MÉDIO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE CAMPO GRANDE/MS



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Transcrição:

HÁBITOS ALIMENTARES E NUTRICIONAIS DE JOVENS DO ENSINO MÉDIO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE CAMPO GRANDE/MS Daniela Santana de Carvalho Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Vera de Mattos Machado Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) RESUMO O objetivo do presente estudo foi o de verificar os hábitos alimentares e nutricionais de alunos de uma turma do 3º ano do E.M de uma escola pública de Campo Grande-MS e desenvolver uma ação didática de orientação para uma alimentação saudável. A presente pesquisa é de natureza qualitativa e quantitativa, do tipo exploratório, com dados coletados junto aos alunos, professor, diretor e responsável pela cantina. Verificamos que não existem regras estabelecidas para os jovens pesquisados em suas casas, e que grande maioria se alimenta mal, durante as refeições. Poucos se alimentam da merenda escolar e muitos consomem o lanche da cantina. Concluímos que a escola e os pais são peças fundamentais na orientação dos jovens para aquisição de hábitos alimentares nutricionais saudáveis. Palavras chaves: Hábitos Alimentares Saudáveis; Ensino Médio; Ensino de Biologia; Orientação Familiar. HÁBITOS ALIMENTARES E NUTRICIONAIS DE JOVENS DO ENSINO MÉDIO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE CAMPO GRANDE/MS Daniela Santana de Carvalho Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Vera de Mattos Machado Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) INTRODUÇÃO A obesidade vem aumentando consideravelmente na população jovem. A literatura médica aponta que os riscos associados ao sobrepeso e a obesidade, em qualquer faixa etária, são muitos, tais quais: a hipertensão arterial; dislipidemias; diabetes mellitus tipo 2 (DM2); doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; doenças biliares; osteoartrite; apneia do sono e certos tipos de câncer, tais como do endométrio, mama, próstata e cólon. (Andrade; Bosi, 2003). Segundo as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os casos de obesidade na fase infantil e juvenil aumentaram significativamente nos últimos 20 anos no Brasil, devido a um cardápio rico em açúcar e gorduras saturadas. Conforme o IBGE, 1483

mais de 50% das crianças e adolescentes comem fora de casa esse tipo de alimentação. Esses alimentos possuem abundância energética e é pobre em nutrientes, o que provoca o aumento de massa corporal (IBGE, 2012). Isso, aliado ao comportamento sedentário dos jovens, que atualmente preferem ficar parados em frente aos computadores e televisões, como forma de lazer, em vez de optarem por atividades físicas ao ar livre. Diante das observações anteriores, entendemos o motivo pela qual o lanche nas escolas tem sido alvo de grande preocupação para pais, educadores e autoridades públicas no Brasil. É imprescindível que crianças e adolescentes tenham uma alimentação saudável e equilibrada durante o período de desenvolvimento físico e psicológico, em casa e na escola. Como as ofertas de alimentos, atualmente, são muitas, é preciso intervir e mediar os hábitos alimentares dos jovens, pois, nem sempre esses alimentos são os mais adequados para atender às necessidades nutricionais dessa população. Na escola, como é de conhecimento, a merenda ou o lanche representam um percentual pequeno da ingestão diária nutricional dos alunos, e muitas polêmicas têm sido observadas em relação à sua qualidade. Mais do que representar apenas um dos períodos para alimentação, a escola é responsável por ações educativas que envolvem alimentação e nutrição, já que tais ações fazem parte do currículo escolar. Isso sem falar que várias crianças e adolescentes que frequentam as escolas, principalmente as públicas, necessitam da alimentação fornecida por ela, pois em seus lares muitas vezes não possuem acesso à alimentação balanceada. Esse tipo de preocupação levou o Governo Federal do Brasil a desenvolver políticas públicas voltadas à nutrição e a merenda escolar. No Brasil, o PNAE (efetivado pela Lei 11.947/2009), possui como principal objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e à formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, seguido de várias ações como: Inserção de educação nutricional no currículo; Capacitação de nutricionista, conselheiros, merendeiros, gestores públicos, e agricultores familiares; Projeto educando com a horta escolar; Cooperação internacional para programar programas de alimentação escolar. De acordo com a Lei 11.947//2009, entende-se por alimentação escolar todo alimento oferecido no ambiente escolar, independentemente de sua origem, durante o período letivo (BRASIL-PNAE, 2009). Dessa forma, independente da escola ser pública ou privada, e se esta oferece alimentos a seus alunos, estes alimentos têm que estar enquadrados nas diretrizes estipuladas pelo PNAE, que são: 1) Incorporação da Educação Alimentar no processo de ensino e 1484

aprendizagem; 2) Universalização da Alimentação Escolar para todos os alunos da rede pública de ensino da educação básica (incluindo todos os alunos do ensino médio e do EJA); 3) Apoio ao desenvolvimento sustentável, por meio da aquisição de gêneros alimentícios diversificados e produzidos em âmbito local, preferencialmente pela Agricultura Familiar e empreendedores familiares priorizando as comunidades tradicionais; 4) O acesso à alimentação escolar de forma igualitária é um Direito, de que sejam respeitadas as diferentes faixas etárias, as condições de saúde dos alunos que necessitam de atenção específica e os que se encontram em estado de vulnerabilidade social estipuladas pelo PNAE. (BRASIL- PNAE, 2009) Nessa direção, muitas escolas têm reformulado suas cantinas com o objetivo de melhorar os hábitos alimentares dos alunos. As crianças e adolescentes precisam voltar para casa como se tivessem sido alimentadas pela própria família. Desta forma, na escola a merenda escolar, deve ser composta por alimentos energético-proteicos, sobremesa e bebida, respeitando os princípios da proporcionalidade, moderação e variedade, conforme proposta da PNAE (2009). Complementando o trabalho alimentar da escola, cabe aos professores à tarefa de desenvolver temáticas e conteúdos sobre alimentação e nutrição, bem como sobre a obesidade/desnutrição infanto-juvenil. Um programa de educação para uma alimentação saudável pode ir além das atividades em sala de aula. Sendo assim, a escola deve propiciar condições de concretização dos conceitos teóricos apresentados aos alunos como determina a Portaria Interministerial Nº. 1.010 de 8 de maio de 2006, que recomenda [...] incorporar o tema alimentação saudável no projeto político pedagógico da escola, perpassando todas as áreas de estudo e propiciando experiências no cotidiano das atividades escolares. Anteriormente a esta Portaria, o Ministério da Educação (MEC), por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Ciências Naturais (1998), das Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCEM), em 2001, e do Tema Transversal Saúde (2001), já recomendava o desenvolvimento das temáticas Alimentação e Nutrição em sala de aula pelo professor, como forma de desenvolver orientações e propiciar mudanças nos hábitos alimentares e nutricionais dos alunos. De acordo com o exposto, esses conteúdos, quando bem lecionados, podem contribuir muito com a aquisição de conhecimentos sobre hábitos saudáveis de alimentação e nutrição, e contribuir com a diminuição da obesidade infanto-juvenil, doença atualmente preocupante, e de outras enfermidades correlatas. 1485

Portanto, diante do aumento dos índices de obesidade entre crianças e adolescentes no Brasil, relacionados ao fator alimentação, e da importância da escola para a formação de hábitos saudáveis em crianças e adolescentes, propusemos a presente pesquisa: Hábitos alimentares e nutricionais de jovens do ensino médio de uma escola pública de Campo Grande/MS, cujo objetivo foi o de verificar os hábitos alimentares e nutricionais de alunos de uma turma do ensino médio, na escola e em casa, e desenvolver uma ação didática de orientação para uma alimentação saudável dos mesmos. TRAJETÓRIA DA PESQUISA Na presente pesquisa optamos pela busca qualitativa e quantitativa dos dados, por meio da pesquisa exploratória. Segundo Heerdt (2007), o foco principal da pesquisa exploratória é propiciar afinidade com o objeto de estudo, a partir de formulação de um problema ou elaboração, de forma mais precisa, de uma hipótese. Nesse caso, segundo Köche (1997, p. 126), [...] é necessário desencadear um processo de investigação que identifique a natureza do fenômeno e aponte as características essenciais das variáveis que se quer estudar. Dessa forma, a questão problema, que desencadeou a pesquisa foi: Como são os hábitos alimentares e nutricionais de alunos de uma turma do ensino médio, na escola e em casa? Da pesquisa participou uma turma do 3º ano do Ensino Médio. A faixa etária desses alunos variou de 16 a 18 anos, que forneceram depoimentos sobre seus hábitos alimentares e conhecimentos sobre essa temática. A pesquisa foi realizada na Escola Estadual Arlindo de Andrade Gomes, situada na Av. Júlio de Castilho, nº 1360, Santo Amaro, Campo Grande- MS. As variáveis da pesquisa foram obtidas pelo levantamento e coleta de dados conforme os dados a seguir: Etapa 1: Contato prévio com o diretor da escola, solicitando o espaço e a disponibilidade para a realização do estudo. Para isso, ele assinou o Termo de Livre Consentimento Esclarecido (TLCE), modelo fornecido pelada Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Etapa 2: Contato com o professor regente da disciplina de Biologia, da turma participante da pesquisa, para disponibilidade de utilizar-mos uma de suas aulas, o professor também assinou o TLCE da UFMS. Por sua vez, entramos em contato com a turma, levando 1486

informações sobre a pesquisa: identificação da universidade e o curso da pesquisadora, desenvolvimento da pesquisa (etapas), tempo de duração e utilização das aulas de Biologia. Etapa 3: Entrevista com o dono da cantina, onde foi questionado sobre quais alimentos que ele vendia na escola e o por quê da venda desses alimentos. Etapa 4: No primeiro contato com os alunos foi desenvolvida uma atividade explicativa sobre o preenchimento de duas tabelas, que os alunos levariam para casa. Em uma das tabelas os alunos responderiam, durante uma semana, o que foi ingerido em casa (no café da manhã, no almoço, no café da tarde e no jantar), e na outra tabela responderia, também durante uma semana, o que foi ingerido durante o intervalo/recreio na escola. Etapa 5: No segundo contato com os alunos, objetivamos orientá-los sobre a importância de uma alimentação saudável, e esclarecer dúvidas sobre os alimentos consumidos no cotidiano deles. Nesse encontro foi realizada uma aula expositiva dialogada, com apresentação de slides, com várias figuras sobre o tema abordado, e contendo dados coletados nas tabelas preenchidas por eles próprios. Etapa 6: Posteriormente, após uma semana, foi aplicado aos alunos um questionário com 7 (sete) questões, referente à aula sobre alimentação saudável. Este questionário teve o propósito de verificar se, de algum modo, houve mudança na visão dos alunos com relação à própria alimentação, e se eles passariam a se preocupar com ela. As questões e alternativas foram as seguintes: 1)Você acha que come: ( ) Em excesso ( ) Muito ( ) Normal ( ) Pouco 2)Você tem uma alimentação saudável? ( ) Sim ( ) Não 3) Quantas refeições você faz por dia? ( ) 1 ou 2 ( ) 3 ou 4 ( ) 5 ou 6 ( ) 7 ou 8 4) Seus pais interferem na escolha da sua alimentação? ( ) Sim ( ) Não 5) Antes da aula sobre alimentação saudável você conhecia os riscos dos alimentos ingeridos? ( ) Sim ( ) Não 6) Depois da aula sobre alimentação saudável você passou a mudar sua alimentação? ( ) Sim ( ) Não 7) Você considera saudável os alimentos vendidos na cantina? ( ) Sim ( ) Não. De posse das respostas obtidas no questionário aplicado aos alunos, e dos outros dados coletados, pudemos desenvolver algumas análises e discussões, a serem expostas a seguir, como forma de contribuição com a temática em pauta na pesquisa. ANÁLISE E DISCUSSÃO 1487

A realidade que se presencia na cantina da escola pesquisada é bem diferente do que se é exigido pela lei 11.947/2009, já citada neste texto. Na entrevista concedida pelo dono da cantina da escola, na qual foram feitas 2 (duas) perguntas ele afirmou que: Antigamente eu vendia salgados, lanches, bolos, chocolates, refrigerantes e frituras, mais hoje em dia eu só vendo lanche natural, alguns salgados assados, barra de cereal, sucos naturais, chá, água com gás e sem gás. E complementou: Parei de vender esse tipo de alimento devido à lei (referiu-se a Lei 11.947//2009). Essas respostas foram utilizadas para a análise e discussão dos outros dados da pesquisa. Diante da resposta do dono da cantina da escola, os lanches vendidos aos alunos estavam de acordo com as exigências do Governo Federal, o que foi contradito pelos alunos, que relataram que compram salgados, refrigerantes, bolos e doces na cantina, durante o intervalo/recreio. Nesse sentido, verificamos que é preciso uma maior vigilância por parte dos educadores, nas cantinas das escolas, e exigir que a lei seja realmente cumprida pelos responsáveis por esses estabelecimentos. Com relação às tabelas 1 e 2 (descritas na Etapa 4) entregues aos alunos, obtivemos uma estimativa de quantos possuem uma alimentação considerada saudável e equilibrada, de acordo com o recomendado pelos nutricionistas, e quantos possuem uma alimentação inconsistente com a demanda nutricional exigida na fase de desenvolvimento a qual eles se encontram. De acordo com as tabelas 1 e 2, dos alimentos ingeridos em casa e na escola pelos alunos, elaboramos análise quantitativa (percentuais) e qualitativa, conforme apresentada a seguir. De acordo com os dados obtidos, observou-se que uma estimativa de 53% dos alunos tomam café da manhã de vez enquanto, o que já é um indício de um hábito alimentar incorreto, já que o café da manhã é considerado pela grande maioria dos nutricionistas uma das principais refeições do dia; 21%, não tomam café da manhã; e, 26% tomam café diariamente. Quanto aos itens consumidos pelos alunos que tomam café da manhã (que são 26%), observa-se que 50%, possui um hábito saudável, apresentando dietas que incluem o pão e o leite, que são importantes fontes de proteínas e vitaminas. Outros 32%, incluem em sua dieta matinal, frutas, sucos e vitaminas, o que constitui também uma fonte rica de energia e nutrientes necessários para um desenvolvimento saudável. Dentre os tomam café da manhã (18%), alguns apresentam uma alimentação incorreta, pois ingerem salgados e lanches pela manhã. Com relação ao almoço, a alimentação deve ser completa, incluindo carboidratos, proteínas e fibras, encontradas em alimentos estruturais como: arroz, feijão, carnes e vegetais, 1488

conforme recomendação de nutricionistas. Esses alimentos são básicos e devem entrar na alimentação de qualquer pessoa, principalmente quando se encontra em fase de crescimento. Com base nas respostas dos alunos, observamos que todos eles (100%) ingerem esses alimentos no almoço. Ainda referente ao almoço, o consumo de alimentos verdes, entram como importante fonte de fibras e sais minerais, que beneficiam o organismo, e evitam problemas do aparelho digestivo e do sistema nervoso. Entre as suas principais virtudes, deve destacar-se o fato de fortalecer os ossos e proteger a pele e as mucosas. E por isso mesmo, é um poderoso antioxidante e possui uma grande quantidade de bi flavonóides e indóis, substâncias vegetais que protegem contra diversos tipos de feridas. (REEDUCAÇÃO ALIMENTAR, SETEMBRO, 2007). Entretanto, nem todos os alunos pesquisados possuem o hábito correto de comer vegetais verdes. De acordo com os resultados obtidos, 42% não ingerem saladas em sua alimentação, o que mostra que estes podem vir a apresentar deficiências desses nutrientes, 37% comem salada mais de duas vezes na semana e 21% apresentam em sua rotina o hábito de consumir verduras todos os dias. Entre os hábitos alimentares de crianças e adolescentes, é muito comum notar uma preferência pelo consumo de frituras e alimentos industrializados. Em muitos casos, observase a substituição do almoço ou do jantar pelos famosos fast foods, de alta densidade energética, ricos em moléculas de gorduras, colesterol, sódio e açúcar, e que não possuem todos os nutrientes necessários para manutenção de uma boa saúde. Entre os entrevistados, percebemos que apenas 13% dos alunos possuem esse hábito não recomendado por especialistas da área da nutrição, enquanto que a maioria consome esses itens apenas nos finais de semana. É importante ressaltar, que é muito alto o índice de consumo dos alimentos do tipo fast foods, pois a grande maioria declara que os consome mais de 3 vezes por semana. O que significa que não possuem uma dieta equilibrada em seu cotidiano, fato preocupante e que deve servir de alertar aos pais e as autoridades públicas brasileiras. Em continuidade aos itens das refeições, ingeridos pelos alunos, conforme preenchido na tabela 1, encontramos as massas, onde um percentual de 5% consomem massas mais de três vezes na semana, enquanto 3% consomem em média duas vezes na semana. A maioria, 79% consomem massas uma vez na semana. As massas, ricas em carboidratos, quando ingeridas em excesso podem causar deficiências alimentares, induzindo a obesidade, conforme as Diretrizes Brasileiras de Obesidade. Muitos dos alimentos que são inclusos na 1489

rotina da vida moderna, em geral, são massas diversas (macarrões, lasanhas, pizzas etc.). Contudo, entre os alunos pesquisados verificamos um baixo índice de utilização. Não podemos esquecer os legumes, que são importantes fontes de carboidratos, fibras, água e vitaminas, e entram na alimentação como importante fonte de cálcio, fósforo e ferro. Raramente entra na rotina alimentar das pessoas, inclusive de crianças e adolescentes, que necessitam dos nutrientes neles encontrados. Verificamos que 87% dos alunos não comem legumes, enquanto que apenas 13% ingerem esses alimentos. O fato da grande maioria dos alunos não consumirem legumes em sua alimentação, é outro ponto preocupante, e denota uma alimentação não equilibrada sob o ponto de vista nutricional. Isto pode influenciar no desenvolvimento físico e na saúde desses jovens. Outro problema que interfere bastante na alimentação da maioria das crianças e adolescentes é o consumo rotineiro de refrigerantes e sucos artificiais. As consequências nutricionais desse consumo exacerbado são, principalmente, aumentar os níveis de colesterol das pessoas. Refrigerantes a base de cola podem acarretar problemas para os músculos, o refrigerante acaba por dilatar o estômago e acaba fazendo com que a pessoa coma mais do que o necessário e também aumenta a acidez estomacal, fazendo com que a pessoa possa ter gastrite e até úlcera. Resultantes dos seus altos teores de gordura e hidratos de carbono, que são fatores para o surgimento de distúrbios como a obesidade. Além disso, refrigerantes por serem rico em fósforo trazem problemas futuros, como por exemplo, a osteoporose. Um ponto a ressaltar, é com relação ao hábito de ingerir líquidos com a comida. De acordo com as respostas dos alunos, grande parte não ingere líquidos durante as refeições. Entre o consumo de bebidas, poucos ingerem sucos naturais. A maioria, 79% não toma suco. Apenas um percentual de 13% tomam suco quase todos os dias e 8% tomam suco de uma a duas vezes na semana. Especificamente, referente aos refrigerantes, percebemos que entram consideravelmente no cardápio juvenil, apresentando percentuais entre os alunos, de 74% consumindo este tipo de bebida mais de três vezes na semana, enquanto que 26% consomem refrigerantes apenas uma vez na semana. Focando o lanche da tarde, os mais populares e que constituem a gama alimentar dos jovens, são os produtos com sabores intensos: doces, chocolates, biscoitos, produtos lácteos, frutas sucos de frutas, refrescos e pão. Entretanto, o lanche da tarde deve ser uma alimentação leve, de preferência baseada no consumo de frutas, conforme recomendação dos nutricionistas. Dentre os alunos entrevistados, a maioria tem o hábito de tomar café da tarde, onde 95% deles lancham à tarde, e apenas um percentual de 5% não lancham. Dentre os 95% dos alunos que tomam lanche à tarde, o pão e leite aparecem com um percentual de 24% dos 1490

alunos que admitiram ingeri-los pelo menos três vezes na semana, e 76% que não consomem esses itens em nenhum dia. Dos 76% dos alunos pesquisados, que não consomem pão e leite, 32% consomem salgados no café da tarde, o restante ingere alimentos variados ou simplesmente não comem nada, conforme veremos adiante. Percebemos, também, que os alunos raramente consomem cereais e frutas, que em geral é o recomendado. Entre os alunos observamos que 71% não consomem frutas e cereais e apenas 29% consomem, em média duas vezes na semana. Entre o cardápio vespertino dos alunos, tem se um quadro bastante diversificado, que inclui, também, alimentos ricos em carboidratos e açúcares, como: sorvetes, bolachas e bolos. Dentre esses itens, observa-se que um percentual de 39% consomem sorvetes mais de uma vez na semana, 36% consomem bolachas mais de uma vez na semana e 25% consomem bolos mais de uma vez na semana. Juntamente com os itens consumidos pelos alunos, é ingerido algum tipo de bebida. Entre os alunos pesquisados, que lancham um percentual de 58% não ingerem bebidas no lanche. Dentre os alunos que ingerem algum tipo de líquido no lanche, 21% tomam sucos mais de três vezes na semana e 21% ingerem refrigerantes de uma a duas vezes na semana. Com relação à alimentação noturna (jantar ou outra forma de alimentação), é recomendada que seja leve e contenha todos os nutrientes, de maneira balanceada, de acordo com as orientações de médicos e nutricionistas. Contudo, nem sempre os jovens seguem essas recomendações, e desenvolvem hábitos errados nessa importante refeição do dia. Entre os alunos participantes da pesquisa, observa-se que a maioria não se alimenta corretamente. Dentre os alunos que preencheram a tabela 1, de refeições em casa, um número considerável come pizza no jantar, contando com um percentual de 47%, em contraposição ao de percentual de 53% que não possui esse hábito. Observa se entre os alunos entrevistados, o costume de consumir outros tipos de massas no jantar, tais como salgados e lanches. 74% dos alunos consomem esses itens mais de duas vezes na semana, enquanto que 26% não os consomem. No que se refere ao consumo de arroz e feijão, observa-se que um percentual de 63% dos alunos consomem esses itens mais de três vezes na semana, enquanto 37% não consomem esses alimentos. Muitos desses alunos substituem o jantar por outros tipos de alimentos. Há os que consomem doces durante a noite. Dentre esses alunos, observa-se um percentual de 26%, enquanto que os que não ingerem doces formam um percentual 74%. Em alguns casos, o jantar é substituído por pães. Dos que se alimentam de pão, tem-se um 1491

percentual de 8%, enquanto que a maioria, com um percentual de 92%, não possuem o hábito de consumir pães. Quanto à tabela 2 preenchida pelos alunos, referente à merenda escolar, ingerida durante recreio, observa-se um percentual de 73% que come o lanche da cantina, enquanto 16% consomem a merenda escolar e 11% não tem o hábito de comer na escola. Dos que comem o lanche da cantina, observamos que a maioria dos itens comprados são guloseimas, tais quais: 37% dos itens consumidos são salgados; 24% refrigerantes; 18% bolos de chocolate; 12% sucos e 9% doces em geral. Diante do relato dos alunos sobre os alimentos consumidos por eles, comprados na cantina, fica claro o não cumprimento da Lei 11.947/2009, do que deve ser vendido na escola, contradizendo o depoimento do dono da cantina. Diante dos resultados obtidos, a partir das tabelas 1 e 2, preenchidas pelos alunos (refeições realizadas em casa e na escola), verificamos a necessidade de realizar uma aula sobre alimentação saudável informativa, dialogada e contextualizada. Para isso, foi planejada uma aula com bastante apelo visual, utilizando slides, contendo figuras de alimentos e textos informativos. Essa aula foi realizada em aproximadamente 50 minutos, no período matutino. A aula começou com a apresentação de slides, contendo figuras relacionadas à alimentação por eles descrita nas duas tabelas. A principal curiosidade dos alunos foi em relação às calorias presentes nos alimentos, gerando vários questionamentos, dentre eles: Esse alimento engorda muito?, Esse alimento da estria ou celulite?, Quantas vezes por semana seria o ideal consumir esse ou aquele alimento?, ou, até mesmo, fato vivenciado por uma aluna, Por isso que estou gorda?, Agora eu sei por que tantas estrias. Essas perguntas e relatos ocorreram principalmente pelas meninas. Durante a aula, o que foi observado é que os alunos possuíam livre acesso para escolher sua própria alimentação, e que tinham consciência de que sua alimentação não era tratada de forma correta. Porém, quando apresentado a eles, na aula, algumas curiosidades, como as calorias da maioria dos alimentos ingeridos por eles, demonstraram-se surpresos e interessados no assunto, gerando muitos debates a respeito do assunto, como as perguntas citadas no parágrafo anterior. Ao fim da aula, os alunos se mostraram satisfeitos, pois tiraram muitas dúvidas e até mesmo passaram, a saber, mais sobre os riscos da ingestão de alguns alimentos por eles consumidos. 1492

Em outra aula, foram aplicadas aos alunos algumas questões, onde foi possível observar, por meio das respostas emitidas por eles, que mais de 70% dos alunos confirmaram que comem em excesso, e que sabem que possuem uma alimentação incorreta. Um fato chamou a nossa atenção, foi de que 90% dos alunos responderam que seus pais não interferem em sua alimentação, é importante ressaltar que cabe também aos pais se preocuparem, além de orientarem seus filhos a terem uma alimentação correta. Conseguimos verificar também, com as respostas dos alunos, que antes da aula eles faziam suas próprias escolhas em relação aos alimentos, mesmo sabendo que se tratava de uma escolha incorreta. Eles declararam como resposta ao questionário, que passariam a pensar mais antes das escolhas alimentares, principalmente depois de passar a conhecer as calorias presentes nesses alimentos, sobretudo as meninas, provavelmente por motivos estéticos. CONSIDERAÇÕES FINAIS No caso dessa pesquisa, percebeu-se que grande parte dos pais ou responsáveis pelos alunos participantes, não condiciona bons hábitos alimentares aos filhos. Demonstrando que não existem regras ou critérios alimentares e nutricionais estabelecidos para esses jovens. Entre a grande parte, notamos um consumo quase que constante de massas, fast foods, e refrigerantes, tanto no almoço, quanto no jantar. Esses hábitos incorretos são fatores que podem desencadear futuramente distúrbios como obesidade, hipertensão e doenças cardíacas. Contudo, para que os alunos tenham uma alimentação saudável, de fato, não depende somente da escola e da família, mas sim deles próprios, pois o que percebemos foi que a escola fornece alimentos saudáveis, porém os alunos fazem suas próprias escolhas, deixando de lado a alimentação saudável servido pela merenda escolar, optando pelos alimentos, muitas vezes incorretos, vendidos na cantina. Ou em casa, desde o café da manhã até o jantar, optando por alimentos calóricos e de baixo valor nutricional. Com relação aos resultados obtidos, verificamos, ainda, que há necessidade de uma mudança significativa nos hábitos alimentares dos alunos pesquisados, sob pena de se tornarem adultos com graves problemas de saúde. Com relação à escola, apesar do tema Saúde / Alimentação ser considerado pelo MEC um tema transversal, o papel do professor de Biologia é fundamental, pois ao desenvolver o currículo da área possui subsídios científicos, tecnológicos e sociais para 1493

abordar o assunto de forma contextualizada, conforme propõem as Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCEM). REFERÊNCIAS: ANDRADE, Â., BOSI, M.L.M. Mídia e subjetividade: impacto no comportamento alimentar feminino. Revista de Nutrição, 2003. BRASIL (1998). Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental (PCN). BRASIL Ministério da Saúde.Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), (2011). BRASIL Ministério da Saúde. Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), (2009). BRASIL Programa Nacional do Livro Didático (PNLD),(2008). BRASIL.Ministério da Saúde.Segurança Alimentar e Nutricional(SAN) BRASIL.Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde (PNS) HEERDT, Mauri Luiz. Metodologia científica e da pesquisa: livro didático. 5. ed. rev. e atual. Palhoça Unisul Virtual, 2007. KOCHE, J.C. Fundamentos de metodologia da pesquisa. 14. Ed.rev. e ampl. Petrópolis: vozes, 1997. REEDUCAÇÃO ALIMENTAR. Disponível em http://www.reeducacao--alimentar.com.br. Acesso em 02 de janeiro de 2013. 1494