E.A. Neto. O evangelho segundo Aquenaton. O livro de Gogue



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Transcrição:

E.A. Neto O evangelho segundo Aquenaton & O livro de Gogue

Dedicado a estrela de prata, a serpente e o falcão com amor!

Sumário Introdução Nota do autor O evangelho segundo Aquenaton Capítulo um: O arauto da luz Capítulo dois: As mentiras dos sacerdotes Capítulo três: A luz de Aton no mundo Capítulo quatro: Um réquiem para os deuses Capítulo cinco: Prólogo da nova era O livro de Gogue Introdução Nota do autor Capítulo um: O louco Capítulo dois: O diabo Capítulo três: A morte

E.A. Neto O evangelho segundo Aquenaton

Introdução No evangelho segundo Aquenaton, disfarçado sobre a máscara do grande faraó Aquenaton, o autor revela aforismos místicos e filosóficos. Remontando os aspectos antigos da sociedade egípcia, mas na verdade fazendo uma critica a ignorância do homem moderno. A luz converge em um ponto, conseqüentemente o homem nasceu para luz. Um bardo caminhando e cantando sua poesia procura sua amiga princesinha, ao encontrá-la, eles passam por momentos mágicos de amor e amizade. As revelações da canção do bardo sobre Aquenaton abrem os olhos da princesinha, que passa a enxergar o mundo de uma nova forma. O objetivo desse livro é levar o leitor em uma viagem transcendental e desperta-lo para a unidade da natureza, uma harmonia do conhecimento com universo.

Nota do autor Aquenaton foi um faraó que tentou reformular a religião egípcia, desejou o culto apenas um Deus, Aton o sol primordial do universo, mas foi chamado de louco e herege. Mas sua reforma religiosa não ficou restrita apenas ao Egito, atravessou o deserto influenciando o Judaísmo e o próprio Cristianismo. Mesmo que parte da história de Aquenaton tenha ficado perdida nas areias do tempo, ele continua vivo naqueles que admiram sua vida e a beleza do disco solar. E.A. Neto

Capítulo um: O arauto da luz 1 A menininha corria pelos campos de trigo e isso foi logo após o padre se ajoelhar, e fazer sua oração. Ela era filha de um homem nobre, maior ainda era a nobreza do coração dessa menininha, que gostava do som dos instrumentos de corda e por sorte ela era nascida no signo de gêmeos e também no signo da serpente, dois e três juntos há muita magia nesses números. Justamente aquele dia era 23 de maio, o mês e o ano propícios para belos sonhos. Pouco distante ela via uma torre, e naquela torre estava um homem, uma espécie de trovador que tocava e cantava canções antigas tanto para o sol, como para o vento e todas as criaturas campestres. Com seus olhinhos, seu vestido azul cintilante e seu jeito engraçado ela dizia: Cante para mim uma canção sobre uma bela história senhor, pois as areias do tempo correm devagar e desejo sonhar a cada instante. Assim disse o poeta: Sim princesinha! Saiba que fico muito feliz por você gostar da minha musica, e estava um pouco cansado dessa minha solidão nesses campos de trigo. Estou encantado com seus olhos que expressam paz e alegria, seus cabelos cacheados tem apenas como rival as ondas do mar. Sua beleza é semelhante à própria luz do sol. Para tal beleza, sem falar desse seu vestido, posso deduzir que você só pode ser uma princesa. A menininha perguntava: Então que história você contará para mim trovador? Assim respondia o trovador: Uma história antiga, de um homem que o povo acreditava ser um deus encarnado, e depois esse homem foi considerado louco, herege, mas era um homem justo e bom. Embora essa história estivesse por muito tempo esquecida, os grãos de areia trazidos pelo vento cantam a revelação desse

homem. O que mostrarei agora por meio da minha musica mágica é a verdade sobre o filho do sol. O faraó Aquenaton.

2 O sol Brilhava e seu calor tornava insuportável aquele dia, a sede deixava seca a garganta dos homens e dos animais, e mesmo os insetos sentiam-se incomodados pelo vento quente que vinha do deserto. Talvez fosse uma mensagem de Set, um sinal que o mundo estava mudando, uma prova do inevitável, ou mesmo uma coincidência. Haviam muitas opiniões, mas a verdade era oculta. O faraó sentado olhava para a face de Amon, Thot, Hórus, Ísis e Osíris, e no lado esquerdo podia-se ver os sacerdotes, com seus olhos vermelhos, com suas roupas nas tonalidades, púrpura, branca e negra. Os sacerdotes estavam engordando que nem porcos, e assim estava manchada de sangue toda aquela terra, a pobreza definhava o povo. Todos nasceram para servir o faraó essa é a verdade, clara como a água do Nilo. Há maior magia não estava só na pureza ou esplendor daquelas águas, nem no calor do corpo daquelas mulheres, verdadeiras deusas da fortuna e do amor. Mas a chave mágica abre a porta revelando um punhado de segredos, semelhantes às areias do deserto. Um escaravelho andava sobre uma parede de metal frio, isso era um sinal. Atirando seu cálice no chão o faraó falava: Sou carne e ossos! Essa mesma carne se desfaz assim como os ossos que se separam das carnes dos animais cercados de moscas e vermes que degustam toda podridão. O Egito está cheio desses seres nefastos. Não sou um deus, apenas mais um homem! Sou o filho do sol! Vejo a luz, e essa mesma luz mostra a justiça para todos. O Egito afunda nas profundezas de um abismo sem fim. Cadê os sacerdotes? Essas bestas que alem de receber sacrifícios recebem almas.

O olho do observador é um olho que tudo vê. Conseqüentemente meditarei sobre essas questões que atormentam minha alma. Não desejo ser interrompido. Assim o faraó se retira deixando muitas perguntas sem respostas. Nefertiti sente-se preocupada. O faraó repousa mergulhado na luz do sol. Até o inicio de um novo dia.

3 Tomado por uma forte dor de cabeça, o faraó repousava e meditava sobre tudo que já ouvira falar. Assim lançava seus pensamentos sobre aquilo que estaria por vir. Banhando seu corpo na forte luz solar, logo começou a sentir um mal estar até ser atingido por um raio de luz sagrada e ele gritou: Eu vi! Mas o que havia visto o faraó? Perguntava a menininha e assim respondia o poeta: Calma princesinha me deixe prosseguir! Assim continuava o bardo com seus versos mágicos. Eu sou o faraó e vi a luz, e o que permanecia além dessa luz, e compreendia natureza de tudo o que é iluminado e que possui luz. Compreendi sobre a escuridão e sua natureza. Sou o filho do sol! Meu nome é Aquenaton! Agora direi a vocês minha vontade, pois sou o faraó e forte é minha voz. A liberdade representa tudo que há de mais sagrado, mas não devemos converter nossa liberdade em uma constante prisão de vícios e loucuras. O sangue mancha a terra e conseqüentemente deixam marcas até no paraíso. Malditos sacerdotes! Gordos que nem porcos enfraquecem nossas almas. Não busque a salvação da alma em coisas do além em rituais vazios e na crença de conto de fadas. A salvação está em nossas ações nesse mundo, sem ação não há fé, nem um sentido para algo que não tem nenhum sentido. Nosso povo afunda em violência, intrigas, corrupção, promiscuidade e falta de solidariedade, são inúmeras coisas nefastas, este é o sinal da degeneração e o inicio da nova era.

Sei que vocês devem estar curiosos para saber que era é essa? Pois bem! Vou dizer a todos: Vi o brilho no olho do gato e um escaravelho andando furtivamente sobre o templo. Todos os deuses representam nosso cotidiano, mas há muito mais por de trás de todas as divindades. Existe uma representação do que é real. A verdade! Como o que é divino teria aparência de bestas, ou mesmo de homens que em muitos casos se assemelham à besta? Escutem! Deus é como o sol, mas não esse sol que ilumina o céu determinando o dia e dando origem a vida em nossa terra. Deus é o sol primordial do universo, seus raios geram vida em todo o universo. A grande serpente que dança em inúmeros mundos e sobre incalculáveis estrelas. O mistério da copulação sagrada, pois a grande serpente senhor do falo une se com a vulva. O orgasmo cósmico é a grande explosão que iniciou a vida no universo. A luz é a origem de nossas almas, pequenas partículas desses infinitos raios do conhecimento. Homens e mulheres como individuais são filhos do sol, e na sagrada união também geram vida. A unidade da natureza! Portanto podemos realizar coisas magníficas e belas tendo consciência da nossa origem divina e estando em harmonia com o universo. Esqueçam a efêmera vida que tira a dignidade de ser um egípcio. Um egípcio não pode se assemelhar com uma besta. Nosso caminho tem que ser uma estrada de sabedoria, honra e luz, assim todos os povos continuarão a reconhecer o quanto o Egito é grande. Escuridão há nas coisas que pertencem à noite, no caminho da demência, ignorância, e morte dos outros povos. Minhas mãos estão atadas e minha cabeça está muito pesada sobre meus ombros. Forte é minha dor não vejo nenhum consolo. Mulheres de Tebas bebem bebidas estranhas, e estão corrompidas por jóias e sangue, elas pisam sobre cadáveres dos seus homens, seus filhos e se prostituem para estrangeiros.

Ouço o povo agitado como mosquinhas e o subconsciente coletivo semelhante ao subconsciente do senhor de todas as moscas. Tebas estava fétida e precisava de uma limpeza, melhor o Egito estava fétido e precisava de limpeza. Sou o filho do sol e sei que existe um ciclo, uma era e um fim, portanto é chegado o momento da luz reinar sobre a terra. Assim falou Aquenaton que foi para algum lugar isolado e deixou todos ali presentes perplexos, e Nefertiti estava preocupada, algumas vozes podiam ser ouvidas e eram claras: Está louco! Herege! Cão! Uma nuvem negra estava se aproximando.

4 No dia seguinte, doze pagãos guardavam a entrada do templo de Amon, enquanto outros onze desenhavam observando cada uma das estrelas, e essas coisas eram de agrado do faraó, que desejava a construção da sua cidade de luz, pois ele era o arauto da luz pura. Com isso as antigas imagens foram desfeitas, como um espelho quebrado e o culto de Amon e os outros deuses ficaram ocultos a sociedades secretas. Enquanto assassinos reuniam se como ratos na escuridão uma cidade caiu e outra se ergueu e o faraó falou: O amor estava morto em nossa terra! Esquecido há tempos e nosso povo marcado pela violência, fé cega e todo tipo de corrupção e demência do gênero humano. Dou uma nova chance ao amor e a luz, somos homens e cabe a nós descobrirmos o real significado da existência nessa terra da estrela da manhã. Não devemos viver nossas vidas como os glutões, rufiões, hedonistas de outras terras. Tebas estava cheia de homens degenerados, apenas Set e os demônios mais antigos desejam a companhia desses homens no inferno. Criaturas desse tipo atrapalham o desenvolvimento do que é mais belo na alma humana e são os agentes da destruição. Pior que esses degenerados são os sacerdotes que proferem mentiras com seus hálitos fétidos e seus dentes podres, gordos como animais destinados ao abatedouro. Pobre são essas almas! Escute a voz interior, ela revela a verdade. A alma humana é um templo trancado, mas o olho de Hórus revela as imagens além desse templo.

Como faraó eu Aquenaton dou apenas uma ordem viver! Sim viver! Como um ser repleto de luz. Vamos mandar os antigos fantasmas e demônios de volta para as profundezas, juntos vamos construir uma cidade de luz e os escravos serão os cães, gatos e porcos, homens que rejeitarem a luz preferindo desfrutar dos prazeres desses animais. Não serão esses homens egípcios! Mas esses homens pobres coitados são escravos de suas próprias mentes entorpecidas Mas uma vez o faraó deixou o povo abismado com suas fortes palavras, alguns homens já preparavam armadilhas para tirar a vida do sábio Aquenaton, mas ele não se preocupava, pois sabia diferenciar o real de uma ilusão. O real é a luz que está alem do nascimento e da morte. A princesinha espantada dizia assim: Que historia legal! Nunca havia escutado nada desse tipo, mas já é bem tarde bardo e tenho que voltar para casa, meus pais devem estar bem preocupados. O trovador respondia: Sim princesinha!tome essa maçã você deve estar com fome. Vá correndo e quando puder retorne aqui, pois esse é meu refugio e continuarei a canção para você linda princesinha! Assim a menininha corria para sua casa pelos campos de trigo, e o trovador observava a primeira estrela mostrar sua face no céu cheio de místicos segredos para serem descobertos pelos homens, como Prometeu que roubou o fogo dos deuses.

Capítulo dois: As mentiras dos sacerdotes 1 Por volta do meio dia à menininha correu em direção ao velho moinho, para ouvir mais canções sobre o faraó Aquenaton, ela encontrou novamente o trovador que começou a dizer: Como você está amiguinha? Percebi seu desejo de escutar mais sobre aquela velha canção egípcia, pois bem princesinha ouça! Aquenaton juntou se ao seu comandante com seus guardas de confiança, pelo caminho encontraram uma serpente e o faraó começou a pensar na possibilidade de ser um mau presságio. Quando Aquenaton percebeu que havia ali uma multidão com um só desejo. Ouvir sua voz, que ecoava suavemente a revelação de uma verdade além do deserto. O faraó disse: Não há nada pior em nossa cidade do que os sacerdotes! Eles somente contam mentiras, alem de corromperem nossas almas! Tomam bebidas que representam nosso sangue em suas festividades e comem pães que são como a carne da nossa carne, fruto suado nosso trabalho compulsivo. São ladrões e descansam sobre nossas costas! Mentem e como mentem ao povo esses cães! Na crença dessas mentiras surgem inúmeras insanidades. A terra fica dividida pelo símbolo da fé e da

guerra. Flores negras enfeitam túmulos ainda mais escuros. Criaturas noturnas vagueiam sem almas nesse abismo que engole toda luz. Mas o brilho das águas do Nilo purifica qualquer tipo de contaminação, pois a água é pura e limpa, própria para dissolver a corrupção dos sacerdotes. Egípcios agora contarei a vocês as maiores mentiras dos sacerdotes, que tiveram seu início no tempo do rei escorpião atravessando o tempo do rei serpente, e chegou até como um grande rei rato. Eles distorceram o sagrado culto de Ísis, que deu nova vida a Osíris, a magia da ressurreição, o segredo do deus que morre. Como a alma poderia retornar em um corpo apodrecido sem sangue e nem vísceras, tal loucura ainda é uma verdade para nossos homens. A magia Egípcia não ergue um corpo podre e sem vida de uma tumba, olhe o mito do sol que morre e renasce esse é o maior símbolo para uma crença na imortalidade da luz e num ciclo de pluralidade das existências. Não há morte para alma! Malditos sacerdotes que definem deuses com características humanas e os relacionam com nosso cotidiano. Como um deus pode ser feito a imagem e semelhança do homem? Não seria um deus mais do que um homem? A grande mãe Ísis, o poderoso Hórus, e o misterioso Osíris estão muito além das nossas virtudes e dos nossos defeitos. Não há como definir Aton, pois ele é tudo. Todos os deuses e deusas, todas as imagens estando no limite da imaginação dos homens, assim é Aton que nunca condena a alma humana. Seu culto é liberdade. Thot nos revelou o segredo das palavras, mas de todas as palavras as mentiras sufocaram nossa dignidade. Troque todas as mentiras por uma verdade! Maldita crença que após a morte Anúbis cuidará do nosso julgamento pesando nosso coração na balança. Não existe condenação além da vergonha de viver no erro e como néscio colher os frutos da maldade. Os sacerdotes deixam os homens fracos. Impedido que eles alcancem a luz por si mesmos e façam seus próprios milagres. Não há início e fim, mas início, fim, e reinício essa é uma verdade que a natureza ensina.

Na loucura da fé temos os grandes exemplos de vingança, xenofobia, e todos os tipos de preconceitos ditados por sacerdotes loucos com seus incensos sendo queimados, para disfarçar o cheiro de sangue dos seus templos. Sangue sacrificado em nome da loucura, maldade, estupros, assassinatos, roubos, o Egito morre e os sacerdotes engordam. Os sacerdotes são piores que Set e todos os demônios. Ao terminar essas palavras, todo o Egito se escandalizou, muitos ofereciam se para matar o faraó. A luz que Aquenaton trazia para o Egito era intensa demais para homens despreparados suportarem. Os sacerdotes formavam uma verdadeira irmandade da serpente. Sempre se reuniam em covis escuros traçando seus planos nefastos. Queriam mostrar a força do seu grupo apenas esperavam uma oportunidade. No ar era sentido toda podridão e enxofre de um dia quente como uma fornalha. Uma coisa estava clara para Aquenaton. Basta uma bela festa, pão e muita cerveja para os homens perderem suas virtudes na loucura dessas ilusões. Homens nunca enxergam a verdade e os sacerdotes sabiam disso muito bem. Aye era o pior deles distorcia tudo que era bom, e cultuava tudo o que era mal fingindo cultuar o sagrado sol. Dor e miséria estavam acompanhando esses sacerdotes, seus corações estavam ressequidos espalhando sua doença pelas terras vizinhas. Aquenaton Sabia que apenas com a luz o Egito mostraria mais uma vez sua pompa e glória, para isso era necessário o povo lembrar o orgulho de ser um egípcio e não um dos homens das terras distantes do Nilo que não conheciam o amor, a moral, a ética. Coitados precipitados no abismo com os demônios da violência, opressão, fome, ignorância.

2 Nefertiti viu Aquenaton triste, desolado, com o coração na mão. O olho de Hórus revelava uma nova visão para um tempo além daquele tempo, e Nefertiti perguntava: O que há com você? Nada! Respondia Aquenaton. Apenas um pouco de melancolia. Mas Nefertiti se você soubesse que minha tristeza é tão profunda que caso eu chora se, cada uma das minhas lágrimas encheriam um rio com a mesma extensão do Nilo, e caso minhas lágrimas fossem gotas de sangue os olhos do Nilo seriam vermelhos. Toda visão seria monocromática. Nefertiti sem compreender deixava aquele recinto e Aquenaton olhava para a direção do sol, mesmo sozinho diante daqueles que amava, ele não se sentia só, pois Aton estava presente em todos os lugares. Aquenaton nunca estava só, ele foi o primeiro a compreender a luz, portanto tornou se o filho da luz. Aquenaton não poderia guardar para si a verdade, ele traçou vários estratagemas para que o culto de Aton se espalhasse pelo baixo e o alto Egito.

3 Assim a menininha perguntava: São fortes as palavras do faraó. Mas afinal que tipo de deus é esse que ele disse se chamar Aton o deus de todos os deuses? Essa foi a resposta do trovador: Calma amiguinha! Já vou chegar lá, mas antes escute isso: Aquenaton mergulhou sobre os raios solares, em transe só escutava suas próprias indagações. Ele sabia que não havia morte para alma, pois não poderia ter fim um espírito livre. O amor, a bondade, e a humildade são as curas para as doenças da alma humana e toda demência. A cidade suja era fácil ver como a corrupção espalhava se em cada homem com rapidez, mas rápido ainda era a degeneração das almas desses coitados. O sangue é saboreado como vinho na boca de um crocodilo! A carne é saboreada como pão ao ser dilacerado por um cão! Não há valor para vida humana. Os sacerdotes falharam em cultivar o bem. Embriagados na ilusão de uma falsa riqueza são maus e cultivam o mal no coração do povo. Vejo que fiz certo em proibir o culto de Amon, pois cada templo estava convertido em casa de perversão e os deuses estavam mortos pelos sacerdotes que fingiam ensinar uma moral e ética, mas vomitavam todo tipo de infâmia tornando esverdeadas todas as carnes de homens e mulheres de Tebas. Já estavam apodrecidas! Decidi dar ao povo a luz e o esplendor do que há de mais sagrado, e suas faces não seriam mais pálidas, e suas carnes não seriam mais esverdeadas.

Muitos admiram tanto essa sociedade construída a margem da loucura de homens do passado, e cada alicerce uma nova loucura de homens contemporâneos, mas essa sociedade não se compara a luz de uma estrela que também é efêmera diante da grandeza do universo e se desfaz, pois há um início, um fim e o mais importante o reinício.

Capítulo três: A luz de Aton no mundo 1 À noite a menininha estava pensativa, ela havia ficado impressionada com as palavras de Aquenaton. A história desse faraó ficou em seu imaginário, tanto que até em seus sonhos, mesmo na meia noite ela sentia a presença da luz do sagrado sol. Em seus olhinhos estrelas, inúmeros mundos, múltiplas formas de vida, raios do sol primordial que atravessavam o universo. As imagens naqueles olhos podiam ser vistas com nitidez, e a menininha entregava se a sonhos infinitos. Já outro dia após fazer seu desjejum, ela corria pelos campos de trigo escutando a mística melodia. Quem sabe se era profana? Talvez sagrada ou um pouco de cada? Há quem diga que o sagrado e o profano andam de mãos dadas, mas isso não importa aqui. A princesinha fez uma pergunta ao trovador: Bardo como continua a canção sobre Aquenaton? Estou muito curiosa para saber o desfecho dessa história. Assim respondia o trovador: Sim minha querida! Cantarei agora para você a parte mais importante da vida de Aquenaton e seu ensinamento deixado no livro da justiça escrito pelo contemplador dos astros.

O que havia contado até esse presente momento, era apenas um prelúdio sobre a luz. Parecia vir do deserto um forte vento, que trazia consigo muito pó e levaria para além o eco das palavras ditadas pelo filho do sol. Não há imagens e nem palavras que possam descrever ou mesmo representar a razão pura, pois está bem distante do homem e ao mesmo tempo bem perto. Assim é o sol e também Aton. Enquanto aves de rapina falam de vingança no céu, os raios solares pregam amor e vida. Antes do Egito, muito antes de um rei escorpião, havia no céu uma noite eterna e Aton repousava, sobre sua própria luz solitário, sempre imóvel e real, da explosão da sua razão, a luz percorreu distancias inimagináveis gerando vida no universo surgindo o movimento.

2 Aton não tem forma alguma, possui todas as formas, mas sua imagem é um disco solar, pois ele é o senhor da luz. Uma serpente desenrola se pelas infinitas estrelas penetrando a noite, ela disse em meu ouvido para não esquecer a estrela, e não me esqueci. Tudo que é divino pode ser sentido como a sagrada luz! A estrela de prata brilha, e sua divina luz azul é um convite, uma mudança do homem profano para o homem superior. Vozes ecoam do vazio atravessando por portas, uma frágil luz azul da estrela do oriente convida todos para verem unidos a luz convergir em um só ponto. Todas as coisas estão mudando e essas vicissitudes determinam que a vida seja um caminho que sempre se estende. Com a morte a longa estrada continua! A minha vida tem sido uma estranha ilusão, mas a luz do sol é bastante acolhedora e real. Quando a morte chama, todas as ilusões da vida se desfazem conseqüentemente o real caminho fica nítido. Quando a morte chama podemos ver além do nascimento e da morte, do bem e do mal. Enxergamos como o universo é uma longa estrada! Quando perdemos o controle e nos aproximamos da besta, ao observarmos as conseqüências percebemos o significado da alma humana. Um homem virá das estrelas, quando a luz da estrela de prata convergir em uma só direção à razão.

Todas as antigas questões, maneirismos, mentalidades. Com uma nova era serão como velhas lapides lembranças pequenas daquilo que já está esquecido! Não existe pecado em nenhuma parte do universo! Um deus só pode ensinar deixando o homem apreender a sua maneira. A luz de Aton manifesta se naqueles que quebram velhos espelhos, e não são mais afetados pelas imagens.

3 Os ignorantes costumam estar presos nas correntes da miséria. Só com a luz essas correntes são partidas! Todos vivem suas vidas com algum sentido ou mesmo com nenhum, mas a busca pela verdade não é um caminho qualquer, esse é o caminho do homem iluminado. Para o espírito voar livremente pela estrada da razão pura, primeiro é preciso uma chave, essa chave está além do nascimento e da morte. O homem olha para o céu, o que ele vê além das estrelas que são as janelas para o infinito? O homem enxerga a existência além de um princípio e um fim. A vida é um caminho que se estende, da pedra comum a uma bela jóia, do homem comum ao iluminado! Toda escuridão da maldade não deve impedir os olhos de enxergarem a direção que a luz do bem converge. Esse é o caminho! Quando andamos em silêncio podemos ouvir a voz de Aton vindo do Nilo nos confortando.

4 Aquilo que há de belo na mentira é como os asnos continuam acreditando nelas. Admiro todos os sacerdotes que enganam o povo e mentem para si mesmos. A vida é um caminho para luz, todas as outras estradas são ilusões. Aton é a verdade, e a verdade é a razão pura permanente, imóvel, e não sofre ação do tempo. Só o homem além do homem a alcança. Uma longa estrada para luz: um animal era uma ilusão, um homem era uma ilusão, uma pequena aldeia era uma ilusão, nossa sociedade também é uma ilusão, e todas as ilusões desfazem se, tudo muda, mas a verdade é eterna. Não existe verdade para a ilusão da realidade. Por isso há tanta complexidade para encarar o real e todas as ciências, filosofias e magias assemelham se a imagem de um cão que corre atrás do seu próprio rabo. A luz da verdade começa com o conhecimento de si mesmo, contemplando o universo interno e conseqüentemente entrando em Harmonia com o infinito.

5 O que é o homem? O homem é luz e também é besta! Quando alimentamos o coração com justiça a luz é o fruto da verdade, mas quando o coração é alimentado com todo tipo de podridão nasce uma definitiva besta que corrompe todas as almas. Em uma sociedade degenerada por hedonistas acaba não sobrando nada de humano há apenas demência. A menininha de olhos azuis acinzentados corria com seu pequeno cão era uma visão bonita. Aqui um mistério da água, estrelas, jóias e uma lua quando a princesinha brinca, pois tudo por ela e para ela. Triunfando sempre sobre os perigos, sobre os inimigos. Por fim seu amor penetra em todas as coisas. Set soprava um vento quente no deserto era um réquiem para todos os deuses. Ele matou Osíris! Eu Aquenaton vi os sacerdotes e o povo ignorante terminarem de matar os que restaram! Continua a chover há colheita em abundancia, a mesa continua farta e morrem alguns homens. Quem se importa? Não esses sacerdotes! Desfazer essas ilusões é uma tarefa difícil e ver o que há de real e bom na vida. Compreender que jóias ouro e outras relíquias não compram a razão, pois essa escolhe poucos homens, e menos ainda atendem o chamado. O povo está morrendo, conseqüentemente a terra está morrendo, mas esse não é o fim e sim um novo início.

6 Além da luz da lua cheia há uma mancha solar, mais além existem infinitas estrelas que são uma longa estrada sempre se estendendo ao conhecimento além do nascimento e da morte. Só com o reconhecimento da unidade entre os homens com a natureza poderíamos chegar a uma época de inúmeras luzes. Escutei vozes que vieram de uma terra distante, essas vozes atravessavam córregos cristalinos e estavam montadas sobre ventos quentes, elas diziam para não acreditar em besteiras sobre o fim e nem nas asneiras dos sacerdotes, que não conseguiam compreender que depois de um fim há sempre um reinício. Depois que comecei a conversar com Deus e o que ele me disse eu nunca poderia esquecer: Sou Aton o senhor de tudo e nada, essa é minha grandeza as maravilhas que distribuo no universo. A grandeza está nas coisas que damos. Aton não junta nada para ele mesmo! Só quem consegue perceber a diferença entre o real, o irreal, e o aparente está apto para ver a verdade! Vamos destruir as falsas imagens dessas ilusões da vida! Conheço, portanto eu sou! Escutando a batida pura do seu coração você pode entrar em contato com o amor do senhor universal, a fonte de toda santidade, ciência, magia, e filosofia. Eu vi escrito nas estrelas um nome era a liberdade de romper todas as barreiras! Assim como Osíris morto renasceu, o homem profano deve morrer e renascer seu espírito como um ser divino! Na densa escuridão da noite com o olho de Hórus você poderá enxergar o caminho!

O olho que tudo vê? Sim um olho que tudo vê! Tente aprender o que ensina os velhos mitos, mas não acredite em tudo que eles dizem interprete os, ou fique zumbindo como uma mosquinha em uma carcaça fétida. Todos os dias são longos quando os sonhos estão pedidos, e apenas aguardamos o chamado da morte, talvez por isso não devêssemos perder a esperança. Todas as coisas que amamos não são mais as mesmas quando morremos, pois então não é difícil para um sábio desapegar se de bens materiais.

7 Aton é a luz primordial no universo, a serpente é o conhecimento, e todas as estrelas são seus tesouros, mas a estrela de prata é a mulher bela dona dessas jóias. Sim! Ela rainha da noite foi para ela sempre. Agora para os adoradores da estrela de prata um cântico para luz estelar. O Cântico para luz estelar: Sempre bela a abóbada celeste! Luz azul de olhos acinzentados. Gosta de prata é a estrela de prata! Bebo em sua honra, amo em seu nome. Farta é minha mesa por você! Se eu canto uma canção é por você! Toda boca de uma mulher é sua boca, pois você sempre será todas as mulheres e mulher nenhuma todas as mulheres são suas estrelas. A você dedico meu gozo e amor rainha do espaço! Sempre me presenteia com jóias e caso pedisse o sol, a lua e as estrelas. Sei que tem o poder para atender os desejos do seu profeta com toda glória. Rainha da noite! Bela é sua doce voz de liberdade! Bebo vinho sua boca meu cálice! Todas as coisas para agradar a luz estelar! Todo amor a estrela de prata. Aton é o senhor de toda luz, logo chegará o tempo que virá o homem das estrelas com um sinal do Nilo para abrir seus olhos. Para os adoradores da serpente luz do conhecimento de Aton, um cântico para serpente que dá o conhecimento. O cântico para serpente: A serpente é a unidade presente no todo!

A serpente é a unidade presente na natureza! Ela sempre vai de encontro a os sábios. Ela busca aqueles que têm olhos e não são cegos. Riqueza e poder são jóias que saem da sua boca! A serpente engole o fraco, o néscio, e o desajustado. Todas as riquezas e todas as delicias para os servos da estrela e da serpente. A serpente é a escada para o céu! O vento quente do deserto sai das suas entranhas. Aquele que atravessa o deserto a noite encontra sua sabedoria. Fuja da ignorância busque pela riqueza, pelo conhecimento. A serpente nunca dorme, e nem deixa de trabalhar. A serpente está em você é à força da sua glória. Diante dos seus escolhidos seus olhos são azuis, mas aos inimigos seus olhos são vermelhos. A serpente é imortal! A serpente se estende por todo universo. Suas presas são de prata, seu corpo de ouro, um olho é um rubi, o outro uma safira. Eu Aquenaton vi inúmeras vidas espalhadas pelos infinitos mundos, estrelas, deuses, Osíris, Ísis, Set e mesmo os deuses de outros povos, eram aspectos da divindade original Aton! A serpente mordia o próprio corpo. Na solidão ela atende seu chamado! Sempre na noite de um lindo céu estrelado. Os poetas cantavam sobre heróis e suas glórias e sobre a força da natureza.

8 Eu sou Aquenaton! Aton deu para mim que sou o filho do sol, o conhecimento de Hórus, e o olho do falcão abre se nas margens do Nilo. Um cântico para o senhor da cabeça de falcão: Sou o seu eterno retorno e em ti espero sua defesa! O senhor da cidade banca. Protetor de quem busca a luz do conhecimento. Grita por vingança quando pisam em seus filhos! Com seu bico fura os olhos e com suas garras rasga as tripas dos inimigos do conhecimento! Condenando todos a viver na lama da ignorância. Senhor de Tebas, Armana e todas as cidades é sempre o senhor. Com seus olhos tudo vê! Com suas asas a todo lugar vai! Com suas garras a tudo dilacera! Também sou o filho do falcão! Morram os fracos, os covardes, mentirosos, invejosos e todos aqueles que o senhor despreza, assim com são desprezados pelo seu profeta. Gloria ao sublime, majestoso, orgulhoso e ao audaz, esses são seus filhos. Viva o místico falcão! Circ, circ... Sempre é sua canção! O eterno retorno! Sua sacerdotisa tem os cabelos trançados. Seu profeta pele avermelhada. Reverencie o senhor da cabeça de falcão! Reverencie todo tipo de conhecimento! Reverencie todas as coisas fúlgidas!

9 Aton! Deus do universo! Meu raio solar! Como um disco o senhor é minha coroa. Minha alma é luz e ao ver sua luz pela manhã eu começo a chorar! Vejo demência em um povo dividido, em seus altares sacrificando suas vidas naquilo que não tem sentido. Sei que quando morrer sua luz estará comigo, como está agora. O senhor da luz está onde deseja estar. Seus raios infinitos são como mãos fortes. Abençoam e afastam os maus espíritos e a escuridão. Aton não deseja oferta! Aton não deseja ver o povo morrer! Aton não deseja lágrimas! Aton não deseja sangue! Aton sol primordial no universo! O seu culto é a razão e a liberdade. Amasse seu escudo! Quebre sua espada! O sacrifício do homem enforcado. O cego vê. A água do Nilo é pura. Não espere pelo esplendor da água. Mergulhe em um rio ou no mar. Olhe para o sol que está de braços abertos para você. Contemple o que é belo! A luz da razão! Não espere o amanhã para ser livre.

10 A luz convergiu em um ponto, agora vejo a direção e sei qual o caminho. Vejo os fabulosos tesouros! Ela é a luz de todas as estrelas e me presenteou com um enigma. O enigma da serpente e da estrela: No deserto veio uma luz azul. A luz era um sinal do amor! Expulsando os instintos da selvagem besta. Sim! Disse a serpente é mesmo um sinal de amor. Grande desenrola se pelo universo. Inseparáveis a estrela de prata e a serpente. No deserto vi a naja, logo veio à noite. A besta é grande! O espírito humano também é grande. A vida é a constante luta do instinto e a razão! Assim morto foi um deus e esse deus ressuscitou. Era o tempo de Osíris, agora o filho saiu do útero, seu nascimento é o início de uma nova era. Todas as coisas estão mudando, o movimento é constante. A luz do sol simboliza essa mudança. Liberdade, liberdade, liberdade, essa é a palavra da lei, e como é magnífica a lei! Lembre se que Aton é a divindade de todos os deuses, sempre senhor da luz escutando cada oração. Um cântico para Aton a pura expressão, do amor a luz. O cântico de Aquenaton: Diante dessas minhas crises de melancolia, a constante tristeza de meu olhar não me impede de ver, e de romper com a loucura dos sacerdotes e seus demônios, pois esses não existem! Quando iluminado pela beleza do brilho do sol descobri Aton, que representa a razão, Deus único por excelência, então derrubei os outros deuses que eram

frutos da imaginação humana, que nem sequer em um momento correspondiam com a essência da força da natureza. Ergui um templo ao disco solar, o sol primordial do universo, que representa a verdade. Hoje me chamo Aquenaton! Fui pioneiro na crença de um Deus único, a razão. Meus amigos atentaram contra minha vida, minha linda mulher passou a me odiar, mas não desanimei, o brilho do disco solar é inesquecível, quem contempla a razão não é mais o mesmo. A jornada do homem se inicia na busca pela razão, a imagem de Amon caiu só a razão merece ser cultuada. Constante é meu pesar, maior ainda minha reflexão, quando tenho uma duvida mergulho na luz solar, meu pensamento torna se claro, assim se manifesta à razão, e vejo a verdade diante da especulação. Meu amor pela minha linda mulher, meus queridos amigos é grande, eu seria um hipócrita ao afirmar que maior é o meu amor pela verdade, nunca diria isso, mas tive coragem de derrubar os demônios, Amon e os sacerdotes, pois melhor a verdade que a loucura. O grande rei rato mandou os homens ajoelharem se, esses mesmos homens como loucos atenderam seu pedido sem pensar. A imagem do rei rato é pomposa, em meio a sua ostentação, os homens sentem se maravilhados, na ilusão de estarem próximos de Deus, mas estão loucos. Derrubei os ídolos da ignorância, e ergui só um ídolo da verdade, com o brilho do sol. O povo se ajoelha diante do rei rato e depositam o fruto suado do trabalho diante da imagem do rei rato, esse sorri, pois precisa de muitas moedas para pagar o demônio quando for para o inferno. O rei rato sorri, ele sabe que não existe demônio, nem inferno, mas a conveniência, isso se resume em razão e ignorância, além disso, é conto de fadas. Os egípcios se ajoelharam diante do grande rei rato e seus ídolos da ignorância, que influem no Estado. Eu derrubo esses ídolos peço para o Egito

se erguer, o disco solar de Aton brilha para iluminar os homens no caminho da razão. O conhecimento está ansioso, para ser descoberto pelo homem. O que chamamos de maldade, não vem de figuras míticas, mas do nosso interior, quando está repleto de ignorância. Não existem nem deuses, nem demônios, eu Aquenaton derrubei a todos, mas existe a força da natureza de Aton, que é a razão, isso é algo que não posso negar. Todo assassinato justificado por uma fé, nesse culto não está presente o Deus da razão, mas o demônio da ignorância. Acreditar em fábulas grandiosas é loucura, maior loucura ainda é cometer crimes tendo por justificativa a fé. Nenhuma ciência pode contestar que Deus é grande em suas manifestações. Aton Deus da razão, senhor da verdade deseja apenas um culto a razão, a justiça e liberdade, seu símbolo é o disco solar, uma analogia com a luz da verdade. Deus criou os homens com o desejo do conhecimento, a cada evolução estamos mais próximos de Deus, que aguarda ansioso pelo nosso retorno a razão. A fé é uma praga enraizada na mentalidade do povo, pior que essa fé cega distancia os homens da realidade, e sua conseqüência, Deus. Todas as coisas cabem a especulação, mas é perdoável uma interpretação errada da realidade, o imperdoável é saber que alguma coisa é irreal, e crer cegamente na realidade de tal coisa. O Deus que existe não é esse deus das religiões, mas o formulador universal das idéias personificadas, senhor da razão, a verdade pura. Os demônios são homens distantes da razão, que atentam contra a natureza ou contra o próprio homem. O caos tem seu inicio nos dogmas religiosos, que são interpretações equivocadas da luz da verdade, a causa ultima, o reencontro com Deus. Aton é o sol primordial! Seus raios emanam vida em todo universo.

11 Para o homem sem conhecimento areia é apenas areia, assim como pedra é apenas pedra, mas para o filho do sol areia é ouro e as pedras são jóias. Assim é o homem que busca o conhecimento, ele abre suas asas e voa, ele enxerga além. Eu vi a estrela, a serpente, e o falcão, quando caminhei no deserto. Descobri a vontade santa. Os três são apenas um e esse um é Aton o senhor da luz. A estrela é a riqueza, a serpente o conhecimento, e o falcão o poder. Divino sempre é aquele que gera a vida! Lembre se que assim como da estrela vem à luz, toda mulher é divina quando mãe. Entre o céu noturno uma mulher está vestida com o mais belo vestido e todas as estrelas são suas jóias. Entre a extensão do deserto está a grande serpente e da sua língua sai um punhado de segredos. Dos voláteis no céu, o falcão sempre diz circ, circ, circ. Essa é a canção do eterno retorno, ela é a magia acima de qualquer força oculta.

12 O homem é livre para caminhar pela longa estrada que sempre se estende. Quando compreendermos os segredos daqueles que iluminam o céu encontraremos a verdade. Mas que verdade é essa? A verdade o homem nasceu para coisas grandes e esses homens esmagam os pobres coitados que nasceram apenas para rastejar. Melhor ser forte e superior ao estrangeiro, caso não seja um amigo, ao menos não terá coragem para ser um inimigo. Aton me presenteou com um enigma. O enigma de Aton: Os dias são longos e escuros. A lua está machucada e dos seus seios não há leite para o filho, apenas sangue que cai das suas feridas. Aquela criança bebe e fica forte! A loucura tornou se uma doença comum, homens estagnados são todos néscios, rufiões e glutões. Até mesmo a cerveja não presta mais! Um deus que morre e a demência reina! Mas o brilho do sol desfaz a escuridão, homens profanos morrem de mãos dadas com a ignorância. Aton reina agora, sua luz é uma nova vida! Todas as coisas germinam, elas estão respirando, e a água é boa. Assim quando chegar a noite, a mais bela dançará sobre todas as estrelas, ela é a dona dessas jóias. Busque sempre a luz! Libere a força! A roda gira! Quando a estrela de prata brilhar na noite escura, ela será a estrela guia. A lua convida os amantes para uma união secreta, em suaves lençóis, incensos, musicas e bebidas.

A serpente desliza pelo deserto com suavidade nas areias. Ela é grande, sempre se estendendo, seguindo uma progressão matemática incalculável. A serpente diz: Está ali o caminho para o céu, serei sua escada para o sol! Aton aproxima se e suas mil mãos tocam os corações dos homens separando os deuses dos cachorros! Um cão não dorme na cama de um homem ao menos que esse permita, pois então um cão não deitaria na cama de um deus! Assim são os homens por isso as separações: Deus é Deus, cão é cão e há também os piores tipos de homens, os que andam como mortos, pois nunca houve uma alma em seus corpos. A luz do disco solar é muito forte para os olhos acostumados com a escuridão. Aton deseja uma cidade branca para todo filho do sol. Hórus vingou a morte de Osíris. O mistério do deus que morre foi compreendido. O mistério das guerras, pestilências, transformações nos homens e nas mulheres foi compreendido. Agora é revelado o mistério da luz, pois é o sol que tornou se rei coroado no trono da cidade branca. Eu vi através da terra do pó todas as coisas rastejantes desesperadas, pois o novo sol brilhava forte e feria as carnes das criaturas nefastas. O forte esmaga o fraco nesse momento, como crianças que brincam com insetos. A vida chama a morte, morte chama a vida, sobre os montes de corpos dos homens sem espíritos, o calor do sol estoura aqueles corpos, as moscas aceleram o apodrecimento e a luz vai dissolvendo aquelas carnes, este é o fim, mas também o reinício. Aton chama seus filhos. O filho do sol ergue seu braço impondo a ordem cósmica. Homens felizes com suas mulheres gerando filhos nas terras mais férteis. As águas do Nilo curam o corpo e o espírito! O filho saiu do útero, ele está faminto, ele bebe sangue, e come carne. Foi dado a ele o poder de consumir tudo o que desejar até a chegada da luz de Aton, então seu reinado estará terminado, assim como as antigas coisas e os pequenos homens.

A cidade branca é apenas para os mais nobres, audazes, fortes, e santos, conseqüentemente livres. Antes as águas do Nilo refletiam apenas o aspecto da minha, face, finalmente vi toda uma agitação, homens correndo e sentindo na carne o preço da sua escravidão, mas o esplendor das águas não mostra somente dor. A luz refletida indicava o início de uma nova era. A mãe e o pai amam o filho, assim ficariam puras todas as águas contaminadas por sangue e vísceras. Apenas alguns homens vêem a luz à maioria está morrendo! Vejam a luz convergir em um só ponto e voltem para casa! Digam adeus as ilusões! Siga a luz da estrela de prata pela longa estrada que é a serpente! Abra suas asas e voe com o falcão ele é seu guia! A liberdade é o seu dogma, sua fé, e sua única restrição. Nunca esqueça de que Aton é a liberdade. Este é o seu culto, seus princípios, todo seu amor a liberdade! O sol é livre, seus filhos são livres! Abra suas asas e voe. Aquenaton após dizer estas palavras olhou para as estrelas durante a noite, na esperança de ver o sol da meia noite. Disse a princesinha: Está muito tarde tenho que ir, mas amanhã pela tarde eu voltarei. Disse o poeta: Sim princesinha! Estarei aqui esperando tenha bons sonhos. A princesinha correu admirando a luz das estrelas, mesmo sendo jovem ela já percebia o mundo com novos olhos. Aos poucos ela começava a perceber a magia escondida no sol, na lua e nas estrelas. Ela entendia o segredo da escada para o céu. Descobriu o segredo de Hórus. Descobriu o segredo do enforcado. Descobriu o segredo da unidade da natureza. Descobriu o segredo da roda da fortuna. Descobriu o segredo da serpente.

Descobriu o segredo da estrela. Descobriu o segredo da luz. Chegando à sua casa, a princesinha sem dizer uma palavra comeu biscoitos brincou com seu velho cachorro preto, e foi para seu quarto deitou em sua cama macia e sonhou. Sentindo seu espírito tão leve. Foi como se ela viaja se pelas estrelas no infinito espaço. A princesinha estava muito feliz.

Capítulo quatro: Um réquiem para os deuses 1 A princesinha tomou uma xícara de chá e estudava os aspectos culturais do antigo Egito, principalmente as questões místicas, para assim compreender a grandeza do faraó Aquenaton e sua reforma religiosa. O tempo estava começando a fechar, nuvens escuras tornavam aquele dia de outono semelhante ao frágil sol de um dia de inverno. A princesinha corria até o poeta que dizia: Minha amiguinha hoje é um lindo dia, cenário perfeito para essa canção que a princípio aparenta ser triste, mas no fim é a mais alegre das canções. Vamos entrar no velho moinho e deixe chover, pois a água purifica não só nossos corpos, mas também nossos espíritos. Após Aquenaton dar sua explicação sobre a luz de Aton, uma forte dor de cabeça o atormentou durante sete noites de lua cheia. As dores começaram somente ao anoitecer, mas quando o sol nascia às dores sumiam. Já no oitavo dia ele sentia se bem disposto e disse talvez a mais intrigante de todas as palavras que poderiam, quem sabe ser a maior de todas as heresias, ou mesmo quem sabe a maior de todas as santidades. Busque sempre a luz! Libere a força! A roda gira! Quando a estrela de prata brilhar na noite escura, ela será a estrela guia. A lua convida os amantes para uma união secreta, em suaves lençóis, incensos, musicas e bebidas.

A serpente desliza pelo deserto com suavidade nas areias do tempo. Ela é grande, sempre se estendendo, seguindo uma progressão matemática incalculável. A serpente diz: Está ali o caminho para o céu, serei sua escada para o sol! Assim novamente digo: Aton aproxima se e suas mil mãos tocam os corações dos homens separando os deuses dos cachorros! Um cão não dorme na cama de um homem ao menos que esse permita, pois então um cão não deitaria na cama de um deus! Assim são os homens por isso as separações: Deus é Deus, cão é cão e há também os piores tipos de homens, os que andam como mortos, pois nunca houve uma alma em seus corpos. A luz do disco solar é muito forte para os olhos acostumados com a escuridão. Aton deseja uma cidade branca para todo filho do sol. Hórus vingou a morte de Osíris. O mistério do deus que morre foi compreendido. O mistério das guerras, pestilências, transformações nos homens e nas mulheres foi compreendido. Agora é revelado o mistério da luz, pois é o sol que tornou se rei coroado no trono da cidade branca. Uma estranha ilusão foi o que pude interpretar na luz das estrelas. Em um desses dias visitei os túmulos dos antigos deuses e vi todos enterrados nas profundezas do coração dos homens esquecidos. Que ambiente nefasto, o cheiro da podridão do que restou dos deuses misturava se com a podridão dos próprios homens. Os sacerdotes cuspiam nas imagens e enfraqueciam o povo por isso as divindades esquecidas foram juntas com a esperança. Vi por culpa dos sacerdotes Tebas cair e eu também vi os ossos e as carnes apodrecidas dos deuses misturadas com demônios, esses demônios eram os homens sem coração. Todos os caminhos estavam cercados de fantasmas, talvez um sacerdote também seja uma figura fantasmagórica assombrando os túmulos dos antigos deuses e das velhas insígnias. Os chacais devoravam o povo com extrema facilidade, pois nossos homens diante das mentiras eram criancinhas. Os chacais devoravam também os deuses e os santos, e nem os ossos sobravam, voraz a fome desses sacerdotes animais.

Os homens têm olhos, mas não enxergam e quando começam a ver, sua visão é distorcida da realidade. Os homens têm ouvidos, mas não escutam, e quando escutam algo são as loucas palavras de um sacerdote. Palavras essas que levam para baixo! Nas mãos do homem há o poder de construção, mas a cada construção de um homem santo vem a destruição de um homem infame. O homem pode sentir fragrâncias com seu olfato, mas prefere sentir os piores odores possíveis. Os homens poderiam com suas bocas pronunciarem sabedoria, mas traem a si mesmos dizendo todos os tipos de asneiras. O homem matou e enterrou fundo tudo o que é sagrado, agora falta apenas suicidar se. Todas jóias foram corrompidas, todas as riquezas pilhadas por um grupo de preto, carmesim e branco. Assim a escuridão tapou o sol. Foi exatamente quando refleti sobre o que seria o fim das velhas tradições e o inicio de uma nova era. Meu coração ficou cheio de pesares, não por ter visto os deuses e nossa cultura apodrecerem em seus túmulos e ter respirado o ar fétido daquele ambiente nefasto. Mas o que realmente me perturbou, tanto minha alma como meu coração foi ver todos ali presentes reunidos sobre os espólios dos pobres e infelizes deuses, mortos, podres e com suas antigas glórias enterradas junto com o povo e foram os sacerdotes que realmente mataram todos. Sim! Estavam todos os sacerdotes presentes com suas vestimentas de tonalidade escura, carmesim e branca e suas cruzes da imortalidade. Também estava presente o sumo sacerdote que tinha a face parecida com uma besta disforme nunca antes vista no Egito e talvez em nenhuma outra terra conhecida. As faces dos sacerdotes assemelhavam se a chacais famintos e todos esses reunidos dilaceravam o povo e os deuses e bebiam o sangue e fartavam se das almas. O povo continuava fraco e pobre. Nosso povo é pálido, seus olhos são vermelhos e o espírito lembra uma fé cega em tudo o que é vazio. Pesares, cheio de pesares é o coração de um deus que morre.

Assim os sacerdotes mataram todos os aspectos sagrados e fartaram se com as carnes dos devotos. Set assassinou Osíris, e Set assemelha se com um asno, e o que são os sacerdotes do Egito senão asnos guiando homens ao abismo? O Egito está morrendo e nossos deuses foram decapitados, nossa religião lançada ao fogo, nossas filhas defloradas, e em seus úteros uma progênie estrangeira. Olhe para o povo pendurado relembrando o sacrifício do enforcado. O mistério do deus que morre assemelha se com a passagem do mito ao logos. Estou cansado desse ambiente e desses seres rastejantes! A serpente que rasteja no deserto nunca mente, ela me picou e eu não morri. Todo veneno percorreu minhas veias, mas agora eu sou o rei serpente e posso tudo. Deixe de lado todo o ritualismo vazio, a fé cega. Interprete o enigma da esfinge. Antes dos vermes andarem por cima dos seus ossos no seu tumulo memorial. Descubra que só existe um mandamento chamado amor! Ame, seja inocente e livre. De um osso para o cachorro e monte na serpente, ela é sua escada para o céu! Enormes são os muros que impedem os homens contemplarem a beleza da estrela. Derrube os enormes muros agora, tudo está morto e enterrado então caminhe livre! Só é divino quem ama inocentemente, esse é o caminho, o resto é escuridão. Ou você é luz, ou você é sombra, mas a luz está contida na escuridão e essa escuridão se desfaz diante da mesma luz. Peguei meu caminho e ele vai além do futuro! Andei no sol e andei na lua, agora que passei pela cidade dos mortos posso dizer que não gostei desse passeio. Meu coração ficou como chumbo, mas diante da luz do sol novamente tornou se ouro. Retornei a minha casa e fiquei feliz por saber que o Egito vive, a estrela brilha, os amantes encontram se sobre a luz da lua e o brilho do sol alegra o