RODRIGO RANIERE DE OLIVEIRA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS - DCEA CAMPUS DE CAICÓ RODRIGO RANIERE DE OLIVEIRA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL BRASILEIRA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS: Maior empresa do ramo têxtil Potiguar e a adaptação de suas demonstrações contábeis à nova lei. CAICÓ RN 2015

RODRIGO RANIERE DE OLIVEIRA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL BRASILEIRA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS: Maior empresa do ramo têxtil Potiguar e a adaptação de suas demonstrações contábeis à nova lei. Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientadora: Profª. Ms. Luziana Maria Nunes de Queiroz CAICÓ RN 2015

RODRIGO RANIERE DE OLIVEIRA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL BRASILEIRA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS: Maior empresa do ramo têxtil Potiguar e a adaptação de suas demonstrações contábeis à nova lei. Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. BANCA EXAMINADORA Prof.ª Ms. Luziana Maria Nunes de Queiroz - UFRN/CERES Orientadora Prof. Clara Monise Silva - UFRN/CERES Examinador Prof. Ricardo Aladim Monteiro - UFRN/CERES Examinador CAICÓ RN 2015

FICHA CATALOGRÁFICA: Oliveira, Rodrigo Raniere de. Harmonização contábil brasileira às normas internacionais: maior empresa do ramo têxtil Potiguar e a adaptação de suas demonstrações contábeis à nova lei / Rodrigo Raniere de Oliveira. - Caicó: UFRN, 2015. 56f: il. Orientadora: Ms. Luziana Maria Nunes de Queiroz. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó. Curso de Ciências Contábeis. 1. Harmonização. 2. Demonstrações. 3. Guararapes. I. Queiroz, Luziana Maria Nunes de. II. Título. RN/UF/BSE07-Caicó 657 CDU

Dedico este trabalho, assim como a felicidade de estar concluindo este curso, a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para o meu sucesso, em especial à minha família, meus Professores e meus colegas na Academia.

O legado da Contabilidade é indiscutivelmente internacional. Deste modo, os atuais interesses por uma Contabilidade multinacional têm mais um caráter de uma ideia renascida que de uma nova. Choi e Muller, 1979.

LISTAS DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS BACEN - Banco Central do Brasil CFC - Conselho Federal de Contabilidade CMN - Conselho Monetário Nacional CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis CVM - Comissão de Valores Mobiliários DOU - Diário Oficial da União EUA - Estados Unidos da América FASB - Financial Accounting Standard Board IAS - International Accounting Standards IASB - International Accounting Standards Board IASC - International Accouting Standards Commitee IBRACON - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil IFAC - International Federation of Accountants IFRIC - International Financial Reporting Interpretations Committee IFRS - International Financial Reporting Standards IOSCO - International Organization of Securities Commission MP - Medida Provisória S.A - Sociedade Anônima SEC - Securities and Exchange Commission SFAC - Statements of Financial Accounting Concepts SFN - Sistema Financeiro Nacional SIC - Standing Interpretations Committee SRF - Secretaria da Receita Federal do Brasil SUMOC - Superintendência da Moeda e do Crédito SUSEP - Superintendência dos Seguros Privados

SUMÁRIO Introdução... 10 Justificativa... 11 Objetivos da pesquisa... 12 Geral... 12 Específicos... 12 CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 13 1 A origem e consequente evolução da contabilidade... 13 2 - A contabilidade no Brasil... 14 3 - Informações e objetivos almejados pela contabilidade... 15 4 - Normas Brasileiras de Contabilidade - NBCs... 16 5 - A contabilidade e os seus princípios fundamentais... 17 5.1 Princípio da entidade... 17 5.2 Princípio da continuidade... 18 5.3 Princípio da oportunidade... 18 5.3 Princípio do registro pelo valor original... 18 5.4 Princípio da atualização monetária... 19 5.5 Princípio da competência... 19 5.6 Princípio da prudência... 19 6 - A contabilidade e os seus usuários... 19 7 - O Profissional Contábil... 20 8 Órgãos reguladores da contabilidade no Brasil... 21 8.1 - Conselho Federal de Contabilidade - CFC... 21 8.2 - Conselho Regional de Contabilidade CRC... 21 8.3 - Banco Central do Brasil BACEN... 22 8.4 - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil IBRACON... 22 8.5 - Comissão de Valores Mobiliários CVM... 23 09 - Contabilidade Internacional... 23 10 - IFAC (Federação Internacional de Contadores)... 26 11 - IOSCO (Organização Mundial das Comissões de Valores Mobiliários).... 26 12 - SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos)... 27 13 - FASB (Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira)... 27 14 A globalização e a necessidade dos países em harmonizar as suas leis... 28 14.1 - Modelos contábeis... 29 15 Alterações causadas pelas leis 11.638/2007 e 11.941/2009 na lei 6.404/1976... 30 16 Lei 11941/2009... 32 17 As novas leis e a padronização da linguagem contábil no Brasil... 34 17.1 - Balanço patrimonial antes e depois da nova lei... 35 17.2 - Demais demonstrações após a nova lei... 36 18 Guararapes Confecções S.A... 37

18.1 - Do início aos dias atuais... 37 19 Demonstrações contábeis da Guararapes Confecções S.A antes e depois das leis que modificaram a contabilidade no Brasil:... 38 19.1 Balanço Patrimonial Guararapes Confecções S.A... 38 ATIVO Guararapes confecções S.A (Reais Mil.):... 38 PASSIVO Guararapes Confecções S.A (Reais Mil):... 39 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Guararapes Confecções S.A (Reais Mil):... 40 19.2 Demonstração do resultado do exercício (DRE) da Guararapes Confecções S.A antes e depois da mudança da lei da contabilidade societária:... 41 19.3 Demonstração do fluxo de caixa consolidado Método direto.... 42 CAPÍTULO II - METODOLOGIA... 44 Abordagem teórico-metodológica da pesquisa... 44 O contexto da pesquisa: espaço e sujeitos da investigação... 45 Procedimentos de análise e interpretação dos dados... 45 CAPÍTULO III - ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DA GUARARAPES CONFECÇÕES, E SUA ADAPTAÇÃO À NOVA LEI DA CONTABILIDADE SOCIETÁRIA... 45 DFC Demonstração dos fluxos de caixa... 46 DMPL e a Lei nº. 11.638/2007... 48 DVA Demonstração do valor adicionado... 48 A Guararapes Confecções S.A e a adaptação das suas demonstrações à mudança da lei societária:... 49 Considerações finais... 51 Referências... 52

9 Resumo Após a mudança da lei que rege toda a contabilidade no nosso País, surgiu a necessidade de se pesquisar a adaptação das demonstrações contábeis à nova realidade, adaptação esta que é regida por lei. Através de um estudo de caso de uma empresa real do ramo têxtil do nosso Estado do Rio Grande do Norte, será verificado se esta adaptação das demonstrações foi implantada pelos contadores da referida entidade. Utilizando-se dos métodos de pesquisas bibliográficas dos autores da área da contabilidade internacional, e fazendo uso de um breve resumo de como a contabilidade se desenvolveu no Brasil e no mundo, busca-se uma validação teórica acerca do tema pesquisado, onde através da reprodução das demonstrações publicadas diretamente no endereço eletrônico da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), será alcançado o objetivo de observar positivamente ou negativamente a adaptação desses documentos ao que pede a nova lei da contabilidade societária no Brasil. Palavras chave: mudança, adaptação, demonstrações, societária.

10 Introdução No contexto socioeconômico atual do mundo, a globalização transforma-se em algo que não pode mais ser ignorado pelas nações. A grande evolução nos transportes e comunicações fez com que o planeta inteiro ficasse cada vez mais acessível fisicamente e virtualmente. Seguindo esta linha de raciocínio, percebemos que a evolução global da economia obriga alguns setores a se adaptarem aos novos tempos, dentre eles está a contabilidade. A difusão do termo globalização ocorreu por meio da imprensa financeira internacional, em meados da década de 1980. Depois disso, muitos intelectuais dedicaram-se ao tema, associando-a à difusão de novas tecnologias na área de comunicação, como satélites artificiais, redes de fibra ótica que interligam pessoas por meio de computadores, entre outras, que permitiram acelerar a circulação de informações e de fluxos financeiros. (Ribeiro, 1995 p. 45). O Brasil procura sua inserção neste novo cenário global, e a captação de recursos estrangeiros na forma de investimentos é essencial para que as empresas Brasileiras concorram de forma leal e igualitária com as grandes corporações estrangeiras (NIYAMA, 2005). Criado em 1973 e reestruturado em 2001, o IASB (International Accounting Standard Board) surgiu com a missão de promover a convergência das práticas contábeis de empresas na elaboração das demonstrações em âmbito mundial. Através da busca de coordenação de trabalhos em diversas áreas do globo, o IASB começa a emitir a partir de 2003 os IFRS (International Financial Reporting Standard). A partir de 2005 o órgão máximo do mercado Brasileiro - a CVM (comissão dos valores mobiliários) - iniciou uma espécie de campanha de observação à convergência do mercado europeu aos novos IFRS, e começa a incentivar os legisladores a adotarem uma postura de atenção à mudança que ocorria no mundo. Então, em 28 de dezembro de 2008, o Governo Federal promulgou a lei nº 11.638, que introduziu respeitáveis alterações para a escrituração contábil das empresas e na apresentação das demonstrações financeiras a serem introduzidas a partir de 2008, assim foi modificada a lei nº 6.404/76, também conhecida como lei das sociedades anônimas. O Estado do Rio Grande do Norte não tem participação considerável na economia brasileira, no entanto, possui três empresas que figuram entre as 1000 (mil) maiores do País

11 segundo a edição 2014 da revista Valor 1000, publicada pelo jornal Valor Econômico. São elas: ALESAT COMBUSTÍVEIS S.A, e GUARARAPES CONFECÇÕES S.A e CAERN (COMPANHIA DE ÁGUAS E ESGOTOS DO RIO GRANDE DO NORTE). Neste ano de 2015, sete anos após a mudança da lei das sociedades no Brasil, estaria a GUARARAPES CONFECÇÕES S.A totalmente ou parcialmente adaptada à nova legislação no que diz respeito às suas demonstrações contábeis? Existe atualmente uma tendência onde futuramente as empresas pequenas e de médio porte também terão que adaptar-se às novas normas. Mas antes que as empresas menores venham a utilizar esta nova forma de divulgar suas demonstrações contábeis, estariam as grandes o fazendo? A GUARARAPES CONFECÇÕES S.A já adaptou suas demonstrações de acordo com o que é definido pelas leis 11.638/2007 e 11941/2009 que modificaram a estrutura das demonstrações na contabilidade brasileira? Será objeto desta pesquisa apenas as demonstrações contábeis da GUARARAPES CONFECÇÕES S.A devido aos motivos que serão elencados abaixo: A Guararapes é a única empresa entre as três que possui ações na bolsa de valores de São Paulo; A ALESAT surgiu da fusão da empresa mineira Ale combustíveis com a potiguar Satélite distribuidora de petróleo em 2008, impossibilitando a comparação proposta nesta pesquisa devido a ausência de demonstrações publicadas antes deste ano; A CAERN é uma empresa pública. Justificativa Existe uma diferença entre padronização e harmonização das normas contábeis internacionais. A primeira torna-se praticamente impossível devido à natureza humana, onde a adoção de padrões por sociedades separadas por mares e oceanos esbarra na cultura e forma de viver de cada um. Niyama (2005, p.38) entende a padronização como o processo de uniformização de critérios, não admitindo flexibilização. Com o advento da globalização ficou cada vez mais urgente e necessário o fortalecimento do Brasil no mercado internacional de investidores, onde as multinacionais abrem fábricas e geram empregos em nosso país frequentemente. Este fortalecimento só poderia ser atingido com uma lei de sociedades moderna, e nas últimas décadas houve uma

12 grande contemporização dos intelectuais das áreas contábil e econômica no sentido de se buscar essa modernização. Com a publicação dos IFRS pelo IASB, o Brasil se viu pressionado a mudar sua lei que já possuía mais de 30 anos, ou então seria jogado para o segundo plano na área global de investimentos. O Brasil então modificou sua lei das sociedades no fim da década passada, e fez com que centenas de empresas de capital aberto e de grande porte se adaptassem às normas internacionais de contabilidade. Com base nessa problemática surgiu a necessidade de se buscar de forma mais aprofundada respostas a estas perguntas, o que justifica a realização desta pesquisa, onde seus principais objetivos são observar e analisar as demonstrações da empresa supracitada antes e depois da mudança na lei. Objetivos da pesquisa Geral Analisar a adaptação da empresa às novas normas internacionais de contabilidade, assim como observar se algumas contas modificadas pelas leis 11.638/2007 e 11941/2009 foram de fato adaptadas nas demonstrações da empresa estudada nesta pesquisa, e sua relevância provém do fato da empresa estudada ser a segunda maior do estado do Rio Grande do Norte, onde seu capital e funcionalidade são fatores determinantes no desenvolvimento social e econômico da unidade da Federação. Específicos De acordo com os parâmetros previstos no objetivo geral deste trabalho, serão objetivos específicos do mesmo: Explicitar a maneira em que a contabilidade surgiu e evoluiu até os dias atuais no Brasil e no mundo; Evidenciar o IASB e suas normatizações refletidas nos IFRS; Exibir a leis 11941/2009 e 11638/2007, que alteraram a contabilidade no Brasil;

13 Relatar de que forma a globalização obrigou os países a convergirem suas leis aos padrões internacionais de contabilidade, seguindo a escola Europeia fundamentada pelo IASB e seus IFRS; Mostrar as especificações e mudanças trazidas pelas leis 11638/07 e 11941/2009 para a contabilidade brasileira; Apresentar a empresa estudada, levando em consideração sua importância no contexto econômico e social do nosso estado; Evidenciar as principais contas das demonstrações da empresa estudada que sofreram mais mudanças com a nova lei. CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1 A origem e consequente evolução da contabilidade A contabilidade surgiu juntamente com o início da organização social promovida pelo homem. Seu desenvolvimento está ligado às primeiras manifestações do ser humano na necessidade social de proteção à posse e de perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que o homem sempre dispôs para alcançar os fins propostos. Deixando a caça e a atividade nômade, o homem voltou-se à organização da agricultura e da criação de gado. A organização econômica acerca do direito do uso do solo terminou em conflitos entre tribos, rompendo a vida comunitária e surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual. Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado como herança aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais, denominou-se patrimônio. O termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados. A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de registros das mutações do patrimônio. A prática do comércio não era exclusiva de certos povos, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade. A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. Mas as cobranças de impostos, na Babilônia já se faziam com escritas, embora rudimentares.

14 À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de bens, preocupava lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar os seus recursos; estas informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo registros escritos. Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registros a fim de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. Com o surgimento das primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse prestar conta da coisa administrada. É importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou seja, as compras, vendas e trocas eram à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore assinalados como prova de dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre negócios. A medida em que as operações econômicas foram se tornando complexas, o seu controle se refinava. As escritas governamentais da República Romana (200 a.c.) já traziam receitas de caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões. No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por governos locais e pela igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo Contabilitá. 2 - A contabilidade no Brasil Não existe em nosso País um pensamento contábil genuíno, ou seja, totalmente criado aqui. Pode-se dizer que em um primeiro instante que a nossa contabilidade foi baseada no método italiano e posteriormente migrou-se para o método norte-americano, na qual continua até os dias atuais. A contabilidade no Brasil ainda sofre grande influência da legislação tributária, notadamente da legislação do imposto de renda. Pode-se afirmar que em algumas organizações, principalmente nas micro e pequenas empresas, na maior parte do tempo o contador se dedica a questões tributárias. Por sua vez, nas médias e grandes empresas normalmente existe um departamento ligado a questões fiscais para tratar do assunto. Desta forma a contabilidade se subdivide em diversos módulos: contabilidade financeira, contabilidade fiscal, contabilidade gerencial, contabilidade de custos etc.

15 Com relação à intervenção da legislação, principalmente a tributária nos aspectos de natureza contábil, é importante destacar que o desenvolvimento da contabilidade deve-se em grande parte às intervenções deste tipo, mas há um certo consenso entre os pesquisadores de que o excesso de normas às vezes dificulta o processo assim como seus resultados. O ano de 1966 foi marcado por uma das maiores contribuições nacionais, a chamada escola de correção monetária. Foi nesse ano que o professor Sérgio de Iudícibus (FEA-USP) defendeu sua tese de doutorado, intitulada Contribuição à Teoria dos Ajustamentos Contábeis. Pode-se dizer que esse trabalho foi uma das primeiras grandes contribuições da contabilidade nacional à comunidade mundial. Desta forma a partir 1964, com a adoção do método didático norte-americano pela USP e da apresentação do doutorado de Iudícibus, o direcionamento doutrinário contábil muda definitivamente sua direção, abandonando as escolas de pensamento contábil italianas e assumindo os ditames da escola norte-americana. A chegada das empresas de auditoria anglo-americanas que acompanhavam as multinacionais recém chegadas ao Brasil foram determinantes para essa mudança de pensamento, pois estas empresas ofereciam treinamento aos profissionais para elaboração de demonstrações contábeis, influenciando todo o processo de contabilização em nosso país. Mesmo com o fato de o Brasil não ter desenvolvido sua própria escola de contabilidade, as sucessivas mudanças no cenário econômico, o período de altas taxas inflacionárias que perdurou até 1995 e as inúmeras mudanças na legislação tributária fizeram com que a nossa legislação contábil seja uma das mais aperfeiçoadas do mundo. Nos tempos atuais podemos dizer que o pensamento da escola contábil norteamericana domina grande parte da contabilidade no contexto mundial, inclusive com forte presença na Itália. 3 - Informações e objetivos almejados pela contabilidade A Contabilidade tem um papel de fundamental importância dentro da organização, pois é através dos demonstrativos, elaborados por profissionais contábeis, que se tem base para a tomada de decisões no ambiente empresarial, ou seja, a Contabilidade tem como objetivo o controle do patrimônio das empresas, a apuração do resultado, e a prestação de diversas e importantes informações de acordo com os princípios éticos para os seus diversos usuários.

O objetivo científico da Contabilidade manifesta-se na correta apresentação do Patrimônio e na apreensão e análise das causas das suas mutações. Já sob ótica pragmática, a aplicação da Contabilidade a uma Entidade particularizada, busca prover os usuários com informações sobre aspectos de natureza econômico, financeira e física do Patrimônio da Entidade e suas mutações, o que compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos, expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios. (CFC, 2006 p. 21) 16 A forma com que se apresentam os demonstrativos contábeis faz com que estes se transformem em informações importante para o desenvolvimento da entidade, pois, significa divulgar a situação financeira, e econômica da organização, que servirá para a análise de determinados usuários, o que o influenciará na tomada de decisões, cujo objetivo é o desenvolvimento e crescimento da entidade e outros interesses particulares. Como cita Ernst & Young, Fipecafi (2009, p.3) O objetivo das demonstrações financeiras é fornecer informações sobre a posição financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, dando suporte a avaliações e tomadas de decisão econômica. Assim como diz a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (2007, p.56), definem quanto às informações fornecidas pela Contabilidade, ressaltam que esta deve permitir que o usuário possa: observar e avaliar o comportamento; comparar seus resultados com os de outros períodos ou Entidades; avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabelecidos; projetar seu futuro nos marcos políticos, sociais e econômicos em que se insere. Temos então que a Contabilidade tem como um dos seus principais objetivos atender as demandas das empresas quanto o acesso à informações precisas, assim como variações do Patrimônio. 4 - Normas Brasileiras de Contabilidade - NBCs Normas de contabilidade estão presentes em todos os países capitalistas que praticam a contabilidade para mensurar o patrimônio de suas empresas. O Brasil possui suas normas, conhecidas como NBCs. As Normas Brasileiras de Contabilidade criam regras de conduta profissional e procedimentos técnicos a serem observados e utilizados quando da realização dos trabalhos previstos na Resolução CFC n 560/83, de 28 de outubro de 1983, em consonância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade.

17 Por tratar se de uma ciência social, a contabilidade busca por meio do registro a geração de informações quantitativas e qualitativas sobre o patrimônio, expressas tanto em termos físicos, quanto monetários. As NBCs podem se classificar em técnicas ou profissionais, sendo enumeradas por sequência. As normas profissionais estabelecem regras de exercício profissional, caracterizandose pelo prefixo "NBC P". As normas técnicas estabelecem conceitos doutrinários, regras e procedimentos aplicados de Contabilidade, caracterizando-se pelo prefixo "NBC T". NBC e NBC-T Através de interpretações técnicas, NBCs podem ser detalhadas. Estas interpretações podem ser identificadas pelo código da NBC a que se referem seguido de hífen, sigla IT e numeração sequencial. O CFC poderá emitir comunicados técnicos quando ocorrerem situações decorrentes de atos governamentais que afetam, transitoriamente, as NNCs. Os comunicados técnicos são identificados pela sigla CT, seguida de hífen e numeração sequencial. 5 - A contabilidade e os seus princípios fundamentais Segundo o Conselho Federal de Contabilidade, os princípios fundamentais da contabilidade são: Princípio da Entidade; Princípio da Continuidade; Princípio da Oportunidade; Princípio do Registro pelo Valor Original; Princípio da Atualização Monetária; Princípio da Competência; e, Princípio da Prudência. 5.1 Princípio da entidade O Princípio da entidade reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular

18 no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aquele dos seus sócios ou proprietários no caso de sociedade ou instituição. O patrimônio pertence à entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade, mas numa unidade de natureza econômico-contábil. 5.2 Princípio da continuidade A continuidade influência o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o seu vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da entidade tem prazo determinado, previsto ou previsível. A observância do Princípio da continuidade é indispensável à correta aplicação do Princípio da competência, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e a formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado. 5.3 Princípio da oportunidade O Princípio da oportunidade refere-se, simultaneamente, a tempestividade e a integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram. 5.3 Princípio do registro pelo valor original Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE.

19 5.4 Princípio da atualização monetária Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis através do ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. 5.5 Princípio da competência As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. O Princípio da competência determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no Patrimônio Líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da oportunidade. O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, e consequência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. 5.6 Princípio da prudência O Princípio da prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o Patrimônio Líquido. O Princípio da prudência impõe a escolha da hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais 6 - A contabilidade e os seus usuários Os usuários da contabilidade são divididos em duas grandes secções: tanto podem ser internos como externos. Os usuários internos podem ser os sócios ou acionistas, administradores e outros responsáveis pelo processo decisório, e até mesmo os empregados da empresa. São

20 considerados usuários externos os investidores, fornecedores, governo, enfim todos que observam as demonstrações de forma sintética. De acordo com Iudícibus (2004), a contabilidade tem sido aplicada a qualquer tipo de pessoas, físicas ou jurídicas, que tenham a necessidade de exercer atividades econômicas para alcançar seus objetivos com ou sem finalidade lucrativa. Os sócios, acionistas e proprietários de quotas societárias de forma geral têm o interesse na rentabilidade e segurança de seus investimentos, informações sintéticas. Os administradores e executivos buscam com as demonstrações contábeis certas informações sobre diversos aspectos da gestão financeira e econômica da empresa, fato que os ajudam na tomada de decisões, e nos planejamentos futuros. 7 - O Profissional Contábil O profissional da área de contabilidade destaca-se cada vez mais no cenário econômico do país devido a sua importância para a mensuração do patrimônio das empresas, assim como suas mutações. Desta forma, o contador deve ser mais valorizado nos próximos anos, e também deve desenvolver uma melhor consciência de sua importância. O contador deve estar no centro e na liderança deste processo, pois, do contrário, seu lugar vai ser ocupado por outro profissional. O contador deve saber comunicar-se com as outras áreas da empresa para tanto, não pode ficar com os conhecimentos restritos aos temas contábeis e fiscais. O contador deve ter formação cultural acima da média, inteirando-se do que aconteceu ao seu redor, na sua comunidade, no seu Estado, no país e no mundo. O contador deve participar de eventos destinados à sua permanente atualização profissional. O contador deve estar consciente de sua responsabilidade social e profissional (NASI, 1994. p. 5). No que concerne ao perfil do contabilista, Branco (2003) diz que: O contabilista deve possuir um perfil e uma formação humanística, uma visão global que o habilita a compreender o meio social, político, econômico e cultural onde está inserida, tomando decisões em um mundo diversificado e interdependente. Deve ter uma formação técnica e cientifica para desenvolver atividades especificas da prática profissional, com capacidade de externar valores de responsabilidade social, justiça e ética. Deve ter competência para compreender ações, analisando, criticamente as organizações, antecipando e promovendo suas transformações, compreensão da necessidade continuo aperfeiçoamento profissional, desenvolvimento da autoconfiança e capacidade de transformar. (BRANCO, 2003, p.45). Os autores acima evidenciam a importância do contador nos dias atuais, principalmente no processo decisório das empresas, pois seu trabalho serve de instrumento para análises e tomadas de decisão.

21 Sendo o Contador de importância para as empresas o perfil do profissional para este século, está direcionada para pessoas que tenham iniciativa; coragem; ética; visão de futuro e criatividade. 8 Órgãos reguladores da contabilidade no Brasil 8.1 - Conselho Federal de Contabilidade - CFC O Conselho Federal de Contabilidade foi criado pelo Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. O Conselho conta hoje com a participação de 27 conselheiros efetivos e o mesmo número de suplentes. É o órgão que representa os Conselhos Regionais de Contabilidade CRCs, situados no país todo, de acordo com a próprio órgão tem os seguintes objetivos: Orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade, cada um em sua base jurisdicional, nos Estados e no Distrito Federal. O CFC contribui bastante no processo de convergência, pois, como cita Girotto (2009, p.7):... além de criar (Resolução 1.055/05) e de compor o CPC juntamente com outras cinco entidades nacionais, faz a homologação dos Pronunciamentos Técnicos. Durante o ano passado o CFC, realizou uma série de ações, visando à aplicação da nova Lei. O CFC tem grande influência no processo de convergência para os padrões internacionais, é uma Autarquia Especial de Caráter Corporativista, sem vínculo com a Administração Pública Federal segundo matéria publicada no próprio site do CFC. 8.2 - Conselho Regional de Contabilidade CRC Os Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC) são órgãos que representam a classe contábil, mais precisamente os profissionais contábeis, de cada região, juntos todos eles são parte integrante do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Os CRCs de forma geral, possuem a função de registrar os profissionais da área contábil e as empresas contábeis da região onde se encontram. Todos os conselhos regionais de contabilidade possuem a função de fiscalizar, orientar, acompanhar, disciplinar, os profissionais contábeis e os escritórios devidamente registrados, frisando sempre pelo seguimento dos princípios éticos e morais, necessários para o bom desempenho de qualquer profissão. O CRC-MT (2009) ressalta que o Conselho...

prima pelo desenvolvimento de ações que fortaleçam e valorizem o profissional de contabilidade, além de realizar a integração da profissão, intercalasse e com a sociedade. 22 8.3 - Banco Central do Brasil BACEN O Banco Central do Brasil é uma pessoa jurídica de caráter público, ou seja, é uma autarquia responsável diretamente pelas políticas monetárias do país, é a principal autoridade monetária. Antes de sua criação, em 31 de dezembro de 1964, os órgãos responsáveis pelas políticas monetárias do Brasil eram a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), o Banco do Brasil e o Tesouro Nacional, atuando no controle monetário, na função de banco do governo e na emissão de papel-moeda, respectivamente. Basicamente, as funções do Banco Central do Brasil se concentram na supervisão da política monetária e cambial do país e na fiscalização do sistema financeiro nacional. De forma específica, as principais funções do BACEN são: Emissão de papel moeda; Recebimento dos recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais; Realização de operações de redesconto e empréstimos de assistência à liquidez às instituições financeiras; Formulação, execução e acompanhamento da política cambial e de relações financeiras com o exterior; Organização, disciplinamento e fiscalização do Sistema Financeiro Nacional, do Sistema de Pagamento Brasileiro e do Sistema Nacional de Habitação e ordenamento do mercado financeiro. 8.4 - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil IBRACON O IBRACON quando foi constituído era conhecido pela sigla IAIB, foi criado no dia 13 de dezembro de 1971, depois de algum tempo, houve a troca para a sigla IBRACON, em 1 de julho de 1982. Szuster et al (2008, p. 74) define que o respectivo órgão:... tem a função de discutir, desenvolver e aprimorar as questões éticas e técnicas da profissão de auditor e de contador e, ao mesmo tempo, atuar como porta-voz dessas categorias diante de organismos públicos e privados e da sociedade em geral. O instituto representa os Auditores e contadores que atuam em diversas áreas, assim como os estudantes de Ciências Contábeis. Foi criado com o objetivo de ser o único

23 representante desses profissionais. Alguns órgãos governamentais acompanham o trabalho do IBRACON, entre eles: CVM, SUSEP e BACEN, em razão de que o Instituto segue princípios éticos na execução dos trabalhos, e também por ser uma entidade responsável e com credibilidade, possuindo interesse em proporcionar qualidade nos serviços de classe. Atualmente o órgão possui como associados mais de dois mil profissionais em todo País. Outra preocupação do IBRACON é com a formação dos profissionais, em função disso está sempre realizando cursos, encontros, palestras com o intuito de contribuir para a qualificação dos profissionais. 8.5 - Comissão de Valores Mobiliários CVM A Comissão dos valores mobiliários (CVM) foi criada com a Lei 6.385 de 07 de dezembro de 1976, e seu artigo 5 dispõe sobre a criação desta autarquia federal. Trata-se de um órgão oficial do governo responsável pela fiscalização do mercado imobiliário no país. A CVM é um órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, possui personalidade jurídica, funciona como o órgão máximo do mercado de valores mobiliários. Sua sede é localizada no Rio de Janeiro, e possui duas outras representações, uma no estado de São Paulo e outra em Brasília. A Comissão dos valores Mobiliários é responsável por normatizar, disciplinar e fiscalizar a atuação dos que participam do mercado de capitais Brasileiro, em suma, tem poderes para controlar tudo o que acontece no mercado, onde as grandes empresas e as Sociedades Anônimas se responsabilizam pela emissão de ações e debêntures. A CVM foi a grande responsável no Brasil pelo processo de convergência às normas internacionais, no início emitiu alguns pronunciamentos até a publicação de um ofício circular no dia 25 de fevereiro de 2005, onde já incentivava o País a adotar o modelo que vinha sendo seguido por alguns países da União Europeia. A partir dessa iniciativa a CVM passou a ser vista como a responsável pelo amadurecimento da ideia da harmonização das normas no Brasil com as normas emitidas pelo IASB. 09 - Contabilidade Internacional Não se tem uma data pré-definida para início dos primeiros estudos sobre Contabilidade Internacional. Na literatura mundial, não há uma data exata que defina o início dos estudos sobre Contabilidade Internacional, mas pode-se traçar uma linha divisória por volta de

1950-1960, após o término da Segunda Guerra Mundial e o restabelecimento do comércio internacional mundial. (NIYAMA, 2007, p. 21) Cada nação possui seus princípios, regras, postulados, normas e legislações pertinentes às demonstrações contábeis, ou seja, significa dizer que a forma de escrituração de cada país e os procedimentos contábeis são diferentes de um para o outro, em razão de suas particularidades e realidade. Com o crescimento e expansão do mercado de capitais entre diversas nações, com o passar dos anos, foi se observando a necessidade de apresentação de demonstrativos contábeis de forma harmoniosa perante todos. Desta forma começou a se pensar em harmonização contábil. Porém a harmonização contábil implica dizer que, é manter as particularidades de cada país, mas buscando ao mesmo tempo unir os aspectos contábeis e criar um modelo a ser seguido por todos, que visa à informação e compreensão de todos os mesmos modelos a serem seguidos, para que desta maneira as demonstrações contábeis produzidas em países da Europa sejam entendidas por brasileiros e Americanos, ou o contrário. Conforme descreve Niyama (2007, p. 40) A busca de uma harmonização contábil internacional tem envolvido iniciativas de diversos organismos em nível mundial, bem como esforços de algumas entidades profissionais de classe, de âmbito regional.... No mundo inteiro existem diversos órgãos envolvidos que se uniram com o intuito de criar um padrão a ser seguido internacionalmente. Diversos órgãos se preocuparam com as divergências nas informações contábeis existentes no planeta, e tentam fazer com que essas informações sejam de fácil entendimento entre as empresas. Pode-se citar como organizações empenhadas nesse processo o International Accounting Standards Board (IASB) e o Financial Accounting Standards Board (FASB). Segundo menciona Carvalho (apud GIROTTO 2009, p. 13) 38 A Europa por meio da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu, sediados em Bruxelas, deliberou em 2000 que as cerca de sete mil companhias abertas da União Europeia passariam a adotar as normas internacionais IFRS a partir de 2005. De acordo como descreve a KPMG Risk Advisory Services Ltda. (2008, p. 04) Desde 1 de janeiro de 2005, data oficial de implementação das normas internacionais, diversos países aderiram a esse padrão contábil e outros têm implementado programas de convergência entre suas normas locais e as IFRS... Países da União Européia iniciaram as práticas de adoção dos IFRS a partir do ano de 2000, finalizando 5 anos depois. Isso faz com que haja globalização também na área contábil. 24

25 International Accouting Standards Committee IASC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) O IASC foi criado em 1973, mais precisamente em 29 de junho do referido ano, pelos organismos profissionais da Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos da América, França, Irlanda, Japão, México, Holanda e Reino Unido. Já em 1973, se pensava em contabilidade globalizada, padrões mundialmente aceitos de demonstrações contábeis. O que se tornou realidade muito tempo depois, no entanto o IASC, emitia seus pronunciamentos através das International Accouting Standards (IAS). Em 1997, foi criado o Standing Interpretations Committee (SIC), que são as primeiras interpretações emitidas pelo IASC, cujo objetivo é... a necessidade de considerar algumas questões contábeis que possam receber tratamento contábil divergente ou inaceitável, devido à falta de orientação oficial no local. (SANTOS, SCHMIDT e FERNANDES, 2007, p.12). Com o passar do tempo, a Fundação IASC, verificou a necessidade de criar o International Accouting Standards Board (IASB) para assumir as responsabilidades técnicas da Fundação, porém quem tem o poder de nomear os membros do IASB é a IASC. 40 2.3.2 International Accouting Standards Board IASB (Conselho de Padrões Contábeis Internacionais) Atualmente o IASB é o órgão responsável pela emissão de padrões internacionais de contabilidade, suas normas têm sido adotadas por mais de cem países no mundo e pelos países que fazem parte da União Europeia. É um órgão independente do setor privado que se destina ao estudo de padrões contábeis, com sede em Londres, Grã-Bretanha. É formado por um Conselho de Membros, constituído por representantes de mais de 140 entidades profissionais de todo o mundo, inclusive o Brasil, representado pelo Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON) e Conselho Federal de Contabilidade (CFC). (NIYAMA, 2007 p.40) É de grande valia para o Brasil ter como participantes do IASB o IBRACON e o CFC, assim facilitam o intercâmbio de informações. Segundo Niyama (2007 p.41), o IASB tem os seguintes objetivos de acordo com sua constituição: a) desenvolver, no interesse público, um único conjunto de normas contábeis globais de alta qualidade, inteligíveis, exequíveis, que exijam informações de alta qualidade, transparentes e comparáveis nas demonstrações contábeis e em outros relatórios financeiros, para ajudar os participantes do mercado de capital e outros usuários em todo o mundo a tomar decisões econômicas; b) promover o uso e a aplicação rigorosa dessas normas; e c) promover a convergência entre as normas contábeis locais e as Normas Internacionais de Contabilidade de alta qualidade. O IASB é o comitê responsável por editar as IFRS International Financial Reporting Standards, que são os mais recentes pronunciamentos emitidos pelo comitê, cujo objetivo e de

26 elaborar e publicar as IFRS, que já são aderidas por diversos países, que adotaram essas normas em harmonia com as normas de seus países, a fim de tornar as normas contábeis de um determinado país, por exemplo, entendidas por usuários das demonstrações contábeis de outros países, facilitando as informações, e tornando assim também globalizada a contabilidade. O conjunto de normas e interpretações técnicas que compõem as IFRS é formado pelas IAS, que são os primeiros pronunciamentos emitidos pelo IASC, juntamente com as SIC, as primeiras interpretações também emitidas pelo IASC e pelas IFRS que é o nome dado aos pronunciamentos emitidos pelo IASB, juntamente com as IFRIC, que são os mais recentes pronunciamentos emitidos pelo referido órgão. 10 - IFAC (Federação Internacional de Contadores) O IFAC é o representante da classe contábil em nível mundial. Trata-se de uma organização mundial que representa a profissão contábil. É de natureza não governamental, sem fins lucrativos e não política, sediada em Nova York (Estados Unidos da América), com participação de 157 membros (o Brasil é representado pelo Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON) e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), representando 118 países e quase 2,5 milhões de Contadores. (NIYAMA, 2007 p.42). O IFAC funciona como uma organização responsável pelo relacionamento dos profissionais contábeis, dentre suas diversas atribuições. É responsável também para representar publicamente a profissão contábil quando o interesse é público. Sua missão é a de estreitar o relacionamento da profissão contábil em nível mundial, atendendo à demanda de interesse público, contribuir para o desenvolvimento da economia internacional, estabelecendo e promovendo aderência â elevada qualidade técnica dos padrões profissionais (além de buscar convergência internacional desses padrões) e, finalmente, representar a profissão em assuntos de interesse público. (NIYAMA, 2007 p. 43) 11 - IOSCO (Organização Mundial das Comissões de Valores Mobiliários). O IOSCO apresenta a característica de funcionar como um supervisor do mercado de capitais, promovendo a interação e regulamentação das normas e informações do mercado de capitais. De acordo com Niyama (2007, p.46) a função do órgão é: a) cooperar para a promoção de altos padrões de regulamentação do mercado de capitais, de modo a refletir um mercado justo, eficiente e sadio; b) promover troca de informações ou outras experiências para o desenvolvimento do mercado de capitais domésticos ; c) estabelecer padrões e efetivo monitoramento de transações internacionais, envolvendo títulos; e

d) promover a integridade do mercado, mediante uma rigorosa aplicação de padrões regulatórios. Ainda Niyama (2007, p. 46) ressalta que A IOSCO, em sua reunião anual de 1995 (Tóquio), endossou a obrigatoriedade de adoção das normas internacionais de contabilidade editadas pelo IASB pelas companhias que transacionam no mercado de capitais. A CVM é o representante do país nas reuniões regulares da IOSCO. 27 12 - SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) A SEC Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos - surgiu logo após o grande Crash de 1929, quando as bolsas americanas quebraram dando início à grande depressão americana que durou doze anos. Desta forma, em 1934 foi criado a SEC como uma agência federal norte americana que viria a regulamentar o mercado de ações para evitar uma nova recessão econômica. O poder da SEC ia desde assuntos relacionados à emissão de novas ações e a negociação destas até a fiscalização das companhias listadas na bolsa americana e as corretoras de valores. Este órgão é formado por cinco comissários que devem ser indicados pelo presidente além de aprovados no Senado com mandatos de cinco anos. A divisão também deve respeitar a regra de que não pode haver mais de três comissários de um mesmo partido para que não aconteça um jogo de interesse partidário. A comissão de valores mobiliários americana possui tamanha relevância que ela detém o poder de aplicar penas aos indivíduos e empresas que cometerem algum tipo de infração as suas leis. 13 - FASB (Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira) O FASB é um órgão do setor privado, formado por pessoas que não possuem nenhuma ligação com o mercado de capitais. Foi constituído no ano de 1973 e é o responsável pelas normas contábeis nos Estados Unidos. Quem detém a autonomia formal de criação das normas e procedimentos a serem seguidos pelos contabilistas nos EUA é a SEC, porém, ela transferiu os poderes ao FASB, que hoje é o órgão cuja função é a emissão de padrões contábeis a serem seguidas por todos.

28 Os pronunciamentos emitidos pelo FASB são denominados SFAS, porém para que seja emitido tal pronunciamento o FASB, através de seus membros, colhe opiniões do público, analisa e depois de avaliado acontece a emissão. Para a emissão das Statement of Financial Accouting Concepts (SFAS) são consultados diversos profissionais, e os procedimentos são diversos, primeiro passa pela consultoria, depois é colocado em audiência pública para questionamentos e sugestões antes de serem emitidos os pronunciamentos definitivamente. 14 A globalização e a necessidade dos países em harmonizar as suas leis As últimas duas décadas foram responsáveis por mudanças no comportamento humano nunca vistas nos 11 mil anos de história da espécie. Uma imensa evolução na área tecnológica e dos transportes aconteceu após a invenção do avião, do computador e da internet. Globalização passou a ser sinônimo de aplicações financeiras e de investimentos pelo mundo afora. Além disso, ela foi definida como um sistema cultural que homogeneíza, que afirma o mesmo a partir da introdução de identidades culturais diversas que se sobrepõem aos indivíduos. Por fim, houve quem afirmasse estarmos diante de um cidadão global, definido apenas como o que está inserido no universo do consumo, o que destoa completamente da ideia de cidadania (Ribeiro, 1995, p.56). Na política, nações fechadas foram obrigadas a se abrir, e países com regras e leis arcaicas e ultrapassadas se viram obrigados a modernizar-se em prol do desenvolvimento social e econômico. De acordo com Niyama e Silva (2008), a expansão das relações comerciais e internacionais no cenário globalizado, a necessidade de investimento e o avanço tecnológico que permite fácil acesso à informação, exige uma linguagem em comum entre os países estabelecendo padrões contábeis uniformes. O Brasil possuía uma lei que regulava as sociedades por ações com mais de 30 anos, e quando a globalização da informação e do investimento do capital estrangeiro começava a deixar o país para trás na corrida capitalista, o legislador brasileiro não teve outra saída a não ser modernizar a lei contábil, convergindo para uma harmonização internacional que já acontecia há anos.

29 14.1 - Modelos contábeis Existem dois grandes sistemas contábeis que, desde o mercantilismo, influenciam a área no contexto mundial: O modelo Anglo-Saxônico e o modelo da Europa continental. O primeiro é adotado por países como Grã-Bretanha, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Índia, Canadá, Malásia, África do Sul e Cingapura, e possui profissão forte e atuante, sólido mercado de capitais, pouca influência do governo na definição de práticas contábeis e busca atender primeiro os investidores. Já o segundo modelo é adotado por nações como França, Alemanha, Itália, Japão, Bélgica, Espanha, Brasil e maior parte dos países da América do Sul, e possui profissão fraca e pouco atuante, forte influência governamental na definição de práticas contábeis, bancos e governos são os principais usuários e o mercado de capitais não é a principal fonte de captação pelas empresas (NIYAMA, 2005). Com a pluralidade de opiniões e do pensamento humano, é impossível uma padronização das normas contábeis no mundo inteiro. Cada mercado age de uma maneira diferente. A Contabilidade enquanto ciência social está sujeita às grandes influências do ambiente em que atua, sendo que as práticas contábeis são fortemente afetadas pelos valores culturais, tradição histórica, estrutura política, econômica e social. Dessa forma, os sistemas contábeis se diferenciam de acordo com o conjunto de leis, filosofias, procedimentos e objetivos de cada país (NIYAMA, 2007, p.88). Devido a este problema, os países buscam uma harmonização com as regras definidas pelos dois grandes sistemas contábeis, e o Brasil tem sua contabilidade influenciada principalmente pela escola Europeia, mas sua lei de sociedade por ações possuem trações de influência definidos pela escola Anglo-saxônica. Com a necessidade de órgãos que normatizem estas regras, surgiu em 1973 o IASB (International Accouting Standard Board). Após uma reestruturação em 2001, o órgão do modelo Europeu surge com a missão de orientar e regular a convergência das normas contábeis dos países. Surgem então a partir de 2003 os IFRS (International Financial Reporting Standard). Niyama (2005) afirma que o IASB (International Accounting Standards board) tem sua sede em Londres e é o órgão responsável, desde 2001, pela emissão das International Financial Reporting Standards (IFRS). O IASB teve como antecessor o International Accouting Standards Committee (IASC), fundado em 1973 e responsável pela emissão de um conjunto de 41 IAS - International Accounting Standards, nome dado anteriormente às IFRS. Entre os objetivos do IASB, está o de desenvolver um único conjunto de normas contábeis