Receita Federal, e que comprova a efetiva nacionalização da mercadoria importada.

16 CAPÍTULO III SISTEMA FISCAL O Regime Tributário das Importações no Brasil não compreende somente o Imposto de Importação, tributo este seletivo que incide na entrada de mercadorias estrangeiras no território aduaneiro. Compreende, outrossim, a imposição de outros tributos que, apesar de não terem como fato gerador a entrada de mercadorias no País, assim entendido o registro da DI, acaba por onerar a operação de importação. No que importa principalmente ao tributo aduaneiro, é de ressaltar o advento, no ano de 1966, do Decreto-Lei n 37, ainda em vigor, que dispõe sobre o Imposto de Importação e reorganiza os serviços aduaneiros. 3.1 Imposto de Importação (II) O imposto incide sobre mercadorias estrangeiras assim como, sobre aquelas definidas no artigo 84 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n 91.030/85, tendo como fato gerador a entrada de qualquer uma dessas mercadorias no território aduaneiro 1. Para efeito de calculo do imposto, considera-se o fato gerador na data de registro da Declaração de Importação de mercadoria despachada para consumo, ou no dia do lançamento dos respectivos, nos casos definidos por lei. 1 A resolução do Senado Federal n 436, de 1987(DOU de 18/12/87) declarou inconstitucional a execução do artigo 93 do Decreto-Lei n 37/66 que equiparava a estrangeira a mercadoria nacional para cobrança do Imposto de Importação.

17 A base de calculo do imposto é quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida indicada na Tarifa Externa Comum (TEC). Carvalho, M. (2007) ressalta que o estudo do valor aduaneiro base de cálculo do imposto de importação apresenta relevância tanto em função da relação entre Fazenda Nacional e contribuinte quanto dos compromissos assumidos pelo Brasil no comércio internacional. As alíquotas do Imposto de Importação se encontram específicas na Tarifa Externa Comum (TEC), que se apóia na codificação da Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM). 3.2 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) O imposto incide sobre produtos industrializados, e tem como fato gerador, entre outras hipóteses, o desembaraço aduaneiro daqueles produtos de procedência estrangeira. O imposto será calculado mediante a aplicação da alíquota do produto, constante da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), sobre o valor que servir ou que serviria de base para cálculo do tributo aduaneiro, por ocasião do despacho de importação, acrescido do montante desse tributo e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis. Alguns produtos como bebidas, sorvetes e cigarros, são tributados mediante a aplicação de alíquotas específicas, fixadas em Reais (R$) em função da quantidade comercializada.

18 Aplicam-se ao pagamento do IPI os mesmos procedimentos estabelecidos para o débito em conta do Imposto de Importação apurados por ocasião do registro da DI. 3.3 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) A Constituição Federal do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, criou o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, cuja competência tributária cabe aos Estados e ao Distrito Federal, observados os princípios legais orientadores do tributo, atualmente consubstanciados em Lei Complementar. O referido tributo incide nas operações de importação, sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, ainda que se trate de bem destinado a consumo ou ao ativo do estabelecimento, e tem como fato gerador o desembaraço aduaneiro, pelo importador (pessoa física ou jurídica), da respectiva mercadoria ou bem. A obtenção da base de cálculo do imposto é mediante a soma das seguintes parcelas: a) O valor da mercadoria ou bem constantes do documento de importação; b) Imposto de Importação; c) IPI; d) Quaisquer despesas aduaneiras; e e) O próprio ICMS.

19 3.4 Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) O AFRMM se constitui em um dos recursos do Fundo da Marinha Mercante destinado a prover a renovação, ampliação e recuperação da frota mercante nacional, objetivando o atendimento das reais necessidades do transporte hidroviário. De acordo com o Decreto-Lei n 2.404, de 23/12/87, alterado pela Lei n 8.032, de 12/04/90, o AFRMM, no que concerne à importação, é um adicional calculado sobre o frete, à razão de 25% (vinte e cinco por cento), pelo transporte de qualquer carga na entrada em porto nacional de descarga, na navegação de longo curso. Considera-se como frete, para fins de cálculo do adicional, a remuneração do transporte mercante porto a porto, incluídas as despesas portuárias com a manipulação de carga constantes do Conhecimento de Embarque, anteriores e posteriores a esse transporte, bem como outras despesas de qualquer natureza que constituam parcelas adicionais acessórias. Quando não houver cobrança de frete, o AFRMM será calculado de acordo com normas gerais a serem estabelecidas pelo órgão competente. 3.5 Taxas de Armazenagem e de Capatazia 3.5.1 Portuárias 3.5.1.1 Capatazia O serviço de capatazia nos portos organizados é remunerado por unidade (tonelagem, cubagem ou quantidade de volume).

20 A remuneração dos serviços de capatazia nos portos será feita por meio de taxas estabelecidas para cada porto organizado. 3.5.1.2 Armazenagem As mercadorias depositadas nos armazéns, pátios, pontes ou depósitos pertencentes às administrações dos portos organizados estão sujeitas ao pagamento de armazenagem seja qual for a sua procedência ou destino, ressalvadas as exceções estabelecidas em lei. Nos portos organizados, o serviço de armazenagem compreende as seguintes modalidades: a) Armazenagem interna; b) Armazenagem externa; c) Armazenagem em armazéns gerais; d) Armazenagem especial. Do mesmo modo que a capatazia, as taxas de armazenagem são fixadas para todos os portos. 3.5.2 Aeroportuárias 3.5.2.1 Capatazia A Tarifa de Capatazia, conforme determinação da Lei n 6.009, de 26/12/73, alterada pelo Decreto-Lei n 2.060, de 12/09/83, é devida pela movimentação e manuseio das mercadorias importadas no Teca 1. 1 Terminal de Carga Aérea.

21 Para as mercadorias importadas, a Tarifa de Capatazia será quantificada em função do peso bruto por embalagem ou por unidade, quando desembalada, e pela natureza da mercadoria. A referida tarifa é devida a partir do dia do recebimento das mercadorias importadas no Teca, nos valores constantes das tabelas aprovadas por Portaria do Comando da Aeronáutica, podendo ser flexibilizadas pela autoridade administradora do aeroporto, tendo como limites máximos os valores constantes da referida norma. Atualmente, fixando os valores para cobrança das Tarifas Aeroportuárias de Capatazia, conforme determinado pela Lei n 6.009/73, alterada pelo Decreto-Lei n 2.060/83, vigora a Portaria do Comando da Aeronáutica n 219/GC-5, de 27/03/2001. 3.5.2.2 Armazenagem A Tarifa de Armazenagem, assim denominada e caracterizada pela Lei n 6.009, de 26/12/73, alterada pelo Decreto-Lei n 2.060, de 12/09/83, é devida pelo armazenamento, guarda e controle das mercadorias importadas nos armazéns de carga aérea dos aeroportos (Terminal de Carga Aérea Teca). A referida tarifa será quantificada em função do valor CIP, da natureza da mercadoria e do tempo de armazenagem, e será progressivamente crescente a partir do 3 período em que a mercadoria permanecer no Teca. As tarifas de mercadorias importadas por via aérea são devidas a partir do dia do recebimento das mesmas no Teca, nos valores constantes de tabela aprovada por Portaria do Comando da Aeronáutica.

22 Atualmente, fixando os valores para cobrança das Tarifas Aeroportuárias de Armazenagem, conforme determinado pela Lei n 6.009/73, alterada pelo Decreto-Lei n 2.060/83, vigora a Portaria do Comando da Aeronáutica n 219/GC, de 27/03/2001. 3.5.3 Ataero Além das Tarifas de Armazenagem e de Capatazia será cobrado Adicional de Tarifas Aeroportuárias (Ataero) 50 % sobre as referidas tarifas. O Ataero destina-se à aplicação em melhoramentos, reaparelhamento, reforma expansão e depreciação de instalações aeroportuárias e da rede de telecomunicações e auxílio à navegação aérea, e a sistemática de recolhimento é a mesma empregada para cobrança das respectivas tarifas. 3.6 Taxa de Utilização do Siscomex A Taxa de Utilização do Siscomex, independentemente da ocorrência de tributo a recolher, será devida no registro da Declaração de Importação DI à razão de R$ 30,00 (trinta reais) por DI e R$ 10,00(dez reais) por cada adição de mercadoria à DI. 3.7 Encargos Relativos à Defesa Comercial Em decorrência de acordos internacionais, poderá ainda se aplicado às Importações brasileiras a titulo de defesa comercial que podem ser salvaguarda, direitos antidumping ou direitos compensatórios. A salvaguarda pode ser constituir em adicional do Imposto de Importação, enquanto que os outros não devem ser confundidos com impostos, pois por definição legal tratase de importância em moeda corrente do País cobrada para eliminar a prática desleal (dumping ou subsídios).

23 3.8 Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico) A Cide, administrada e cobrada pela SRF 2, incide também sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível, sendo contribuinte nessas operações o importador. O fato gerador é a própria operação de importação e o pagamento, se sujeita à aplicação de alíquotas específicas, deve ser efetuado na data de registro da DI, mediante débito automático em conta corrente. 2 Secretária de Receita Federal

24 CAPÍTULO IV CÂMBIO NA IMPORTAÇÃO A contratação do câmbio para pagamento de importação é geralmente feito após o embarque das mercadorias no exterior, exceção aos pagamentos feitos antecipadamente, como sinal de garantia do pedido, especialmente para as mercadorias com ciclo longo e produção, ou para aquelas em que é exigido, pagamento através de cartas de crédito. Para as demais modalidades, o fechamento é feito contra documentos de embarque, por ocasião da chegada da mercadoria (antes do desembaraço aduaneiro), ou contra apresentação dos documentos de embarque e desembaraço aduaneiro e após a mercadoria desembaraçada pela Alfândega, com a observância aos vencimentos estabelecidos entre importador e exportador, cujos prazos são indicados na Declaração de Importação, obedecidos os prazos regulamentares aplicados. O desembaraço alfandegário tanto pode ser feito anterior como posteriormente ao fechamento do câmbio, devendo apenas para a correta definição levar-se em conta a modalidade de pagamentos e prazos estabelecidos quando da negociação. brasileiras: São três as modalidades de pagamentos aplicadas às importações a) Remessa Direta (sem saque); b) Cobrança (à vista e a prazo); c) Carta de Crédito (à vista e a prazo).

25 4.1 Remessas Nesta modalidade, são conduzidos os pagamentos antecipados, modalidade que somente deve ser usada quando o importador precisar assegurar o início de fabricação de algum bem ou produto a ser fabricado sob encomenda ou nos casos em que por absoluta falta de opção, necessite garantir o fornecimento de mercadorias por fornecedores de mercadorias por fornecedores em que o grau de confiabilidade do exportador para com o importador é elevado, com destaque para os negócios entres empresas coligadas, sem interferência bancária, todos os documentos de embarque. 4.2 Cobrança Os documentos de embarque são enviados ao importador, pelo fornecedor, através do sistema bancário internacional, sendo quase sempre cobertos por um saque com a indicação: Pagamento à Vista (Sight-Draft) ou a data em que este pagamento deve ser efetuado, cobrança a prazo (time draft). a) Cobrança à Vista - O importador somente retirará os documentos do banco avisador, detentor da cobrança, mediante o efetivo fechamento do câmbio e conseqüente pagamento da conta valor em moeda nacional. b) Saque a Prazo Depois de obter do banco a informação de que os documentos de embarque chegaram, o importador dirige-se ao mesmo, aceita o saque, concordando assim com o vencimento dele constante e retira os documentos de embarque, ficando assim em condições de proceder ao desembaraço aduaneiro da mercadoria.

26 Para estes casos, a contratação do câmbio, dar-se à no vencimento do saque ou no vencimento das parcelas do ROF (casos de financiamento por prazo superior a 360 dias), para as quais tenha sido processado o respectivo registro no Sistema RDE/IED do Banco Central do Brasil. 4.3 Carta de Crédito O estabelecimento de Cartas de Crédito é meio seguro e conseqüentemente de menor risco para o fornecedor, sendo que os custos operacionais são mais elevados. A Carta de Crédito permite ao fornecedor da mercadoria, após realizar o embarque e cumprir as formalidades impostas pelo crédito, dirigirem-se ao banco negociador e em estando os documentos de embarque em boa ordem, receber o contra valor indicado nos documentos, em moeda corrente do seu país. A documentação de embarque entregue pelo fornecedor ao banco negociador, estando em ordem, isto é: sem discrepâncias, é enviada pelo banco receptor ao seu congênere brasileiro que a entregará ao importador, para que este fique em condição de iniciar os trâmites para o desembaraço aduaneiro e conseqüente nacionalização das mercadorias. 4.4 Importações Com Prazos Superiores a 360 dias Para as importações cujo prazo para pagamento ao exterior seja superior a 360 (trezentos e sessenta) dias,da data de embarque ou desembolso, será necessário proceder-se à geração do ROF 1, junto ao sistema RDE do Banco Central do Brasil. 1 Registro de Operação Financeira.

27 Segundo Trevisan, R.(2008) o intercâmbio de bens em uma sociedade globalizada gera riqueza e desenvolvimento, mas pode afetar a competitividade e a estabilidade das economias dos países ou blocos se não for acompanhado com mecanismo adequados de controle.

28 CAPÍTULO V CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS O método internacional de classificação de mercadorias, baseado em uma estrutura de códigos e respectivas descrições é chamado sistema harmonizado de designação e de codificação de mercadorias ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH). A composição dos códigos do SH, formado por seis dígitos, permite que sejam atendidas as especificações dos produtos, tais como: origem, matéria constitutiva e aplicação, em um ordenamento numérico lógico, crescente, e de acordo com o nível de sofisticação das mercadorias. O Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai adotam a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), que tem base o Sistema Harmonizado. Assim, dos oito dígitos que compõe a NCM, os seis primeiros são formados pelo Sistema Harmonizado, enquanto o sétimo e oitavo dígitos correspondem a desdobramentos específicos atribuídos no âmbito do MERCOSUL. O Sistema Harmonizado foi concebido para promover o desenvolvimento do Comércio Internacional assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas, particularmente as do Comércio Exterior. Além disso, o SH facilita as negociações comerciais internacionais, a elaboração de tarifas de fretes e das estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte de mercadorias e de outras informações utilizadas pelos diversos intervenientes no Comércio Internacional. É por meio da classificação de mercadorias que se define o percentual dos impostos (II e IPI) a ser pago, e qual o órgão competente para autorizar a importação do produto.

29 CAPÍTULO VI DESPACHO ADUANEIRO O Despacho de Importação é o procedimento, motivado pelo importador, que tem por objetivo o desembaraço (liberação) de mercadoria procedente do exterior, tenha esta sido importada a título definitivo ou não. É importante notar que, dentro desse contexto, inserem-se duas formas de despacho aduaneiro consumo e não-consumo variando, via de conseqüência, o tipo de Declaração de Importação a ser utilizada. 6.1 Início do Despacho Segundo Rocha, P.(2010) o despacho aduaneiro inicia-se com o registro da Declaração de Importação no Siscomex, momento no qual ocorre, o pagamento dos tributos federais devidos, mediante débito automático na conta corrente indicada na DI, junto à agência habilitada de banco integrado da rede arrecadatória de receitas federais, por meio de DARF eletrônico. Como regra, o despacho aduaneiro somente deverá ter início após a chegada da mercadoria na URF de despacho, assim entendida a unidade da Receita Federal na qual o importador for submeter à mercadoria importada a Despacho Aduaneiro, independentemente da unidade de entrada da mercadoria no território aduaneiro brasileiro. Nas URFs onde o Sistema de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento Mantra, já se encontre implantado, será considerada como chegada a mercadoria que estiver em situação que permita, no Sistema, a vinculação da declaração ao conhecimento de carga correspondente.

30 6.2 Prazo para Início O despacho de importação deverá começar: a) Até 90(noventa) dias da descarga, se a mercadoria estiver em recinto alfandegado; b) Até 45 (quarenta e cinco) dias após esgotar-se o prazo estabelecido para permanência da mercadoria em recinto alfandegado de zona secundária (Eadi); c) Até 90 (noventa) dias da abertura da mala postal. 6.3 Pessoas Habilitadas O importador deverá providenciar o seu cadastramento através do seu dirigente e/ou sócio constante do CNPJ, junto à Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda da região fiscal de domicilio da empresa. Rocha, P. (2010) afirma que o interessado pessoa física ou jurídica, ou entidade que tenha interesse direto na operação de importação, exercerá as atividades relacionadas com o despacho aduaneiro de bens pessoalmente ou através de representante legal, empregado ou despachante aduaneiro. 6.4 Documentos Instrutivos do Despacho Aduaneiro Efetivado o registro da DI no Siscomex, poderá ser emitido pelo sistema, a pedido do importador, o Extrato da Declaração, que contém um resumo das informações gerais e específicas da declaração, assim como os eventuais alertas dados que deverão ser verificados pela repartição fiscal, no despacho aduaneiro ou na revisão aduaneira.

31 6.5 Parametrização Após o registro da DI, a declaração será selecionada, no Siscomex, para um dos seguintes canais de conferência aduaneira: a) Verde; b) Amarelo; c) Vermelho; d) Cinza. Concluída a conferência aduaneira sem impugnação, a mercadoria será desembaraçada. Entretanto, se for verificada a ocorrência de infração à legislação tributária ou outra irregularidade a ser sanada, será formulada a exigência do crédito tributário e, se for o caso, determinada a retificação da declaração. 6.6 Conferência Aduaneira A conferência aduaneira relativa às declarações selecionadas para os canais amarela e vermelha deverá ser concluída no prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis, contado do dia seguinte ao da recepção do extrato da declaração e dos documentos que a instruem. A verificação da mercadoria, em qualquer situação, deverá ser realizada na presença do importador ou de seu representante legal, que prestará as informações e a assistência necessárias à sua identificação e à analise do valor aduaneiro. A fiscalização aduaneira, caso entenda necessário, poderá designar técnico credenciado para proceder à identificação e quantificação da mercadoria. 6.7 Valoração Aduaneira

32 A seleção para controle do valor aduaneiro declarado, no curso do despacho de importação, será realizada por meio do Siscomex, com base em critérios fixados a partir de parâmetros fornecidos pela Secex, bem assim, entre outras, de informações coligadas junto à iniciativa privada e a fontes especializadas estrangeiras. De acordo com Carvalho, M. (2007) no aspecto do comércio internacional o interesse na valoração aduaneira alcança o sentido da importação, no qual o imposto opera barreira tarifária em defesa da produção nacional. 6.8 Desembaraço Aduaneiro O desembaraço aduaneiro é o ato final do despacho aduaneiro em virtude do qual é autorizada a entrega da mercadoria ao importador. Independentemente do canal para qual tenha sido selecionada a conferência, a entrega da mercadoria somente poderá ser efetuada após o registro do desembaraço no Siscomex pela autoridade aduaneira. Registrado o desembaraço das mercadorias no Sistema, a autoridade fiscal emitirá Comprovante de Importação, que será entregue ao importador, constituindo-se, este documento, em prova de ingresso regular da mercadoria no país.

33 CAPÍTULO VII CUSTOS DE IMPORTAÇÃO Os custos de importação incluem diversas despesas que podem variar de acordo com a forma de negociação que foi feita a compra ou forma de envio ou tipo de mercadoria, sendo que os principais custos são: valor FOB ou FCA do material, IPI, ICMS, armazenagem, despesas aduaneiras (registro de DI, transporte interno e serviços profissionais), despesas bancárias (abertura e liquidação de CCI, aproximadamente USD 750,00, ou pagamento antecipado, RSS ou cobrança aproximadamente USD 60,00). Exemplo de cálculo do valor estimado de uma importação plaquetário. 280 Unidades de circuitos descartáveis para coleta de concentrado NCM/SH 3926.90.90 Peso: 327 KG/ Forma de Pagto: Carta de CRÉDITO País de Procedência: EUA Embarque Aéreo Valor: FCA USD 37.440,00

34 a) Valor Material (FCA) R$ 108.576,00 USD 37.440,00 x Taxa do dia (2,90) b) Despesas Bancária R$ 1.085,76 1% S/FCA no mínimo USD 360,00 C) Frete Internacional R$ 3.600,00 S/ peso, volume e tipo de produto Calculo do Valor Aduaneiro R$ 108, 576,00 + R$ 3.600,00 + R$ 542,88 R$ 112, 718,88 VALOR FCA + Frete Internacional + Seguro (0,5% s/fca) Valor Aduaneiro (VA) d) Imposto de Importação (II) R$ 20.899,40 * 18% S/Valor Aduaneiro e)ipi R$ 19.951,24 *15% S/ VA + II f) ICMS R$ 16.152,53 * 12% S/VA+II+IPI g)registro Siscomex R$ 40,00 Cobrado por Adição h)armazenagem Infraero R$ 2.536,17 **2,5% VA por período de 10 dias i)transporte Interno R$ 600,00 S/ Peso ou Volume j) Serviços Profissionais R$ 330,00 Despachante k) Despesas Bancárias R$ 1.798,00 Despesas de Banqueiro no Exterior l) Seguro R$ 1.112,90 S/ FCA +Despesas (Aprox. 1, 025%) Custo Aprox. C/Impostos R$ 176. 072,00 Custo Aprox. S/Impostos R$ 119.678,83 (NCM/SH). * A porcentagem depende do tipo de material e sua classificação fiscal **Forma simplificada de calculo.

35 CAPÍTULO VIII TRANSPORTE EM VEÍCULO DE BANDEIRA BRASILEIRA Em face do disposto no Decreto-Lei n 666, de 02/07/69, modificado pelo Decreto-Lei n 687, de 18/07/69, e demais normas e instruções pertinentes (transporte marítimo), no Decreto-Lei n 29, de 14/11/66 (transporte aéreo), bem como no Decreto n 83.360, de 23/04/79 (transporte fluvial), estão sujeitas à prescrição de carga,quando utilizadas às respectivas vias de transporte, as seguintes importações nas condições indicadas. 8.1 Transporte Marítimo O transporte será obrigatório em navio de bandeira brasileira ou de bandeira do país de procedência, quando existir entre o Brasil e o respectivo país acordo bilateral de transporte marítimo, devendo o importador consultar o Departamento da Marinha Mercante da Secretaria de Transportes Aquaviários, para verificar a relação das empresas conveniadas, autorizadas a operar no tráfego correspondente. 8.2 Transporte Aéreo Importações, com ou sem cobertura cambial, realizadas pelos órgãos e entidades da administração federal, direta ou indireta, suas subsidiárias ou associadas e fundações sob supervisão ministerial, estarão sujeitas, se utilizada via aérea, à obrigatoriedade do transporte em aeronave de bandeira brasileira, observando ainda o que diz a Portaria n 0803/GM5, de 08/06/84, do Ministro de Estado da Aeronáutica.

36 8.3 Liberação de Cargas A liberação de carga será de responsabilidade: a) No transporte marítimo ou fluvial da Superintendência de Navegação da Antaq; b) No transporte aéreo do Departamento de Aviação Civil DAC. No que se refere à liberação de carga pela Antaq, devem ser observadas as normas constantes da Portaria do Ministério dos Transportes.

37 CAPÍTULO IX ROTEIRO BÁSICO DE UMA IMPORTAÇÃO a) Constar dos objetivos sociais da empresa a condição de importadora. b) Estar cadastrada na SRF/MF, e inscrita no Sistema Radar. c) Fazer contato com empresa exportadora do país com quem pretende estabelecer negócios de importação. d) Verificar a necessidade de obter Licenciamento da Mercadoria para a mercadoria a importar. e) O licenciamento poderá ser dado de forma automática, isto é: quando do registro da respectiva DI Declaração de importação, ou não automático, o qual deverá (observadas às condições regulamentares), ser obtido anteriormente ou posteriormente ao embarque (dependendo do tipo de controle aplicado á mercadoria a importar), mas sempre, anteriormente ao Registro da respectiva DI (anteriormente ao desembaraço aduaneiro). f) Licenciamento Não Automático (obriga anuência do órgão governamental pertinente). g) Abrir Carta de Crédito (se essa for à modalidade de pagamento negociada e autorizar o embarque da mercadoria). h) Mediante os documentos de embarque recebidos através de banco, fechar câmbio, fazendo o pagamento ao exterior (caso

38 de cobrança à vista), ou aceitar o saque para pagamento no vencimento (caso de cobrança a prazo). i) Iniciar os procedimentos aduaneiros para liberação da mercadoria, com o respectivo recolhimento dos tributos devidos e respectivas taxas. j) Cumpridas as diversas fases do desembaraço e feita à respectiva conferência aduaneira, com a emissão do CI- Comprovante de Importação, emitir a Nota Fiscal de Entrada da mercadoria no depósito do importador e retirar a mercadoria do depósito na zona aduaneira. k) Fechar câmbio no vencimento do saque (caso de saque a prazo) ou quando da opção estabelecida entre importador e exportador, para os casos de remessa direta ( caso em que os documentos de embarque foram enviados diretamente ao importador ).

39 CONCLUSÃO As importações são compras que, por serem feitas no exterior, envolvem interesses, necessidades e rotinas administrativas e processuais, que vão além dos comuns às transações realizadas entre firmas de um mesmo país, razão pela qual, normalmente, estão sujeitos a sistemática própria. O comércio internacional está presente em grande parte da história da humanidade, mas a sua importância econômica, social e política se tornaram crescente nos últimos séculos. O avanço industrial, dos transportes, a globalização, o surgimento das corporações multinacionais, e o outsourcing tiveram grande impacto com o fenômeno da globalização. O regime de importação adotado pelo Brasil é bastante simples e compreende etapas consentâneas com os seus principais objetivos, que são: prevenir a evasão de divisas, possibilitarem correta cobrança de tributos e dificultar a concorrência do similar estrangeiro. O estudo empregado nesta pesquisa visou retratar todas as informações básicas para uma visão ampla dos principais aspectos fiscais e administrativos do processo de importação, tendo preocupação de sintetizar, porém iluminando rotinas básicas. Esquivando-se, sempre que possível, de citar regulamentos pertinentes, por que estes sofrem mudanças constantes e podem levas os menos avisados a erros de interpretação. Trata-se, portanto, de um trabalho que visa consolidar atos legais, tornando o processo de importação mais acessível a todos que militam na área aduaneira.

40 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BARBOSA, J. Direito Aduaneiro Origens de Navegação, da Aduana e da Alfândega. São Paulo: JM, 1999. BIZELLI, J; BARBOSA, R. Noções Básicas de Importação. São Paulo: Aduaneiras, 2002. CARVALHO, M. Valor Aduaneiro Princípios, Métodos e Fraude. São Paulo: Aduaneiras, vol. 7, 2007. COELHO, G. Tributos sobre o Comércio Exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2006. FURTADO, Alcino. Rotinas do Comércio Exterior. Rio de Janeiro: Interaduana, 2005. KEEDI, S. A B C do Comércio Exterior. São Paulo: Aduaneiras, vol.3, 2007. MAYA, J. Economia Internacional e Comércio Exterior. São Paulo: Atlas, vol.2, 1998. ROCHA, P. A Valoração Aduaneira e o Comércio Internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2003. ROCHA, P. Ementário Aduaneiro da Instância Especial. São Paulo: Aduaneiras, 1999. ROCHA, P. Regulamento Aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 2010.

41 TREVISAN, A. Aplicação do Acordo sobre Valoração Aduaneira no Brasil. São Paulo: Aduaneiras, 2000. TREVISAN, R. Temas Atuais de Direito Aduaneiro. São Paulo: Lex, 2008.

42 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I CONCEITOS BÁSICOS NO COMÉRCIO 10 INTERNACIONAL 1.1 Territórios Aduaneiros 10 1.1.1 Zona Primária 10 1.1.2 Zona Secundária 10 1.2 Importações Definitivas 11 1.3 Importações Não -Definitivas 11 1.4 Nacionalizações 11 1.5 Despacho para Consumo 11 1.6 Despacho Aduaneiro para Importação 12 1.7 SISCOMEX 12 1.8 Incoterms 12 1.9 Terminais Alfandegados 13 CAPÍTULO II DOCUMENTOS DE IMPORTAÇAO 14 2.1 Licença de Importação (LI) 14 2.2 Declaração de Importação (DI) 14 2.3 Comprovante de Importação (CI) 15

43 CAPÍTULO III SISTEMA FISCAL 16 3.1 Imposto de Importação (II) 16 3.2 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 17 3.3 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) 18 3.4 Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) 19 3.5 Taxas de Armazenagem e de Capatazia 19 3.5.1 Portuária 19 3.5.1.1 Capatazia 19 3.5.1.2 Armazenagem 20 3.5.2 Aeroportuárias 20 3.5.2.1 Capatazia 20 3.5.2.2 Armazenagem 21 3.5.3 Ataero 22 3.6 Taxa de Utilização do Siscomex 22 3.7 Encargos Relativos à Defesa Comercial 22 3.8 Cide 23 CAPÍTULO IV CÂMBIO NA IMPORTAÇAO 24 4.1 Remessas 25 4.2 Cobrança 25 4.3 Carta de Crédito 26 4.4 Importações com Prazos Superiores a 360 dias 26 CAPÍTULO V CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIA 28 CAPÍTULO VI

44 DESPACHO ADUANEIRO 29 6.1 Início do Despacho 29 6.2 Prazo para Início 30 6.3 Pessoas Habilitadas 30 6.4 Documentos Instrutivos do Despacho Aduaneiro 30 6.5 Parametrização 31 6.6 Conferência Aduaneira 31 6.7 Valoração Aduaneira 31 6.8 Desembaraço Aduaneiro 32 CAPÍTULO VII CUSTOS DE IMPORTAÇÃO 33 CAPÍTULO VIII TRANSPORTE EM VEÍCULO DE BANDEIRA 35 BRASILEIRA 8.1 Transporte Marítimo 35 8.2 Transporte Aéreo 35 8.3 Liberação de Carga 36 CAPÍTULO IX ROTEIRO BÁSICO DE UMA IMPORTAÇÃO 37 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40 ÍNDICE 42