Relato de experiência: utilização de cartazes estilizados como medida de incentivo à higienização das mãos



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Relato de experiência Relato de experiência: utilização de cartazes estilizados como medida de incentivo à higienização das mãos Case report: the use of stylized posters as a measure of incentive to hand hygiene Relato de experiencia: la utilización de afiches estilizados como medida de incentivo a la higiene de las manos Zilah Cândida Pereira das Neves I, Anaclara Ferreira Veiga Tipple II, Adenícia Custódia Silva e Souza III, Dulcelene de Sousa Melo IV, Lucimar Rodrigues Ferreira V, Elisângelo Aparecido Costa da Silva VI I Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Coordenadora municipal de controle de infecção nos estabelecimentos de saúde de Goiânia. Professora Assistente I da Universidade Católica de Goiás (UCG). E-mail: zilahcandida@hotmail.com. II Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG). E-mail: anaclara@fen.ufg.br. III Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto da FEN/UFG. E-mail: adenicia@fen.ufg.br. IV Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Enfermeira assistencial do Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas da UFG, Professora Assistente I da UCG. E-mail: dsmelo11@yahoo.com.br. V Especialista em vigilância sanitária e epidemiológica, Diretora Geral do Hospital Materno Infantil/GO. E-mail: lucisorte@hotmail.com. VI Enfermeiro. Metre em Enfermagem. Enfermeiro do Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (SIATE). Professor da Universidade Paulista. E-mail: elisangelosilva@gmail.com. RESUMO Diversos pesquisadores ao longo da história demonstraram que a higienização das mãos é um procedimento eficaz na prevenção das infecções associadas ao cuidado em saúde. Entretanto, o índice de adesão a esta prática continua sendo baixo, demonstrando que as informações não estão atingindo o seu maior objetivo, que é a mudança de comportamento. O objetivo deste artigo é divulgar uma estratégia de incentivo a higienização das mãos. Tendo como premissa a importância da higienização das mãos para o controle de infecção, foram elaborados cartazes estilizados com aperfeiçoamento por um especialista em desenho gráfico. A divulgação destes apresentou-se como uma estratégia interativa com a equipe de saúde, podendo ser utilizada em diferentes serviços. Descritores: Lavagem de mãos; Educação continuada, Infecção hospitalar; Enfermagem. ABSTRACT Throughout history several researchers have shown that hand hygiene is an effective procedure to prevent infections associated with healthcare. However, adherence rates towards such practice are still low, which demonstrates that the information is not reaching its main goal, the behavior change. The aim of this paper is to show a strategy to incentive hand hygiene. Its premise is the relevance of hand hygiene to infections control. We elaborated stylized posters by an expert in graphic design. Publicizing of such posters was done as an interactive strategy with the healthcare team, which, in our view, can be used in different services. Descriptors: Handwashing; Continuing education; Cross infection; Nursing. RESUMEN Diversos pesquisadores a lo largo de la historia demostraron que la higiene de las manos es un procedimiento eficaz en la prevención de las infecciones asociadas con el cuidado en los servicios de la salud. Mientras tanto los índices de adhesión a esta práctica continuan siendo bajos, demostrando que las informaciones no están alcanzando su mayor objetivo, que es el cambio de comportamiento. El objetivo de este artículo es divulgar una estrategia de incentivo a la higiene de las manos. Teniendo como premisa la importancia de la higiene de las manos para el control de infecciones, fueron elaborados afiches estilizados perfeccionados por un especialista en diseño gráfico. La divulgación de estos afiches se presentó como una estrategia interactiva con el equipo de la salud, que creemos pueda ser utilizada en diferentes secciones. Descriptores: Lavado de manos; Educación continua; Infección hospitalaria; Enfermería. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(3):738-45. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a35.htm. [738]

INTRODUÇÃO A higienização das mãos consiste em um dos maiores desafios para a prevenção das infecções relacionadas ao cuidado em saúde, devido a sua baixa adesão pelos profissionais da área. Estudos mostram justificativas para esta baixa adesão como; falta de motivação, irresponsabilidade, falta de consciência, pouca importância ao fato da transmissão cruzada de microrganismos, ausência de pias próximas aos leitos, reações cutâneas nas mãos, falta de tempo dentre outros (1-8) Diversos órgãos normatizadores apresentam recomendações quanto à produtos, técnica, freqüência, dentre outros aspectos da higienização de mãos para serem seguidos pelos profissionais da área de saúde, baseados em evidências da relação entre a adesão a esta prática e a diminuição dos índices endêmicos de infecção. Entretanto, a adesão à higienização das mãos continua sendo baixa (6-7) demonstrando que as informações não estão atingindo o seu maior objetivo, que é a mudança de comportamento. A mudança só ocorre quando há insatisfação com a situação atual, percepção de alternativas e reconhecimento no âmbito individual e/ou institucional, da habilidade e do potencial para mudança (9-11). Acreditamos que para a educação ocorrer de forma permanente é necessário o aperfeiçoamento constante para que o crescimento e desenvolvimento da pessoa sejam integrais, pois a ação educativa é um processo dinâmico. Desta forma o indivíduo terá como ordenar os seus pensamentos e suas necessidades de maneira inovadora (12). Vários estudos demonstraram a maior eficácia de algumas estratégias de educação para se obter a desejada mudança de comportamento (13-15). Programas educacionais continuados, como campanhas periódicas de incentivo à higienização das mãos, motivam os trabalhadores da saúde a higienizar as mãos e conseqüentemente reduzem os índices médios de infecção. Mas, a manutenção da adesão se mostra um desafio, pois após algum período, os índices retornam aos patamares anteriores (14,16-17). Frente a este desafio, e enquanto profissionais envolvidos com a prevenção e o controle das infecções consideramos que os esforços para o aumento da adesão à higienização das mãos devem ser socializados. Sabemos, entretanto, que uma mesma estratégia pode produzir impactos diferentes, uma vez que a adesão depende não apenas dos fatores externos, mas dos fatores internos ligados a cada trabalhador na sua individualidade. O objetivo deste artigo é relatar a experiência da utilização de uma das estratégias de incentivo à higienização das mãos utilizada em uma investigação científica (1). A caminhada de incentivo de adesão da higienização de mãos utilizando cartazes estilizados Uma dissertação de mestrado desenvolveu um estudo de intervenção não controlada, denominada antes-depois, na qual o indivíduo atua como seu próprio controle foram utilizadas três diferentes estratégias de incentivo à higienização das mãos sendo uma delas os cartazes estilizados (1). Para a confecção dos cartazes, nos baseamos em um estudo sobre Comunicação Visual na Prevenção de Infecções Hospitalares (2) e contamos com a colaboração de um enfermeiro, que representou com criação própria os temas e situações sugeridas. Os cartazes estilizados tiveram a referência bibliográfica citada em seu corpo, de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas e Técnicas ABNT, e foram assinados pelo enfermeiro que os confeccionou. Por um período de dois meses foram afixados oito cartazes, concomitantemente, em locais estratégicos de um hospital público, com atendimento na área materno-infantil, na cidade de Goiânia-GO, a saber: a) no relógio de ponto, por ser um local de acesso obrigatório a todos os profissionais, antes e após a jornada de trabalho; b) na porta de entrada de todas as clínicas e das Unidades de Terapia Intensiva e também no interior destas, em locais que permitiam a visualização por todos os profissionais, compreendendo um total de oito. Fizemos um cronograma para rodízio dos cartazes, a cada quatro dias, conforme a mudança de turno de trabalho da maioria da equipe do hospital, quando eram transferidos de lugar, de forma que todos tinham acesso a um cartaz diferente. Os desenhos reproduziam situações do cotidiano de trabalho dos profissionais e de forma caricaturada buscaram estimulá-los a pensar sobre a necessidade e importância de higienizar as suas mãos para a realização dos cuidados na assistência à saúde. Foram assegurados os recursos de estrutura física e de material para a higienização das mãos, incluindo a disponibilização, em locais estratégicos, de álcool a 70% glicerinado ou gel. Os cartazes utilizados são apresentados a seguir. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(3):738-45. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a35.htm. [739]

Figura 1: Importância do envolvimento da equipe multiprofissional na higienização das mãos. Figura 2: Sensibilização para o comprometimento institucional com a higienização das mãos. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(3):738-45. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a35.htm. [740]

Figura 3: A higienização das mãos como meio de prevenção da contaminação cruzada. Figura 4: Compromisso ético dos profissionais com a higienização das mãos. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(3):738-45. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a35.htm. [741]

Figura 5: Higienização das mãos, um compromisso no cotidiano profissional! Figura 6: Higienização das mãos com água e sabão uma medida preventiva para o cuidado seguro. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(3):738-45. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a35.htm. [742]

Figura 7: Higienização das mãos, um comportamento a ser construído. Figura 8: Higienização das mãos, a segurança do usuário. Os cartazes foram impressos no tamanho 80cm por 60cm e todos foram plastificados com o objetivo de facilitar sua limpeza periódica. Após a divulgação online da dissertação de mestrado pelo site do programa de pós graduação da unidade de ensino na qual foi vinculada, foi possível observar a presença destes cartazes fixados permanentemente em paredes de corredores, enfermarias e de outros serviços de saúde. A construção desta estratégia foi laboriosa e o primeiro desafio foi encontrar um profissional que pudesse desenhá-los de forma que transmitisse a idéia importância da higienização das mãos, desafio que foi alcançado na pessoa de um colega enfermeiro com habilidades artísticas o que facilitou discutir o Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(3):738-45. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a35.htm. [743]

tema geral e a mensagem individual de cada cartaz de forma que fossem abordados de maneira criativa. A aplicação desta estratégia era uma das tarefas no decorrer do estudo que analisou a adesão a higienização de mãos (1,18), desta forma todos os cuidados foram observados no sentido de não identificar a autoria do estudo durante o processo, pois envolvia membro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Foi possível identificar que os cartazes tiveram um impacto positivo visto que houve a interação dos profissionais com os mesmos, que suscitando interesse pela temática, manifestavam o desejo em saber sua autoria e como estendê-los a outras instituições, fato que provavelmente levou ao desaparecimento de alguns. Também foi comum a solicitação à CCIH de referências para consultas sobre a temática. Algumas vezes observamos membros da equipe que se identificavam com os personagens ou identificavam seus colegas (inclusive escrevendo seus nomes nos cartazes) e foram comuns comentários do tipo: o enfermeiro do cartaz era o profissional X, o médico era o profissional Y e assim por diante, tornado reais os personagens, fato que, de certa forma, valorizou a discussão da importância da higienização das mãos para a prevenção de infecções. Descrevemos como exemplo um episódio bastante discutido; para realizar um determinado procedimento invasivo em uma unidade de terapia intensiva neonatal, um profissional pegou um par de luvas esterilizadas para calçar, e outro que iria auxiliá-lo, imediatamente apontou para um cartaz e disse que a equipe tinha associado o personagem do cartaz a ele e que todos almejavam que ele integrasse ao trabalho em equipe e desse as mãos limpas para o controle de infecção. O profissional atendeu ao pedido, higienizou suas mãos antes de calçar as luvas, o que gerou aplausos por parte dos demais membros da equipe. Neste caso, como o que sempre acontece quando as mãos são higienizadas, o maior beneficiado foi o paciente (um neonato de aproximadamente 1,2 Kg). Os cartazes, até hoje em 2009, são utilizados por diversos estabelecimentos de saúde de Goiânia. Em 2008 a Secretaria Municipal de Saúde, desta cidade, escolheu um dos cartazes (Figura 1) para utilizar em campanha educativa em todos os estabelecimentos de saúde, tanto na forma de banner como capa de folder. Um projeto de extensão universitária denominado Mãos limpas, vinculado ao Núcleo de Estudo e Pesquisas em Infecção Hospitalar NEPIH da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás que faz campanhas voluntárias de incentivo à higienização de mãos em locais como hospitais, unidades de saúde e eventos científicos, dentro outros, há mais de dois anos em andamento, utiliza estes cartazes em formato de banner como uma de suas estratégias (19). Observamos que estratégias criativas, bem humoradas, com temáticas importantes envolvem as pessoas, fazendo-as repensar a sua prática podendo até promover a tão desejada mudança de comportamento, já que esta servirá de estímulos para uma motivação individual. Como profissionais que atuam na prevenção e controle de infecção é gratificante ver esta adesão aos cartazes e a expectativa é que um maior número de profissionais de saúde tenha acesso a eles e que sejam estimulados a repensar o seu comportamento analisando se há ou não necessidade de melhorar as suas atividades diárias minimizando ou evitando o risco de disseminação de microrganismos. E, que os cartazes sirvam de estímulo, também, para pensamos em estratégias criativas visando a adesão à higienização de mãos, já que todos temos responsabilidade neste processo. O que almejamos e nos motiva nesta trajetória é que as mãos limpas alcance o cuidado. Entre os fatores intervenientes que contribuem para o sucesso da adesão à higiene de mãos estão a comunicação e educação eficientes, a participação ativa no trabalho, o feedback entre indivíduo e empresa e fatores individuais como conhecimento (20), elementos que puderam ser observados pelo uso dos cartazes. CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de cartazes estilizados como estratégia de incentivo à higienização das mãos, apresentou-se como uma modalidade interativa e valorizou a discussão deste tema em uma instituição de saúde, o que acreditamos pode ter contribuído para a reflexão crítica e o repensar das práticas cotidianas. Além disso, estes cartazes foram utilizados para fins educativos em outros serviços de saúde. Já avançamos no conhecimento dos fatores associados à transmissão de microrganismos e a ocorrência das infecções associadas ao cuidado em saúde, entretanto, permanece o desafio da sua profilaxia e controle. Acreditamos que a adesão à higienização das mãos está intimamente relacionada com os aspectos comportamentais de cada indivíduo, pois estes são determinantes na atitude de execução ou não do ato de higienizar as mãos. E, neste sentido acreditamos que estratégias criativas, bem humoradas podem contribuir. REFERÊNCIAS 1. Neves ZCP. Higienização das mãos entre os profissionais de saúde de uma unidade de terapia intensiva neonatal: estratégias de incentivo à adesão Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(3):738-45. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a35.htm. [744]

[dissertation]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2005. 96p. 2. Baldy JLS, Russo S, Jabur A, Fantinato IC, Yamamura M. Comunicação visual na prevenção de infecções hospitalares: um estudo realizado no centro de terapia intensiva do hospital evangélico de Londrina. Rev Assoc Med Bras. 1990;36(3/4):144-9. 3. Larson E, Mcgeer A, Quraishi A, Krenzischek D, Hierholzer WJ. Effect an Automated Sink on Handwashing Practices and Attitudes in High-Risk Units. Infect Control Hosp Epidemiol. 1991;12(7):422-8. 4. O Boyle CA, Henly SJ, Larson E. Understanding adherence to hand hygiene recommendations: the theory of planned behavior. Am J Infect Control. 2001;29(6):352-60. 5. Santos AM. Controle de Infecção: necessidade de novos conceitos. Revista Prática Hospitalar. 2003;28(5):01-4. 6. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Manual de segurança do paciente: Higienização das Mãos. Brasília:Anvisa; 2008. 7. Tipple AFV, Mendonça KM, Souza ACS, Pereira M, Santos SLV. Higienização das mãos: o ensino e a prática entre graduandos na área da saúde. Acta Scientiarum. Health Science. 2007;29(2):107-14. 8. Martini AC, Dall Agnol CM. Por que lavar ou não as mãos? Motivos de um grupo de enfermagem. Rev. gaúcha enferm. 2005;26(1):88-101. 9. Erdmann AL, Lentz RA. Conhecimentos e práticas de cuidados mais livres de riscos de infecções hospitalares e o processo de aprendizagem contínua no trabalho em saúde. Texto contexto-enferm. 2004;13(esp):34-9. 10. Oliveira R, Maruyama SAT. Controle de infecção hospitalar: histórico e papel do estado. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2008 [cited 2009 may 07];10(3):775-83. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n3/v10n3a23.htm 11. Centers for Disease Control and Prevention. Guideline for hygiene in health care settings. Recommendations of the healthcare infection control practices advisory committee and the HICPAC/SHEA/APIC/IDSA hand hygiene task force. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2002;51(RR-16):1-45 12. Pacheco HA. Educación permanente para el sector salud. Colombia: Postergraph; 1999. 13. Santos AMR, Cabral LAF, Brito DS, Madeira MZA,Silva MEDC, Martins MCC. As representações sociais da infecção hospitalar elaboradas por profissionais de enfermagem. Rev Bras Enferm. 2008;61(4):441-6. 14. Seto WH. Training the force-models for effective education in infection Control. J Hosp Infect. 1995; 30(Suppl 1):241-7. 15. Kretzer EK, Larson E. Behavioral Interventions to Improve Infection Control Practices. Am J Infect Control. 1998;26(3):245-53. 16. Santos IBC, Santos FL. Lavagem de mãos: responsabilidade do primeiro no controle e prevenção de infecção hospitalar. CCS. 1998;10(3/4):253-6. 17. Fázio JJ, Nomura Y, Nogueira PRC. Infecção Neonatal. In: Fernandes AT, Fernandes MO, Ribeiro Filho N. Infecção hospitalar e suas interfaces na área de saúde. São Paulo: Atheneu; 2000. p. 621-45. 18. Neves ZCP, Tipple AFV, Souza ACS, Pereira MS, Melo DS, Ferreira LR. Hand hygiene: the impact of incentive strategies on a adherence among healthcare workers from a newborn intensive care unit. Rev Latino-am Enfermagem. 2006;14(4):546-52. 19. Figueiredo LFS, Tipple AFV, Bandeira AC, Pinho ES, Borges VPFN, Barreto RASS, et al. Mãos limpas - Projeto de extensão universitária que desenvolve estratégias de incentivo à higienização das mãos: relato de experiência. Braz. J. Infect. Dis. 2008;12 Suppl:S225. 20. Pittet D, Hugonnet S, Harbarth S, Mouruga P, Sauvan V, Touveneau S. Effectiveness of a hospital - wide programe to improve compliance with hand hygiene. Lancet. 2000;356(9238):1307-12. Artigo recebido em 30.02.08. Aprovado para publicação em 18.03.09. Artigo publicado em 30.09.09. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(3):738-45. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a35.htm. [745]