COMPORTAMENTOS NÃO SAUDÁVEIS ASSOCIADOS À INATIVIDADE FÍSICA NO LAZER EM TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS DO SUL DO BRASIL



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COMPORTAMENTOS NÃO SAUDÁVEIS ASSOCIADOS À INATIVIDADE FÍSICA NO LAZER EM TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS DO SUL DO BRASIL Autores: Rodrigo de Rosso Krug (1), Giovâni Firpo Del Duca (1), Kelly Samara da Silva (1), Cecília Bertuol (1), Elusa Santina Antunes de Oliveira (1) & Markus Vínicius Nahas (1). Instituição: (1) Universidade Federal de Santa Catarina. Email: rodrigo_krug@hotmail.com Tema: Atividade física e saúde na empresa Palavras-Chave: Atividade Motora; Comportamentos Saudáveis; Trabalhadores. RESUMO O objetivo do estudo foi verificar a associação da inatividade física no lazer com outros comportamentos não saudáveis em trabalhadores das indústrias do Sul do Brasil. Trata-se de um estudo transversal, realizado em 2007, nos três estados da região Sul do Brasil (n=7148). A inatividade física no lazer foi definida como a prática não regular de atividade física nesse domínio. Os demais comportamentos de risco investigados foram o tabagismo, consumo excessivo de álcool, dieta com baixo consumo de frutas e verduras e tempo de TV. Na análise dos dados, empregou-se a regressão de Poisson com variância robusta. Detectou-se associação da inatividade física no lazer com o tabagismo (RP:1,01; IC95%: 0,98-1,03), consumo não excessivo de álcool (RP:1,03; IC95%: 1,01-1,05) e consumo semanal inadequado de frutas e verduras (RP:1,09; IC95%: 1,07-1,11). Conclui-se que a inatividade física no lazer associou-se com outros importantes comportamentos não saudáveis e que ações afirmativas para um estilo de vida fisicamente ativo devem ser proporcionadas para os trabalhadores industriais da região sul do Brasil. Palavras-chave: Atividade motora; Comportamentos saudáveis; Trabalhadores.

INTRODUÇÃO Um estilo de vida fisicamente inativo aumenta a ocorrência de doenças crônicas e incapacidades, correspondendo, na atualidade, à quarta principal causa de morte mundial (WHO, 2011). Com isso, a prática de atividade física (AF) vem sendo alvo constante de pesquisas, por seus efeitos positivos na prevenção de doenças, na promoção da saúde e na redução da mortalidade por todas as causas (WARBURTON; NICOL; BREDIN, 2006). Apesar de a prática de AF regular estar associada à maior capacidade para o trabalho e à autopercepção positiva de saúde em trabalhadores (ROBROEK et al., 2011), observa-se nesta população uma alta ocorrência de comportamentos não saudáveis (SILVA et al., 2011; BARROS; NAHAS, 2001). Diante disso, o objetivo do estudo foi verificar a associação da inatividade física no lazer (IFTL) com outros comportamentos não saudáveis em trabalhadores das indústrias do Sul do Brasil. MÉTODO Trata-se de uma análise secundária dos dados do inquérito intitulado Estilo de vida e hábitos de lazer dos trabalhadores das indústrias brasileiras, coletado em 2007 (Parecer nº009/2007, Comitê de Ética em Pesquisa UFSC). Foram coletadas informações de trabalhadores de três estados Brasileiros (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná). Para o cálculo amostral foi empregado prevalência de IFTL de 45%, erro de três pontos percentuais, intervalo de confiança de 95%, acréscimo de 50% para o feito de delineamento e 20% para perdas e recusas. A amostra foi de 8046 trabalhadores. Maiores detalhes do planejamento amostral podem ser visualizados em publicação prévia (DEL DUCA et al., 2012). A IFTL foi definida pela resposta negativa à prática de AF nesse domínio. As variáveis independentes foram o tempo de TV nos dias de semana, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e o consumo semanal inadequado de frutas e vegetais, categorizados conforme a tabela 1. Empregou-se a Regressão de Poisson com variância robusta, ajustada para sexo, idade, situação conjugal, escolaridade e renda familiar. Adotou-se p 0,05. As análises foram realizadas no software Stata 11.0 (Stata Corporation, College Station, EUA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre os 8046 trabalhadores das indústrias brasileiras, participaram do estudo 7148 (88,8%). Na tabela 1, podem ser observadas as características sociodemográficas e comportamentais dos trabalhadores, bem como a prevalência de IFTL (39,3%; IC95%: 38,2; 40,4), semelhante aos resultados observados em outras populações adultas do Brasil (OLIVEIRA-CAMPOS; MACIEL; RODRIGUES NETO, 2012). Tal constatação pode ser explicada, em parte, pelo crescimento das cidades, que traz como consequência a diminuição dos espaços públicos para o lazer. Além disso, a elevada jornada de trabalho e as facilidades tecnológicas tendem a diminuir a prática regular de AF (SILVA et al., 2011; ROBROEK et al., 2011). Tabela 1: Caracterização dos trabalhadores industriais da região Sul. Brasil, 2007. Variável n total n % Sexo 7148 Masculino 4266 59,7 Feminino 2882 40,3 Idade (anos) 7111 29 3664 51,5 30-39 2116 29,8 40-49 1009 14,2 50 322 4,5 Situação conjugal 7121 Com companheiro 4149 58,3 Sem companheiro 2972 41,7

Escolaridade 7121 Fundamental incompleto 1095 15,4 Fundamental completo 1381 19,4 Médio completo 3639 51,1 Superior completo 1006 14,1 Renda familiar bruta 6991 600 1497 21,4 601-1500 3204 45,8 1501-3000 1614 23,1 > 3000 676 9,7 Prática de atividade física no lazer 6976 Não 4233 60,7 Sim 2743 39,3 Tempo de televisão na semana (horas/dia) 7032 1 2-4 5 Tabagismo 7090 1610 4851 571 22,9 69,0 8,1 Não fumante 5140 72,5 Ex-fumante 1026 14,5

Fumante 924 13,0 Consumo excessivo de álcool 7148 Não 4893 68,4 Sim 2255 31,6 Consumo de frutas e verduras 7055 Adequado 1903 27,0 Inadequado 5151 73,0 Nota: A variável prática de atividade física no lazer teve o maior número de informações ignoradas (172 missings). A inatividade física no lazer associou-se ao tabagismo (RP=1,08), ao consumo não excessivo de álcool (RP=1,03) e ao consumo inadequado de frutas e verduras (RP=1,09) (Tabela 2). Pesquisadores relatam que cada um desses comportamentos não saudáveis aumenta a probabilidade de adoção de outros hábitos prejudiciais à saúde de forma cumulativa (BARROS; NAHAS, 2001; DEL DUCA et al., 2012). Tabela 2: Prevalências e análise ajustada da IFTL conforme variáveis independentes do estudo em trabalhadores industriais da região Sul. Brasil, 2007. % Análise Ajustada Variável IFTL RP (IC95%) Valor p Tempo de televisão (horas/dia) 0,117** 1 39,3 1,01 (0,99; 1,03) 2-4 38,9 1,03 (1,00; 1,07) 5 41,1 1,00

Uso de Tabaco <0,001* Não fumante 38,2 1,00 Ex-fumante 38,2 1,01 (0,98; 1,03) Fumante 46,3 1,08 (1,05; 1,10) Consumo excessivo de álcool <0,001* Não 42,4 1,03 (1,01; 1,05) Sim 32,6 1,00 Consumo de frutas e verduras <0,001* Adequado 34,3 1,00 Inadequado 41,2 1,09 (1,07; 1,11) Nota: RP: Razão de prevalência. IC95%: Intervalo de confiança de 95%. Análise ajustada para sexo, idade, estado civil, escolaridade e renda familiar. * Teste de heterogeneidade. **Tendência linear Em relação à associação da IFTL com o fumo, outros estudos mostram que o tabagismo tem relação direta com a inatividade física (BOUTELLE et al., 2000; MARTINEZ- GONZÁLEZ et al., 2001), corroborando com nossos achados. Quando analisado o consumo de álcool, o presente estudo encontrou relação entre consumo não abusivo e menores níveis de AF no lazer. Esta relação também foi observada por Barros e Nahas (2001). Isso pode ser explicado parcialmente pelo fato de as pessoas que fazem uso de álcool igualmente apresentarem maiores relações sociais, que estimulam um estilo de vida ativo. Quanto ao consumo inadequado de frutas e verduras, verificou-se associação positiva com o desfecho. A relação entre essas variáveis vem sendo muito pesquisada, por sua combinação potencializar a ocorrência de obesidade (BRASIL, 2010). Oliveira-Campos;

Maciel; Rodrigues Neto (2012) ao realizarem um estudo populacional com 648 adultos residentes na região urbana de Montes Claros/MG constataram que o consumo inadequado de frutas e verduras teve associação com níveis mais baixos de AF (OR=2,11; IC=1,4-3,0). CONCLUSÃO A prevalência de comportamentos não saudáveis, em especial, a IFTL e o consumo inadequado de frutas e vegetais foi elevada em trabalhadores brasileiros. A IFTL no lazer associou-se com outros importantes comportamentos não saudáveis, exceção feita ao tempo de TV, o que reforça a hipótese da independência do nível de AF com os comportamentos sedentários. Nesse sentido, ações afirmativas para um estilo de vida fisicamente ativo devem ser proporcionadas para os trabalhadores industriais da região Sul do Brasil.

REFERÊNCIAS BARROS, M. V. G.; NAHAS, M. V. Comportamentos de risco, auto-avaliação do nível de saúde e percepção de estresse entre trabalhadores da industria. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 35, n. 6, p. 554-563, dez. 2001. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares. 2008-2009. Análise da Disponibilidade Domiciliar de Alimentos e do Estado Nutricional no Brasil. Ministério da Saúde. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. 2010. BOUTELLE, K. N. et al. Associations between exercise and health behaviors in a community sample of working adults. Preventive Medicine, New York, v. 30, n. 3, p. 217-224, 2000. OLIVEIRA-CAMPOS, M.; MACIEL, M. G.; RODRIGUES NETO, J. F. Atividade física insuficiente: fatores associados a qualidade de vida. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Pelotas, v. 17, n. 6, p. 562-572, 2012. DEL DUCA, G. F. et al. Clustering of unhealthy behaviors in a Brazilian population of industrial workers. Preventive Medicine, New York, v. 54, p. 254-258, 2012. MARTINEZ-GONZALEZ, M. A.V. J. et al. Prevalence of physical activity during leisure time in the European Union. Medicine and Science in Sports & Exercise, Hagerstown, v.33, n. 7, p.1142-1146, 2001. ROBROEK, S. J. W. et al. The role obesity and lifestyle behaviors in a productive workforce. Occupational and Environmental Medicine, Londres, v. 68, n. 2, p. 68: 134-139, fev. 2011.

SILVA, S. G. et al. Variables associates with leisure-time physical inactivity and main barriers to exercise among industrial workers in Southern Brazil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 249-259, fev. 2011. WARBURTON, D. E. R.; NICOL, C. N.; BREDIN, S. S. D. Health benefits of physical activity, the evidence. Canadian Medical Association Journal, Montreal, v. 74, n. 6, p. 801-809, 2006. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global status report on noncommunicable diseases 2010. Geneva- Suíça: World Health Organization; 2011.