APOSTILA DE DIREITO CIVIL OBRIGAÇÕES III (CONTRATOS EM ESPÉCIE E RESPONSABILIDADE CIVIL)



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Transcrição:

Faculdade Sul-Americana Curso de DIREITO 1 APOSTILA DE DIREITO CIVIL OBRIGAÇÕES III (CONTRATOS EM ESPÉCIE E RESPONSABILIDADE CIVIL) Prof. Esc. Lister de Freitas Albernaz Goiânia 2012

OBRIGAÇÕES III CONTRATOS EM ESPÉCIE 2 CONTRATO DE COMPRA E VENDA 1. CONCEITO (ART. 481 - CC) Código Civil - Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. 2. CARACTERÍSTICAS (NATUREZA JURÍDICA) Bilateral ou Sinalagmático Oneroso Comutativo ou Aleatório Consensual ou Solene Translativo do Domínio 3. ELEMENTOS DA COMPRA E VENDA Consentimento Preço Coisa A Coisa deverá: ter existência ser individuada ser disponível ou estar in commercio ter possibilidade de ser transferida ao comprador 4. LIMITAÇÕES À COMPRA E VENDA Certas pessoas não têm legitimidade para contratar a compra e venda, em razão da sua condição peculiar frente ao negócio jurídico que se pretende realizar. Venda de Ascendente a Descendente Aquisição de Bens por Pessoas que Devem Zelar pelo Interesse do Vendedor Venda de Coisa de Pessoa Casada. Compra e Venda entre Pessoas Casadas. Outros casos: O Condômino O proprietário de coisa alugada Aos menores 5. VENDAS ESPECIAIS Venda Mediante Amostra - CC, art. 484. Venda ad mensuram - CC, art. 500. 6. CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA

1. Retrovenda; 2. Venda a Contento e Sujeita à Prova; 3. Da Preempção ou Preferência; 4. Venda com Reserva de Domínio; 5. Venda sobre Documentos. 3 6.1. Retrovenda CC, arts. 505/508. É a cláusula pela qual o vendedor se reserva o direito de reaver, em determinado prazo, o imóvel que vendeu, restituindo o preço pago mais as despesas feitas pelo comprador (CC, art. 505). 6.2. Da Venda a Contento e da Sujeita à Prova - (CC, arts. 509/512). Ocorre quando se estipula no contrato a condição de que a coisa será testada antes de ser considerada a venda definitiva. 6.3. Da Preempção ou Preferência (CC, arts. 513/520). É a cláusula acertada pelos contratantes mediante a qual fica garantido ao vendedor o direito de adquirir a coisa vendida, quando o comprador resolver vendê-la a terceiro pelo preço e condições que este oferecer. 6.4. Venda com Reserva de Domínio (CC, arts. 521/528). Por força desta cláusula contratual o comprador recebe a posse direta da coisa, permanecendo com o vendedor a propriedade até o pagamento integral da coisa. 6.5. Venda sobre Documentos (CC, arts. 529/532). Tal modalidade de compra e venda tem maior uso no comércio marítimo de praça a praça e entre países distantes. CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA 1. CONCEITO A troca ou permuta é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa para receber outra. 2. OBJETO Desta forma, podem ser trocados: imóveis por móveis; imóveis por imóveis; móveis por móveis; coisas corpóreas por coisas incorpóreas etc. 3. CARACTERÍSTICAS DA TROCA A permuta é: Bilateral Oneroso Consensual Comutativo

4 Pode ser solene, quando envolva a transmissão de bens imóveis. Devendo o contrato ser registrado no CRI. 4. RELAÇÃO COM A COMPRA E VENDA Troca difere da compra e venda pela forma de pagamento. Pode ocorrer pagamento em dinheiro sem descaracterizar a permuta, salvo se representar mais de 50% do pagamento. Aplicam-se à permuta as disposições referentes à compra e venda (CC, art. 533). O Código Civil reserva apenas duas modificações: Salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca; É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante. O prazo para anular a permuta é decadencial de 2 anos (CC, art. 179). São válidas as permutas de coisas futuras. Resolve-se o contrato aleatório pela regra dos artigos 458 e 459, CC. CONTRATO ESTIMATÓRIO 1. CONCEITO É o negócio jurídico em que alguém (consignatário) recebe de outrem (consignante) bens móveis, ficando autorizado a vendê-los a terceiros, obrigando a pagar um preço estimado previamente, se não restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado (CC, art. 534). 2. NUTUREZA JURÍDICA O contrato estimatório é: Bilateral Oneroso Real 3. OBJETO Tem por objeto apenas coisas móveis. 4. PONTO DIFERENCIAL COM A COMPRA E VENDA Se diferencia da compra e venda, pois a tradição dos bens não transfere a propriedade, pois o consignante continua sendo o titular do domínio da coisa consignada. 5. OBRIGAÇÕES DAS PARTES

DOAÇÃO 5 1. CONCEITO É o contrato pelo qual uma pessoa (física ou jurídica), por vontade própria, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra pessoa (também física ou jurídica), que os aceita. 2. ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS Caracteriza-se a Doação por 4 elementos fundamentais: Contratualidade Ânimo do Doador de fazer a doação Transferência de bens ou de direitos do Doador ao Donatário Aceitação do Donatário Na aceitação temos duas exceções: a) A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, que pede o efeito se não forem contraídas as núpcias (CC, art. 546); b) Na doação feita ao incapaz absoluto, desde que não seja sujeita a encargos (CC, art. 543). 3. NATUREZA JURÍDICA a Doação é um contrato: Unilateral Gratuito Consensual É de caráter pessoal Solene 4. FORMA DO CONTRATO DE DOAÇÃO Pode ser escrito ou verbal (CC, art. 541). A doação na forma verbal só será aceita para bens móveis de pequeno valor econômico (CC, art. 541, par. único). A forma verbal revela dois requisitos para sua validade: a) pequeno valor; e b) transmissão imediata da propriedade (tradição). 5. MODALIDADES DE DOAÇÃO Várias podem ser as modalidades de Doação: Doação Pura Doação Condicional Doação Modal ou com Encargo

Doação com Cláusula de Reversão Doação com Cláusula de Inalienabilidade Doação Remuneratória e Doação Meritória Doação em Forma de Subvenção Periódica 6 5.1. Doação Pura É aquela feita sem nenhum motivo especial, a não ser a intenção do Doador em beneficiar o Donatário com um acréscimo em seu patrimônio. 5.2. Doação Condicional É a que pode ser estabelecida com condição suspensiva ou resolutiva. 5.3. Doação Modal ou com Encargo É o negócio jurídico gracioso, mas que o Doador impõe ao Donatário uma determinada incumbência ou dever em seu favor, ou de terceiro ou do interesse geral da comunidade (CC, art. 553). 5.4. Doação com Cláusula de Reversão O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário (CC, art. 547). 5.5. Doação com Cláusula de Inalienabilidade, Incomunicabilidade e Impenhorabilidade As cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade são restritivas do direito à propriedade, pois o Donatário dela não pode dispor livremente. 5.6. Doação Remuneratória e Doação Meritória A doação remuneratória conjuga liberalidade e remuneração pelos serviços prestados gratuitamente pelo donatário ao doador. A doação meritória é feita em contempla de merecimento. O motivo determinante deste negócio jurídico é a vontade do Doador em reconhecer o esforço e premiar ato ou conduta do Donatário, considerados relevantes pelo Doador. 5.7. Doação em Forma de Subvenção Periódica É a doação feita de forma periódica ou continuada (semanal, mensal, anual etc.). 6. REQUISITOS DE VÁLIDA DA DOAÇÃO Além dos requisitos gerais de válida em exigidos em todos os contratos, o de doação submete-se a requisitos específicos que lhe são imprescindíveis: 5.1. Requisitos Subjetivos. Diz respeito à capacidade ativa e passiva dos contratantes da doação. A capacidade ativa limitações legais:

7 a) Os incapazes (absoluto e relativo) não poderão, em regra, doar, nem mesmo através de seus representantes legais. b) os cônjuges, sem a devida autorização, exceto no regime de separação absoluta, estão impedidos de fazer doação dos bens e rendimentos comuns, ou dos que possam vir a integrar futura meação. c) o cônjuge adúltero não pode fazer doações a seu cúmplice (CC, arts. 550 e 1.642, IV; Súmula 382 do STF). d) os cônjuges não poderão doar entre si, se a união for pelo regime da comunhão universal de bens. e) o mandatário do doador não poderá nomear donatário ad libitum. f) as entidades públicas e privadas. g) o falido não pode fazer doações. h) ascendentes poderão fazer doações para descendentes, que importarão em adiantamento da legítima. LOCAÇÃO 1. CONCEITO E DISPOSIÇÕES INICIAIS Locação é o contrato pelo qual uma pessoa se obriga a ceder temporariamente o uso e gozo de uma coisa não fungível, mediante certa remuneração. Caio Mário da Silva LEI DO INQUILINATO (Lei nº 8.245/91) - regula a locação de imóveis urbanos. CÓDIGO CIVIL - regula as locações de: 1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas autarquias e fundações públicas; 2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; 3. de espaços destinados à publicidade; 4. em apart-hotéis, hotéis-residência ou equiparados, assim considerados aqueles que prestam serviços regulares a seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar; ESTATUTO DA TERRA - regula a locação de imóveis rurais destinados a exploração da terra e da pecuária, independentemente de sua localização, aplicando-se subsidiariamente as disposições do Código Civil. 2. CARACTERÍSTICAS É contrato bilateral É consensual É oneroso É contrato de trato sucessivo É contrato temporário É contrato não personalíssimo

8 3. ELEMENTOS ESSENCIAIS Consentimento Coisa Preço Prazo Forma 4. DIREITOS E DEVERES DO LOCADOR 4.1 DIREITOS DO LOCADOR 1) Receber o pagamento do aluguel 2) Cobrar antecipadamente o aluguel 3) Exigir do Locatário, na locação de prédio urbano: Caução em dinheiro Garantia Fidejussória (Fiança) Seguro de Fiança Locatícia Cessão Fiduciária de Quota de Fundo de Investimento 4) Mover ação de despejo. 5) Reaver a coisa locada ou o prédio alugado. 6) Autorizar a cessão e a sublocação e o empréstimo do prédio locado. 7) Pleitear a revisão judicial do aluguel ou a atualização dos alugueis das locações residenciais e nãoresidenciais. 8) Ser comunicado da sub-rogação na locação. Por separação judicial, separação de fato ou divórcio. Por fim da união estável ou concubinária 4.1 DEVERES DO LOCADOR 1) Entregar ao Locatário a coisa locada em estado de servir ao uso a que se destina. 2) Manter a coisa locada no estado de servir ao uso e gozo a que se destina, durante a vigência do contrato de locação. 3) Responder pelos defeitos e vícios ocultos da coisa locada. 4) Garantir o uso pacífico da coisa locada. 5) Pagar: Os impostos que incidam sobre o imóvel locado; As taxas e despesas de administração imobiliária; As despesas extraordinárias de condomínio;

Prêmios de seguro contra incêndio. 9 6) Fornecer o recibo de pagamento do aluguel. 7) Indenizar as benfeitorias úteis ou necessárias feitas pelo Locatário. 8) Garantir o direito de preferência ao Locatário ou Sublocatário, em iguais condições com terceiro. 5. DIREITOS E DEVERES DO LOCATÁRIO 5.1 DIREITOS DO LOCATÁRIO 1) Exigir do Locador: A entrega da coisa alugada; O recibo do aluguel; A manutenção do estado da coisa alugada durante o tempo de vigência do contrato de locação; A garantia do uso pacífico da coisa locada; A responsabilidade pelos vícios ocultos da coisa locada. 2) Pedir ao Locador a relatório escrito do estado da coisa alugada, no momento do recebimento. 3) Reter o bem alugado enquanto não for ressarcido: Por perdas e danos advindas da retomada antecipada da coisa locada pelo Locador; Pelas benfeitorias necessárias ou úteis, feitas com consentimento escrito do Locador. 4) Ter direito de preferência para a aquisição do imóvel locado, no caso de Locador pretender aliená-lo. 5) Purgar a mora. 6) Ser despejado mediante Denúncia Cheia ou Denúncia Vazia. 7) Terá direito de sublocar, ceder e emprestar, desde que tenha o consentimento prévio e escrito do Locador. 5.2 DEVERES DO LOCATÁRIO 1) Servir-se da coisa alugada exclusivamente para o uso convencionado ou presumido. 2) Tratar da coisa alugada como se fosse seu. 3) Pagar o aluguel nos prazos ajustados., ou na falta de convenção, até o 6º dia do mês subseqüente ao vencido. 4) Levar ao conhecimento do Locador os danos, que a este incumbe reparar, e as turbações de terceiros, que se pretendam fundas em direito. 5) Restituir a coisa, no fim da locação, no estado em que a recebeu, salvo deteriorações decorrentes do uso regular. 6) Pagar as despesas de limpeza, energia e água, gás, saneamento e despesas ordinárias de condomínio.

10 7) Fazer reparos necessários na coisa alugada. 8) Consentir nos reparos urgentes de que a coisa necessitar. 9) Dar caução em dinheiro, garantia c/ fiança ou pagar seguro de fiança locatícia. 10) Pedir consentimento escrito do Locador para sublocar, emprestar ou ceder os direito sobre a coisa locada. 11) Responder pelo perecimento ou deterioração da coisa, se não provar caso fortuito, força maior, vícios de construção etc. 6. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISAS 1) distrato ou rescisão bilateral. 2) retomada do bem alugado. 3) implemento de cláusula resolutória expressa. 4) perda total da coisa alugada. 5) Perda parcial do bem locado por culpa do Locador ou do Locatário. 6) vencimento do prazo contratual. 7) desapropriação da coisa locada. 8) morte do locatário. 9) nulidade ou anulabilidade do contrato de locação. 10) rescisão unilateral por inexecução contratual ou por infração à lei, tanto por parte do Locatário como por parte do Locador. 11) extinção de usufruto ou fideicomisso. 12) falência ou recuperação judicial de um dos contratantes. COMODATO 1. CONCEITO É o contrato pelo qual o Comodante entrega coisa móvel ou imóvel, infungível, ao Comodatário, gratuita e temporariamente, para a finalidade de uso e gozo. João Franzen de Lima 2. CARACTERÍSTICAS JURÍDICAS Contrato Unilateral Contrato Gratuito Contrato Real

Contrato Pessoal (Intuitu Persona) Contrato Temporário 11 3. REQUISITOS a) Subjetivo b) Objetivo c) Formal 4. OBRIGAÇÕES DO COMODATÁRIO 1) Guardar e conservar a coisa emprestada como se fosse sua; 2) Fazer uso e gozo da coisa na forma estipulada ou de acordo com sua natureza; 3) Restituir o bem emprestado no prazo ajustado, ou, em sua falta, quando lhe for reclamado, e, ainda, findo o tempo necessário ao uso concedido; 4) Responder pela mora; 5) Responder pelos riscos da coisa; 6) Responsabilizar-se de forma solidária, se duas ou mais pessoas receberam simultaneamente a coisa emprestada. 4. OBRIGAÇÕES DO COMODANTE Por ser contrato unilateral não gera responsabilidade para o Comodante. Todavia, a lei e algumas circunstâncias supervenientes ao curso do contrato impõem alguns deveres a serem observados pelo Comodante. 1) Não pedir a restituição da coisa emprestada antes do prazo acordado ou do necessário para o uso; 2) Reembolsar o Comodatário pelas despesas extraordinárias e necessárias, feitas sem autorização do Comodante, frente a urgência da medida. 5. EXTINÇÃO DO COMODATO Dar-se-á por extinto o Comodato quando o houver: 1) A expiração do prazo acertado ou necessário ao uso contratado; 2) A resolução por inexecução contratual; 3) A rescisão unilateral do contrato. 4) Distrato; 5) A morte do Comodatário, no caso de acordo pelo uso estritamente pessoal da coisa emprestada. 6) A alienação do bem emprestado.

12 MÚTUO 1. CONCEITO É o contrato pelo qual uma pessoa (Mutuante) empresta coisa fungível à outra (Mutuário), que se obriga a restituí-la em coisa do mesmo gênero, da mesma qualidade e na mesma quantidade (CC, art. 586). 2. CARACTERES JURÍDICOS É Contrato Real É Contrato Unilateral É Contrato Gratuito É Contrato Temporário É Contrato Translativo de Domínio 3. REQUISITOS 3.1. Subjetivo Para contratar um mútuo é necessário que as partes sejam capazes. O Mutuante tem de ser apto a dispor da coisa a ser emprestada. O Mutuário deve ser habilitado a obrigar-se. O Mútuo feito a menor, sem prévio autorização do representante legal, não pode ser reavido nem do Mutuário nem dos seus fiadores (CC, art. 588). Tal regra comporta exceção nos seguintes casos (CC, art. 589): 3.2. Objetivo 1) Se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; 2) Se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; 3) Se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; 4) Se o empréstimo reverteu em benefício do menor; 5) Se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. Por ser empréstimo de consumo, requer que o objeto seja coisa fungível, ou seja, bem móvel que possa ser substituído por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade. 4. EFEITOS JURÍDICOS O Mútuo produz os seguintes efeitos: 1) De gerar obrigações ao Mutuário:

13 a) Restituir a coisa emprestada por outra do mesmo gênero, quantidade e qualidade. b) Pagar os juros, no caso de mútuo feneratício. 2) De conferir direitos ao Mutuante: a) Exigir garantia da restituição, caso o Mutuário venha a sofrer, antes do vencimento do contrato, mudança no seu patrimônio ou na sua situação financeira, que venha a possibilitar dificuldade na restituição da coisa; b) Reclamar a restituição do bem emprestado, uma vez vencido o prazo contratual. c) Demandar a resolução do contrato se o Mutuário, no mútuo feneratício, deixar de pagar os juros. O Mutuante assume certos deveres, mas que não chegam a ser obrigações. São eles: a) Entregar a coisa objeto do mútuo; b) Abster-se de interferir no consumo da coisa emprestada, não cobrando a restituição antes do convencionado, exceto se houver motivo justo. 5. EXTINÇÃO DO MÚTUO O mútuo se extingue pelo: 1) Pela expiração do prazo convencionado pelos contratantes; 2) Pela ocorrência dos casos previstos no artigo 592, do CC; 3) Pela resolução contratual funda no descumprimento do convencionado; 4) Pela resilição unilateral por parte do devedor; 5) Pelo distrato; 6) Pela efetivação de algum modo terminativo previsto no próprio contrato. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO 1. CONCEITO A prestação de serviço é toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial, contratada mediante retribuição. 2. CARACTERES JURÍDICOS É Contrato Bilateral É Contrato Oneroso É Contrato Consensual É Contrato Não-formal É Contrato Intuitu Personae (Pessoal) 3. REGRAS BÁSICAS DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO Limite de Prazo Legal

14 Contrato por Prazo Indeterminado Suspensão do Contrato Rescisão Com e Sem Justa Causa Habilitação do Prestador Aliciamento do Prestador Alienação de Prédio Agrícola 4. EXTINÇÃO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO A prestação de serviço se extingue: a) A morte de quaisquer das partes; b) A expiração do prazo; c) A conclusão da obra; d) A rescisão Contratual, mediante denúncia do contrato (aviso prévio); e) Inadimplência de qualquer das partes; f) Impossibilidade, por força maior, de cumprimento do contrato; g) Distrato. EMPREITADA 1. CONCEITO É o contrato em que alguém, denominado empreiteiro (executor da obra), obriga-se a executar uma obra, com fornecimento próprio ou não de matéria-prima, sob encomenda do comitente (dono da obra ou proprietário), mediante pagamento. 2. CARACTERES JURÍDICOS É Contrato Bilateral É Contrato Oneroso É Contrato Consensual É Contrato Não-solene (forma livre) 3. ESPÉCIES DE EMPREITADA 3.1. Quanto aos Critérios de Determinação do Preço a) Empreitada a preço fixo b) Empreitada por medida c) Empreitada no preço

d) Empreitada por preço máximo e) Empreitada por preço de custo 15 3.2. Quanto à execução da obra pelo empreiteiro a) Empreitada de lavor ou de mão-de-obra; b) Empreitada de materiais ou mista. 4. DIREITOS E DEVERES DAS PARTES 4.1. Direitos e Deveres do Empreiteiro 4.1.1. DIREITOS do Empreiteiro a) Receber o preço ajustado para a execução da obra; b) Exigir a aceitação da obra concluída de acordo com as especificações contratuais; c) Requerer a medição das partes já concluídas, quando a obra se ajustar por etapas; d) Reter a obra, até que o dono da obra cumpra sua obrigação; e) Constituir o dono da obra em mora; f) Ceder o contrato de empreitada, desde que não haja cláusula para execução pessoal da obra (Intuitu Personae); g) Suspender a obra ou rescindir o contrato (CC, Art. 625); 4.1.2. DEVERES do Empreiteiro a) Executar a obra segundo as especificações do contrato; b) Corrigir os vício e defeitos que abra apresentar; c) Não fazer modificações ou acréscimos sem autorização do dono da obra, exceto as fundadas em absoluta necessidade técnica; d) Entregar a obra concluída ao comitente; e) Pagar os materiais que recebeu do comitente; f) Fornecer os materiais de acordo com as especificações convencionadas; 4.2. Direitos e Deveres do Comitente 4.1.1. DIREITOS do Comitente a) Exigir do empreiteiro a observância obrigação contratual ou suspender a obra, pagando, proporcionalmente, o que já foi executado e mais as despesas e lucros cessantes; b) Receber a obra concluída; c) Acompanhar a execução da obra;

16 d) Rejeitar ou pedir abatimento no preço, nos casos previstos no CC, art. 615 e 616; e) Pedir não só o pagamento de materiais que foram entregues ao empreiteiro e por ele inutilizados, mas também no caso de diminuição nos preços dos mesmos. 4.1.2. DEVERES do Comitente a) Pagar ao empreiteiro o valor ajustado, no prazo convencionado; b) Verificar as etapas concluídas, apontado os defeitos existentes, sob pena de presunção de aceitas e verificadas as que foram pagas. c) Receber a obra concluída; d) Fornecer os materiais necessários à execução da obra, quando previsto no contrato ou na lei; e) Indenizar o empreiteiro (trabalho executado, despesas e lucros cessantes), se rescindir ou suspender o contrato; f) Não alterar a obra já aprovada, sem anuência do autor, mesmo que a execução seja confiada a terceiros, a não ser que, por motivos supervenientes ou razões de ordem técnica, se comprove a inconveniência ou a onerosidade excessiva do projeto primitivo; 4.3. Cessação do Contrato de Empreitada a) Pela execução da obra; b) Pela morte do empreiteiro; c) Pela resilição bilateral (distrato); d) Pela Resolução (inadimplemento c/ perdas e danos); e) Pela rescisão unilateral, por parte do comitente, cabendo indenizar o empreiteiro pelas despesas feitas e pela mão-de-obra, bem como pelo lucro que viria com a conclusão da obra; f) Impossibilidade na conclusão da obra, por força maior ou caso fortuito; g) Pela desapropriação. DEPÓSITO 1. DEFINIÇÃO Deposito é o contrato pelo qual uma pessoa (depositário) recebe um objeto móvel para guardar, até que o depositante o reclame (CC, Art. 627). 2. CARACTERES JURÍDICOS Contrato Real

Contrato Gratuito Contrato Temporário Contrato Pessoal (Intuitu Personae) 3. REQUISITOS 17 a) Subjetivos a capacidade genérica para praticar os atos da vida civil, e a especial, por ser imprescindível o consentimento inequívoco e comum de entregar-se uma coisa em depósito e de haver aceitação pelo outro contratante. b) Objetivos que seja o objeto do depósito quaisquer bens móveis, sejam as corpóreas, sejam as que se corporificam, como os valores incorpóreos representados por títulos de qualquer espécie (Ex: ações de S/A, apólices da dívida pública). c) Formais O Código Civil exige o instrumento escrito para o depósito, podendo revestir-se, entretanto, qualquer que seja o valor ou a natureza da coisa, na forma particular. 4. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO DEPÓSITO a) A entrega da coisa móvel; b) A guarda da coisa, com poder ou não de uso; 5. MODALIDADES DE DEPÓSITO 5.1. Depósito Voluntário ou Convencional 5.2. Depósito Necessário O contrato de Depósito Necessário subdivide-se em: a) Depósito Legal b) Depósito Miserável c) Depósito do Hospedeiro 6. DAS OBRIGAÇÕES DOS CONTRAENTES 6.1. Obrigações do DEPOSITANTE 1) Deve ele pagar o preço convencionado; 2) Pagar as despesas feitas com o depósito; 3) É obrigado a indenizar o depositário dos prejuízos que lhe advierem do contrato de depósito. 6.2. Obrigações do DEPOSITÁRIO 1) A custódia da coisa, ou a sua guarda e conservação, com o cuidado e diligencia que costuma ter com o que é seu; 2) Manutenção da coisa depositada no estado que se ache; 3) Não pode o depositário usar e gozar da coisa depositada, salvo convenção entre as partes.

18 4) Entregar ao depositante a coisa que tiver recebido em substituição ao depósito, se houver perdido, e ceder-lhe as ações contra o terceiro responsável; 5) Restituir o depósito com todos os frutos e acrescidos. 7. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE DEPÓSITO a) Pelo decurso do prazo, sem prejuízo do direito do depositante de solicitar, a qualquer momento, a restituição da coisa; b) Por iniciativa do Depositário, promovendo a devolução da coisa ao depositante, ou caso este não possa ou não queira recebê-la, ao depósito público, ou nomeá-la novo depositário; c) Pelo perecimento do objeto por caso fortuito ou força maior, sem sub-rogação em outro; d) Pela morte ou incapacidade superveniente do depositário, se o contrato for intuitu personae; e) Pelo decurso do prazo de 25 anos, quando não reclamados, com recolhimento do bem ao Tesouro, e a sua incorporação ao patrimônio nacional. MANDATO 1. DEFINIÇÃO É o contrato pelo qual uma pessoa se obriga (Mandatário), gratuitamente ou mediante remuneração, a praticar um ato em nome e por conta de outra pessoa (Mandante), de quem recebeu o encargo. 1.1 Instrumento do mandato - O instrumento é a procuração. Não fazemos um papel formal escrito contrato de mandato. Basta a procuração, que não é solene. Porém a lei diz que o mandato pode ser tácito, feito de forma verbal, então a procuração não é indispensável. A procuração é o instrumento, porém não é documento indispensável para a validade do contrato de mandato. Art. 657: A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito. Este artigo 657 fala que só é aceito mandato verbal em caso de atos que dispensam instrumento público, ou seja, para atos que precisam de instrumento público, precisa-se de uma procuração registrada em cartório. Para comprar uma casa para mim, Yuri precisará de uma procuração pública passada por mim 2. CARACTERES JURÍDICOS É Contrato Consensual É Contrato Pessoal (Intuitu Personae) É Contrato Gratuito (ou Oneroso) É Contrato Não-solene (forma livre) É Contrato Unilateral É Contrato Preparatório É Contrato Revogável ad nutum Unilateral ou bilateral? Unilateral. O mandante não tem obrigações, em regra. Pode se tornar bilateral se, durante sua execução, gerar efeitos à parte contrária por fato superveniente. Oneroso ou gratuito?

19 Gratuito, via de regra. Não se perde dinheiro com o mandato ao se mandar alguém comprar pães. Não devemos confundir o mandato em si com o ato praticado pelo mandatário, que pode ser oneroso, como é a compra e venda dos pães. Excepcionalmente o mandato pode ser oneroso. Exemplo: advogado. É um contrato de mandato. A atividade do advogado também inclui uma prestação de serviços, mas não são a mesma coisa. O mandato é obrigatório para que então o advogado preste os serviços. Se oneroso, o mandato se torna bilateral. Comutativo ou aleatório? Essa classificação não se aplica ao contrato de mandato pois é um contrato unilateral. Típico ou atípico? Típico e nominado. Existe previsão legal no Código Civil a partir do art. 653. Solene ou não solene? Não solene. Paritário ou de adesão? Qualquer um dos dois. Consensual ou real? Já existe mandato na hora que eu peço que faça, ou só existe na hora em que o mandatário efetiva o ato? É consensual. Há mandato e vinculação desde o momento desde a conclusão do contrato. Principal ou acessório? Eminentemente acessório! Sim, porque ele serve para preparar outros atos que há por serem executados. De execução instantânea ou diferida? Diferida. Preliminar ou definitivo? Definitivo. Pessoal ou impessoal? Pessoal, óbvio. Não se pode deixar qualquer pessoa fazer algo por você. Claro que é feito em função das características pessoais de cada um e claro que extingue com a morte. É intuitu personae mesmo. Por prazo indeterminado ou determinado? Qualquer um dos dois. Exemplo: realize este negócio! quando realizado, o contrato se extingue. 3. REQUISITOS a) Subjetivos A lei exige capacidade para a constituição do Mandatário. Obs.: Qualquer agente capaz, conforme dito no art. 104 (sem jamais abandonar a ideia dos arts. 3º e 4º). Porém, no art. 666 está dito que o maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores. Ou seja, o maior de 16 anos e menor de 18 pode ser mandatário. Mas o mandante não terá nenhuma ação contra ele. b) Objetivos O objeto do Mandato deverá revestir-se dos mesmos requisitos do objeto de um negócio jurídico, ou seja, deverá ser lícito, física e juridicamente possível. c) Formais Como é contrato consensual, o Mandato não exige requisito formal para sua validade, nem para sua prova. 3.1. Atos que não podem ser praticados por meio de mandato Ninguém pode, por exemplo, passar procuração para alguém fazer concurso público em seu lugar. Seria muito fácil pedir que um professor ou alguém que já foi aprovado fizesse a prova em seu nome. Também não se pode passar procuração para prestar serviço militar nem fazer testamento. Observação: casamento pode ser feito por procuração. Não existe um rol taxativo de atos que podem e que não podem ser praticado por meio de mandato. Os atos, em sua grande maioria, podem sim ser praticados por meio de procuração 4. DIREITOS E DEVERES DO MANDANTE 4.1. Direitos do MANDANTE 1) Revogar o mandato outorgado ao mandatário; 2) Autorizar ou não o substabelecimento dos poderes conferidos no mandato.

20 3) Ratificar os atos do mandatário e do substabelecido; 4) Exigir o recebimento dos valores recebidos pelo mandatário, em razão do mandato outorgado, ou seu deposito em conta do mandante; 5) Exigir que o mandatário preste contas; 6) Demandar contra o mandatário pelas perdas e danos resultantes da desobediência às suas instruções. 7) Pedir informações sobre o negócio sempre que lhe for conveniente. 8) Demandar o mandatário que comprou para si, algo que estava obrigado pelo mandato a adquirir para o mandante, com fundos deste. 4.2. Obrigações do MANDANTE Cumpre ao Mandante o DEVER de: 1) Remunerar o mandatário e substabelecido, nos mandatos onerosos e nos profissionais. 2) Adiantar os valores para as despesas necessárias, sempre que solicitado pelo mandatário. 3) Reembolsar todas as despesas que o mandatário dispensou na execução do mandato. 4) Ressarcir os prejuízos do mandatário, no exercício do mandato, exceto no caso de culpa sua ou excesso de poderes. 5) Honrar os compromissos assumidos pelo mandatário em seu nome. 6) Pagar perdas e danos, caso revoge o mandato com cláusula de irrevogabilidade. 4. DIREITOS E DEVERES DO MANDATÁRIO 4.1. Direitos do MANDATÁRIO Tem o Mandatário o DIREITO de: 1) Exigir a retribuição pecuniária acertada; 2) Pedir ao mandante que adiante os valores destinados aos gastos necessários à execução do mandato; 3) Receber o reembolso das despesas necessárias efetuadas para o exercício do mandato, bem como o direito de reter o objeto que estiver em seu poder até receber o referido reembolso e tudo mais que lhe é devido em face do mandato; 4) Substabelecer os poderes que lhe foram conferidos; 4.2. Deveres do MANDATÁRIO Por outro lado, tem o Mandatário o DEVER de: 1) Executar o mandato de acordo com as instruções recebidas e no limite dos poderes conferidos;