Modelo e Implementação para Gestão de Conhecimento em Comunidades Virtuais de Software Livre

Documentos relacionados
perspectivas e abordagens típicas de campos de investigação (Senra & Camargo, 2010).

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA E INFORMÁTICA BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO RAPID APPLICATION DEVELOPMENT

5 Conclusão. FIGURA 3 Dimensões relativas aos aspectos que inibem ou facilitam a manifestação do intraempreendedorismo. Fonte: Elaborada pelo autor.

3 Qualidade de Software

O DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA GESTÃO DE PROJETOS

Tutorial 7 Fóruns no Moodle

Conceitos Básicos de Rede. Um manual para empresas com até 75 computadores

Unidade 8: Padrão MVC e DAO Prof. Daniel Caetano

O MOODLE COMO FERRAMENTA DIDÁTICA

18º Congresso de Iniciação Científica IMPLEMENTAÇÃO DE UM MODELO DE TESTE DE APLICAÇÕES WEB

DESENVOLVIMENTO DE UMA APLICAÇÃO WEB PARA AQUISIÇÃO DE DADOS E GERAÇÃO DE ÍNDICES AMBIENTAIS. Rafael Ferreira de Paula Paiva.

Software Livre e Engenharia Elétrica

ANEXO I - TERMO DE REFERÊNCIA NÚCLEO DE EMPREENDIMENTOS EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ARTES NECTAR.

Biblioteca Virtual de Soluções Assistivas

Catálogo de Padrões de Dados

agility made possible

2 Fundamentação Conceitual

Aula 2 Revisão 1. Ciclo de Vida. Processo de Desenvolvimento de SW. Processo de Desenvolvimento de SW. Processo de Desenvolvimento de SW

3 Método 3.1. Entrevistas iniciais

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

JOGOS ELETRÔNICOS CONTRIBUINDO NO ENSINO APRENDIZAGEM DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NAS SÉRIES INICIAIS

PPGI-SGPC Sistema Para Gestão da Produção Científica

Sistema Datachk. Plano de Projeto. Versão <1.0> Z u s a m m e n a r b e i t I d e i a s C o l a b o r a t i v a s

PLATAFORMA MOODLE: POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR. Profª Drª Nara Nörnberg Assessora Pedagógica Unisinos EaD

Engenharia de Software e Gerência de Projetos Prof. Esp. André Luís Belini Bacharel em Sistemas de Informações MBA em Gestão Estratégica de Negócios

Os Estilos de Pesquisa na Computação. TCC Profº Carlos José Maria Olguín

Curso: Diagnóstico Comunitário Participativo.

2 Engenharia de Software

Transformação de um Modelo de Empresa em Requisitos de Software

Gerenciamento de Projetos Modulo II Clico de Vida e Organização

* Técnicas Avançadas. Desenvolvimento de SOFTWARES. Sistemas de Gerenciamento de Conteúdo com Joomla e Magento

5 CONCLUSÃO Resumo

CA Mainframe Chorus for Security and Compliance Management Version 2.0

CA Mainframe Chorus for Storage Management Versão 2.0

Desenvolvendo um Ambiente de Aprendizagem a Distância Utilizando Software Livre

2 Gerenciamento de Log 2.1 Definições básicas

PRODUTO 1 (CONSTRUÇÃO DE PORTAL WEB)

5 Considerações finais

Capítulo 2. Processos de Software Pearson Prentice Hall. Todos os direitos reservados. slide 1

BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EaD UAB/UFSCar Sistemas de Informação - prof. Dr. Hélio Crestana Guardia

A INCLUSÃO DOS DIREITOS HUMANOS NAS TURMAS DO EJA POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA AULA 14 PROFª BRUNO CALEGARO

Investigação sobre o uso do ambiente Moodle pelos professores de uma instituição de ensino superior pública

UNICE Ensino Superior Linguagem de Programação Ambiente Cliente Servidor.

5.1. Análise Comparativa

UM ESTUDO SOBRE OS FRAMEWORKS JSF E PRIMEFACES NO DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE WEB

OS NOVOS PARADIGMAS DA FORMAÇÃO CONTINUADA: DA EDUCAÇÃO BÁSICA À PÓSGRADUAÇÃO

QUALIDADE DE SOFTWARE

ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DOS SITES QUE DISPONIBILIZAM OBJETOS DE APRENDIZAGEM DE ESTATÍSTICA PARA O ENSINO MÉDIO 1

CONSTRUÇÃO DE QUADRINHOS ATRELADOS A EPISÓDIOS HISTÓRICOS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA RESUMO

Construindo sítios profissionais com Mambo

Projeto SIAC 2.0: Uma aplicação do framework Demoiselle para o desenvolvimento de Sistema de Informações Acadêmicas da UFBA (SIAC)

BUSCANDO UM PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE PARA AUXILIAR A GESTÃO DE PRODUÇÃO DO PBL-VE E DO PBL-VS

Software livre e Educação: vantagens e desvantagens das novas tecnologias

Objetivos Específico

Realizado de 25 a 31 de julho de Porto Alegre - RS, ISBN

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

Aprimoramento através da integração

Metadados. 1. Introdução. 2. O que são Metadados? 3. O Valor dos Metadados

Submissão Autenticada de Ficheiros ao SIGEX

Base Nacional Comum Curricular Lemann Center at Stanford University

Escola de Contas Públicas Tribunal de Contas do Estado de São Paulo

JORNADA DE COMPRA. O que é e sua importância para a estratégia de Marketing Digital VECTOR

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

MÓDULO 9 METODOLOGIAS DE DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS

Processo de Desenvolvimento de Software

AUTOR(ES): JULIANO PEREIRA SALES, ALEXANDRE TAVARES SILVA, ANDRÉ VINICIUS SOUZA FELICIO, DAVID SANTANA CARVALHO, ROGER JURADO VALLEJOS FERNANDEZ

Aula 1: Demonstrações e atividades experimentais tradicionais e inovadoras

Computador E/S, Memória, Barramento do sistema e CPU Onde a CPU Registradores, ULA, Interconexão interna da CPU e Unidade de controle.

APERFEIÇOAMENTO DE PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS PARA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ONLINE: IMPLANTAÇÃO DE RELATÓRIOS ARMAZENÁVEIS

No projeto das primeiras redes de computadores, o hardware foi a principal preocupação e o software ficou em segundo plano.

Tiago Rodrigo Marçal Murakami

Brincando com as Letras: Um serious game para o ensino do Alfabeto

Gestão de impactos sociais nos empreendimentos Riscos e oportunidades. Por Sérgio Avelar, Fábio Risério, Viviane Freitas e Cristiano Machado

Planejamento - 7. Planejamento do Gerenciamento do Risco Identificação dos riscos. Mauricio Lyra, PMP

Resolução da lista de exercícios de casos de uso

AUDIÊNCIA PÚBLICA - AP 028/2014. Contribuição do Grupo Energias do Brasil EDP

Internet. Gabriela Trevisan Bacharel em Sistemas de Infomação

Introdução Ciclo de vida tradicional de desenvolvimento Prototipagem Pacotes de software Desenvolvimento de 4ª geração Terceirização

E-COMMERCE COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR FRENTE ÀS TRANSAÇÕES ON-LINE 1. Tahinan Pattat 2, Luciano Zamberlan 3.

MODELAGEM MATEMÁTICA: PRINCIPAIS DIFICULDADES DOS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO 1

Unidade II MODELAGEM DE PROCESSOS

PMBoK Comentários das Provas TRE-PR 2009

Relatório referente ao período de 24 de abril de 2007 a 29 de maio de 2007.

Produção musical para jogos eletrônicos

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL A PARTIR DE JOGOS DIDÁTICOS: UMA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA NO MUNICÍPIO DE RESTINGA SÊCA/RS/Brasil

Monitoria como instrumento para a melhoria da qualidade do ensino em Farmacotécnica

Endereço de acesso:

Tencologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas Disciplina: WEB I Conteúdo: Arquitetura de Software Aula 03

USO DOS SOFTWARES GEOGEBRA E WXMAXIMA: COMO RECURSO METODOLÓGICO NO ENSINO DE MATEMÁTICA

LISTA DE VERIFICAÇAO DO SISTEMA DE GESTAO DA QUALIDADE

3 Gerenciamento de Projetos

Em FORMATO E-LEARNING PQ A Página 1 de 6

ESTATÍSTICA BÁSICA NO CURSO DE TÉCNICO INTEGRADO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

COORDENAÇÃO DE EAD MANUAL DE UTILIZAÇÃO DO MOODLE 2.6 PERFIL ALUNO. Versão 1.0

Ambiente de Simulação Virtual para Capacitação e Treinamento na Manutenção de. Disjuntores de Subestações de Energia Elétrica,

Engenharia de Software II

natureza do projeto e da aplicação métodos e ferramentas a serem usados controles e produtos que precisam ser entregues

Transcrição:

Modelo e Implementação para Gestão de Conhecimento em Comunidades Virtuais de Software Livre Tiago Nicola Veloso, Licia de Cassia Nascimento, Flávia Maria Santoro Departamento de Informática Aplicada Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Rio de Janeiro, RJ Brasil {tiago.veloso,licia.nascimento,flavia.santoro}@uniriotec.br Abstract. Knowledge exchange in Free Software Virtual Communities is intense. However, often, members have to face a situation answering the same questions and doubts from his peers and solve very similar problems but in different contexts. We observe that Knowledge Management is essential for the development of these communities. This paper proposes a solution that encompasses the adoption of an argumentation model and a tool developed to implement it in a forum system. Resumo. A troca de conhecimento em Comunidades Virtuais de Software Livre é intensa. No entanto, frequentemente, seus membros se veem diante da situação de responder as mesmas perguntas e dúvidas de seus pares e resolver problemas bastante similares em contextos diferentes. Observa-se que a Gestão de Conhecimento é essencial para o crescimento das comunidades. Este artigo propõe uma solução que engloba a adoção de um modelo de argumentação e uma ferramenta desenvolvida para implementá-lo em um sistema de fórum. 1. Introdução Os ideais libertários não são recentes na história da humanidade. Há milhares de anos e até hoje, diversos movimentos têm a liberdade como sua bandeira. Com a revolução da Internet e dos meios de comunicação, esses movimentos e ideais puderam alcançar lugares antes inimagináveis. Este artigo aborda a gestão de ambientes onde se pratica a liberdade de conhecimento, e, mais especificamente, a liberdade de software, com o Software Livre. "Dados olhos suficientes, todos os erros são triviais" [Raymond 1999] é o enunciado da Lei de Linus, que define a ideia de que quanto maior o número de colaboradores, mais rapidamente os problemas serão detectados e corrigidos. Esse é o princípio do modelo Bazar, onde o desenvolvimento do código é feito de forma aberta e pública. Creditado por Raymond ao criador do Linux, Linus Torvalds, esse é o modelo de desenvolvimento adotado na maioria dos projetos de software livre. O Software Livre pressupõe liberdades para que todos possam usar, copiar, estudar, modificar e redistribuir programas de computador. Essa liberdade proporciona evolução e melhora contínua, com a criação de comunidades nas quais a característica mais nítida é o compartilhamento do conhecimento. A Gestão de Conhecimento, portanto, pode ser vista como ferramenta para otimizar a própria liberdade do

conhecimento. Assim, o artigo irá abordar um dos principais problemas das comunidades virtuais de software livre e como a gestão de conhecimento pode auxiliar na sua solução. O resultado final dessa primeira etapa foi o desenvolvimento de um software de apoio baseado em um novo modelo de argumentação, como será apresentado nas seções seguintes. O artigo possui 5 seções. A Seção 2 faz uma análise e trata dos problemas acarretados pela falta da gestão de conhecimento nas comunidades virtuais de software livre; a Seção 3 introduz o modelo de argumentação proposto para auxiliar nesse problema; a Seção 4 começa a tratar das implementações, apresentando o ambiente desenvolvido; e a Seção 5 conclui o artigo, com as contribuições e os diversos projetos futuros. 2. Gestão de Conhecimento em Comunidades Virtuais de Software Livre Comunidades de Prática são grupos de pessoas que compartilham um interesse, um conjunto de problemas ou entusiasmo sobre algum assunto e que aprofundam seu conhecimento e habilidades nesta área conforme interagem regularmente.. [Wenger 2006] As Comunidades Virtuais de Software Livre vão além do conceito de Comunidades de Prática - seus membros também trabalham construindo conhecimento e produtos que serão compartilhados não apenas entre eles, mas com toda a sociedade. O principal ciclo da Gestão de Conhecimento envolve capturar, representar, armazenar, recuperar e compartilhar o conhecimento. [King, Marks e McCoy 2002] Em um ambiente completamente propício como o das Comunidades Virtuais de Software Livre, no entanto, não é comum encontrar casos de aplicações de técnicas, arquiteturas ou modelos para apoiar a Gestão de Conhecimento. Por ser uma fonte rica no desenvolvimento de ferramentas, criação e reuso do conhecimento, pode-se observar com facilidade a necessidade de uma melhor gestão para o seu crescimento. Pesquisas [Nascimento e Santoro 2009] apontam que o sistema de fóruns de discussão é o mais utilizado, além das questões serem quase na totalidade respondidas e os participantes confiarem nas informações disponibilizadas. A pesquisa também revela os principais problemas: as interações não são estruturadas e, apesar de existir muito material nos repositórios, a resposta para um determinado problema nem sempre é fácil de ser encontrada. Com a análise detalhada do cenário, conclui-se a necessidade de uma estruturação voltada à Gestão de Conhecimento. É proposta uma arquitetura composta pelos módulos: controle de temas, controle de categorizações, controle de interações com modelo de argumentação, controle de tags, controle de avaliação, controle de artefatos, controle de reputação, controle de recomendação, controle de buscas, repositório de mensagens e repositório de artefatos.. [Nascimento e Santoro 2009] Na próxima seção, será abordado o modelo de argumentação - um dos principais componentes do modelo de arquitetura, responsável pelo controle das interações.

3. O Modelo de Argumentação ArFoLi Modelos de argumentação buscam estruturas para apoiar as discussões, com a identificação das contribuições de cada participante, o encadeamento das informações seguindo um método e a facilitação do acesso ao conhecimento - o que configura um processo de apoio a tomada de decisão. [Eden 1989] A proposta do modelo ArFoLi (Argumentação para Fórum de Software Livre) [Nascimento 2009] visa a atender as peculiaridades das Comunidades Virtuais de Software Livre. Com base nos modelos IBIS [Rittel e Kunz 1970] e Toulmin [Toulmin 1958], seu objetivo é a estruturação da discussão do problema e a organização das respostas dos participantes. Desta forma, com a identificação das etapas da discussão e das atuações de cada participante, é possível aprimorar a busca ao conhecimento. A inserção do conceito de encerramento busca uma estruturação mais completa, fundamental em ambientes com foco na resolução de problemas. O modelo ArFoLi acredita que, quanto mais estruturada a discussão, mais facilidade é agregada ao acesso e reuso do conhecimento. O modelo ArFoLi subdivide-se em seis categorias: questão, resposta, qualificação, argumento, tag e encerramento. Figura 1. Modelo de Argumentação ArFoLi A Questão é a dúvida do participante. Nas Comunidades Virtuais de Software Livre, as questões costumam ser levantadas após a tentativa da busca pelo conhecimento ter sido mal sucedida. Quanto melhor a Gestão de Conhecimento, portanto, menor a reincidência e o trabalho desnecessário para os participantes. A Resposta é a opinião de um participante sobre a respectiva questão. Normalmente, ela sugere uma solução baseada na experiência pessoal do participante, no seu conhecimento empírico. A Qualificação é um método simples para que os participantes conceituem, positiva ou negativamente, a qualidade da resposta de outro participante. De acordo com o grau de aceitação da comunidade, determinada resposta recebe destaque na discussão. O Argumento é utilizado quando um participante apoia ou contesta uma resposta

e deseja expressar textualmente, com sua argumentação. São sentenças ou declarações que fundamentam o conceito para a elaboração de uma melhor resposta final. A Tag é uma forma de identificação das mensagens, com o uso de "etiquetas" compostas por uma palavra ou um termo. Elas são complementares às mensagens, sem obrigatoriedade de uso, servindo como um nível extra de estruturação. As tags auxiliam no processo de busca do conhecimento, com a possibilidade de acesso às discussões através destas "etiquetas" identificadoras. O Encerramento é um conceito novo aos modelos de argumentação tradicionais, no qual o participante responsável pela questão define uma ou mais respostas como mais adequadas a sua dúvida. O intuito é estruturar uma conclusão, uma finalização da discussão, e, com isso, deixar mais claro para os participantes qual resultado ou solução do problema ficou acordada entre eles. Na seção a seguir, será introduzido o ambiente de testes e pesquisa implementado para suportar o modelo de arquitetura e, principalmente, o modelo de argumentação. 4. O Ambiente Fórum Livre Durante a pesquisa, foi criado o ambiente chamado Fórum Livre. Durante seu desenvolvimento, foram usados apenas softwares livres, como Ubuntu, Eclipse, PHP, MySQL e Apache. Sua tela inicial pode ser vista na Figura 2, a seguir. Figura 2. Tela inicial do Fórum Livre O ambiente é composto por um sistema de fóruns de discussão, extensões desenvolvidas por terceiros e uma extensão específica, desenvolvida durante a pesquisa, para implementar o modelo de argumentação proposto. Na seção seguinte, apresentaremos o sistema de fórum adotado, suas vantagens e

características. 4.1. O Sistema de Fórum Vanilla O Vanilla é um software livre para criação de sistemas de fóruns de discussão altamente extensível e personalizável. Seu objetivo é prover sistemas simples, compatíveis com os padrões Web. Esse foco na simplicidade é refletido em toda sua estrutura tanto no nível de código, quanto na interface com o usuário e no sistema modular de extensões. Esta característica foi decisiva na sua escolha. Fatores como reuso de software e compartilhamento de conhecimento foram vivenciados junto à Comunidade Virtual de Software Livre em torno do software Vanilla. A maior parte do modelo de arquitetura formado por estruturas de controle e repositórios foi implementada utilizando extensões previamente desenvolvidas pela comunidade. As adaptações necessárias e os problemas encontrados foram solucionados através da troca de conhecimento entre os desenvolvedores. No caso do modelo de argumentação, por se tratar de uma implementação muito específica, houve a necessidade de ser desenvolvido do início o que abordaremos na seção a seguir. 4.2. Implementação do Modelo ArFoLi O objetivo desta seção é apresentar o resultado da implementação do modelo ArFoLi em um ambiente real, no formato de fórum estruturado, utilizando as ferramentas citadas anteriormente. Tirando proveito das características principais do Vanilla sua extensibilidade e personalização, o desenvolvimento foi feito na forma padrão de extensão, com apenas PHP e Javascript. Portanto, instalar e remover a implementação do modelo ArFoLi em um fórum Vanilla são atividades triviais. Figura 3. Fórum Livre

O modelo de argumentação foi traduzido em uma interface voltada ao encadeamento das categorias de discussão. Esta característica da implementação permite que participantes que não estavam presentes possam, posteriormente, visualizar com maior clareza a estrutura e o andamento da discussão, aprimorando a recuperação do conhecimento. Toda discussão no Fórum Livre é iniciada com uma Questão, seguida de uma Resposta. A partir da resposta, o participante pode inserir um Argumento, conceituar uma resposta com uma Qualificação ou submeter outra resposta à questão. A qualquer momento, o participante que iniciou a discussão pode sinalizar o Encerramento, explicitando a resposta que auxiliou na resolução do problema. Figura 4. Tela com questões e respostas A extensão desenvolvida é um software livre e, atualmente, está em fase final de adequação ao modelo ArFoLi para liberação ao público. 5. Conclusões e Trabalhos Futuros A Gestão de Conhecimento em comunidades virtuais de prática está longe de ser uma questão trivial, resolvida apenas aplicando modelos ou métodos simples. A Internet é um ambiente amplo e heterogêneo, o que traz a necessidade de abordagens específicas para cada situação. No caso das Comunidades Virtuais de Software Livre, onde há maior propensão

ao auxílio e à participação, o uso da ferramenta desenvolvida é capaz de apoiar as discussões, facilitando a identificação das interações e o acesso ao conhecimento. Outros fatores benéficos são o acesso às respostas e aos argumentos através da estrutura de tags e o acesso aos artefatos separados por discussão. Dentre os trabalhos futuros, estão: migrar a extensão para o Vanilla 2, que está em fase final de testes; desenvolver implementações do modelo de arquitetura para outros sistemas de fórum, como o phpbb; documentar orientações para facilitar a implementação por outros desenvolvedores; aprimorar o modelo de arquitetura com recomendação automática de artefatos e discussões de acordo com as preferências do participante e a inserção da reputação do participante gerada pela sua atuação nas interações. Referências Raymond, E. S. (1999), The Cathedral & the Bazaar, O'Reilly. Wenger, E. (2006), Communities of practice: a brief introduction, http://ewenger.com/theory, acessado em maio de 2010. Kings, W., Marks, P. e McCoy, S. (2002), The Most Important Issues in Knowledge Management, Communications of the ACM, Vol. 45, No. 9, p. 93-97. Nascimento, L. C. (2009), Um Modelo para apoiar a Estruturação do Conhecimento nas Interações em Comunidades Virtuais de Software Livre. Dissertação de M.Sc., Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Nascimento, L. C. e Santoro, F. M. (2009), Análise de interações nas Comunidades Virtuais de Software Livre, In: Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação. Toulmin, S. (1958), The Uses of Argument, Cambridge: Cambridge University Press. Rittel, H. e Kunz, W. (1970), Issues as Elements of Information Systems, Institute of Urban and Regional Development, University of California, Berkeley, California, Working Paper 131.