UNIDO FORTE E JUDICIÁRIO. NOTA OFICIAL Colégio protesta contra cortes no orçamento 2015. PEC 63 Carta aos senadores cobra aprovação imediata



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Transcrição:

FABIO RODRIGUES POZZEBOM / AGÊNCIA BRASIL RICARDO LEWANDOWSKI JUDICIÁRIO FORTE E UNIDO NOTA OFICIAL Colégio protesta contra cortes no orçamento 2015 PEC 63 Carta aos senadores cobra aprovação imediata

UNIÃO PELA AUTONOMIA DOS TRIBUNAIS Este terceiro número da Revista tem um significado muito especial porque o seu lançamento, ao lado de coincidir com o 100º Encontro de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, realizado no Estado da Bahia, onde há mais de quatrocentos anos surgiu o Judiciário em nosso País, ocorre num momento histórico em que a magistratura brasileira, participante necessária das inquietações, das dúvidas e das revindicações do nosso povo -- na medida em que termina responsável por garantir que não provoquem violações à paz social em prejuízo da estabilidade do estado democrático de direito, tal como consagrado na Constituição da República -- une-se na defesa da autonomia dos tribunais. Essa união em defesa da autonomia do Judiciário, motivada pelas tentativas de cortes nas propostas orçamentárias enviadas pelos tribunais ao Executivo simplesmente para integra-se ao projeto da "lei de meios" a ser submetido à deliberação do Poder Legislativo, único legitimado e investido de competência constitucional para deliberar sobre qualquer ajuste, porém com estrita observância do princípio do equilíbrio entre a previsão das receitas e a fixação das despesas públicas, embora deva ser festejada, merece uma meditação mais profunda tendo em mira não terminar sendo dotada da fugacidade que caracteriza o episódico. Com efeito, a autonomia dos tribunais e, em especial dos Tribunais de Justiça, que ad instar do colendo Supremo Tribunal Federal em relação aos demais Poderes da União, integra a estrutura dos Poderes dos Estados federados, tem uma importância política para a efetiva funcionalidade do nosso estado democrático de direito, conforme modelado na Constituição de 1988, que não pode ser sequer tangenciada, mesmo pelo órgão nacional de controle da atuação administrativa e financeira do Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, vale dizer, pelo Conselho Nacional de Justiça, isto porque a própria Lei fundamental, atribuiu-lhe zelar por essa autonomia, firmando um limite para aquela atuação que, desse modo, há de ser cuidadosa e preocupada em preservar autônomos os tribunais brasileiros. Parodiando Heidegger -- quando disse que "a linguagem é morada do ser" -- pode-se afirmar que a legitimidade constitucional da atuação daquele órgão administrativo tem residência no equilíbrio entre o exercício da competência de controlar e o cumprimento do dever de zelar pela autonomia dos tribunais, não havendo a esse respeito, portanto, qualquer abrigo para a desatenção, o descaso e, por que não dizer?, o desleixo. Mas não só isso! Numa compreensão sob a ótica da integralidade, como orienta a melhor hermenêutica constitucional, nenhum outro órgão ou Poder, salvo o Supremo Tribunal Federal, em sede jurisdicional e na condição de interprete máximo e final da Constituição nesse campo, pode prover ou desprover algo que conforme o contorno jurídico-político da autonomia dos tribunais brasileiros. E defender isso não é sustentar uma visão ideológica conveniente. Não quer dizer aplauso a qualquer prática que se revele contrária ao interesse público ou que possa maltratar, ainda que indiretamente, os princípios da Administração expressos no art. 37 da Constituição ou implícitos em seu Texto. Muito pelo contrário, significa apenas, e tão somente, lutar pelo respeitoso cumprimento da Constituição da República. Ter a coragem de dizer que nenhum direito se pode praticar democrática e republicanamente fora Dela, neste país. Daí porque fiz questão de tratar o tema nesta apresentação. E daí porque tenho como pertinente por fim lembrar que o Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil sempre defendeu, nesse traçado e com esse único propósito, a autonomia dos tribunais. Não se tente, pois, ler aqui menos ou mais do que está escrito, isto é, não se busque outra interpretação que não seja precedida unicamente pela compreensão exposta. O Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil sempre defendeu, nesse traçado e com esse único propósito, a autonomia dos tribunais Desembargador Milton Nobre Presidente do CPPTJB 1 HEIDEGGER, Martin. Marcas do caminho. Petrópolis (RJ): Vozes, 2008, 236. 3

COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL Tribunal de Justiça do Acre Des. ROBERTO BARROS DOS SANTOS (2013-2015) Tribunal de Justiça de Alagoas Des. JOSÉ CARLOS MALTA MARQUES (2013-2015) Tribunal de Justiça do Amazonas Desa. Maria das Graças Pessoa Figueiredo (2014-2016) Tribunal de Justiça do Amapá Des. LUIZ CARLOS GOMES DOS SANTOS (2013-2015) Tribunal de Justiça da Bahia Des. ESERVAL ROCHA (2014-2016) Tribunal de Justiça do Ceará Des. LUIZ GERARDO DE PONTES BRÍGIDO (2013-2015) Tribunal de Justiça do DF e Territórios Des. GETÚLIO VARGAS DE MORAES OLIVEIRA (2014-2016) Tribunal de Justiça do Espírito Santo Des. SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DE MENDONÇA (2013-2015) Tribunal de Justiça de Goiás Des. NEY TELES DE PAULA (2013-2015) Tribunal de Justiça do Maranhão Desa. CLEONICE SILVA FREIRE (2013-2015) Tribunal de Justiça do Mato Grosso Des. ORLANDO DE ALMEIDA PERRI (2013-2015) Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul Des. JOENILDO DE SOUSA CHAVES (2013-2015) Tribunal de Justiça de Minas Gerais Des. JOAQUIM HERCULANO RODRIGUES (2014-2016) Tribunal de Justiça do Pará Desa. LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO (2013-2015) Tribunal de Justiça da Paraíba Desa. MARIA DE FÁTIMA MORAES CAVALCANTI (2013-2015) Tribunal de Justiça do Paraná Des. GUILHERME LUIZ GOMES (2013-2015) Tribunal de Justiça de Pernambuco Des. FREDERICO RICARDO DE ALMEIDA NEVES (2014-2016) Tribunal de Justiça do Piauí Des. RAIMUNDO EUFRÁSIO ALVES FILHO (2014-2016) Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Desa. LEILA MARIA CARRILO C R MARIANO (2013-2015) Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte Des. ADERSON SILVINO DE SOUZA (2013-2015) Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Des. JOSÉ AQUINO FLÔRES CAMARGO (2014-2016) Tribunal de Justiça de Rondônia Des. ROWILSON TEIXEIRA (2013-2015) Tribunal de Justiça de Roraima Desa. TÂNIA MARIA V. DIAS DE SOUZA CRUZ (2013-2015) Tribunal de Justiça de Santa Catarina Des. NELSON SCHAEFER MARTINS (2014-2016) Tribunal de Justiça de São Paulo Des. JOSÉ RENATO NALINI (2014-2016) Tribunal de Justiça de Sergipe Des. CLÁUDIO DINART DÉDA CHAGAS (2013-2015) Tribunal de Justiça do Tocantins Desa. ÂNGELA MARIA RIBEIRO PRUDENTE (2013-2015) COMISSÃO EXECUTIVA COM MANDATO ATÉ MARÇO DE 2016 Presidente: Desembargador MILTON AUGUSTO DE BRITO NOBRE (TJPA) Membros: Des. ARMANDO TOLEDO (TJSP) Des. JOÃO DE JESUS ABDALA SIMÕES (TJAM) Des. JOSÉ CARLOS MALTA MARQUES (TJAL) Des. LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO (TJPA) Des. MARCELO BANDEIRA PEREIRA (TJRS) Des. MARCUS ANTONIO DE SOUZA FAVER (TJRJ) Des. OTÁVIO AUGUSTO BARBOSA (TJDFT) 4

NESTA EDIÇÃO Bahia recebe o 100 Encontro do Colégio de Presidentes PÁGINAS 60 A 63. Magistrados cobram aprovação da PEC 63 Em ofício, desembargador Milton Nobre aponta desinteresse do governo na votação da proposta que beneficia a magistratura com remuneração mais digna. PÁGINAS 17 A 18. Nova corregedora dará prioridade a juízes Ministra Nancy Andrighi garante olhar atencioso para os juízes de primeira instância, a "mola propulsora de toda a jurisdição", à frente da Corregedoria Nacional de Justiça do STJ. PÁGINAS 22 E 23. Ricardo Lewandowski toma posse no STF Aos 66 anos, o ministro Ricardo Lewandowski assume a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) com a missão de fortalecer a Justiça brasileira. PÁGINAS 26 A 29. TJMG apresenta ações inovadoras Programas aproximam o Poder Judiciário da comunidade. PÁGINAS 40 A 43. EXPEDIENTE Editor responsável WALBERT MONTEIRO DRT 1095/PA Fotos Assessorias dos Tribunais de Justiça 5

FOTOS: RICARDO LIMA / TJPA ENCONTRO DE BELÉM DEFENDE A VALORIZAÇÃO DA MAGISTRATURA UNIDADE No TJPA, presidentes dos Tribunais de Justiça de todo o Brasil defenderam a coesão do Poder Judiciário. EVENTO REUNIU PRESIDENTES DE TRIBUNAIS ESTADUAIS DE JUSTIÇA DE TODO O BRASIL. MAGISTRADOS DEFENDEM A TESE DE QUE A DEMOCRACIA PRESSUPÕE JUÍZES INDEPENDENTES E COM REMUNERAÇÃO DIGNA. Não há democracia sem juízes independentes. Não há juízes independentes sem uma carreira com remuneração digna. As palavras do desembargador Milton Nobre, durante a cerimônia de abertura do 99º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, no dia 5 de junho, resume um dos principais temas do evento: a valorização da carreira da magistratura brasileira. A solenidade contou com a presença de presidentes e representantes de todos os Tribunais Estaduais de Justiça do Brasil, que respondem por cerca de 70% das demandas ajuizadas no País. 6

Durante três dias, os magistrados discutiram questões como a PEC 63; as resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a priorização do 1º grau de jurisdição; a autonomia orçamentária/financeira da justiça estadual; o Processo Judicial Eletrônico (PJE); e questões referentes à remoção e promoção de magistrados. O resultado de todas as discussões foi sintetizado na Carta de Belém, divulgada no último dia do Encontro. O documento destaca quatro preocupações básicas dos tribunais estaduais: o fortalecimento do 1º grau do judiciário; a independência orçamentária e financeira dos tribunais de Justiça; a remuneração dos magistrados; e as regras de promoção e remoção de magistrados, considerando-se o respeito às especificidades locais. O documento reafirmou, também, a importância da aprovação da Emenda Constitucional nº 63 na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal e a necessidade de manter a coesão de todos os segmentos do Poder Judiciário na luta pela valorização da Magistratura como carreira de Estado. A carta manifestou ainda preocupação com as Resoluções n.º 194 e nº 195, do Conselho Nacional de Justiça (relacionadas à Política de Atenção Prioritária ao Primeiro Grau de Jurisdição), diante das suas complexidades e da dificuldade de implantá-las dentro dos prazos fixados. Outra decisão do encontro foi a criação de Grupos de Trabalho, integrados por Presidentes de Tribunais de Justiça, para promover estudos técnicos que resultem na formulação de políticas capazes de equacionar as questões da autonomia orçamentária e financeira dos Tribunais de Justiça. O Encontro do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil é realizado quatro vezes ao ano, em diferentes cidades brasileiras. A reunião dos presidentes dos tribunais estaduais tem como objetivo melhorar o gerenciamento da Justiça brasileira e da prestação jurisdicional. REUNIÃO Presidentes de Tribunais durante a abertura do 99 Encontro, no TJPA. 7

AUTONOMIA GARANTE UM JUDICIÁRIO MAIS FORTE DESEMBARGADOR MILTON NOBRE APONTA A EFICIÊNCIA E A INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS ESTADUAIS COMO A BASE PARA O FORTALECIMENTO DA JUSTIÇA BRASILEIRA RICARDO LIMA / TJPA DISCURSO Desembargador Milton Nobre vê um Judiciário independente como o verdadeiro guardião da efetividade da Constituição. Minhas senhoras e meus senhores, Não há democracia sem Juízes independentes. Não há Juízes independentes sem uma carreira com remuneração condigna. Começo assim, esta breve fala de abertura deste 99º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, citando a legenda que lapidei para motivar a campanha nacional que encetamos, juntamente com a AMB, a AJUFE e a ANAMATRA, pela valorização da carreira da magistratura brasileira, não porque deseje alongar-me no tratamento aprofundado dessa matéria, o que soaria impertinente por ocupar em demasia o tempo da distinta plateia e das dignas autoridades que prestigiam este ato com as suas presenças, mas sim porque, jamais esqueci 8

a notável advertência do saudoso Dario de Almeida Magalhães, o que é preciso é mesmo repetir, repetir e repetir verdades simples e chãs. Portanto, neste evento que reúne o maior e mais importante segmento do Poder Judiciário da nossa imensa Federação - na medida em que abriga o maior contingente dos seus Juízes, responde pela condução e resolução de mais de 70% dos conflitos sociais judicializados no País, tem competências mais amplas e diversificadas, bem como capilaridade efetivamente nacional - aqui representado pelos eminentes Presidentes dos Tribunais de Justiça dos Estados, pareceume importante, no momento histórico em que o Congresso Nacional, mais especificadamente o Senado da República, discute a PEC nº 63/2013, que objetiva introduzir no texto da Constituição, uma parcela remuneratória essencial por restabelecer a natureza organizacional de carreira para os magistrados brasileiros, repetir o dístico que, pelos meus mais de 40 anos de prática ininterrupta do direito, entendo ser a síntese de toda a argumentação que justifica e legitima tão necessária Emenda Constitucional. E quando faço referência à legitimidade dessa iniciativa em tramitação parlamentar quero dar relevo ao fato de que o empenho deste Colégio pela sua aprovação bem traduz a realidade de que não se trata de uma pretensão meramente corporativa, mas sim, e sobretudo, de um pleito institucional sustentado por aqueles que têm a responsabilidade de administrar os Tribunais de Justiça, órgãos aos quais está vinculada a grande maioria dos nossos juízes e que, por isso mesmo, são fortemente impactados com a progressiva perda dos seus quadros mais experientes que deixam a magistratura atraídos por carreiras melhor estruturadas. Já tive a oportunidade de dizer que os pronunciamentos em solenidades de abertura de eventos como este têm uma natureza protocolar de saudação aos participantes e de agradecimento aos seus organizadores, às autoridades e demais convidados que, com as suas presenças, conferem prestígio ao ato, não permitindo, senão de passagem, Para que tenhamos um Judiciário independente, eficiente e forte, como há muito almeja o povo brasileiro, importa preservar a autonomia dos Tribunais o tratamento de temas complexos ou carecedores de interesse geral dos ouvintes. Não obstante, para finalizar essas considerações a respeito da imperiosa e urgente necessidade de ser aprovada a PEC nº 63, de 2013, parece-me imprescindível ressaltar que, em boa hora, o Conselho Nacional de Justiça emitiu nota técnica favorável a sua aprovação, fato que permite antever a abertura de um diálogo maior com aquele o órgão central de controle e planejamento administrativo da justiça brasileira para fixar uma pauta que induvidosamente garanta concretude à independência dos nossos juízes, o que passa, em primeiro lugar, pelo respeito à autonomia dos nossos Tribunais de Justiça, inclusive tendo em conta o seu necessário contexto de integrantes do poder político dos Estados da Federação. Com efeito, sem a plenitude dessa autonomia, por cuja intangibilidade o CNJ tem o dever de zelar, em decorrência do disposto no Art. 103-B, 4º, inciso I, da Constituição, inexistirá a efetiva proteção da independência dos Juízes, uma vez que incumbe exatamente aos Tribunais prover e garantir meios que assegurem o exercício das elevadas funções que competem à magistratura sempre resguardada de quaisquer espécies de interferências, pressões e de constrangimentos decorrentes de ameaças ou de louvaminhas. Em outras palavras, para que tenhamos um Judiciário independente, eficiente e forte, que possa ser o verdadeiro guardião da efetividade da Constituição e das leis, como há muito almeja o povo brasileiro, mais do que definir objetivos de gestão, instituir programas, criar projetos e estabelecer metas, importa preservar a autonomia dos Tribunais, único caminho para se garantir, na prática, a independência dos Juízes, em um país, como o Brasil, que tem uma população superior a 203 milhões de habitantes - a 5ª do mundo -, alta concentração de renda, grandes bolsões de pobreza, violência fora de controle eficaz, elevado índice de corrupção, dimensões continentais e uma sociedade 9

RICARDO LIMA / TJPA pluralista que proclama amor às liberdades democráticas, mesmo não sabendo exatamente o que isso significa e quais os seus limites, o que, aliás, ao fim e ao cabo, no meu modo de ver, apresenta grande importância, porque essas liberdades têm no seu exercício efeitos concretos, não sendo estado de espírito, apenas sentimentos, exigem razão. Ressalto, para evitar ideias distorcidas de quem têm o vezo de entender nas palavras ditas além ou aquém do sentido e alcance do seu contexto, que, quando destaco a importância da autonomia dos Tribunais, não estou criticando ninguém e muito menos admitindo que esse verdadeiro Direito Constitucional das nossas Cortes possa servir de muro de proteção a erros ou práticas equivocadas, mas, sim, apenas afirmando a sua relação de verso ou de anverso com a Quando destaco a importância da autonomia dos Tribunais, estou afirmando sua relação de verso ou de anverso com a independência dos magistrados FÓRUM Reuniões trimestrais do Colégio de Presidentes ampliam o conhecimento sobre experiências bem-sucedidas. independência dos magistrados, motivo pelo qual essa autonomia deve ser tratada com cuidado e prudência, em especial no caso dos Tribunais de Justiça, uma vez que, sendo estes os órgãos de cúpula do Poder Judiciário Estadual, deve-se ter o savoir-faire necessário a não causar-lhes descrédito que termine por interferir na governabilidade dos Estados da Federação. Senhor Governador, digna Presidente Desembargadora Luzia Nadja, colegas Presidentes, demais autoridades presentes ou representadas: A importância deste evento não se esgota no longo e complexo temário agendado para debates e apreciação nos próximos dois dias de trabalho. O seu significado é muito mais amplo e pode ser avaliado pela presença de todos os Tribu- 10

São conhecidas as grandes dificuldades enfrentadas pelos Presidentes dos nossos Tribunais para administrar a Justiça em cada Estado nais de Justiça do Brasil. São conhecidas as grandes dificuldades enfrentadas pelos Presidentes dos nossos Tribunais para administrar a Justiça em cada Estado. A falta de meios financeiros, materiais e humanos, decorrentes de dezenas de anos sem provimentos adequados, gerou um déficit acumulado que, não obstante todo o empenho empreendido para superá-lo, ainda está longe de se conseguir alcançar. Contudo, são notórios os propósitos e a dedicação dos dirigentes, magistrados e servidores dos Judiciários dos Estados, não apenas no cumprimento das metas aprovadas nos Encontros Nacionais sob a coordenação do Conselho Nacional de Justiça ou na concretização dos programas e projetos instituídos por aquele Conselho, porém igualmente na pavimentação de novos caminhos, por iniciativas próprias, objetivando tornar a prestação jurisdicional mais célere e eficaz no país. E muitas dessas iniciativas, parece-me bom dizer, terminam sendo reproduzidas em diversos Estados, a partir de trocas de experiências debatidas em reuniões deste Colegiado que, dentro do legalmente possível, procura suprir a falta de um Conselho da Justiça Estadual, uma vez que a Constituição da República, quebrando a simetria do sistema, só abrigou órgãos dessa natureza para as Justiças Federal e do Trabalho, o que igualmente revela a importância de conclaves como este. O certo é que, as reuniões trimestrais do Colégio de Presidentes propiciam a ampliação de conhecimento sobre experiências bem-sucedidas em cada Estado da Federação, prestando grande contribuição para que todos acumulem aprendizados que se traduzem em benefícios à gestão de qualidade da justiça estadual e, consequentemente, ao aperfeiçoamento na prestação jurisdicional em benefício da população. Penso que estou a me estender mais do que o pretendido. E, pois, para não entrar em contradição com a promessa inicial de ser breve, devo terminar. Não posso, porém, fazê-lo sem alguns agradecimentos que entendo devidos, menos por cortesia protocolar ou cumprimento de alguma norma etiquetal e sim por deveres de gratidão e justiça. Primeiramente, como não poderia deixar de ser, a essa prezada colega, ora na Presidência do e. Tribunal de Justiça do Estado do Pará e, nessa condição, nossa perfeita anfitriã, desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, pela maneira fidalga e carinhosa, com que está recebendo os seus ilustres pares nestes três dias do Encontro. A ela, e sua laboriosa e competente equipe, transmito os agradecimentos de todos os Presidentes de Tribunais aqui presentes pelo acolhimento tão caloroso quanto gentil e fraterno. Ao não menos estimado amigo, Juiz João Ricardo dos Santos Costa, eminente presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, combativo defensor dos direitos e prerrogativas da magistratura que, aceitando mais uma vez meu convite, nos honra com o prestígio de seu comparecimento e participação. Aos colegas desembargadores que conferem a este 99º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça o brilhantismo de sua realização e a eficácia de seus resultados, o muito obrigado, meu e de todos os que labutam no Poder Judiciário paraense, pela oportunidade de recepciona-los e proporcionar-lhes uma fraterna estadia em Belém, cidade morena, capital brejeira do Grão Pará. E às autoridades presentes ou que se fazem representar, entre as quais quero destacar o prestígio da presença do meu amigo governador Simão Jatene e o Conselheiro Gilberto Martins, inteligência que o Pará empresta ao Conselho Nacional de Justiça onde desenvolve um trabalho digno de elogios, o sincero obrigado por estarem testemunhando este ato inaugural, conferindo-lhe, com suas presenças, um brilho ainda maior. Encerrando, rogo a Deus que sejamos bem sucedidos em mais estes dias de trabalho em favor do aperfeiçoamento da justiça brasileira. Muito obrigado! 11

META É APERFEIÇOAR CADA VEZ MAIS A JUSTIÇA ESTADUAL PEC 63 RESGATA A AUTOESTIMA DOS MAGISTRADOS E ABRE CAMINHO PARA A VALORIZAÇÃO DA CARREIRA. DESEMBARGADORA LUZIA NADJA NASCIMENTO DESTACA INVESTIMENTOS QUE ESTÃO SENDO REALIZADOS NO ESTADO DO PARÁ. Os trabalhos do 99º Encontro do Colégio permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil começaram no dia seguinte à cerimônia de abertura, no dia 6 de junho, no hotel Crowne Plaza, em Belém. Como parte da programação, o presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), juiz João Ricardo dos Santos Costa, explanou sobre a PEC 63, que trata do vencimento dos magistrados. A PEC 63 é importante para valorizar a carreira da Magistratura. Então nós entendemos que isto é fundamental para que os juízes resgatem sua autoestima. Esse é ó primeiro passo para revertemos essa situação que vivemos hoje no Brasil na nossa carreira. O magistrado também destacou a importância da participação da AMB no encontro. Os consensos que são formalizados aqui são significativos e decisivos para melhorar a prestação jurisdicional na Justiça Brasileira, afirmou. Os desafios e questionamentos acerca da execução de metas previstas em resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que visam melhorar o funcionamento da Justiça de 1º Grau, foram apresentados na exposição da juíza auxiliar da presidência do TJ-PA, Kátia Parente. Para o presidente do Colégio, desembargador Milton Nobre, o momento foi uma oportunidade de refletir em conjunto acerca da realidade da Justiça Estadual. A Justiça Estadual responde por 70% das demandas que são ajuizadas no país. Então, esse momento de troca de experiências e discussões sobre os meios de aperfeiçoar a administração da justiça é muito positivo para melhorar ainda mais o que se está fazendo. Já a presidente do TJ-PA, desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, lembrou que os tribunais já planejam suas ações em consonância com as resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Nós estamos com planejamento mais estratégico, vinculado a este assunto, no sentido não só de disponibilização de mais recursos para isso, mas também no sentido de análise de acervo processual, lotação de servidores, da questão do difícil acesso a várias Comarcas. Todos essas informações são consideradas para tomada de decisões. A magistrada destacou ainda os investimentos que estão sendo realizados no Estado. O Pará, hoje, procura, por meio da instalação de Varas e Comarcas, dar mais acesso à justiça para a população, no sentido de que quando você instala uma Vara, instala Comarcas, você dilui melhor o acervo. Você faz com que os magistrados possam dar respostas mais rápidas, mais céleres. 12

COMUNICAÇÃO PODE DERRUBAR PRECONCEITOS A comunicação é uma importante aliada para aproximar a Justiça da sociedade e zelar pela imagem do Judiciário, defendeu a presidente do TJPA, desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, em sua palestra, durante o encontro. Hoje, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará dedica certa atenção não somente à comunicação interna, como também à externa. Entendemos a necessidade de cuidar da imagem do Poder Judiciário no sentido de transmitir à população de forma clara e profissional o papel da justiça para a garantia do Estado Democrático do Direito. Assim, podemos garantir a cidadania e os direitos pertinentes à população. Ela citou como exemplo o programa de rádio Minuto da Justiça, com uma linguagem simples e regional. Nós precisamos dizer aquilo que é necessário para que a população entenda a importância de que a justiça seja forte e sedimentada, até porque é uma garantia também do cidadão. O papel da comunicação é dizer aonde ter acesso aos serviços do Poder Judiciário e quais são esses serviços, destacou a desembargadora. COMUNICAÇÃO ÁGIL Em sua apresentação, a presidente do TJPA, desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, defendeu a transparência como essencial à cidadania. FOTOS: RICARDO LIMA / TJPA TRABALHO O 99 Encontro caracterizou-se pelas reuniões de trabalho com a participacão de todos os Presidentes. 13

RICARDO LIMA / TJPA GRUPOS DE TRABALHO CRIADOS Durante o 99º Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil foram escolhidos os quatro Grupos de Trabalho que irão atuar, durante o mandato, na abordagem de temas específicos de interesse das gestões. dos A composição ficou assim definida: GRUPO 1 Autonomia Financeira (objetiva compilar práticas, ideias, sugerir medidas, atos administrativos e projetos de lei) Integrantes: Tribunais de Justiça de São Paulo, Piaui, Pará e Paraná GRUPO 3 Lei de Assistência Judiciária (Lei 1060 e Juizado Especial) e Lei de Responsabilidade Fiscal Integrantes: Tribunais de Justiça do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Pernambuco ENCONTRO Com o governador Simão Jatene e o conselheiro Gilberto Martins, presidentes de Tribunais posam para a foto oficial. GRUPO 2 Spread e depósitos judiciais Integrantes: Tribunais de Justiça de Santa Catarina, Bahia, São Paulo, Pará, Paraná e Paraíba GRUPO 4 Processo Eletrônico Integrantes: Tribunais de Justiça do Pará, Tocantins e Bahia 14

PAUTA INCLUI AUTONOMIA ORÇAMENTÁRIA E CRIAÇÃO DO CONSELHO ESTADUAL DE JUSTIÇA O presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargador Roberto Barros dos Santos, tratou da autonomia orçamentária e financeira dos Tribunais Estaduais. Segundo ele, um dos principais entraves nesse sentido é o corte da proposta orçamentária do Poder Judiciário feito pelo Poder Executivo. O desembargador ressaltou que é preciso colher o máximo de informações possíveis para que os Tribunais possam ter um diálogo técnico com o Executivo. O primeiro passo é o investimento coletivo do Colégio dos Presidentes no aprimoramento do conhecimento dessa matéria orçamentária para definição das fontes de recursos dos Tribunais, notadamente naquilo que compõe os duodécimos dos Tribunais. E a partir do conhecimento destes indicadores nós possamos, então, obter os recursos que efetivamente pertencem ao poder judiciário estadual. Feito isso, o passo seguinte é a autonomia financeira, que é administrar bem esses recursos, para que os mesmos sejam destinados às áreas mais prioritárias, notadamente onde se tem maior demanda processual, explicou. A criação de um Conselho da Justiça Estadual, a exemplo do que já acontece com o Conselho da Justiça Federal e o Conselho da Justiça do Trabalho, também foi abordada pelo desembargador. Esse é um assunto que já vem sendo discutido há certo tempo neste Colégio de Presidentes. A ideia é ter um órgão permanente e previsto na Constituição para discutir temas como a autonomia orçamentária e financeira do Poder Judiciário Estadual, assuntos que são de ordem comum de todos os Tribunais Estaduais e que nós atualmente não temos condições de discutir todos os dias. Creio que nós poderíamos avançar muito na Justiça Estadual, a partir do momento em que nós tivéssemos alguém para guardar o conhecimento de todas as boas experiências dos Tribunais Estaduais. COLÉGIO ELEGE NOVOS MEMBROS Durante o Encontro, foram eleitos três novos membros da diretoria da Comissão Executiva do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça. São eles: a presidente do TJPA, ELEITOS Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Armando Sérgio Prado de Toledo (acima), e o presidente do TJAL, José Carlos Malta. Luzia Nadja Guimarães Nascimento; o representante do Tribunal de Justiça de São Paulo, Armando Sérgio Prado de Toledo; e o presidente do TJAL, José Carlos Malta. DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO 15

ÍNTEGRA DA CARTA DE BELÉM O Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, reunido na cidade de Belém, capital do Estado do Pará, ao final de seu 99º Encontro, no período de 05 a 07 de junho de 2014, divulga, para conhecimento público, as seguintes conclusões aprovadas por unanimidade: 1 - Estabelecer a criação de Grupos de Trabalho, integrados por Presidentes de Tribunais de Justiça, com o objetivo de promover estudos técnicos que resultem na formulação de políticas capazes de equacionar as questões relacionadas com a autonomia administrativa, orçamentária e financeira dos Tribunais. 2 Reafirmar a importância da aprovação da Emenda Constitucional nº 63 e a necessidade de manter a coesão de todos os segmentos do Poder Judiciário na luta pela valorização da Magistratura como carreira de Estado. 3 Manifestar preocupação com as Resoluções n.ºs 194 e 195 do Conselho Nacional de Justiça, diante da complexidade dos assuntos nelas tratados e da dificuldade de implantação nos prazos fixados, proclamando a imperiosa necessidade de adiamento de suas vigências. 4 Reiterar, nos termos da Carta de Gramado, a preocupação com os regramentos sobre promoção e remoção de magistrados, considerando essencial o respeito às especificidades locais e evitar a burocratização do processo. Belém do Pará, 07 de junho de 2014 Des. Milton Augusto de Brito Nobre Presidente do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil Des. José Olegário Monção Caldas Tribunal de Justiça do Estado da Bahia Des. Cleones Carvalho Cunha Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão Desa. Luzia Nadja Guimarães Nascimento Tribunal de Justiça do Estado do Pará Des. Frederico Ricardo de Almeida Neves Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco Des. Armando Sérgio Prado de Toledo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Desa. Selma Maria Marques de Souza Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais Des. Carlos Hipolito Escher Tribunal de Justiça do Estado de Goiás Des. Orlando de Almeida Perri Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso Des. José Aquino Flôres Camargo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul Des. Haroldo Correia de Oliveira Máximo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará Desa. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba Desa. Catharina Maria Novaes Barcellos Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo Des. Erivan José da Silva Lopes Tribunal de Justiça do Estado do Piauí Des. Aderson Silvino de Sousa Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte Des. Nelson Juliano Schaefer Martins Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina Des. José Carlos Malta Marques Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas Des. Cláudio Dinart Déda Chagas Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe Des. Ari Jorge Moutinho da Costa Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas Des. Guilherme Luiz Gomes Tribunal de Justiça do Estado do Paraná Des. Roberto Barros Tribunal de Justiça do Estado do Acre Des. Otávio Augusto Barbosa Tribunal de Justiça do Distrito Federal Des. Joenildo de Sousa Chaves Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso do Sul Des. Rowilson Teixeira Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia Desa. Ângela Maria Ribeiro Prudente Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins Des. Luiz Carlos Gomes dos Santos Tribunal de Justiça do Estado do Amapá Desa. Tânia Maria Vasconcelos Dias de Souza Cruz Tribunal de Justiça do Estado de Roraima COMISSÃO EXECUTIVA Des. Caio Otávio Regalado de Alencar Membro da Comissão Executiva Des. João de Jesus Abdala Simões Membro da Comissão Executiva Des. Otávio Augusto Barbosa Membro da Comissão Executiva 16

COLÉGIO DE PRESIDENTES COBRA DO SENADO A APROVAÇÃO DA PEC 63 OFÍCIO ENCAMINHADO AO LEGISLATIVO APONTA MANOBRAS PARA DIFICULTAR A VOTAÇÃO. DESEMBARGADOR MILTON NOBRE ALERTA PARA O DESINTERESSE DO GOVERNO NA VALORIZAÇÃO DAS CARREIRAS DA MAGISTRATURA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Não tem consistência o argumento de que a PEC 63/2013 trará reflexos negativos nas finanças públicas. O impacto decorrente de sua implantação situa-se no patamar médio em torno de 3% do orçamento de pessoal dos Tribunais de Justiça, segundo dados estimados para 2015. Ademais, a existência e o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal se apresentam como instrumento suficiente e eficaz de balizamento das Contas do Poder Judiciário. O argumento do desembargador Milton Augusto de Brito Nobre, presidente do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça (CPPTJ), consta do ofício enviado por ele ao Senado Federal, pedindo rapidez na aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 63/2013, institui o pagamento de parcela indenizatória, referente à valorização por tempo no Ministério Público e na magistratura. Na quinta sessão realizada no Senado Federal para discutir a PEC 63 não houve votação por falta de quórum. A matéria deveria ser votada na primeira semana de setembro, durante um esforço concentrado na Casa. Estiveram no Senado Nedens Ulisses, 1º vice-presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp); Alexandre Cruz, presidente da Associação do Ministério Público do Estado da Bahia (Ampeb); Márcio Christino, 1º vice-presidente da Associação Paulista do Ministério Público (APMP), e Paula Lamenza, promotora de Justiça do MP de São Paulo. Após a sessão, eles se reuniram com o senador Antonio Auleriano (PSDB-MG), para discutir o projeto. Segundo o desembargador Milton Nobre, o Colégio Permanente está insatisfeito com a maneira como a votação da PEC 63 está sendo conduzida na Casa. No ofício, ele assegura que a tramitação do projeto vem sendo dificultada por manobras do Governo, insensível quanto ao quadro remuneratório injusto e equivocado impingido às carreiras dos integrantes do Poder Judiciário e do Ministério Público. O desembargador argumenta, ainda, que não tem cabimento o retórico argumento que procura confundir a magistratura e os integrantes do Ministério Público que são carreiras de Estado com outras carreiras jurídicas que não têm as mesmas vedações constitucionais, legais e ético-sociais. Para Milton Nobre, o Colégio Permanente acredita que há evidente desinteresse do Governo em valorizar as carreiras da Magistratura e do Ministério Público, as quais, segundo ele, necessitam, além das garantias constitucionais atuais, imprescindíveis ao Estado democrático de direito e à República, ser estruturadas como carreiras verdadeiras, com hierarquização remuneratória que assegure incentivo à permanência compatível com o tempo de serviço. Na avaliação do desembargador, a aprovação imediata da PEC 63 significa um ato de justiça, um reconhecimento aos membros das duas carreiras. Consenso - Em abril deste ano, representantes da magistratura e do Ministério Público se reuniram com o presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros, para pedir celeridade na tramitação da PEC no plenário da Casa. Na ocasião, Renan Calheiros expôs seu posicionamento sobre a matéria, afirmando que um consenso com o governo federal, contrária à aprovação da PEC, deve ser buscado pelo diálogo. Estamos em um cenário positivo. Não havia sequer expectativa de votarmos a matéria neste semestre. E já fizemos três sessões de discussão, informou o presidente do Senado, Renan Calheiros, sobre a tramitação na Casa da Proposta de Emenda Constitucional 63 (PEC 63), durante reunião com representantes da magistratura e do Ministério Público. A PEC 63, projeto de autoria do senador Gim Argello (PTB-DF), institui o pagamento de parcela indenizatória, referente à 17

valorização por tempo no Ministério Público e na magistratura. O relator da matéria é o senador Vital do Rego (PMDB-PB). Na ocasião, João Ricardo dos Santos Costa, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), disse ao presidente do Senado que, segundo estudos já realizados, o pagamento da indenização não terá um grande impacto no Orçamento da União, além de propiciar resultados positivos para magistrados e membros do MP. O posicionamento do governo federal sobre a PRC 63 é desfavorável. A União argumenta que a medida elevará as contas públicas, e ainda permitirá a outras carreiras remuneradas por subsídio que reivindiquem o mesmo benefício. Para o senador Renan Calheiros, o diálogo entre as parte é importante para solucionar o impasse. Tenho conversado sempre com representantes do governo sobre o assunto. É importante que haja diálogo. Caso o Executivo tenha uma alternativa a essa proposta, que a apresente. Do ponto de vista do Parlamento, não vemos nenhum problema com a PEC. Apenas defendo que conversemos com os líderes para construir um consenso, ressaltou Renan Calheiros. Os representantes da magistratura e do Ministério Público querem acelerar a votação da PEC, apresentada em 13 de novembro de 2013, para que os profissionais das duas carreiras possam ter direito a uma parcela mensal de 5% a 35% do subsídio, como valorização por tempo de serviço. A proposta também assegura que o tempo de exercício anterior em carreiras jurídicas, e na advocacia, possa ser contabilizado. A proposta, que acrescenta os parágrafos 9º e 10 ao artigo 39 da Constituição Federal, também prevê que o pagamento deve ser feito assim que a PEC for publicada no Diário Oficial, com efeito retroativo a sua vigência. A medida beneficia integrantes do Ministério Público e da magistratura da União, dos Estados e do Distrito Federal. A PEC 63 já foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), e seu teor também foi debatido em três sessões no Plenário. 18

MAGISTRADOS REAGEM CONTRA CORTE NO ORÇAMENTO COLÉGIO DE PRESIDENTES FAZ PROTESTO PÚBLICO EM RESPOSTA À DECISÃO DO EXECUTIVO DE REDUZIR VERBAS DESTINADAS AO JUDICIÁRIO PARA 2015. REVISÃO ORÇAMENTÁRIA ATINGE EM CHEIO A RECOMPOSIÇÃO DOS SALÁRIOS, DEFASADOS DEVIDO À INFLAÇÃO ACUMULADA. Os cortes no orçamento de 2015 feitos pela presidente da República, no projeto da Lei Orçamentária encaminhada ao Congresso Nacional, provocaram imediata reação das principais entidades representativas da magistratura nacional, entre as quais o Colégio de Presidentes de Tribunais de Justiça. A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), com o apoio da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), já entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com mandado de segurança coletivo (MS 33.190), contra a decisão da presidente Dilma Rousseff, ao qual irá se incorporar, como litisconsorte, o próprio Colégio. Os cortes na proposta original da Lei Orçamentária atingem a recomposição dos salários, defasados devido à inflação acumulada. Os reajustes contemplam os salários dos servidores do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Defensoria Pública da União. A medida tomada pela presidente interfere indevidamente nas propostas orçamentárias de todas as Cortes. No Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo, a redução é de R$ 149,3 milhões. Com o mandado de segurança, a AMB pede ao Supremo Tribunal Federal, em decisão liminar, a suspensão, no Congresso Nacional, da tramitação do Projeto de PLN nº 13/2014, encaminhado pela presidente da República, até que, novo projeto seja enviado ao Congresso com os valores integrais da proposta apresentada pelo Judiciário ao Orçamento do próximo ano. INCONSTITUCIONALIDADE Os representantes das entidades argumentam que a mensagem da presidente é inconstitucional e ilegal, pois só o Congresso Nacional tem a prerrogativa de alterar o Orçamento da União. Ao promover os cortes, frisa a ação movida pela AMB, o Executivo tira do Congresso a oportunidade de apreciar a proposta orçamentária apresentada inicialmente pelo Judiciário. O Supremo apresenta uma proposta, mas é insuscetível de corte unilateral por parte do Poder Executivo. O único árbitro constitucionalmente qualificado é o Congresso Nacional, afirmou o ministro Celso de Mello, do STF. Segundo o presidente da AMB, João Ricardo Costa, a proposta do Judiciário prevê recursos que permitam o funcionamento adequado dos serviços oferecidos. Nós entendemos que o Executivo não pode interferir nessa questão. Esse é um assunto do Congresso Nacional, e é ele que deve avaliar, dentro da sua competência constitucional, o Orçamento dos três Poderes, afirma João Ricardo Costa. No dia 4 de setembro passado, o desembargador Milton Augusto de Brito Nobre, presidente do CPPTJB, emitiu Nota Oficial, na qual defende o respeito à independência entre os três poderes constitucionais, define como intromissão indevida a decisão do Executivo de promover cortes nas previsões orçamentárias do Judiciário. Leia, a seguir, a íntegra da nota assinada pelo desembargador Milton Nobre. 19

Nosso protesto pelo respeito à independência Decididamente há setores dentro da área governamental (leia-se Executivo) que não têm ou não desejam ter a percepção de que, no Estado Democrático de Direito, o respeito à independência entre os Poderes é cláusula pétrea consagrada na Constituição de 1988 e base da harmonia que deve presidir as relações interinstitucionais. A estrutura organizacional e as diretrizes administrativas de gestão são prerrogativas dos Poderes, suscetíveis apenas das análises inerentes às funções de cada qual. É, pois, intromissão indevida do Poder Executivo nas propostas orçamentárias formuladas pelo Poder Judiciário, a promoção de cortes na previsão para 2015, situação essa que reprisa tentativa semelhante ocorrida em 2011, prontamente rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal, então presidido pelo douto Ministro Cezar Peluso. Além de ferir a Constituição, a proposta encaminhada pelo governo federal ao Poder Legislativo para o orçamento de 2015 agride frontalmente postulados políticoconstitucionais por desrespeitar a autonomia do Poder Judiciário na elaboração de sua proposta orçamentária, que é suscetível de alterações exclusivamente pelo Congresso Nacional, como bem ressaltou o decano da Suprema Corte, Ministro Celso de Melo. E, o que é pior, em se tratando de uma Federação, cada vez mais fragilizada, como soe ser a brasileira, há o quase certo efeito de verticalização, com os Executivos dos Estados pretendendo, da mesma forma, promover cortes, a pretexto de efetuar ajustes nos já debilitados orçamentos dos Tribunais de Justiça. É fato notório que o nosso povo anseia por um Judiciário melhor aparelhado, mais eficiente, que atenda com celeridade às demandas que lhe são submetidas. Trata-se de um anseio justo da população brasileira que só poderá ser materializado se o Poder Judiciário tiver os recursos de que necessita, bem como quadros de servidores e magistrados adequados às suas necessidades e com remuneração condigna. Mais do que um simples equívoco de burocratas, esse novo acinte é revelador de que ainda existem os que pensam viver no autoritarismo ou que por ele suspiram. Neste grave momento da Democracia, o Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil une-se aos alertas do Supremo Tribunal Federal, exige das autoridades constituídas dos demais poderes republicanos o integral cumprimento das normas constitucionais e manifesta irrestrito apoio às medidas que o eminente Ministro Ricardo Lewandowski, Presidente do Supremo Tribunal Federal, adotará no resguardo da independência do Poder Judiciário. Desembargador Milton Augusto de Brito Nobre Presidente do CPPTJB 20

BASEADO NA HISTÓRIA REAL DE D O R A C A R V A L H O Para cuidar da saúde, Dora teve que mudar sua rotina. Mas a vida lhe deu um doce talento: fazer bolos. Com a ajuda do Sebrae, ela se formalizou, tirou CNPJ e passou a ter vários direitos previdenciários. Hoje, Dora é cake designer e já bateu recorde de vendas pela internet. Um resultado que não tem receita pronta, mas tem uma história irresistível pra você. 21 Especialistas em pequenos negócios / 0800 570 0800 / www.sebrae.com.br

STJ / DIVULGAÇÃO VALORIZAÇÃO Ministra Nancy Andrighi garante que sua gestão na Corregedoria do STJ dedicará "olhar atencioso" aos juízes de primeiro grau ATENÇÃO MAIOR PARA A PRIMEIRA INSTÂNCIA MINISTRA NANCY ANDRIGHI ASSUME A CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTIÇA DO STJ COM A PRIORIDADE DE ATENDER OS JUÍZES, CHAMADOS DE A "MOLA PROPULSORA DE TODA A JURISDIÇÃO" Com a missão de analisar processos disciplinares envolvendo colegas de magistratura e acompanhar a gestão em tribunais por todo o País, a ministra Fátima Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), assumiu o cargo de Corregedora Nacional de Justiça no último dia 26 de agosto, em cerimônia realizada na sede do STJ, em Brasília (DF). Gaúcha de Soledade, Nancy Andrighi, que completará 62 anos em outubro próximo, foi empossada pelo ministro Ricardo Lewandowski, para responder pela Corregedoria de 2014 até 2016. Da solenidade de posse participaram diversas autoridades do Executivo, Legislativo e do Judiciário, e ainda membros da advocacia e do Ministério Público. Ela substituiu no cargo o ministro Francisco Falcão, que assumiu a presidência do Superior Tribunal de Justiça. A Corregedoria Nacional de Justiça évinculada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável pela fiscalização interna do Poder Judiciário. O Corregedor Nacional de Justiça é indicado por seus pares do STJ. Sua indicação precisa ser aprovada pelos senadores. A nomeação é feita pelo presidente da República. Na cerimônia de posse, a ministra Nancy Andrighi homenageou os juízes de primeira 22

instância, a quem pretende dedicar, durante sua gestão na Corregedoria Nacional de Justiça, o mais dedicado e atencioso olhar. Segundo ela, os juízes de primeira instância são a mola propulsora de toda a jurisdição. A ministra considera justo homenagear e enfatizar o trabalho solitário, corajoso e criativo do juiz do primeiro grau de jurisdição. Entre todos os juízes que integram a jurisdição brasileira, é ele que recebe pela primeira vez o cidadão aflito e acena-lhe com a esperança de Justiça. Entre suas metas está a valorização da Justiça de primeiro grau, por ser este magistrado o que profere a decisão que vai servir de base para o trabalho nas outras instâncias da Justiça. A nova corregedora disse que adotará medidas destinadas a diminuir o tempo de duração dos processos disciplinares envolvendo magistrados. Com isso, ela pretende acelerar as respostas à sociedade, evitando que magistrados fiquem afastados por muito tempo de suas atividades, evitando o que ela chamou de penas antecipadas. O juiz de Direito, fora ou afastado da atividade jurisdicional precípua, é prejuízo certo para o jurisdicionado, reiterou a nova corregedora. Entre seus objetivos no cargo está a criação, na Corregedoria, de um centro para instrução dos processos disciplinares, destinado a levantar as provas necessárias às ações disciplinares. Segundo a proposta, o centro deverá ter como presidente um desembargador, e terá como atribuições oferecer apoio aos conselheiros na condução dos processos, utilizando como recurso a videoconferência para tornar mais rápida a tomada de depoimentos. Na avaliação da ministra, a videoconferência trará agilidade e economia, mantendo os juízes na jurisdição. Em sua gestão, frisou Nancy Andrighi, a Corregedoria estará voltada ao cumprimento do Regimento Interno do CNJ, o qual, no parágrafo primeiro do artigo 25, confere ao relator dos pedidos de providências e de procedimentos de controle administrativo o poder de tentar solucionar conflitos por meio da conciliação. Ela disse, ainda, que buscará fortalecer as Corregedorias dos Tribunais e os serviços prestados à população. Firmeza e discrição - O ministro Ricardo O juiz de primeiro grau, fora ou afastado da atividade jurisdicional precípua, é prejuízo certo para o jurisdicionado. É ele que recebe o cidadão aflito." Lewandowski, em seu pronunciamento, lembrou o trabalho da nova corregedora para a melhoria do Judiciário e afirmou que Nancy Andrighiexercerá a nova missão de maneira firme, mas branda; eficiente, segura, rigorosa, e tudo com muita discrição. Segundo o ministro, Nancy Andrighi saberá, acima de tudo, respeitar a dignidade intrínseca daqueles que serão objeto de sua atividade correcional, honrando, assim, as melhores tradições da magistratura brasileira no cumprimento da desafiadora missão que terá pela frente. Sexta ocupante do cargo, desde que a Corregedoria Nacional de Justiça foi criada, em 2004, a ministra é formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, em 1975, e ingressou na magistratura no ano seguinte, no Tribunal de Justiça do seu Estado. NoTribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), onde se tornou desembargadora, participou da implantação das juntas de conciliação. Em sua trajetória profissional, foi nomeada em 1999 para o STJ, onde permanece, e em 2011 para a Corregedoria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde esteve até o ano passado. A sólida formação acadêmica da nova corregedora inclui cursos de pós-graduação na Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), No Centro Unificado de Brasília (Ceub) e na Universidade Católica de Brasília (DF). Nancy Andrighi já integrou a Corte Especial e o Conselho de Administração, presidiu a Comissão de Jurisprudência e dirige a Revista do STJ. No Distrito Federal, ela coordenou a implantação e o funcionamento dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, e dirigiu a Escola de Magistratura. Ela também coordenou o processo de reforma do Código de Processo Civil de Moçambique, país da África. No período entre 2011 e 2013, Nancy Andrighi ocupou o cargo de corregedora-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela também presidiu a Comissão de Regimento Interno e foi vice-diretora da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados Sálvio de Figueiredo Teixeira (Enfam). 23