SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA DE SEMENTES DE Crotalaria retusa L. Lima, V.C.S. (1) ; Monteiro, C.C. (1) ; Sousa L.A. (1) ; Guimarães L.L. (1) ; Rodrigues, J.V.F. (1) ; Bonilla, O.H. (1) valerialimanovetres@gmail.com. (1) Curso de Ciências Biológicas, Laboratório de Ecologia da Universidade Estadual do Ceará - UECE, Fortaleza - CE, Brasil, Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico FUNCAP. RESUMO A Crotalaria retusa L. é uma espécie herbácea pertencente à família Fabaceae que está adaptada ao ambiente de mata, se desenvolve em todo o país, vegetando principalmente terras abandonadas, margens de rodovias e especialmente áreas de pastagens. As sementes desta espécie apresentam dormência devido à impermeabilidade do tegumento à água, sendo necessário o emprego de tratamentos para superá-la. O presente estudo visa caracterizar o método de quebra de dormência mais eficaz para as sementes da Crotalaria retusa. Para isto, foi Realizado um experimento com seis diferentes métodos de superação de dormência contendo 50 sementes cada. Os tratamentos utilizados para a superação da dormência foram dispostos em testemunha; escarificação com H2SO4; escarificação com água quente (80 C); escarificação com água fervente (100 C); escarificação mecânica e escarificação mecânica com imersão das sementes em água fervida. Os resultados demonstram que a maioria dos tratamentos aplicados proporcionou uma maior germinação em relação à testemunha, com exceção da imersão em água fervente. A escarificação mecânica pode ser indicada na superação da dormência de sementes de Crotalaria retusa, sendo que este tratamento favoreceu a porcentagem e a velocidade de germinação. A escarificação
mecânica com imersão durante cinco minutos em água fervida se apresentou como um método alternativo eficaz. Palavras-chave: Crotalaria retusa, Quebra de Dormência, Germinação. INTRODUÇÃO O gênero Crotalaria pertence à família Fabaceae e compreende cerca de 600 espécies (WILLIANS & MOLYNEUX, 1987). Pelo fato de serem plantas invasoras, as Crotalárias são facilmente encontradas em plantações de grãos e em pastagens (CHEECKE, 1988). A Crotalaria retusa L. pertence à família Fabaceae e a subfamília Faboideae, é originária da Ásia e tem como nome comum: guizo de cascavel, xiquexique e chocalho (KISSMANN & GROTH, 1999). A Crotalaria retusa é uma planta herbácea que se desenvolve anualmente em todo o país, vegetando principalmente terras abandonadas, margens de rodovias e áreas de pastagens, é uma planta ereta, crescem até uma altura de aproximadamente 1,20 metros, é ramificada, possui inflorescências amareladas e terminais, com o cálice mais longo que a corola. Tem como fruto uma vagem que contém em média de 17 a 22 sementes, sua Propagação se dá por meio dessas sementes que são bem duras e possuem o tegumento impermeável. De acordo com KRAMER e KOZLOWSKI mencionado por RAMOS e 2
ZANON (1984), a causa mais comum de dormência é a impermeabilidade do tegumento à entrada de água. Segundo Fowler (2000), as sementes viáveis de algumas espécies não germinam, mesmo quando em condições favoráveis, porém o embrião quando isolado germina normalmente, neste caso, a semente é dormente porque os tecidos que a envolvem exercem um impedimento que não pode ser superado, sendo conhecido como dormência tegumentar. A eliminação da dormência em sementes duras consiste em provocar alterações na estrutura do tegumento, que possam permitir a entrada de água. Isto seria conseguido mediante a aplicação de tratamento adequado, conforme o tipo de semente; dentre eles, pode-se citar: escarificação mecânica, tratamento com ácido sulfúrico, imersão em água quente, tratamento com solventes e incisão com lâmina ou estilete (TOLEDO & MARCOS FILHO, 1977). Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a eficiência de vários tratamentos pré-germinativos visando caracterizar o método mais eficiente para a quebra da dureza do tegumento das sementes de Crotalaria retusa tornando-as permeáveis a água. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Ecologia da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e na área experimental do 3
mesmo laboratório, durante o período de um mês que teve inicio no dia 11 Julho ao dia 11 de agosto de 2013. Foram utilizadas sementes de Crotalaria retusa, colhidas no município de Pindoretama que fica a 45 km da capital Fortaleza. As sementes foram selecionadas objetivando amostras uniformes, isentas de sementes doentes, mal formadas, quebradas ou danificadas. O estudo constituiu de seis diferentes métodos de superação de dormência, contendo 50 sementes cada. As sementes foram postas em bandejas de isopor preenchidas por uma mistura de substrato na proporção de 1:1 de solo e Húmus de minhoca, onde após os tratamentos de superação de dormência realizou-se a semeadura a uma pequena profundidade, bem superficial. Os tratamentos pré-germinativos aplicados foram os seguintes: T1- Testemunha (sementes não submetidas a nenhum método de escarificação); T2-Escarificação Química com ácido sulfúrico concentrado, onde as sementes foram imersas em ácido sulfúrico concentrado (H2SO4) durante 1 minuto, em seguida foram colocadas em uma peneira metálica e enxaguadas por 1 minuto em água corrente, finalizando com enxágue em água destilada; T3 - escarificação com água quente, onde consistiu em submergir as sementes em água quente a 80 ºC por um período de 5 minutos, a água foi mantida nesta temperatura com o uso de um termômetro de 100 ; T4- escarificação 4
com água fervente, onde constituiu em submergir as sementes em água à temperatura de 100 C por 5 minutos; T5- Escarificação mecânica e imersão em água fervida por 5 minutos, onde as sementes foram friccionadas manualmente em lixa de número 360 até a retirada de uma superfície brilhante existente em seu tegumento e logo após foram imersas em água fervida durante 5 minutos; T6- Escarificação mecânica, onde as sementes também foram friccionadas manualmente em lixa de número 360 até atingir o mesmo resultado. A avaliação da germinação procedeu Semanalmente, até a estabilização das mesmas, sendo expressa em porcentagem de plantas germinadas. Foram consideradas germinadas as sementes que emitiram e mostraram o gancho apical livre sobre o substrato. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre os tratamentos testados para quebra de dormência das sementes de Crotalaria retusa destacaram-se os tratamentos T6 e T5, com 86% e 66% de sementes germinadas, respectivamente. Apresentando assim diferença significativa entre estes dois métodos, a germinação com escarificação mecânica foi 20% superior a escarificação mecânica com imersão em água fervida. 5
Figura 1. Resultados da germinação de sementes de Crotalaria retusa após 30 dias da semeadura, para os diferentes métodos de quebra de dormência. A impermeabilidade do tegumento a água como uma das causas mais comuns de dormência em sementes de leguminosas (POPINIGIS, 1985) pode ser confirmada, no presente estudo, pelo baixo percentual de germinação (14%) constatado nas sementes que não foram submetidas a nenhum tratamento (T1). A escarificação química com H2SO4 (T2) e a escarificação com água quente 80 C (T3), embora apresente germinação superior estatisticamente à testemunha, foi um método pouco eficiente na quebra de dormência das sementes de Crotalaria retusa, na qual as sementes que receberam estes tratamentos, apenas germinaram, respectivamente, 28% e 48% se apresentando inferior estatisticamente ao melhor tratamento (T6). 6
Quanto à imersão em água fervente (100 C) como método de escarificação, é confirmada sua inviabilidade com as sementes de Crotalaria retusa, podendo ter prejudicado o embrião, visto que só germinaram 4% das sementes que receberam este tratamento, sendo esta 10% inferior a testemunha (T1). Neste estudo a escarificação mecânica apresentou a Primeira maior percentagem germinativa, se apresentando como o método mais eficaz de superação de dormência para esta espécie. Por ser de fácil aplicação e acessível a qualquer agricultor ARONOVICH e RIBEIRO (1965), consideram a escarificação mecânica como sendo o método mais indicado. No entanto deve-se ter cuidado para evitar que a escarificação excessiva possa causar danos ao tegumento e causar efeitos adversos à germinação. Pode-se observar a partir dos dados da Figura 2 que na primeira contagem, realizada aos sete dias após a instalação dos testes de germinação, o melhor resultado foi com água a 80 C (T3), já na segunda, realizada aos 14 dias, percebeu-se que as sementes tratadas com Escarificação Mecânica Já apresentaram um salto no desempenho germinativo seguidas por aquelas submetidas à escarificação mecânica com imersão em água fervente. 7
Figura 2. Germinação acumulada das sementes de Crotalaria retusa ao decorrer dos 30 dias da semeadura, para os diferentes métodos de quebra de dormência. Como método alternativo pode-se utilizar o de escarificação mecânica com imersão em água fervida, que também teve um resultado bem significativo em relação ao terceiro melhor tratamento que foi o de imersão em água quente a 80 C. CONCLUSÃO Dentre os métodos testados o de escarificação mecânica pode ser indicado para a superação da dormência da Crotalaria retusa, pois se mostrou como o tratamento com mais sementes germinadas. Pode ser adotado como método alternativo a escarificação mecânica com imersão em água fervida. 8
REFERÊNCIAS ARONOVICH, S. RIBEIRO, H. Influência de alguns tratamentos sobre a germinação de sementes duras. Agronomia, Rio de Janeiro, v.23, n.1-2, p.62-70, 1965. CHEEKE, P.R. Natural Toxicants in Feeds, Forages, and Poisonous Plants. 2nd ed. Interstate, Danville, Illinois. 479 pp. 1998. FOWLER, A. J. P.; BIANCHETTI, A. Dormência em sementes florestais. Colombo: EMBRAPA Florestas, 2000. 27p. (EMBRAPA Florestas. Doc. 40). < Disponível em: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/290718/1/doc40.pdf> Acesso em: 14 de agosto de 2013. KISSMANN, K.G., GROTH, D. Plantas infestantes e nocivas. 2 ed., Tomo II. p. 978 1999. POPINIGIS, F. Fisiologia de sementes. 2. ed. Brasília: AGIPLAN, 1985. 289p. RAMOS, A.; ZANON, A. Dormência em sementes de espécies florestais nativas. In: Simpósio Brasileiro Sobre Tecnologia de Sementes Florestais. Belo Horizonte, 1984. Anais... Brasília: ABRATES, 1985. 241-265p. TOLEDO, F.F.; MARCOS FILHO, J. Manual das sementes: tecnologia da produção. São Paulo: Agronômica Ceres, 1977. 224p. WILLIANS M. C. & MOLYNEUX R. J. Occurrence, concentration and toxicity of pyrrolizidine alkaloid in crotalaria seeds. Weed sci., v. 35, n. 4, p. 476-481, 1987. 9