Instituição Beneficente A Luz Divina (1956-2013) Palestras em comemoração aos 57 anos de fundação GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO MANOEL BAPTISTA PHILOMENO DE MIRANDA INTRODUÇÃO Manoel Philomeno foi um Espírito que viveu entre nós, no Estado da Bahia, nos anos de 1876 a 1939, retornando ao Plano Espiritual com 62 anos de idade. Foi um dos grandes trabalhadores do Espiritismo naquela época, um verdadeiro operário na construção do Espiritismo na Bahia e um legítimo guardião e defensor da pureza doutrinária, sem jamais se tornar fanático religioso. Notabilizou-se especialmente no estudo da mediunidade e da desobsessão, deixando entre nós, um rastro de luz e exemplos de um verdadeiro espírita. Na Instituição Beneficente A Luz Divina, temos a honra de batizarmos o Grupo de atendimento a dependentes químicos e seus familiares com seu nome, Grupo Manoel Philomeno de Miranda. BIOGRAFIA Seu nome de registro era Manoel Baptista Philomeno de Miranda, nasceu em 14 de novembro de 1876, em Jangada, Município do Conde, na Bahia.
Philomeno de Miranda, como assinava e também como preferia ser chamado, era filho de Manoel Baptista de Miranda e Dona Umbelina Maria da Conceição. Em 1910, com 34 anos de idade, formou-se Bacharel em Comércio e Fazenda, pela Escola Municipal da Bahia, hoje, Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia. Exerceu sua profissão com muita retidão, sendo um exemplo profissional. Ajudava sempre aqueles que o procuravam, pudessem ou não retribuir os seus serviços. Era tão grande em sua conduta como sua modéstia. Caracterizou-se como o verdadeiro homem de bem. Ele não se casou, tinha uma vida simples e modesta, era dedicado ao bem e as pessoas. Em 1914, com 38 anos, surgiu um problema de saúde, que o incomodou a ponto de procurar o socorro médico. Passou por diversos tratamentos médicos sem que nada fosse diagnosticado. Esse problema persistiu e foi se agravando e não havia médico que resolvesse tal problema. Foi então que chegou a seus ouvidos, através de amigos próximos, que na cidade de Alagoinha, interior da Bahia, havia um médium de nome Saturnino Favera que poderia ajudá-lo. Depois de tantos tratamentos médicos sem nenhum sucesso, Philomeno foi procurá-lo. Chegando lá começou um tratamento através de passes, água fluida e alguns fitoterápicos, e, em pouco tempo estava curado. Saturnino Favera, conta mais tarde aos amigos de Philomeno que seu problema não passava de uma influência obsessiva.
Este foi o primeiro contato com a Doutrina Espírita. A partir de então passa a interessar-se pelo Espiritismo, mais especificamente pelo estudo da Obsessão e Desobsessão. O seu interesse o leva a cidade de Salvador e conhece José Florentino de Senna ou José Petitinga (Petitinga, peixe de água doce, seu significado). Mais tarde, ficou conhecido como o Apóstolo da Unificação, por divulgar e trabalhar na unificação do movimento espírita e fundador da União Espírita Baiana em 1915, que mais tarde se tornaria a Federação Espírita Baiana. José Petitinga, era homem de cultura rara, que exerceu grande influência na vida de Philomeno de Miranda, tornando-se grandes amigos e uma dupla notável. José Petitinga era defensor pertinaz dos princípios doutrinários do Espiritismo e passa a ter muito apreço por Philomeno de Miranda, e apresenta a ele os Livros Básicos da Doutrina Espírita. Em 1914, aos 38 anos de idade, Philomeno iniciou-se no Espiritismo com o estudo das Obras Básicas, e ficou maravilhado com a riqueza de ensinamentos, a clareza, seriedade e honestidade com que se era desvendados os diversos assuntos da humanidade, embasados na razão e lógica dos ensinamentos de Jesus. A partir daí, passou a se dedicar aos estudos e ao trabalho na União Espírita Baiana. (chamada por eles carinhosamente de União ). Dedicava-se com tanta vontade, carinho, honestidade que em 1918 começa a assumir responsabilidades de peso na organização.
Em 1921, assumiu o posto de Segundo secretário e logo depois passou a ser o Primeiro secretário. Era extremamente interessado pelo estudo e prática do Espiritismo, tornou-se um dos mais firmes e adeptos de seus ensinamentos. Passou a estudar profundamente o tema Mediunidade e Desobsessão, tornando-se uma referência para os irmãos e Núcleos Espíritas, da época. Dedicado, educado, porém decido na luta, não dava tréguas aos ataques descabidos, arremetidos por religiosos e cientistas que tentavam destruir o trabalho dos Espíritas. Prova disso foi que em sua vida terrena escreveu e publicou três trabalhos: o opúsculo Por que sou Espírita, datado de 1931, em que deu o seu testemunho pessoal de fé em resposta ao filósofo, educador e teólogo Huberto Hohden. Os outros dois trabalhos, que por modéstia deixou de assinar, foram A Resenha do Espiritismo na Bahia e Excertos que justificam o Espiritismo. Era incentivador incansável de numerosos núcleos espíritas da capital baiana e no interior. Fundador e diretor do Grupo Fraternidade. Quem, a ele pedia auxílio e orientação sobre procedimentos nos núcleos Espíritas e dissoluções de problemas e dúvidas sobre o Espiritismo, lá estava ele, não importava a distância, percorria todo interior da Bahia e capital. Jamais se concedeu repouso em detrimento de seus compromissos espirituais, exemplificando cotidianamente uma notável coragem pessoal, silenciosa e estimulante.
Sua presença no campo doutrinário baiano foi luminosa e constante exemplificação de lucidez e fraternidade, gerando a justa fama que desde então o envolveu, de insuperável conciliador de ânimos, tal a sua cordura, sensatez e o seu equilíbrio emocional. Metódico, imperturbável, firme de atitude e humilde de coração. Despontava a sua natural habilidade no trato com os espíritos sofredores nas reuniões de desobsessão, traço que seus amigos observavam que era marcante também em José Petitinga, amigo e exemplo de vida. Dedicava-se com muito carinho, honestidade e autenticidade nas reuniões espirituais e em especial na desobsessão. Achava imprescindível que Instituições Espíritas se preparassem convenientemente para o intercâmbio espiritual, sendo de bom alvitre, que os trabalhadores das atividades desobsessivas se resguardassem ao máximo, na oração, vigilância e no trabalho superior. Salientava a importância da caridade para se precaverem de sofrer ataques das entidades que se sentem frustradas nos planos nefastos de perseguições. Segundo Leopoldo Machado, expoente do Espiritismo, criador do que hoje conhecemos como Mocidades Espíritas, e também mentor das escolas de evangelização infanto-juvenil, além de ser escritor, poeta, jornalista, educador e amigo pessoal de Philomeno de Miranda, nos diz: Ele era conhecido pelo estilo especial de tratar e doutrinar os assistentes das sessões mediúnicas da União, na expressão exata do termo, era um autêntico diplomata espírita, capaz de resolver todas dificuldades que sobreviessem em qualquer sociedade, espírita ou não. Discípulo de José
Petitinga, tinha a mesma maneira especial de tratar e doutrinar os assistente, sempre baseadas num magistral versículo evangélico. Dedicava extrema atenção em todos os casos que atendia. Em março de 1939, seu grande amigo e exemplo de vida, José Petitinga, retorna ao mundo espiritual e por apelo de todos da União Philomeno de Miranda assume a presidência. Era incansável trabalhador e para se ter uma ideia da sua personalidade, temos este exemplo: Um dia um colaborador desejoso de justificar as intrigas, procurou Philomeno e lhe disse: Philomeno, você não sabe o que estão falando de você aqui na União e nas casas Espíritas de Salvador? Adulterando seu caráter diamantino. Você não vai se defender? Ele responde: Se as minhas obras, meus feitos e minha vida não são capazes de me defender, não perderei tempo com intrigas e vou continuar meu trabalho. E assim ele o fez, continuando sua obra de extrema dedicação ao Espiritismo e ao bem das pessoas. Nada o impedia de participar dos trabalhos mediúnicos, mesmo quando sofria de problemas do coração, subia as escadas a fim de não faltar às sessões, sorrindo e sempre animado. Queria extinguir-se no seu cumprimento. Sentia imensa alegria em dar os seus dias ao serviço do Cristo. Sobre as suas últimas palavras, assim escreve A. M. Cardoso e Silva:
"Agora sim! Não vou porque não posso mais. Estou satisfeito porque cumpri o meu dever. Fiz o que pude... o que me foi possível. Tome conta dos trabalhos, conforme já determinei". Era a antevéspera da sua desencarnação. Até o último instante demonstrou a firmeza da tranquilidade dos justos, proclamando e testemunhando a grandeza imortal da Doutrina Espírita. Em 14 de julho de 1942, Philomeno de Miranda retorna ao Mundo Espiritual. No Mundo Espiritual continua seu trabalho e amplia os estudos sobre a Mediunidade e Desobsessão. Divaldo Pereira Franco nos conta como iniciou seu relacionamento com o amoroso Benfeitor Philomeno, conforme relato no livro O Semeador de Estrelas, da escritora e médium Suely Caldas Schubert (Editora Leal) "No ano de 1950, Chico Xavier psicografou para mim uma mensagem ditada pelo Espírito José Petitinga e no próximo encontro uma outra ditada pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. (...) "No ano de 1970 apareceu-me o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, dizendo que, na Terra, havia trabalhado na União Espírita Baiana, tendo exercido vários cargos, dedicando-se, especialmente à tarefa do estudo da mediunidade e da desobsessão. (...) "Quando chegou ao Mundo Espiritual foi estudar em mais profundidade as alienações por obsessão e as técnicas correspondentes da desobsessão. (...) Convidado por Joanna de Angelis, para trazer o seu contributo em torno da mediunidade, da obsessão e desobsessão, ele ficou quase trinta anos
realizando estudos e pesquisas e elaborando trabalhos que mais tarde iria enfeixar em livros. (...) Ao me aparecer, então, pela primeira vez, disse-me que gostaria de escrever por meu intermédio. Levou-me a uma reunião, no Mundo Espiritual, onde reside, e ali, mostrou-me como eram realizadas as experiências de prolongamento da vida física através da transfusão de energia utilizando-se do perispírito. Depois de uma convivência de mais de um mês, aparecendo-me diariamente, para facilitar o intercâmbio psíquico entre ele e mim, começou a escrever "Nos Bastidores da Obsessão", que são relatos, em torno da vida espiritual, das técnicas obsessivas e de desobsessão. (...) Miranda, pela psicografia de Divaldo Franco, nos presenteia com diversos livros acerca da delicada problemática da obsessão, dentre os quais destacamse: Entre os Dois Mundos, Trilhas da Libertação, Nos Bastidores da Obsessão, Nas Fronteiras da Loucura, Tormentos da Obsessão, Sexo e Obsessão, Reencontro com a Vida, dentre vários outras. Toda obra de Philomeno de Miranda é o acumulo de experiências e informações que adquiriu ao longo de sua vida terrena na União Espírita Baiana e de experiências no Mundo Espiritual, estagiando com os grandes Espíritos que estruturaram o Espiritismo brasileiro, como Eurípedes Barsanufo, Dr. Bezerra de Menezes, Dr. Inácio Ferreira. Todo o trabalho de Manoel Philomeno, no Mundo Espiritual, é uma continuidade da sua vida terrena, de grande labor em favor dos obsedados,
pelos carentes de qualquer espécie e por pessoas que procuram o socorro do passe e do atendimento fraterno. Entre vários trabalhos espirituais que surgiram e foram influenciados pela obra deste incansável Espirita, em todo o Brasil, podemos destacar dois: 6º Congresso Espírita da Bahia e o Grupo MPM, na A Luz Divina : PROJETO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA No ano de 1990, em decorrência do 6 Congresso Espírita da Bahia, diversas pessoas interessadas no assunto da Mediunidade pediram a direção do Congresso que criassem um grupo para estudar a Doutrina com afinco e levassem a todas as Casas tudo o que aprendessem. Com o objetivo de dar apoio e treinamento aos integrantes da área mediúnica dos Centros Espíritas através de seminários, cursos e palestras. A equipe atual é composta de José Ferraz, Nilo Calazans e João Neves. Contava, também, com o companheiro Geraldo Azevedo, afastado das atividades por motivos de saúde. Com o apoio de nosso irmão Divaldo Pereira Franco, os irmãos já publicaram inúmeros livros que vêm auxiliando, principalmente os grupos que se dedicam ao trabalho de Desobsessão. Em 1994, a Instituição Beneficente A Luz Divina, através de nosso irmão Sr. Humberto J. Rigon, então presidente, criou o Grupo de Atendimento a Dependentes Químicos e Familiares. Este grupo de atendimento passou a se chamar Grupo Manoel Philomeno de Miranda (MPM).
Esta homenagem é motivo de muita honra e alegria, e ao mesmo tempo de extrema responsabilidade aos médiuns que se colocam para o trabalho mediúnico num grupo que leva o nome do irmão Manoel Philomeno que foi, e continua sendo, um defensor do Espiritismo, da pureza doutrinária, da ascendência de O Livro dos Médiuns sobre toda e qualquer obra que fira os princípios doutrinários; irmão que dedicou todo seu tempo à causa Espírita, ao estudo da mediunidade, da obsessão, desobsessão e dos distúrbios espirituais. Manoel Philomeno deixa-nos um grande exemplo, o equilíbrio entre a firmeza e doçura, ao mostrar ao longo de sua trajetória, que soube ser firme quando necessário, principalmente na defesa do Espiritismo, doce e amigo com todos que convivia. Ele escolheu a Caridade como único caminho da salvação, e Jesus como o Verdadeiro Mestre! William Aude Correia da Silva Palestra proferida em 23 de setembro de 2013, na Instituição Beneficente A Luz Divina.