1. Introdução 2. 2. As funções da embalagem 2. 3. Classificação das embalagens 5. 4. Principais características dos materiais de embalagem 6



Documentos relacionados
Logistica e Distribuição. Definição de embalagem. Mas quais são as atividades da Logística? Ballou, Outras funções da embalagem são:

A EMBALAGEM ALIMENTAR NO CONTEXTO DA POLÍTICA AMBIENTAL. Raquel P. F. Guiné* * Assistente do 1º Triénio - Dep. Agro-Alimentar, ESAV.

Factores de selecção da embalagem Produtos alimentares. Margarida Alves Segurança Alimentar - Uma visão global Porto Salvo, 31 de Maio 2011

Código: CHCB.PI..EST.01 Edição: 1 Revisão: 0 Páginas:1 de Objectivo. 2. Aplicação

Agenda. Fluxos financeiros. Como preencher a declaração anual. Reciclagem de embalagens. Multipacks. Valores Ponto Verde 2013

SEGURANÇA DE MÁQUINAS

PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.º 149 (Novembro/Dezembro de 2003) KÉRAMICA n.º 264 (Janeiro/Fevereiro de 2004)

Acumuladores hidráulicos

PARLAMENTO EUROPEU. Comissão do Meio Ambiente, da Saúde Pública e da Política do Consumidor

Estes sensores são constituídos por um reservatório, onde num dos lados está localizada uma fonte de raios gama (emissor) e do lado oposto um

N.14 Abril 2003 PAREDES DIVISÓRIAS PAINEIS PRÉFABRICADOS DE ALVENARIA DE TIJOLO REVESTIDA A GESSO. Estudo Comparativo.

INSTRUÇÕES DE UTILIZAÇÃO

DESIGN DE EMBALAGENS PARA ALIMENTOS, FERRAMENTA ESSENCIAL DE COMPETITIVIDADE. Erivan Witamar EW Design Studio

Projecto de diploma. que estabelece o regime jurídico aplicável aos aparelhos áudio portáteis

Mineração de aterros - enquadramento na estratégia de resíduos. Joana Sabino Chefe da Divisão de Resíduos Sectoriais

Jornal Oficial da União Europeia

A embalagem cartonada em formato de garrafa. combidome

Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico - FISPQ

O QUE É A RECICLAGEM?

DOMÓTICA, VIDEOPORTEIRO E SISTEMAS DE SEGURANÇA

Actualização de dados da Declaração Ambiental

FICHA DE SEGURANÇA Edição revista no : 1

Óleo Combustível. Informações Técnicas

Impostos sobre os veículos automóveis ligeiros de passageiros *

CATÁLOGO PILHÃO MENOS RESÍDUOS - MENOS POLUIÇÃO MAIS FUTURO

COMISSÃO EUROPEIA DIRECÇÃO GERAL DAS EMPRESAS E DA ÍNDUSTRIA. EudraLex Normas que regulam os Medicamentos na União Europeia.

Ficha de Dados de Segurança Conforme o Regulamento (CE) Nº 1907/2006 (REACH)

Luz verde para a sustentabilidade

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS FISPQ. Produto: POROSO SC - C Data da última revisão: 01/11/2010 Página: 1 de 5 POROSO SC - C

1. OBJETIVO 2. APLICAÇÃO 3. REFERÊNCIAS 4. DEFINIÇÕES E ABREVIAÇÕES GESTÃO DE RESÍDUOS

Amanda Aroucha de Carvalho. Reduzindo o seu resíduo

NORMAS TÉCNICAS REDEBLH-BR PARA BANCOS DE LEITE HUMANO:

Boas práticas ambientais e melhores técnicas disponíveis na industria extractiva

1 Designação comercial da substância e identificação da empresa

Ficha de dados de segurança

Uso racional de Água, Papel e Copo na Administração Pública

Estabelece medidas de incentivo à reciclagem de pneus usados

Miolo - Candy encastráveis 2011_list-CANDY-2010.qxd 5/20/11 3:58 PM Page 17. Catálogo Candy Encastre - PLACAS PLACAS K N O W S H O W

Biotecnologia Enquadramento Normativo da Segurança e Higiene no Trabalho

Mod rev 0. Manual de Boas Práticas Ambientais. Prestadores de Serviços de Manutenção de Material Circulante

Tecnologias de Tratamento de Resíduos e Solos Contaminados

PRINCIPAL REGULAMENTAÇÃO EXISTENTE E SUA IMPLEMENTAÇÃO A NÍVEL EUROPEU CAPÍTULO 3

16/09/2015. movimentação de materiais colheita manual e mecânica na quinta transporte refrigerado transporte de gado vivo transporte em tapete rolante

COBERTURAS AUTOMÁTICAS PARA PISCINAS

Missão. Quem somos: Promover o conceito de Gerenciamento Integrado do Resíduo Sólido Municipal; Promover a reciclagem pós-consumo;

INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA E INSTALAÇÃO

1 - IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA

TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

RISCOS E SEGURANÇA FRASES R NATUREZA DOS RISCOS ESPECÍFICOS ATRIBUÍDOS ÀS SUBSTÂNCIAS E PREPARAÇÕES PERIGOSAS

FICHA DE DADOS DE SEGURANÇA Redigida e apresentada segundo o especificado na norma ISO (Novembro 1994)

SECÇÂO 1. Identificação da substancia/preparação e da sociedade

1. Requisitos quanto a detecção e sensores

O Transporte Terrestre de Produtos Perigosos no MERCOSUL

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

Ficha Técnica de Fiscalização

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL! Construção Civil II 1 0 Semestre de 2015 Professoras Heloisa Campos e Elaine Souza

METODOLOGIA DO TREINO

PORTAL DA EMPRESA DOCUMENTOS INSTRUTÓRIOS. Estabelecimento industrial tipo 1 - autorização prévia para instalação. 29_10_2011 Página 1 de 5

Directiva 94/62/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de Dezembro de 1994, relativa a embalagens e resíduos de embalagens

Avaliação de Risco e Pontos de Controlo Críticos (ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS de CONTROLO CRÍTICOS - HACCP)

Riscos Ambientais. Projeto dos Requisitos das Instalações. -Segurança. -Conforto. - Requisitos legais

PNV Divulgação de Boas Práticas. Rede de Frio. Ana Paula Abreu

Certificado Energético Edifício de Habitação IDENTIFICAÇÃO POSTAL. Morada RUA ENGENHEIRO CARLOS RODRIGUES, BLOCO N.º 4, 1º D Localidade ÁGUEDA

Aquecimento / Arrefecimento forma de climatização pela qual é possível controlar a temperatura mínima num local.

Substâncias perigosas: Esteja atento, avalie e proteja

TÍTULO: Plano de Aula RECICLANDO. Anos iniciais. 4º ano. Ciências. Ser Humano e Saúde. 2 aulas (50 minutos cada) Educação Presencial

Azul. Amarelo. Verde. Pilhão. Conheça a nova vida de cada resíduo ECOPONTO ECOPONTO ECOPONTO

CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

職 業 安 全 健 康 廳 Departamento de Segurança e Saúde Ocupacional. Lista de controle das condições de Segurança e Saúde Ocupacional para Hotelaria e afins

8.5. Inter-relação entre os requisitos acústicos e as exigências de conforto higrotérmico e ventilação

Manda o Governo, pelos Ministros de Estado e das Finanças, do Ambiente, do Ordenamento do

DIPLOMA ÂMBITO DE APLICAÇÃO LEGISLAÇÃO TRANSPOSTA OBSERVAÇÕES IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO DO PERH GESTÃO DE RESÍDUOS

// catálogo de FOrmaçãO

INOVAÇÃO ABERTA FERRAMENTA DE COMPETITIVIDADE DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

População 1 milhão habitantes (aproximadamente) (Census 2001) Produção anual de RSU cerca de ton/ano capitação 1,3 kg/(hab/dia)

Valorização Orgânica. Fórum Eco-Escolas 2009

Empresas Responsáveis Questionário de Sensibilização

INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I.P.

Selecionando as melhores ferramentas robóticas para paletização

Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia e, nomeadamente, o n. o 1 do seu artigo 95. o,

Critérios de decisão na escolha dos dispositivos médicos. Departamento da Qualidade na Saúde. Divisão da Qualidade Clínica e Organizacional

ARMAZENAGEM DE PRODUTOS QUÍMICOS

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 1 ESTRUTURA E CONTEÚDO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

PRODUTO: QUIVI LIMPA VIDROS Detergente para limpar e desengordurar superfícies lisas tais como vidros e cristais.

A sensibilização ambiental no sector dos resíduos como ferramenta de suporte ao Desenvolvimento Sustentável

Mercado e a concorrência

PROJETO DE LEI Nº 433/2015 CAPÍTULO I DOS CONCEITOS

Ingredientes que contribuam para o perigo: Nome químico ou genérico n CAS % Classificação e rotulagem

TESTES REFERENTES A PARTE 1 DA APOSTILA FUNDAMENTOS DA CORROSÃO INDIQUE SE AS AFIRMAÇÕES A SEGUIR ESTÃO CERTAS OU ERRADAS

Desenvolvimento Sustentável para controlo da população humana.

Ficha de Dados de Segurança. Cloreto de Sódio

Projetos acadêmicos Economia verde

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO

NORMA TÉCNICA. 1. Finalidade

Produção mais Limpa Aplicada em Restaurantes. Cláudio Senna Venzke

LEGISLAÇÃO / DOCUMENTOS TÉCNICOS

A TERRA ONTEM, HOJE E AMANHÃ

Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos CARBOLÁSTICO 1

CATÁLOGO RECOLHA SELECTIVA DE EXTERIORES

Transcrição:

Capítulo I CONCEITOS GERAIS SOBRE EMBALAGEM 1. Introdução 2 2. As funções da embalagem 2 3. Classificação das embalagens 5 4. Principais características dos materiais de embalagem 6 5. O ambiente e a embalagem 8 1

1. INTRODUÇÃO A embalagem desempenha um papel fundamental na indústria alimentar graças às suas múltiplas funções. Além de conter o produto, a embalagem é muito importante na conservação do produtos, mantendo a sua qualidade e segurança, actuando como barreira contra factores responsáveis pela deterioração química, física e microbiológica dos produtos. Apesar das inúmeras inovações registadas a nível da produção, aplicação dos materiais, tecnologia de conservação dos produtos e sistemas de distribuição, os sistemas e formas de embalagem tradicionais coexistem graças a características específicas e funcionais e à sua capacidade de adaptação como resposta às necessidades e exigências dos mercados. São várias as definições que podem ser apresentadas para a embalagem: - Sistema coordenado de preparação de produtos para transporte, distribuição, armazenamento e uso final. - Meio de assegurar o envio do produto ao consumidor final, em condições óptimas e a baixo custo. - Função técnico económica de diminuir o custo de distribuição e aumentar as vendas. - Arte, a ciência e a tecnologia de preparar produtos para transporte e venda. 2. AS FUNÇÕES DA EMBALAGEM As quatro funções principais que a embalagem deve satisfazer são a protecção, a conservação, a informação e a função associada ao serviço ou à conveniência na utilização. FIGURA 1. As funções da embalagem FUNÇÃO DE PROTECÇÃO: a embalagem é antes de mais um recipiente que contém o produto e que deve permitir o seu transporte, distribuição e manuseamento, protegendo-o contra choques, vibrações e compressões que ocorrem em todo o circuito. 2

O sistema de embalagem deve também proteger o produto contra adulteração ou perda de integridade, quer sejam acidentais quer sejam provocadas, através de sistemas de evidência de abertura, como bandas, selos, tampas com anel de ruptura, tampos com botão indicador de vácuo, etc. FUNÇÃO DE CONSERVAÇÃO: a embalagem deve manter a qualidade e a segurança do produtos, prolongando a sua vida-útil e minimizando as perdas de produto por deterioração. Para isso, a embalagem deve controlar factores como a humidade, o oxigénio, a luz e ser uma barreira aos microorganismos presentes na atmosfera envolvente e impedir o seu desenvolvimento no produto. A embalagem deve também sem constituída por materiais e substâncias que não migrem para o produto, em quantidades que possam por em risco a segurança dos consumidores ou alterar as características organolépticas do produto. Permeabilidade a vapor de água gases e aromas FIGURA 2. Protecção e conservação A embalagem faz muitas vezes parte integrante do processo de preparação e conservação do alimento. Ela é concebida e adaptada a uma certa tecnologia (função tecnológica e industrial) para a qual é completamente indispensável, desempenhando assim um papel activo, como no processamento térmico, no acondicionamento asséptico e na atmosfera modificada: - PROCESSAMENTO TÉRMICO: as embalagens devem ser perfeitamente herméticas, resistir a temperatura do processo e permitir as variações de volume do produto durante o processo, sem perigo de deformação permanente e sem comprometer a recontaminação pós-processo. - ACONDICIONAMENTO ASSÉPTICO: o produto é esterilizado separadamente e introduzido assepticamente numa embalagem também estéril. A embalagem deve ser adequada ao processo de esterilização e permitir o enchimento do produto processado e o fecho em condições perfeitamente assépticas, mantendo a integridade e hermeticidade do material e das soldas. 3

- EMBALAGEM EM ATMOSFERA MODIFICADA: consiste no acondicionamento sob uma atmosfera cuja composição é diferente da do ar normal, usando-se normalmente uma mistura de oxigénio, dióxido de carbono e azoto, ou em alguns casos, apenas azoto como gás inerte. Na maioria dos produtos a conservação é também feita sob refrigeração. Esta tecnologia de processamento requer máquinas de acondicionamento eficientes e materiais de embalagem com permeabilidade selectiva e controlada, que permitem manter na atmosfera gasosa interna da embalagem, proporções constantes ou dentro de determinados limites dos diferentes gases, não obstante o metabolismo activo dos produtos embalados. FUNÇÃO DE INFORMAÇÃO: a embalagem é também, por excelência, o veículo de informação sobre o produto, quer seja de informação relevante para o consumidor, quer seja para os diferentes elementos da cadeia de distribuição e venda do produto. Neste último caso, a embalagem transmite informação para a gestão de stocks, instruções de armazenamento e de manuseamento, preço e permite a identificação e rastreabilidade do produto. Ao nível do consumidor, a embalagem é suporte dos requisitos legais de rotulagem (nome e tipo do produto, quantidade, data de consumo, responsável pela colocação no mercado, etc.), da informação nutricional e de instruções de armazenamento doméstico, de preparação e uso. FUNÇÃO DE CONVENIÊNCIA OU SERVIÇO: na medida em que a embalagem deve ser conveniente e adequada à utilização. Exemplos de aspectos da embalagem que se englobam nesta função: abertura fácil, tampas doseadoras e possibilidade de fecho entre utilizações, possibilidade de aquecer/cozinhar e servir na própria embalagem, utilização em fornos microondas, permitir a combinação de produtos diferentes, como iogurte e cereais, ser adequada a diferentes ocasiões de consumo (por exemplo em situações de desporto) e diferentes quantidades (doses individuais, etc.). Nesta função podem ser incluídos aspectos menos técnicos e mais relacionados com o marketing e a comunicação, já que a embalagem deve reter a atenção e seduzir o comprador no ponto de venda. 4

3. CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS Quanto à estrutura dos materiais As embalagens de produtos alimentares podem ser de vidro, metal, plástico ou papel. Podemos ainda encontrar embalagens de madeira, têxteis e cortiça. As embalagens podem ser classificadas como rígidas, flexíveis ou semi-rígidas. Em alguns casos é a espessura do material que classifica a embalagem. TABELA I - EXEMPLOS DE EMBALAGENS RÍGIDAS, SEMI-RÍGIDAS E FLEXÍVEIS Rígidas Semirígidas Flexíveis Metálicas Vidro Plástico Papel Latas em folha de Garrafas e Bandejas, garrafas, Caixas de cartão flandres e alumínio frascos potes, grades e caixas canelado Bandejas em poliestireno Caixas e cartuchos Bandejas de alumínio - expandido em cartolina Frascos, copos e potes Bandejas e alvéolos termo-formados em polpa moldada Folha de alumínio Estruturas laminadas - Filmes Estruturas laminadas Folha de papel Estruturas laminadas Quanto à função ou nível das embalagens É corrente distinguir três níveis da embalagem: primária, secundária e terciária ou de transporte. A embalagem primária (por exemplo a lata, a garrafa ou o saco) está em contacto directo com o produto e é normalmente responsável pela conservação e contenção do produto. A embalagem secundária (como é o caso das caixas de cartão ou cartolina) contém uma ou várias embalagens primárias e é normalmente responsável pela protecção físico-mecânica durante a distribuição. A embalagem secundária é, muitas vezes, também responsável pela comunicação, sendo o suporte da informação, principalmente nos casos em que contém apenas uma embalagem primária, como por exemplo as caixas de cereais pequeno-almoço que contêm um saco de cereais. FIGURA 3. Classificação quanto à função 5

A embalagem terciária agrupa diversas embalagens primárias ou secundárias para o transporte, como a caixa de cartão canelado ou a grade plástica para garrafas de bebidas. A escolha de embalagens deste tipo depende de: - natureza da embalagem individual (rígida, semi-rígida ou flexível); - esquema de paletização (dimensionamento da embalagem colectiva com vista a maximizar o aproveitamento da palete); - custos. As embalagens primárias são agrupadas em cargas unitárias, em paletes de madeira ou plásticas, estabilizadas com filme estirável, termoretráctil ou com cintas. 4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS DE EMBALAGEM A selecção do sistema de embalagem para um dado produto depende de muitos factores como o tipo de produto, os requisitos de protecção e a vida útil do produto requerida, o mercado a que se destina, o circuito de distribuição e venda, etc. Todos os materiais apresentam aspectos positivos e aspectos negativos e as principais características são mencionadas a seguir: O VIDRO - Inerte - Transparente com possibilidade de se tornar colorido - Elevada resistência à compressão vertical - Muito boa barreira - Várias formas e tamanhos - Quebrável - Elevado peso - Possibilidade de fecho entre utilizações - Reutilizável e reciclável O METAL (base de aço) - Interacção química com o produto: corrosão, sulfuração - Resistente a baixas e elevadas temperaturas - Boa resistência mecânica - Possibilidade de decoração 6

- Muito boa barreira - Não transparente - Reutilização limitada - Reciclável e facilidade de separação dos resíduos O METAL (base de alumínio) - Leve e resistente - Muito boa barreira - Elevada resistência à sulfuração e moderada à corrosão - Boa capacidade de formação - Flexível ou rígido (depende da espessura) - Possibilidade de combinação com papel ou plástico (laminados) - Reciclável - Custos de produção elevados O PLÁSTICO - Leve - Inquebrável - Resistência mecânica relativa - Barreira relativa - Inércia relativa - Resistência térmica relativa - Não reutilizável - Reciclável - Possibilidade de combinação com papel e alumínio, ou outros plásticos O PAPEL - Várias espessuras e formatos - Combinação com vários materiais para formar produtos laminados ou revestidos - Baixa resistência mecânica - Baixa barreira - Falta de inércia - Resistente a baixas temperaturas - Boa impressão - Baixo peso - Reciclável 7

5. O AMBIENTE E A EMBALAGEM As grandes mudanças dos hábitos alimentares decorrentes da alteração dos estilos de vida, têm levado ao aumento considerável da oferta de alimentos pré-preparados e conservados. Esta evolução associada às exigências dos modernos sistemas de distribuição tem favorecido o aparecimento de novas embalagens resultantes quer da aplicação de novas tecnologias de fabrico e processamento de materiais, quer do aparecimento de novos materiais ou mesmo novas combinações de materiais tradicionais. As modificações nos hábitos alimentares explicam o progressivo aumento da quantidade de resíduos de embalagens no total dos resíduos sólidos urbanos produzidos no nosso país. Apesar da inquestionável importância económica e social da embalagem, a consciência do seu impacto no ambiente e a regulamentação, impõem a necessidade de prevenir a produção excessiva de resíduos de embalagem e de desenvolver a sua valorização, de modo a diminuir de forma intensa o recurso ao depósito em aterro e promover uma economia ambientalmente sustentável. No que diz respeito à gestão dos resíduos de embalagem, a Comissão Europeia propôs uma hierarquização dos métodos de gestão em: - redução na origem ou prevenção, - reutilização, - reciclagem, - incineração (com recuperação energética) e só em último caso a deposição em aterro. A redução na origem, não sendo apenas o uso de menos embalagens, consiste na minimização do consumo de materiais (uso de embalagens mais leves), na redução do consumo de energia e na eliminação do uso de substâncias nocivas ao ambiente na produção e transformação das embalagens. A reutilização implica o retorno da embalagem, após consumo, à fábrica de alimentos ou bebidas, para novo enchimento da própria embalagem, ou seja para nova utilização para o mesmo fim para que foi concebida. A reciclagem mecânica consiste no processamento dos resíduos das embalagens para fabricar outras embalagens ou outros objectos. A reciclagem orgânica, compostagem ou biometanização, consiste no tratamento das partes biodegradáveis da 8

embalagem com microrganismos aeróbicos ou anaeróbicos, respectivamente, e produção de resíduos orgânicos. Para que a reciclagem seja eficiente e técnica e económicamente viável, é indispensável que os cidadãos consumidores adiram à recolha selectiva, separando todos os materiais passíveis de serem reciclados. As autarquias desempenham igualmente um papel importante devendo tratar os resíduos recolhidos de forma a poderem entregá-los às empresas recicladoras em conformidade com as especificações técnicas exigidas. No caso da valorização energética, trata-se da utilização dos resíduos das embalagens combustíveis para a produção de energia através da incineração directa com recuperação do calor. O aterro sanitário é uma infra-estrutura que veio substituir as lixeiras a céu aberto, e onde os resíduos sólidos urbanos são depositados e isolados do ambiente permitindo o acondicionamento seguro de substâncias dificilmente biodegradáveis. Ao aterro sanitário devem chegar apenas resíduos que não têm qualquer possibilidade de serem valorizados. Estas infra-estruturas estão equipadas com um conjunto de medidas de protecção ambiental por forma a minimizar os riscos para o ambiente. Após o encerramento dos aterros sanitários a zona é geralmente requalificada através da cobertura do local com vegetação. A gestão dos resíduos sólidos urbanos e os resíduos de embalagem não é uma matéria fácil. Soluções integradas, envolvendo combinação das opções referidas, tendo em conta o balanço custo/benefício em termos ambientais e económicos de acordo com as condições locais, são muitas vezes defendidas por especialistas e instituições reguladoras e de protecção ambiental. É necessário um compromisso entre a satisfação das necessidades dos consumidores, cada vez mais exigentes, e a efectiva protecção ambiental. Através do envolvimento das pessoas e autarquias, devem ser criados hábitos de conduta com respeito à natureza: a mentalização das pessoas para a necessidade da separação dos resíduos, estimula o comportamento cívico face à limpeza pública e aprovisionamentos dos recursos naturais. 9