MEIO AMBIENTE DESENVOLVIMENTO COM SUSTENTABILIDADE



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Isto posto, colocamos então as seguintes reivindicações:

Transcrição:

MEIO AMBIENTE DESENVOLVIMENTO COM SUSTENTABILIDADE

Introdução A capacidade da atuação do Estado Brasileiro na área ambiental baseia-se na ideia de responsabilidades compartilhadas entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios e entre esses e os demais setores da sociedade. Vários sistemas e entidades foram criados nas últimas duas décadas para articular e dar suporte institucional e técnico para a gestão ambiental no País. Em 31 de agosto de 1981 foi promulgada a Lei Nº 6.938 que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, o SISNAMA e o CONAMA. Com a inclusão do segmento ambiental na Constituição Federal de 1988 através do art. 225, que estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, ficou claro a responsabilidade do Poder Público quanto à implementação das ações necessárias ao cumprimento do que dispõe este artigo. Este fato veio corroborar a necessidade de fortalecimento do SISNAMA e do CONAMA. É oportuno entender que o SISNAMA é um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade ambiental, estruturado por meio dos seguintes níveis político-administrativos: Órgão superior Conselho de Governo, que reúne a Casa Civil da Presidência da República e todos os ministros. Tem a função de assessorar o presidente da República na formulação da política nacional e das diretrizes nacionais para o meio ambiente e os recursos naturais; Órgão consultivo e deliberativo Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA. Reúne os diferentes setores da sociedade e tem caráter normatizador dos instrumentos da política ambiental; Órgão central Ministério do Meio Ambiente. Tem a função de planejar, coordenar, supervisionar e controlar as ações relativas à política do meio ambiente; Órgão executor Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA. Está encarregado de executar e fazer executar as políticas e diretrizes governamentais definidas para o meio ambiente; Órgãos seccionais De caráter executivo, essa instância do SISNAMA é composta por órgãos e entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos, assim como pelo controle e fiscalização de atividades degradadoras do meio ambiente. São, em geral, as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente, definidos genericamente por OEMA Órgão MEIO AMBIENTE DESENVOLVIMENTO COM SUSTENTABILIDADE 101

Estadual de Meio Ambiente e Órgãos locais Trata-se da instância composta por órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades em suas respectivas jurisdições. São, quando elas existem, as Secretarias Municipais de Meio Ambiente. A falta de capilaridade, isto é da capacidade de fazer chegar suas ações o mais próximo possível dos cidadãos, a escassez de recursos financeiros e de pessoal, assim como a falta de uma base legal revisada, consolidada e implementada constituem os principais problemas enfrentados pelo segmento ambiental brasileiro. Dentre estes, o principal problema repousa na inexistência dos órgãos locais. Em 2002 somente 5,86% dos municípios brasileiros possuíam instâncias municipais dedicadas exclusivamente voltadas às ações ambientais, tais como secretarias de meio ambiente. Se considerarmos a não exclusividade (outras instâncias com ações também voltadas para o meio ambiente) esse número sobe a 67,79%. Ocorrendo a ausência dessas entidades locais, o repasse das atribuições recai diretamente para o âmbito estadual e federal. Em 2009 ocorreu uma expansão no setor. Das 5.565 cidades brasileiras, 56,3% já contavam com conselhos de meio ambiente e 84,5% com algum órgão que exercia ações voltadas para o controle ambiental. O fato de, pela primeira vez, mais de 50% dos municípios constituírem conselhos de meio ambiente mostra que a questão está sendo tratada de forma mais integrada. No que se refere aos recursos financeiros, no ano passado, havia 1.645 prefeituras com Fundos de Meio Ambiente. A existência dessas estruturas, porém, não garantiu seu funcionamento, vez que somente 35,4% delas financiaram ações e projetos da área ambiental. A região Norte encontra-se em primeiro lugar em diversas variáveis ambientais. Isso mostra o peso da questão da Amazônia tanto em nível nacional quanto internacional, posto que vários produtos somente são comercializados se sua atividade produtiva tiver sido objeto de licenciamento ambiental. Esta região, por exemplo, detém a liderança entre as prefeituras que possuem secretaria municipal exclusiva para meio ambiente (44%). Também é líder entre as regiões em porcentual de municípios com estrutura ambiental (92,2%) e de cidades com instrumento de cooperação com órgão estadual de meio ambiente (48,3%). A falta de uma movimentação mais articulada para a criação das Secretarias Municipais de Meio Ambiente e dos Conselhos Municipais, bem como para um melhor funcionamento técnico-administrativo dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente e suas Secretarias Executivas, tem provocado diversos transtornos tanto a este segmento quanto ao próprio desenvolvimento econômico do País. Este 102 MEIO AMBIENTE DESENVOLVIMENTO COM SUSTENTABILIDADE

transtorno é severamente agravado quando se trata de licenciamento de empreendimento que envolve Estudo de Impacto Ambiental. É certo que o licenciamento ambiental almejado não poderia cumprir seu papel de prevenção e mitigação de danos se não for através da avaliação dos impactos ambientais que estes empreendimentos poderão causar ao equilíbrio ambiental da área onde se propõe sua implantação. Estamos nos referindo: à sua localização; às características do seu entorno; ao tipo de atividade a ser desenvolvida; aos tipos de resíduos a serem gerados; ao tipo de poluição, seja ela atmosférica, hídrica, sonora, visual, eletromagnética; à necessidade de desmatamento, dentre outros aspectos não menos relevantes. Ou seja, o órgão ambiental licenciador só terá condições de aprovar estes empreendimentos ou impor medidas mitigadoras ou eliminadoras de impactos se conhecer muito bem os projetos que se pretende implantar. Grande parte do conhecimento sobre o projeto deverá ser encontrado no Estudo de Impacto Ambiental. Por este motivo deve-se entender que tal estudo deverá ser a fonte de informação e subsídio para o órgão licenciador, podendo ser definido como sendo o instrumento que permitirá a esse órgão conhecer e ponderar sobre os efeitos que esta intervenção humana poderá causar ao equilíbrio ambiental. Neste estudo tais intervenções não devem se limitar a apenas às obras de implantação e atividades operacionais destes empreendimentos, mas também aos Planos, Programas e Políticas Públicas nas esferas municipal, estadual e federal. Por outro lado é oportuno lembrar que empreendimentos considerados poluidores são autorizados por nosso ordenamento jurídico em determinadas, justificáveis e excepcionais circunstâncias. Afinal, toda atividade econômica e social é, em maior ou menor grau, poluente. E, não sendo possível à sociedade abrir mão de grande parte dessas atividades, haja vista os benefícios que oferecem à população, é certo que a coletividade deverá conviver com algum tipo de degradação ambiental. Entretanto, para que o exposto acima não pareça uma condição conformista de nossa parte e muito menos que sejamos defensores de uma flexibilização das normas ambientais para o bem das atividades econômicas, deve ficar claro que a regra firme continua sendo a da necessidade de redução da degradação ambiental ao menor patamar técnica e cientificamente possível, para que as atividades com potencial poluidor (em qualquer nível), das quais não se pode abrir mão, tornem-se ambientalmente suportáveis. MEIO AMBIENTE DESENVOLVIMENTO COM SUSTENTABILIDADE 103

Princípios e diretrizes A soberania de uma nação depende, dentre outras variáveis, de sua capacidade de gestão de seu patrimônio ambiental a fim de garantir uma qualidade de vida adequada à atual geração e a gerações futuras bem como a valoração de seus recursos naturais. A estrutura técnica e administrativa dos órgãos que compõem o SISNAMA representa fator fundamental para garantirmos a soberania nacional bem como o desenvolvimento econômico sustentável do país. Propostas Aumento da base de sustentação e de controle social das políticas ambientais é preciso ampliar e fortalecer os espaços de debate, de negociação e de deliberação das políticas ambientais para o país, buscando incluir todos os atores - por exemplo: sociedade civil organizada, por meio das ONGs e dos movimentos sociais, comunidades tradicionais, povos indígenas, cooperativas, clubes de serviços, associações de bairros e de classe, sindicatos, empresários, comerciantes. Sugestão: o espaço formal onde isso deveria ocorrer seria nos Conselhos de Meio Ambiente, tanto em nível estadual quanto em nível municipal; Descentralização da gestão ambiental possibilitar o compartilhamento da gestão ambiental entre as três esferas de governo, municipal, estadual e federal. O Governo está fazendo isso com base nas discussões da Comissão Tripartite Nacional e das Tripartites Estaduais; Transversalidade o SISNAMA deve promover o diálogo e a articulação com os demais sistemas voltados a áreas específicas da gestão ambiental, como o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos SINGREH e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação SNUC; Incentivo à criação dos órgãos municipais de meio ambiente, incluindo mecanismos que facilitem a sua estruturação, aparelhamento e funcionamento regular; Articulações entre governos federal, estaduais e municipais, envolvendo instituições de ensino e pesquisa, para a capacitação técnica, tecnológica e operacional dos órgãos ambientais nos diferentes âmbitos, com estabelecimento de um Plano Nacional de Capacitação em Meio Ambiente gerenciado pelos ministérios do Meio Ambiente e da Educação; Estruturação de mecanismos que garantam o acesso de cada cidadão e 104 MEIO AMBIENTE DESENVOLVIMENTO COM SUSTENTABILIDADE

cidadã à informação sobre degradação e riscos ambientais e radiações eletromagnéticas, opções de uso sustentável dos recursos, incluindo técnicas e tecnologias adaptadas; Fortalecimento da Comissão Tripartite como fórum para a construção do pacto ambiental do país, e instalação de comissões tripartites nos estados e no Distrito Federal, compostas por representantes do IBAMA, do órgão ambiental estadual e da Associação Nacional dos Municípios e Meio Ambiente ou de associações representativas dos municípios; Desenvolvimento de ações que valorizem a integração e a capacitação dos diferentes conselhos que compõem o SISNAMA; Estabelecimento de mecanismos tributários e financeiros de estímulo a preservação e conservação em áreas privadas; Valorização e cumprimento da Agenda 21 Brasileira pelo Governo, Setor Produtivo e Sociedade; Reforço Institucional de fomento aos Órgãos Ambientais com apoio técnico, científico, tecnológico, financeiro, administrativo com estabelecimento de carreiras profissionais atrativas que permitam a permanência aos especialistas por longo prazo, evitando-se o atual rodízio; Inserção dos biomas Cerrado, Caatinga e Pampas no parágrafo 4º do artigo 225 da Constituição Federal como Patrimônio Nacional, com estabelecimento de um Plano de Preservação e Conservação; Estabelecimento com condições institucionais, técnicas, tecnológicas, científicas, orçamentárias e recursos humanos da Política Nacional de Resíduos Sólidos com incentivo e prioridade a indústria de reciclagem; Proposição da Lei de Responsabilidade Ambiental e estabelecimento da Justiça Ambiental visando acelerar e viabilizar as decisões de forma rápida dos conflitos ambientais tendo em vista o aceleramento do desenvolvimento sustentável do País; Estabelecimento do Relatório Anual do Estado do Meio Ambiente do Brasil visando informar a sociedade brasileira sobre a situação, as metas ambientais e os desafios para a sustentabilidade do país; Priorizar o Combate ao Desmatamento e à Desertificação; Reforço Institucional para o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia INPA e para o Instituto Nacional de Pesquisa do Semi-Árido INSA e estabelecimento do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal, do Instituto Nacional de Pesquisa do Cerrado, do Instituto Nacional de Pesquisa da Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisa dos Pampas; MEIO AMBIENTE DESENVOLVIMENTO COM SUSTENTABILIDADE 105

Estabelecimento do Prêmio Nacional de Qualidade Ambiental de caráter anual para as Entidades do Executivo, Judiciário, Legislativo, Setor Produtivo e Sociedade Civil que se destacaram pela atuação em prol do desenvolvimento sustentável do País; Estabelecimento pelo IBAMA de um Zoneamento Nacional de Áreas Sensíveis a Catástrofes Naturais integrado com o Sistema Nacional de Defesa Civil; Apoio integral à atuação e expansão das atividades da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica OTCA visando a consolidação de uma Política e Plano de Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica com os Países Amazônicos; Fomento à biotecnologia e ao uso sustentável da biodiversidade. Referências Pesquisa de Informações Básicas Perfil dos Municípios Meio Ambiente, 2002 IBGE; Pesquisa de Informações Básicas Perfil dos Municípios Meio Ambiente, 2009 IBGE; Legislação do Meio Ambiente SENADO FEDERAL Vol I, pag. 625/631; Art. 225 da Constituição Federal de 1988; Araujo, José Euber de V. Entendendo o Estudo de Impacto Ambiental Fortaleza, 2010; Tupiassu, Lise Vieira Costa Tributação Ambiental: A utilização de Instrumentos Econômicos e Fiscais na Implementação do Direito ao Meio Ambiente Saudável Editora Renovar Rio de Janeiro 2006; Governo do Brasil O Desafio do Desenvolvimento Sustentável CIMA Brasília 1991; OTCA, PNUMA, Universidad Del Pacífico perspectivas do Meio Ambiente na Amazônia Geoamazônia 2008; National Geographic O Estado do Planeta 2010 Dossiê da Terra 2010; Le Monde Diplomatique Brasil Atlas do Meio Ambiente 2010. 106 MEIO AMBIENTE DESENVOLVIMENTO COM SUSTENTABILIDADE