Obras Públicas. transição governamental

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Transcrição:

2 Obras Públicas Principais Obras conceitos Públicas e recomendações Principais conceitos parae transição recomendações governamental para transição governamental

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará Composição do Pleno Conselheiro Presidente: Francisco de Paula Rocha Aguiar Conselheiro Vice-Presidente: Ernesto Saboia de Figueiredo Junior Conselheiro Corregedor: Hélio Parente de Vasconcelos Filho Conselheiro José Marcelo Feitosa Conselheiro Pedro Ângelo Sales Figueiredo Conselheiro Manoel Beserra Veras Conselheiro Domingos Gomes de Aguiar Filho Auditores David Santos Matos Fernando Antonio Costa Lima Uchôa Júnior Manassés Pedrosa Cavalcante Composição da Procuradoria Procuradora Geral de Contas Leilyanne Brandão Feitosa Procurador de Contas Júlio César Rôla Saraiva Procuradora de Contas Cláudia Patrícia Rodrigues Alves Cristino Diretor Geral Juraci Muniz Junior Assessoria de Imprensa Francisco Eunivaldo Pires Pereira Assessoria Jurídica Bruno Caminha Scarano Controladoria Luiz Mario Vieira Ouvidoria Mariana Torres Lima Vieira Secretaria Fernando Antônio Diogo de Siqueira Cruz Diretoria de Administração e Finanças Virgílio Freire do Nascimento Filho Diretoria de Fiscalização Telma Maria Escóssio Melo Diretoria de Tecnologia e Informação Adalberto Ribeiro da Silva Júnior Diretoria de Assistência Técnica e Planejamento Zivaldo Rodrigues Loureiro Junior Diretora Executiva do Ieswa Sandra Valéria de Morais Santos 2

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental Obras Públicas Principais conceitos e recomendações para transição governamental Fortaleza - Ce 2015 3

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará Copyright 2015 by Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará. Instituto Escola Superior de Contas e Gestão Pública Waldemar Alcântara - Ieswa Diretor-Presidente Conselheiro Domingos Gomes de Aguiar Filho Diretora Executiva Sandra Valéria de Morais Santos Coordenadora Operacional Júlia Maria Pinheiro Pessoa Coordenadora Técnica e Pedagógica Patrícia Nogueira Azevedo Expediente Direção Geral: Conselheiro Ernesto Saboia de Figueiredo Junior Colaboração: Eveline Vale de Andrade Lima, José Almir da Silva, Roberta Leite de Aragão Valéria Diniz de Miranda e Wanda Gomes de Oliveira Murta. Supervisão: Ieswa Revisão Ortografica: Cecília Pinheiro Pessoa Capa: Paulo Meireles Projeto Gráfico: Roberto Santos Editoração Eletrônica: Kahic Rocha C387 Ceará. Tribunal de Contas dos Municípios do Estado. Obras públicas: principais conceitos e recomendações para transição governamental. / Jose Almir da Silva - Fortaleza: TCM- CE, 2015. 40p. Série: Programa Capacidades - educação, participação e transformação : Caderno 2/7 ISBN: 978856369912-1 1. Administração Pública Municipal. 2. Obras Públicas. 3. Transição de Governo. 4. Controle Externo I. Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará. II. Título. III. Silva, José Almir da. Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará Av. Gal. Afonso Albuquerque Lima,130 Cambeba, Cep: 60.822-32 Fortaleza Ceará Tel. (85) 3218-1305 www.tcm.ce.gov.br 4

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental O difícil não é ensinar, não é aprender. O difícil é estar disponível para ensinar e aprender. Para ensinar é preciso estar aberto e livre. Para aprender também temos de ser livres. Ensinar e aprender são atos recíprocos e simultâneos. Ensinar é compartilhar idéias e ter prazer nessa troca. Aprender é compartilhar idéias sem se sentir menor por isso. Ensinar é proporcionar ao outro a possibilidade de compreender o que dizemos e fazer com que o aprendiz se torne professor. Ensinar é ter humildade de aprender a cada dia com quem pensamos não saber. [Madeline Rocha Furtado] 5

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...9 INTRODUÇÃO...11 1. OBRAS PÚBLICAS...12 1.1 CONCEITOS BÁSICOS...12 1.1.1 OBRA...12 1.1.2 OBRA PÚBLICA...12 1.1.3 REFORMA...12 1.1.4 PROJETO BÁSICO...12 1.1.5 DESENHOS (PARTES GRÁFICAS / PLANTAS)...13 1.1.6 CADERNO DE ENCARGOS...14 1.1.7 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS...14 1.1.8 MEMORIAL DESCRITIVO...14 1.1.9 PROJETO EXECUTIVO...14 1.1.10 ORÇAMENTO DE OBRA (ORÇAMENTO BÁSICO DA OBRA)...14 1.1.11 PLANILHA DE CUSTOS E SERVIÇOS...15 1.1.12 COMPOSIÇÃO DE CUSTO UNITÁRIO...15 1.1.13 CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO...16 1.1.14 BONIFICAÇÃO (OU BENEFÍCIOS) E DESPESAS INDIRETAS BDI...16 1.1.15 ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA ART / REGISTRO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA - RRT...17 1.1.16 ESTUDOS AMBIENTAIS...17 1.1.17 LICENCIAMENTO AMBIENTAL...17 1.1.18 AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS...17 2. IRREGULARIDADES MAIS COMUNS NOS PROCESSOS DE CONTRATAÇÃO E EXECUÇÃO DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA...18 2.1 NA FASE DE LICITAÇÃO...18 2.2 NO PROJETO BÁSICO...19 2.3 NO ORÇAMENTO BÁSICO...20 2.4 NA CONTRATAÇÃO...21 2.5 NA FISCALIZAÇÃO...22 2.6 NAS MEDIÇÕES E PAGAMENTOS...25 7

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará 2.7 NO RECEBIMENTO DA OBRA...25 2.8 APÓS A CONCLUSÃO...27 3. OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA RECOMENDAÇÕES A SEREM ADOTA- DAS NO ÚLTIMO ANO DE MANDATO E NA TRANSIÇÃO DE GOVERNO...28 3.1 O ANO ELEITORAL...28 3.2 Recomendações a serem adotadas ao longo do ÚLTIMO ANO DE MANDATO...29 3.3 Recomendações a serem adotadas no PERÍODO QUE ANTECEDE O PLEITO...30 3.4 Recomendações a serem adotadas no PERÍODO DE TRANSIÇÃO GOVERNAMENTAL...31 3.5 PRINCIPAIS IRREGULARIDADES observadas durante a transição governamental - DESMONTES...33 4. OBRAS PARALISADAS OU INACABADAS...34 4.1 Por que não se deve paralisar uma obra...34 4.2 Prejuízos gerados pela interrupção de uma obra...35 4.3 Recomendações para prevenir a paralisação de uma obra...35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...37 8

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental APRESENTAÇÃO O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará (TCM-CE) acredita que investir na promoção de ações educacionais pode transformar e aprimorar as competências dos gestores e servidores públicos municipais. Com esse intuito apresenta o Programa Capacidades Educação, Participação e Transformação, o qual por meio de atividades de capacitação visa treinar e orientar os servidores municipais, contribuindo para uma melhor gestão pública. O programa tem como principal objetivo promover a formação continuada de Gestores e Servidores que atuam no Poder Executivo e Legislativo Municipal em temas que norteiam a Gestão Pública, alinhados a jurisprudência do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará, e ainda, capacitar a sociedade civil para o exercício da participação cidadã e responsabilidade social. Sob esta ótica, serão tratados assuntos numa abordagem prática, cujos temas contemplam as áreas que demandam orientação para transição de governo e, também, as que somam maior grau de irregularidades verificadas no âmbito do TCM. Os temas são: Atos de Gestão voltados para a transição governamental; Obras Públicas - principais conceitos e recomendações; Gestão de Pessoal no Serviço Público; Controle Interno; FUNDEB; Especificidades dos Conselhos de Saúde; e, Transparência, Controle Social e Ouvidoria. Com este Programa esperamos fortalecer as competências dos gestores municipais para que estes possam atuar de forma mais qualificada e, ainda, fornecer ao cidadão instrumentos de transparência para o desempenho do controle social. Conselheiro Francisco de Paula Rocha Aguiar Presidente do TCM/Ce Conselheiro Domingos Gomes de Aguiar Filho Diretor Presidente do Ieswa 9

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental INTRODUÇÃO O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará TCM/CE, através do Intituto Escola Superior de Contas e Gestão Pública Waldemar Alcântara Ieswa elaborou esta cartilha como objetivo de auxiliar os gestores públicos municipais, profissionais da área, conselhos de direitos, organizações não governamentais e população interessada em conhecer mais sobre obras públicas. Esta cartilha contém de forma clara, simples e sucinta os principais aspectos que norteiam os procedimentos licitatórios e as contratações de Obras Públicas no âmbito do Poder Executivo Municipal, dentre elas destacando-se as definições e irregularidades mais comuns geralmente detectadas nesse tipo de contratação. Além disso, apresentam-se recomendações a serem adotadas, tanto pelos membros do Executivo como pelos membros do Legislativo, no último ano de mandato e na transição de governo. Tal publicação não substitui o conhecimento da legislação afeta à matéria abordada. Os temas relacionados foram conduzidos principalmente nos termos da Lei Federal n 8.666/93 e legislações pertinentes, bem como da Lei nº 9.504/97 que trata das normas para eleição. Não se pretende esgotar os assuntos aqui abordados, mas, estar abertos a uma constante manutenção evolutiva em parceria com nossos jurisdicionados e leitores, objetivando uma melhoria contínua e atualização sempre afinada com as alterações na legislação. Espera-se que a experiência decorrente da aplicação dessa publicação possa promover importantes ajustes ao longo do tempo, sobretudo, em ano eleitoral, de modo a evitar a ocorrência de condutas inadequadas. 11

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará 1 OBRAS PÚBLICAS 1.1 CONCEITOS BÁSICOS 1.1.1 OBRA Toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta (Lei Federal nº 8.666/93, art.6º, inciso I). 1.1.2 OBRA PÚBLICA É aquela que se destina a atender os interesses gerais da comunidade, contratada por órgão ou entidade pública da Administração Direta ou Indireta, Federal, Estadual ou Municipal, executada sob sua responsabilidade ou delegada, custeada com recursos públicos compreendendo construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de um bem público. 1.1.3 REFORMA Alteração do espaço original ou anteriormente formulado por meio de substituição, acréscimo ou retirada de materiais ou elementos construtivos arquitetônicos, na intenção de reformular todo ou parte daquele espaço antes definido (Instrução Normativa nº 02/98 CREA-GO, art. 8º, inciso III). Reformar: consiste em alterar as características de partes de uma obra ou de seu todo, desde que mantendo as características de volume ou área sem acréscimos e a função de sua utilização atual. (Definição do IBRAOP - OT - IBR 002/2009) 1.1.4 PROJETO BÁSICO Conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução (...) (Lei 8.666/93, art.6º, inciso IX). 12

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental O Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas - IBRAOP, através da Orientação Técnica OT-IBR 01/2006, define Projeto Básico como sendo o conjunto de desenhos, memoriais descritivos, especificações técnicas, orçamento, cronograma e demais elementos técnicos necessários e suficientes à precisa caracterização da obra a ser executado, atendendo às Normas Técnicas e à legislação vigente, elaborado com base em estudos anteriores que assegurem a viabilidade e o adequado tratamento ambiental do empreendimento. 1.1.5 DESENHOS (PARTES GRÁFICAS / PLANTAS) Representação gráfica do objeto a ser executado, elaborada de modo a permitir sua visualização em Escala adequada, demonstrando formas, dimensões, funcionamento e especificações, perfeitamente definida em plantas, cortes, elevações, esquemas e detalhes, obedecendo às normas técnicas pertinentes (IBRAOP, através da Orientação Técnica OT-IBR 01/2006). Exemplo de uma planta baixa 13

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará 1.1.6 CADERNO DE ENCARGOS Parte integrante do projeto básico, que tem por objetivo definir detalhadamente o objeto da licitação e do correspondente contrato, bem como estabelecer requisitos, condições e diretrizes técnicas e administrativas para a sua execução. Em linhas gerais, o caderno de encargos contém o detalhamento do método executivo de cada serviço, vinculando o contratado. Cabe à fiscalização acompanhar a execução dos serviços conforme descritos no caderno de encargos. 1.1.7 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS Texto no qual se fixam todas as regras e condições que se deve seguir para a execução da obra ou serviço de engenharia, caracterizando individualmente os materiais, equipamentos, elementos componentes, sistemas construtivos a serem aplicados e o modo como serão executados cada um dos serviços apontando, também, os critérios para a sua medição ((IBRA- OP, através da Orientação Técnica OT-IBR 01/2006). 1.1.8 MEMORIAL DESCRITIVO Descrição detalhada do objeto projetado, na forma de texto, onde são apresentadas as soluções técnicas adotadas, bem como suas justificativas, necessárias ao pleno entendimento do projeto, complementando as informações contidas nos desenhos referenciados no Projeto. 1.1.9 PROJETO EXECUTIVO O conjunto de elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT (Lei 8.666/93, art.6º, inciso X). 1.1.10 ORÇAMENTO DE OBRA (ORÇAMENTO BÁSICO DA OBRA) Avaliação do custo total da obra tendo como base preços dos insumos praticados no mercado ou valores de referência e levantamentos de quantidades de materiais e serviços obtidos a partir do conteúdo dos elementos descritos nos itens 1.1.5, 1.1.7 e 1.1.8, sendo inadmissíveis apropriações genéricas ou imprecisas, bem como a inclusão de materiais e serviços sem previsão de quantidades. Nos processos de licitação de obras e serviços, faça constar orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários, em atendimento ao Art. 7º, 2º, inciso II, da Lei 8.666/93. 14

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental O Orçamento deverá ser lastreado em composições de custos unitários e expresso em planilhas de custos e serviços, referenciadas à data de sua elaboração. O valor do BDI considerado para compor o preço total deverá ser explicitado no orçamento. Exemplo de um orçamento 1.1.11 PLANILHA DE CUSTOS E SERVIÇOS É a planilha orçamentária do custo global da obra fundamentado em quantitativos de serviços, discriminando, com o maior grau de detalhamento possível, os preços unitários, quantidades, preços totais, BDI e encargos sociais. 1.1.12 COMPOSIÇÃO DE CUSTO UNITÁRIO Define o valor financeiro a ser despendido na execução do respectivo serviço e é elaborada com base em coeficientes de produtividade, de consumo e aproveitamento de insumos e seus preços coletados no mercado, devendo conter, no mínimo: 15

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará Discriminação de cada insumo, unidade de medida, sua incidência na realização do serviço, preço unitário e custo parcial; e Custo unitário total do serviço, representado pela soma dos custos parciais de cada insumo. Para o caso de se utilizarem Composições de Custos de entidades especializadas, a fonte de consulta deverá ser explicitada (Tabelas referenciais de preço Exemplo: SINAPI, SICRO, SEINFRA). 1.1.13 CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO Representação gráfica do desenvolvimento dos serviços a serem executados ao longo do tempo de duração da obra demonstrando, em cada período, o percentual físico a ser executado e o respectivo valor financeiro despendido. Entregas jan fev mar abr Fundação R$ 10.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 50% 50% Concretagem R$ 10.000,00 R$ 2.000,00 R$ 8.000,00 20% 80% Alvenaria R$ 10.000,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 2.000,00 40% 40% 20% Acabamento R$ 10.000,00 R$ 5.000,00 50% Total Mensal R$ 5.000,00 R$ 9.000,00 R$ 6.000,00 R$ 15.000,00 Total Acumulado R$ 5.000,00 R$ 14.000,00 R$ 20.000,00 R$ 35.000,00 Exemplo de cronograma físico-financeiro 1.1.14 BONIFICAÇÃO (OU BENEFÍCIOS) E DESPESAS INDI- RETAS BDI O BDI é percentual relativo às despesas indiretas que incidirá sobre as composições dos custos diretos, que pode ser inserido tanto na composição dos custos unitários como no final do orçamento sobre o custo total. Seu valor é avaliado para cada caso específico, pois depende das variações do local, tipo de obra e impostos gerais. Consta deste valor, ainda, o resultado ou lucro esperado pelo construtor. 16

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental 1.1.15 ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA ART / REGISTRO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA - RRT Anotação de Responsabilidade Técnica ART É o registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia CREA, necessário à execução de qualquer serviço de Engenharia e Agronomia, objeto do contrato. Registro de Responsabilidade Técnica RRT É o registro no Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo CAU, necessário à execução de qualquer serviço de Arquitetura e Urbanismo, objeto do contrato. Define, para os efeitos legais, os responsáveis técnicos pela execução de obras ou prestação de serviços. 1.1.16 ESTUDOS AMBIENTAIS São todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. 1.1.17 LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. 1.1.18 AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS É o instrumento de fiscalização utilizado pelo Controle Externo (Tribunais de Contas) para examinar a legalidade, legitimidade e economicidade dos atos de gestão dos responsáveis pelo planejamento, licitação, execução e fiscalização de obras públicas, incluindo os aspectos relacionados à qualidade dos serviços executados, à adequação das técnicas construtivas e compatibilidade dos custos e preços contratados em relação aos praticados no mercado (Roteiro de auditoria de obras públicas do TCU). 17

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará 2 IRREGULARIDADES MAIS COMUNS NOS PROCESSOS DE CONTRATAÇÃO E EXECUÇÃO DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA 2.1 NA FASE DE LICITAÇÃO A fase de licitação de Obras Públicas deve ser precedida de um Planejamento por parte da Administração Pública. Utilizando critérios de prioridade, o Gestor Público deve decidir quais as obras de maior importância para atender as expectativas da população. As obras a serem executadas devem estar consignadas no Plano Plurianual (PPA), quando for o caso, bem como constar das metas estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e discriminada na Lei Orçamentária Anual (LOA) da Entidade. As irregularidades mais recorrentes concernentes aos procedimentos licitatórios de Obras Públicas são listadas a seguir: a) Projeto Básico e/ou executivo ausente ou incompleto em suas partes, desenhos, especificações, estudos geotécnicos (sondagens e ensaios), levantamento topográfico e outros complementos; b) Decisões da comissão de licitação mal fundamentadas ou sem fundamentação; c) Ausência de projeto básico e/ou executivo, aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do processo licitatório; d) Ausência de orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários (inclusive o BDI estimado e encargos sociais legais) no Projeto Básico; e) Não solicitação da composição detalhada do BDI praticado pelas proponentes; f) Ausência de comprovantes das publicações do edital resumido, ou da entrega do convite, bem como de todos os seus aditivos, segundo a legislação vigente; g) Ausência de licenciamento ambiental; h) Ausência ou apresentação deficiente do cronograma físico-financeiro; i) Ausência de justificativa fundamentada para a dispensa ou a inexigibilidade da licitação, devidamente fundada na legislação pertinente; e j) Ocorrência de processo licitatório sem que haja respostas às seguintes indagações: por que fazer, pode ser feito, o que fazer, quando fazer, como fazer, onde fazer, a que custo fazer e como controlar ou fiscalizar. 18

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental 2.2 NO PROJETO BÁSICO O projeto básico é a peça fundamental que possibilita o perfeito entendimento, por parte dos interessados, do objeto de uma licitação. Imperfeições em sua elaboração implicarão a necessidade de alterações, com consequentes mudanças de especificações, quantitativos de serviços, preços e prazos, gerando, muitas vezes, aditivos contratuais. Esse projeto deverá facilitar a perfeita quantificação dos materiais, equipamentos e serviços facilitando a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos. Deve conter ainda cronograma físico-financeiro da obra a ser executada, com a previsão de todas as etapas ou parcelas para a conclusão do objeto, e seus respectivos prazos. As especificações técnicas estabelecerão as características necessárias e suficientes ao desempenho técnico requerido pelo projeto, bem como para a contratação dos serviços e obras. O projeto básico deve ser elaborado anteriormente à licitação, por profissional legalmente habilitado, sendo indispensável o registro da respectiva ART e a identificação do autor e sua assinatura em cada peça gráfica e documento técnico, e por fim receber a aprovação formal da autoridade competente. O projeto é, portanto, o elemento mais importante para execução de uma obra pública. É essencial, portanto, que se analise a existência e a adequabilidade das plantas, do memorial descritivo e especificações técnicas, dos estudos geológicos, geotécnicos e topográficos e, especialmente, do orçamento da obra. Segundo o art. 6º da Lei Federal nº 8.666/93, o Projeto Básico deve conter os seguintes elementos: a) Desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza; b) Soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras e montagem; c) Identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; d) Informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; 19

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará e) Subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso; e f) Orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de Serviços e fornecimentos propriamente avaliados. Sempre que possível, as obras e serviços, destinados aos mesmos fins, terão projetos padronizados por tipos, categorias ou classes, exceto quando o projeto-padrão não atender às condições peculiares do local ou às exigências específicas do empreendimento. Entretanto, observa-se que a adoção de projetos padronizados leva a administração a não realizar, previamente, os adequados estudos e adaptações às condições, peculiaridades e aos estudos geotécnicos do local (terreno), fazendo com que, após a contratação se proceda a inúmeras adequações, encarecendo e alongando o prazo da obra. O responsável pela autoria dos projetos deve providenciar o alvará de construção e suas aprovações pelos órgãos competentes, tais como: Prefeitura Municipal, Corpo de Bombeiros, Concessionárias (energia elétrica, telefonia, saneamento etc.) e entidades de proteção sanitária e do meio ambiente. Várias são as irregularidades que têm relação direta com os projetos, dentre as quais listamos as mais comuns a seguir: a) Projetos que não contemplam uma adequada especificação de material e de método construtivo; b) Projetos que sofrem alterações de tipo e de quantidade nas suas especificações durante a execução, sem que seja realizada a devida reavaliação de custos; c) Ausência de Alvará para construir; d) Ausência de ART de projeto; e) Ausência de assinatura e identificação do(s) responsável(eis) nos projetos; f) Adoção de projeto padrão sem as adequações ao local; e g) Incompatibilidade entre prazos de projeto e de execução cronograma físico-financeiro. 2.3 NO ORÇAMENTO BÁSICO Qualquer que seja a modalidade contratual, o projeto básico conterá o orçamento das obras, apresentando para cada item da planilha de quantidades os respectivos preços unitários e a importância total, conforme consta art. 6º, IX, alínea f c/c art. 7º, 2º, inciso II da Lei Federal nº 8.666/93. Na elaboração das Planilhas Orçamentárias, cada serviço e suas quantidades deverão corresponder, inequivocamente, uma especificação técnica, e uma norma de medição e pagamento. A planilha deverá conter todos os tipos de serviço necessários à construção. 20

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental Todo orçamento de obra ou serviço de engenharia deverá ser elaborado por profissional habilitado junto ao CREA (art. 14 da Lei 5.194/66) e essa atividade deverá ter Anotação de Responsabilidade Técnica - ART específica, de maneira que o profissional assuma, objetivamente, a responsabilidade pela elaboração das planilhas orçamentárias. Portanto, se não forem cumpridos os requisitos relativos à forma de identificação dos Orçamentos, estes não poderão ser considerados como elaborados por Profissional competente; é como se não existissem em termos legais, caracterizando infração aos Arts. 7º, 2º, II e 40, 2º, II da Lei Federal n.º 8.666/93, podendo o Edital ser considerado em dissonância com a legislação e até mesmo vir a anular o procedimento licitatório. Algumas irregularidades também são encontradas quando da análise dos orçamentos de Obras Públicas, conforme a seguir: a) Orçamentos sem a composição detalhada de todos os serviços; b) Não indicação do BDI utilizado ou ausência do detalhamento de percentual adotado; c) Falta de ART de orçamento; e d) Falta de assinatura e identificação do(s) responsável(eis) no orçamento. 2.4 NA CONTRATAÇÃO A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na Imprensa Oficial, que é condição indispensável para sua eficácia. Será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 da Lei Federal n 8.666/93. A atuação do profissional habilitado que atua como fiscal da obra é imprescindível na elaboração dos aditivos contratuais técnicos relacionados às obras ou serviços de engenharia. A justificativa técnica deverá integrar, obrigatoriamente, o processo de análise do aditamento. Essa justificativa deverá estar baseada nos registros do Diário de Obra, comunicados recebidos ou transmitidos até então, dando conta da necessidade da alteração contratual, em razão de alterações no projeto, problemas construtivos, chuvas e outros aspectos envolvendo a execução do objeto. A Administração deve atentar para a permuta indiscriminada de serviços e alterações desnecessárias do projeto, visando atender unicamente o contratado. Dentre as irregularidades observadas quanto aos aspectos contratuais e seus aditamentos, as mais recorrentes são listadas a seguir: 21

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará a) Contrato com inadequação na fixação dos prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso (a administração deve certificar-se da exequibilidade dos prazos fixados no contrato); b) Ausência de publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial. (Art. 61, da Lei Federal nº 8.666/93); c) Ausência de ART de execução para as diversas atividades relacionadas ao objeto contratado; d) Contrato com prazo expirado; e) Indevido aditamento após prazo expirado; f) Aditivos onerosos - descaracterização do objeto durante a realização das obras - aumento de quantitativos e inclusão de novos serviços; g) Adoção de aditamentos superiores a 25% no caso de obras novas e mais de 50%no caso de reformas; h) Ausência de justificativas, devidamente fundamentadas, para os aditamentos contratuais; i) Obras extremamente demoradas, com sucessivas prorrogações de prazos transtornos à comunidade; e j) Ausência de ART Complementar nos aditamentos contratuais. 2.5 NA FISCALIZAÇÃO Entre os principais problemas relacionados à má qualidade das obras públicas estão, justamente, a deficiente estrutura disponibilizada para a fiscalização (número de profissionais e equipamentos) e na ausência de pessoal qualificado (falta de capacitação). É muito comum se verificar que os profissionais encarregados de fiscalizar obras públicas, encontram-se com um número elevado de tarefas a desempenhar e alegam não dispor de meios materiais para tal. A Fiscalização é uma atividade que deve ser exercida de modo sistemático pelo Contratante e seus prepostos, objetivando a verificação do cumprimento das disposições contratuais, técnicas e administrativas, em todos os seus aspectos. Fiscal da Obra A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado (o fiscal), permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. Somente poderá atuar como fiscal, um profissional que, além de habilitado deve 22

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental estar capacitado para o desempenho da tarefa e, para tanto, preencherá uma Anotação de Responsabilidade Técnica ART. O fiscal ou comissão designada tem como função de destaque, proceder ou acompanhar as medições devendo analisar, corrigir se for o caso os quantitativos dos materiais e serviços empregados e os respectivos valores. Providenciar a classificação dos materiais e atestar a correção e exatidão dos serviços executados e valores monetários a pagar. Diário de Obras O representante da Administração anotará em registro próprio (Diário de Obra ou Registro de ocorrências) todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados. Este registro, com páginas numeradas, será destinado à anotação de fatos e comunicações que tenham implicação contratual, tais como: a) Modificações de projeto; b) Conclusão e aprovação de serviços e etapas construtivas; c) Autorizações para execução de trabalho adicional; d) Autorização para substituição de materiais e equipamentos; e) Ajustes no cronograma e plano de execução dos serviços e obras; f) Irregularidades na entrada e saída de equipamentos; g) Serviços em andamento; h) Efetivo de pessoal; i) Condições climáticas; j) Visitas ao canteiro de serviço, inclusive para as atividades de suas subcontratadas e providências a serem tomadas pela Contratada e Fiscalização; e k) A comunicação entre a Fiscalização e a Contratada será realizada através de correspondência oficial e anotações ou registros neste Diário de Obra. Preposto da empresa Contratada A Contratada deverá comunicar, por escrito ao Fiscal, quem a representará no canteiro de serviço, como seu preposto. O preposto da Contratada deverá possuir competência necessária à leitura e interpretação das especificações e do projeto e será o encarregado de receber as instruções do Fiscal ou de seus auxiliares. 23

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará Este representante da Contratada não poderá alegar falta de autoridade própria para não acatar imediatamente as ordens do Fiscal, salvo aquelas que estiverem em desacordo com os direitos deste. Controle social na fiscalização de obras públicas Cabe lembrar ainda que os moradores do Município também podem exercer a função de fiscalizar através do controle social, o qual é entendido como aquele exercido diretamente pela população. O referido controle é de extrema eficiência pela proximidade que o cidadão tem com o local da execução do gasto. O art. 160 do Regimento Interno do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará - TCM-CE (Resolução nº 08/1998) informa que: Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legitima para denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas dos Municípios. Com relação aos canais de comunicação e controle social, o TCM/CE criou um veículo de comunicação para a sociedade (site: http://www.tcm.ce.gov.br/site/_menu/controle_social.php), através do qual o cidadão poderá fazer denúncias sobre irregularidades em obras dos Municípios cearenses. Muitos são os descumprimentos normativos ligados à fase de fiscalização das Obras Públicas, estando as mais comuns listadas a seguir: a) Ausência de portaria designando o fiscal; b) Fiscal não habilitado (título profissional, características, dimensões da obra e etc.); c) Ausência de ART de Fiscalização; d) Ausência do Cadastro Específico do INSS CEI da obra; e) Inexistência de Registro de Ocorrência ou Diário de Obra (quando encontrado, não é preenchido e não visado pelo fiscal); f) Não manifestação nos aditamentos (falta de justificativa para aditivos); g) Não manifestação nas ordens de paralisação por motivos técnicos; h) Pagamento de serviços não efetivamente executados (pagamento antecipado); i) Recebimento de obra com falhas visíveis de execução; j) Ausência de documentos da obra no canteiro (projeto, especificações, memoriais, caderno de encargos, edital de licitação, contrato, proposta da contratada, cronograma físico-financeiro, ordem de serviço, ARTs, instruções e normas da Administração sobre obras públicas, etc.); k) Descumprimento do cronograma físico-financeiro; l) Ausência de termos de recebimento da obra; e m) Emissão dos termos de Recebimento Provisório e Definitivo incompletos ou fora dos prazos. 24

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental 2.6 NAS MEDIÇÕES E PAGAMENTOS A Ordem de Pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga. Ela é exatamente a última fase do estágio da despesa e deverá ser exarada no processo da despesa pela pessoa legalmente investida na autoridade de ordenar pagamentos. Originariamente, no Município, por exemplo, são o Prefeito, o Presidente da Câmara (se os pagamentos do Legislativo forem efetuados através dela) e os demais Gestores na qualidade de ordenadores de despesas, as autoridades que detêm competência para ordenarem os pagamentos. Quando tratar-se de liquidação de pagamento referente a Obras e Serviços de Engenharia, há necessidade de emissão das PLANILHAS DE MEDIÇÃO ou BOLETINS DE MEDIÇÃO emitidos por profissional habilitado. Os relatórios de medição constituem-se em documentos que habilitam ao pagamento parcial de obras com execução parcelada ou global. As planilhas de medição devem ser elaboradas evidenciando com exatidão, os quantitativos dos serviços executados, para o adequado pagamento à contratada. Caracteriza-se como despesa irregular (sem liquidação) toda aquela despesa realizada durante a execução de um contrato, sem a comprovação efetiva da prestação do serviço ou da entrega efetiva do que fora avençado. A inobservância pela Administração, quanto aos corretos procedimentos realizados nas medições dos serviços de Engenharia executados para posterior pagamentos, remete às irregularidades que listamos acerca do assunto: a) Medições sem assinaturas do fiscal e do preposto da contratada; b) Medições de serviços não realizados, caracterizando pagamento antecipado; c) Pagamentos em atraso, sem justificativas; e d) Ausência de comprovação dos encargos sociais legais (INSS e FGTS) relacionados ao contrato, por ocasião dos pagamentos. 2.7 NO RECEBIMENTO DA OBRA O recebimento de obras e serviços obedecerá à legislação vigente, cabendo ao contratado comunicar a Administração, através da fiscalização, a conclusão das obras e serviços e solicitar o Recebimento Provisório ou o Definitivo, conforme o caso. recebido: A lei determina que executado o contrato de obras e serviços, o seu objeto será 25

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará Provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado. Ou Definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, observada a determinação de que o contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos, ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados. O as built ( como construído ) é projeto representando fielmente aquilo que foi executado, com todas as alterações que se fizeram necessárias durante o decorrer da obra ou serviço, inclusive aquelas relativas à locação. É o Catálogo de projetos elaborado pela executora da obra, durante a construção ou reforma, que retrate a forma exata de como foi construído ou reformado o objeto contratado. A não exigência do as built faz com que não se tenha cadastros confiáveis das obras executadas, sobretudo, aquelas enterradas: drenagens, redes de distribuição de água, de coleta de esgoto, de distribuição de gás, etc. O as built é de fundamental importância para o órgão contratante em razão das necessárias manutenções e alterações futuras. Deve ser um dos requisitos para emissão do Termo de Recebimento Definitivo. Abaixo, algumas irregularidades ocorridas na fase de recebimento das Obras de Engenharia: a) Ausência do termo de recebimento provisório, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado; b) Ausência do termo de recebimento definitivo, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, observada a determinação de que o contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificar em vícios, defeitos, ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados; c) Não entrega do as built, isto é, documentação que reflita exatamente o que foi executado na obra e que contempla, por meio de plantas e memoriais, todos os serviços executados e especificações detalhadas dos insumos utilizados (materiais, fabricante, cores, etc.); d) Não obtenção do habite-se da obra (no caso de prédio). 26

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental 2.8 APÓS A CONCLUSÃO Obras construídas com má qualidade apresentam pouca durabilidade, oferecem riscos à população, frequentemente provocam acidentes (que implicam indenizações a serem pagas com recursos públicos) e demandam novos investimentos em curtos prazos. A obra é o resultado certo e determinado que se deve apresentar de forma sólida, segura, sem máculas (vícios, defeitos, problemas judiciais ou administrativos) e em perfeitas condições de uso e funcionamento. A obra perfeita é aquela que, construída de acordo com o projeto, não apresenta defeitos ou vícios, aparentes, ocultos ou funcionais. Deve-se atentar, também, para a necessidade de a obra atender às funções para as quais foi projetada: sua funcionalidade é imprescindível. Os Gestores Públicos que gerem recursos relacionados a obras públicas têm por obrigação, não só a correta aplicação de recursos públicos durante a contratação e execução das obras, mas também e principalmente após a entrega das mesmas. Dessa forma, o Gestor Público que deixa de acompanhar o desempenho da obra que contratou e deixa de acionar o construtor pelas garantias a que este último está obrigado, pratica ato de improbidade e é incurso nas penas previstas em lei, conforme o disposto no inciso X, Art. 10º, da Lei nº 8.429/92. As irregularidades mais frequentes que guardam relação com a falta de acompanhamento das Obras encontram-se dispostas abaixo: a) Não incorporação ao patrimônio; b) Não inclusão da obra no Programa de Manutenção; c) Não realização de Avaliação da Pós-ocupação; e d) Não realização de inspeções periódicas nas obras concluídas, até o quinto ano (art. 618 do atual Código Civil). 27

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará 3 OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA RECOMENDAÇÕES A SEREM ADOTADAS NO ÚLTIMO ANO DE MANDATO E NA TRANSIÇÃO DE GOVERNO 3.1 O ANO ELEITORAL O encerramento de um mandato em seu último exercício financeiro exige uma série de providências a serem adotadas pelo gestor público relativamente àquelas que se referem às obras e serviços de Engenharia do Município. De fato, algumas restrições devem ser observadas a fim de que seja afastada a possibilidade de ocorrência de condutas caracterizadas como ABUSO DE PODER, observando-se, para tanto, a legislação correlata, em especial a Lei n 9504/97 1, popularmente conhecida como LEI DAS ELEIÇÕES. No que se referem a este tema algumas condutas estão, segundo a LEI DAS ELEI- ÇÕES, expressamente vedadas, durante os períodos que ANTECEDEM o pleito, e PÓS- -ELEIÇÕES, que é aquele compreendido como período de transição governamental. 1. Lei n 9504/97 de 30/09/ 1997 - Estabelece normas para as eleições. 28

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental Períodos que compõem o ano eleitoral Nos itens que seguem serão abordadas as recomendações que devem ser adotadas ao longo do último ano eleitoral, considerando cada um dos períodos acima discriminados. Trata-se de medidas importantes a serem seguidas, a fim de que não ocorram problemas para o gestor que está entregando seu cargo, nem para o novo gestor, e, principalmente, para a sociedade. 3.2 Recomendações a serem adotadas ao longo do ÚLTIMO ANO DE MANDATO Os cuidados básicos a serem tomados pelo Prefeito ao longo do último ano de mandato quando da contratação e/ou execução de obras e serviços de engenharia, são os mesmos que devem nortear o gestor durante toda sua administração, ou seja, atentar para a legislação vigente de modo a evitar a ocorrência das IRREGULARIDADES COMUMENTE OBSERVA- DAS EM OBRAS PÚBLICAS, especialmente aquelas listadas no item 2 desta cartilha. Destaque-se que tais medidas também devem ser seguidas pelo Presidente da Câmara, caso existam obras e serviços de engenharia executadas diretamente pelo Poder Legislativo. 29

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará Desta forma o gestor deve evitar: Contrair obrigação de despesa nos dois últimos quadrimestres do mandato SEM recursos financeiros para pagamento: o titular do Poder ou Órgão fica proibido de contrair obrigação de despesa nos últimos oito meses que antecedem o final de seu mandato, que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte, sem que haja suficiente disponibilidade de caixa (Art. 42 da LRF). 3.3 Recomendações a serem adotadas no PERÍODO QUE ANTE- CEDE O PLEITO As recomendações elencadas a seguir devem ser consideradas não somente pelo Poder Executivo, mas também pelo Poder Legislativo. No que se refere às obras e serviços de engenharia elas se resumem aos seguintes aspectos: a) NÃO É PERMITIDO: I. Participação de candidato em inaugurações de obras públicas (Art. 77 da Lei n 9.504/97) - Candidatos a cargos do Poder Executivo (todo e qualquer candidato, inclusive aqueles gestores em processo de reeleição) e aqueles candidatos do poder Legislativo. II. Uso promocional de publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas institucionais. III. Placas em obras públicas: A Justiça Eleitoral tem admitido, durante o período da vedação, a permanência de placas indicativas de obras públicas, desde que delas não constem expressões que possam identificar autoridades, servidores ou administrações cujos dirigentes estejam em campanha eleitoral. Também não poderão estar presentes nas placas símbolos que identifiquem a administração de concorrentes a cargo eletivo. Dessa maneira, poderão ser mantidas as placas indicativas de obras, desde que excluídos nomes de autoridades, slogans, logomarcas e outros elementos identificadores da administração atual. b) É PERMITIDO: I. Presença em inauguração de obra pública: considera-se lícito quando o candidato encontra-se em meio ao povo, sem que lhe tenha sido dada a posição de desta que ou sido mencionado seu nome ou presença na solenidade de inauguração (Ac.-TSE, de 22.2.2005,RESP nº 25.016). II. Presença em reinauguração de obras já existentes: Descerramento de placa de novo nome em praça pública já existente (TSE, AgRgAg n. 95.291/RS, Rel. Min. Carlos Eduardo Caputo Bastos, DJ 08/04/2005). 30

Obras Públicas - Principais conceitos e recomendações para transição governamental FONTE: www.infosaj.com.br III. Participação em solenidades de sorteio de casas populares (TSE, REspe nº. 24790, Rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes, DJ 29/04/2005; TSE, REspe nº. 24108, Rel. Min. Carlos Eduardo Caputo Bastos, j. 02/10/2004). IV. Visita a obras após a inauguração: Permitido o comparecimento do candidato ao local, após a inauguração da obra pública, quando já não mais estão presentes os cidadãos em geral (TSE, REspe nº. 24852/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Mendes de Farias Mello, j. 27/09/2005). 3.4 Recomendações a serem adotadas no PERÍODO DE TRAN- SIÇÃO GOVERNAMENTAL A TRANSIÇÃO GOVERNAMENTAL é a etapa que se inicia tão logo o novo PREFEITO, bem como O NOVO PRESIDENTE DA CÂMARA sejam declarados pela Justiça Eleitoral, até o último dia do ano eleitoral. Esta fase dá condições para que o PREFEITO (em seu último ano de mandato) informe ao novo gestor (NOVO PREFEITO) sobre suas ações, programas e projetos, com o objetivo de evitar a descontinuidade da prestação do serviço e / ou da execução da obra pública. Além disso, permite que o novo Gestor, antes de sua posse conheça os projetos, programas e as obras em andamento, ou seja, são fornecidas informações importantes para que o mesmo inicie e / ou dê continuidade em sua nova gestão. ETAPAS DA TRANSIÇÃO GOVERNAMENTAL: a) Constituir a Equipe de Transição Tomado conhecimento do (a) novo (a) Prefeito (a) por intermédio da Justiça Eleitoral, sugere-se a instalação de uma equipe de transição, mediante ato normativo específico com a identificação das datas de início e encerramento dos trabalhos, a identificação da finalidade e a forma de atuação da equipe. A equipe de transição deve ser composta por: 31

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará I. Representantes do governante atual, com indicação de seu respectivo coordenador de transição; II. Representantes do (a) candidato (a) eleito (a), com indicação de seu respectivo coordenador de transição. Cabe ressaltar que tal equipe deverá ser constituída por equipe multidisciplinar, incluindo pessoal da área de obras e serviços de engenharia, a fim de que todas as informações relevantes à nova administração sejam devidamente sintetizadas. b) Elaborar relatórios Os Órgãos e as Entidades da Administração Pública elaborarão relatórios, os quais devem ser submetidos e disponibilizados a equipe de transição contendo: I. Relação dos Convênios, Contratos de repasses e outros instrumentos congêneres cujos objetos sejam obras ou Serviços de Engenharia firmados com cada entidade, bem como a situação atual destes Instrumentos. II. Relação de obras concluídas, mas em fase de recebimento PROVISÓRIO ou DEFI- NITIVO e suas pendências, caso existam. Projetos, processos de pagamento, contrato e seus aditivos, dentre outros. Registro fotográfico. III Relação das obras em andamento e respectivos processos de pagamento, contrato, aditivos (caso existam), dentre outros. Registro fotográfico. IV. Relação das obras não iniciadas, porém com projetos já elaborados e recursos já garantidos, seja com recursos próprios ou oriundos de convênios e contratos de repasse celebrados com a União ou Estado. V. Relação atualizada de nomes, endereços e telefones dos principais dirigentes do órgão ou entidade, bem como dos servidores ocupantes de cargos de planejamento ou fiscalização das obras do Município. VI. Legislação correlata: Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo, Lei de Zoneamento, Código de Obras e Postura, Plano Diretor, outros, caso existam. c) Disponibilizar informações A equipe de transição deverá ter amplo acesso às informações relativas a: I. Dados referentes ao PPA, LDO e LOA, inclusive anexos, demonstrativos, etc. II. Contas Públicas (número das contas, agência e banco), inclusive anexos com demonstrativos dos saldos disponíveis, devidamente conciliados, dos restos a pagar e da dívida fundada, bem como a relação de documentos financeiros de longo prazo contratos de execução de obras, consórcios, convênios e outros, pagos e a pagar, etc. III. Relação atualizada dos bens patrimoniais. IV. Ações, projetos e programas de governo em execução, interrompidos, findos ou que aguardam implementação. 32