Direcção Geral de Veterinária. Febre Catarral do Carneiro. Língua Azul

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Transcrição:

Direcção Geral de Veterinária Febre Catarral do Carneiro Língua Azul

Etiologia Classificação do agente causual Vírus da família dos Reoviridae, do género Orbivirus Foram identificados 24 serótipos Nenhuma protecção cruzada Resistência aos agentes físicos e químicos TEMPERATURA: Inactivado a 50ºC/3h ou 60ºC/15m ph : Sensível a ph <6,0 e > 8,0 AGENTES QUÍMICOS: Inactivado pela β-propriolactona DESINFECTANTES: Inactivado pelos iodóforos e compostos fenólicos RESISTÊNCIA: Muito estável em presença de proteínas (resistiu anos em sangue conservado a 20ºC) 2

Período de incubação 5 a 20 dias clínico Forma aguda (ovinos) Hipertermia (chegando aos 42ºC) Depressão Inflamação, ulceração, erosão e necrose da mucosa bucal Língua tumefacta e às vezes cianosada Claudicação devida a coronite ou pododermatite e miosite Aborto Complicações de pneumonia Emagrecimento Morte em 8 a 10 dias ou cura lenta com alopécia e atraso do crescimento Protecção cruzada Forma subaguda (bovinos e ovinos das zonas enzoóticas) Sinais isolados, tais como, cordeiros débeis, aborto, anomalias congénitas (ataxia, artrogripose, hidrocefalia), em estudos realizados em laboratório, com vírus adaptados, é incerta a sua aplicabilidade geral Baixo índice de mortalidade Infecção inaparente Frequente em outras espécies 3

Lesões diferencial Congestão, edema, hemorragias e ulcerações das mucosas digestiva e respiratória (boca, esófago, estômago, intestino, mucosa pituitária e mucosa da traqueia) Congestão das lâminas do casco e banda coronária Pneumonia broncolobular bilateral severa (podendo complicar-se) Hipertrofia dos gânglios linfáticos e esplenomegália ECTIMA CONTAGIOSO FEBRE AFTOSA FOTOSENSIBILIZAÇÃO PNEUMONIA POLIARTRITE, PEEIRA, ABCESSOS DOS PÉS ENVENENAMENTO POR PLANTAS PESTE DOS PEQUENOS RUMINANTES CENUROSE DOENÇA HEMORRÁGICA EPIZOÓTICA DOS CERVÍDEOS biológico Procedimentos Isolamento do agente: Inoculação em ovinos Inoculação intravascular em ovo de galinha embrionado de 10/12 dias Identificação do Agente: Teste de imunofluorescência Neutralização por redução de placas Testes sorológicos: ELISA de competição Imunodifusão em gel de Agar Neutralização viral Fixação do complemento Colheitas Isolamento e identificação do agente: Animais vivos: sangue sobre heparina Animais mortos recentemente: baço, fígado, medula óssea, sangue do coração Recém-nascidos abortados e infectados congenitamente: soro pré-colostral e as mesmas amostras usadas para os animais mortos recentemente Todas as amostras devem ser conservadas a 4ºC, e não congeladas Testes sorológicos: Pares de soros emparelhados 4

Epidemiologia Taxa de mortalidade normalmente baixa nas ovelhas, podendo chegar aos 10% em algumas epizootias Não é contagiosa Hospedeiros Ovinos: formas clínicas, susceptibilidade variável segundo a raça Bovinos, caprinos, dromedários, ruminantes selvagens : infecção geralmente inaparente Transmissão Vectores biológicos: Culicoides spp. Factores ocasionais de transmissão: Transfusão sanguínea, transmissão experimental por cobrição ou transferência de embriões e transmissão congénita, mas estas formas de transmissão só foram observadas em trabalhos experimentais 5

Fontes de vírus SANGUE SÉMEN Culicoides INFECTADOS Distribuição geográfica O vírus está presente num grupo de países cujas condições climáticas são as encontradas entre os paralelos 40ºN e 35ºS aproximadamente. Demonstrou-se por sorologia a presença do vírus da Lingua Azul em regiões onde está presente o vector Culicoides (por ex. África, Estados Unidos da América e América Central, América do Sul e alguns países da Ásia e Oceânia). Para mais informações sobre a distribuição geográfica, consulte os últimos números de Santé animale mondiale e o Bulletin de l'oie. 6

Prevenção e Tratamento Profilaxia sanitária Nenhum tratamento é eficaz Nas Zonas Indemnes da doença Quarentena e vigilância sorológica Recolha dos animais ao anoitecer e de madrugada Abate e destruição dos animais infectados Luta contra os vectores, nomeadamente no transporte de animais (por ex. nos aviões e barcos) e nas palhas Nas Zonas Infectadas Luta contra os vectores (Desinsectização dos animais e instalações) Especial vigilância dos concelhos limítrofes à fronteira de Este Secagem das águas paradas Redes mosquiteiras Profilaxia médica Utilização de uma vacina a vírus vivo modificado. Os serótipos incorporados na vacina devem ser idênticos aos que são responsáveis pela infecção no terreno. A vacinação deve ser associada à luta contra os vectores, uma vez que os vectores podem transmitir a estirpe vacinal. Bibliografia Lista A do OIE (Santé animale mondiale e Bulletin de l'oie) Capítulo 2.19. do Manuel des normes pour les tests de diagnostic et les vaccins Capítulo 2.1.9. do Code zoosanitaire international 7