Avaliação de frutos de bacabizeiro cultivados em sistema agroflorestal

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Transcrição:

Avaliação de frutos de bacabizeiro cultivados em sistema agroflorestal Thayane Ferreira Miranda 1, Antônia Benedita da Silva Bronze 1, Milton Guilherme da Costa Mota 1, Dênmora Gomes de Araujo 1, Eladivan Bandeira de Souza 1, Brenda Karina Rodrigues da Silva 1, Socorro Taynara Braga Cristo 1, Arthur Simões Taverny 1 & Wallace José Carvalho Mendes 1 Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém - Pará, thayanef.miranda@gmail.com Resumo O bacabizeiro é uma espécie nativa da região amazônica pertencente às palmeiras do gênero Oenocarpus e possui grande potencial para produção de frutos e palmito. Seus frutos são produzidos em cachos, possuindo excelente sabor, qualidade nutricional e polpa com expressiva relevância para o uso na agroindústria alimentícia, no entanto, poucos são os estudos referentes a domesticação da espécie, como exemplo a avaliação de matrizes potenciais para cultivo comercial. O objetivo deste trabalho foi avaliar os caracteres agronômicos relacionados a produção de frutos em progênies de bacabizeiros, contribuindo para a seleção de plantas com potencial produtivo para cultivo racional da espécie. Neste trabalho foram avaliadas 25 progênies de polinização aberta de bacabizeiros cultivadas em sistema agroflorestal, na comunidade de Campo Limpo localizada no Município de Santo Antônio do Tauá-Pará, as quais foram implantadas em delineamento experimental em blocos casualizados com duas repetições e parcelas lineares com cinco plantas por progênie, utilizando espaçamento de 4 m x 4 m entre plantas e linhas. O estudo foi desenvolvido no período de janeiro de 2015 quando as progênies se encontravam no seu terceiro ano de produção. Os dados avaliados para os cachos foram: massa do cacho, massa da ráquis, massa total dos frutos, número de ráquila por cacho, número de frutos por ráquila. E para os caracteres dos frutos: diâmetro lateral, diâmetro transversal, massa do fruto, massa da semente, massa da polpa e rendimento de polpa por progênie. O experimento utilizado foi inteiramente casualizado com 25 tratamentos (progênies), em duas repetições no total de dois cachos por progênie. E para análise dos frutos por progênie, foram utilizados 50 frutos de cada planta em cinco repetições. Os genótipos apresentaram diferenças significativas (p<0,05), para todas as análises realizadas. A partir dos resultados foi possível observar alta variabilidade genética para as características relacionadas ao cacho e aos frutos. Palavras-chave: Oenocarpus mapora, Arecaceae, progênie, frutífera, seleção. Abstract Evaluation of fruits of bacabis tree cultivated in agroforestry system. The bacabis tree is a native species of the Amazon region belonging to the palm of the genus Oenocarpus and has great potential for fruit production and palmetto. Its fruits are produced in bunch, having excellent taste, nutritional quality and pulp with significant relevance for use in the food agroindustry, however it is necessary to evaluate potential matrices for commercial cultivation. The objective of this work was to evaluate the 224

agronomic characters related to fruit production in bacabis tree progenies, contributing to the selection of plants with productive potential for rational cultivation of the species. In this work, 25 progenies of open pollination of bacabis tree cultivated in an agroforestry system were evaluated in the community of Campo Limpo located in the municipality of Santo Antônio do Tauá-Pará, which were implanted in a randomized complete block design with two replicates and five linear plots plants by progeny, using spacing of 4 m x 4 m between plants and lines. The study was developed in the period of January 2015 when the progenies were in their third year of production. The evaluated data for the bunch were: mass of the bunch, mass of the rachis, total mass of the fruits, number of rachis per bunch, number of fruits per rachis. And for the characters of the fruits: lateral diameter, transverse diameter, fruit mass, seed mass, pulp mass and pulp yield per progeny. The experiment used was completely randomized with 25 treatments (progenies), in 2 replicates in the total of two bunches per progeny. And for fruit analysis by progeny, 50 fruits of each plant were used in 5 replicates. The genotypes presented significant differences (p <0.05) for all analyzes. From the results it was possible to observe high genetic variability for the characteristics related to the bunch and fruits. Keywords: Oenocarpus mapora, Arecaceae, progeny, fruitful, selection. Introdução Bacabi (Oenocarpus mapora H. Karsten) é uma espécie nativa da Região Amazônica pertencente às palmeiras do gênero Oenocarpus, com grande potencial para a produção de frutos e palmito. É considerada uma espécie em processo de domesticação, sendo a polpa dos frutos muito valorizada e com características de boa qualidade para ser utilização como matéria prima na indústria alimentícia para a produção de sorvetes, geleias, picolés e licores (Domingues et al., 2014). No entanto, os parâmetros econômicos de mercados local e regional de frutos da bacabi ainda são abastecidos pela exploração extrativista envolvendo comunidades amazônicas que moram próximas aos locais de ocorrência dessa palmeira ou quintais produtivos. Contudo, para se atender a um volume maior de produção, a tendência é estabelecerem-se cultivos racionais, por meio da agricultura familiar ou como componente de sistemas agroflorestais (Clement, 2001). Por serem plantas nativas, esperam-se encontrar entre as populações naturais, variações importantes para precocidade, produtividade, tamanho e formato dos frutos, coloração do epicarpo e mesocarpo, espessura da polpa, percentagem de óleo, composição de ácidos graxos e qualidade proteica. Essas espécies apresentam barreiras que terão de ser superadas para alcançar a domesticação e, consequentemente, maior produtividade, daí a importância de se conhecer a variabilidade existente. A avaliação da variabilidade genética pode ser efetuada por várias formas, seja por meio de caracteres morfológicos (vegetativos, floração, frutificação e agronômicos) ou por marcadores moleculares (Oliveira, 2005). A palmeira Oenocarpus mapora H. Karsten tem sido tema de estudo em vários trabalhos que estão sendo desenvolvidos em comunidades locais, como em Campo Limpo em Santo Antônio do Táua-PA, para o desenvolvimento do processo de domesticação e cultivo racional dessa espécie (Silva et al., 2009). Portanto faz-se necessário a avaliação do desenvolvimento de progênies e avalição na produção de frutos em campo para a seleção de plantas superiores e com potencial produtivo, para uso em cultivos racionais. 225

O objetivo foi avaliar as características morfoagronômicas relacionadas a produção de frutos em progênies de bacabizeiro cultivados em sistema agroflorestal, contribuindo para a seleção de plantas com potencial produtivo para cultivo racional da espécie. Material e Métodos O estudo foi realizado na comunidade de Campo Limpo, localizada no Município de Santo Antônio do Tauá-Pará (1º 09 06 S, 48º 08 00 W). A avaliação envolveu 25 progênies de polinização aberta de bacabizeiros cultivadas em sistema agroflorestal, as quais foram implantadas em delineamento experimental em blocos casualizados com duas repetições e parcelas lineares com cinco plantas por progênie, utilizando espaçamento de 4m x 4m entre plantas e linhas. As características agronômicas avaliadas estão relacionadas ao cacho e os frutos, a avaliação ocorreu no período de janeiro de 2015 quando as progênies se encontravam no seu terceiro ano de produção. Os caracteres relacionados ao cacho foram: massa do cacho (MC): obtido pela média do peso de dois cachos colhidos, a pesagem foi feita em balança tipo prato, com capacidade de 20kg; expresso em quilogramas; massa das ráquilas (MR): obtido pela média do peso das ráquilas presente nos cachos; massa total dos frutos (MTF): determinado pela média do peso dos frutos de dois cachos; número de ráquilas por cacho (NRC): obtido pela média de dois cachos colhidos, por meio da contagem das ráquilas existentes em cada cacho; número de frutos por ráquila (NFR): foi realizado a contagem de frutos por ráquila. Após a contagem foram selecionados ao acaso 50 frutos para a avaliação dos seguintes caracteres: diâmetro lateral do fruto (DL): determinado pela média das mensurações feitas no sentido longitudinal, a partir do ponto de inserção dos restos florais (cálice e corola) até o vestígio de estigma;; diâmetro transversal do fruto (DT): determinado pela média das mensurações feitas no sentido transversais mensurações biométricas foram realizadas com paquímetro digital e os resultados expressos em milímetros; massa do fruto (MF): determinado pela média do peso de cinquenta frutos; massa da semente (MS): obtido pela média do peso de cinquenta sementes, logo após a retirada do epicarpo mais mesocarpo. Para ambos os caracteres utilizou-se balança de precisão e os resultados foram expressos em gramas; massa da polpa (MP): obtido pela diferença entre os caracteres MF e MS, expresso em gramas e rendimento de polpa por fruto (% RPF) obtido através da fórmula "# % = & '()'* *100; segundo metodologia adaptada de Oliveira (2005). '( Para a avaliação dos cachos, foram selecionados dois cachos por progênie sendo realizado a pesagem dos cachos para obter a massa total, o mesmo procedimento foi realizado para os demais caracteres analisados. E para análise dos frutos por progênie, foram utilizados 50 frutos de cada planta em cinco repetições. Os frutos selecionados foram medidos com o auxílio de um paquímetro, para obter os dados do (DL) e (DT). O experimento se deu em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com vinte e cinco tratamentos (progênies) e duas repetições (cachos). Os dados foram analisados no programa ASSISTAT 7.7 beta, submetidos a análise de variância. Utilizou-se o teste de Skott-Knott para fazer o agrupamento das matrizes de acordo com a variabilidade das mesmas. Resultados e Discussão Foram encontradas diferenças significativas ao nível de 1% pelo teste F para as vinte e cinco progênies avaliadas em relação aos caracteres do cacho e dos frutos. Pela 226

análise de todos os caracteres relacionados aos cachos, as vinte e cinco progênies foram agrupadas em treze grupos distintos (quadro 1). Para os caracteres dos frutos foram obtidos dez grupos (quadro 2), mostrando alta variabilidade entre as progênies. De acordo com o (quadro 1), no que se refere a massa do cacho (MC) e massa total dos frutos (MTF), as progênies 1 e 25 obtiveram as melhores medias 11,95 kg e 12,12 kg para massa do cacho 10,28 kg e 10,12 kg para massa do fruto respectivamente. Oliveira & Moura (2010) trabalhando com 27 genótipos de bacabi estabelecidos no Banco de Germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, Pará), obtiveram resultados inferiores a este trabalho quando avaliaram peso total de cachos, alcançando no máximo 3 kg, dos quais 2,5 kg são representados pelos frutos. Estes relatam que por se tratar de uma espécie não domesticada. Analisando a variável massa da ráquis (MR), as progênies que apresentaram maiores médias foram as progênies 2, 3, 4 e 19. Em relação ao número de ráquilas por cacho (NRC), foram encontrados valores elevados, com médias de 103,5; 101,5; 101 e 100 unidades para as progênies 21, 16, 2 e 8 respectivamente. Maciel et al. (2015) e Oliveira & Moura, (2010) encontram resultados inferiores para número de ráquilas em genótipos de bacabizeiros com médias de 49,6 e 45,17 unidades de ráquilas por cacho, respectivamente. Quanto ao número de frutos por ráquila (NFR), esta é uma variável de extrema importância, pois dependendo da quantidade de frutos que cada ráquila possui, irá influenciar diretamente na massa do cacho, nas progênies avaliadas o número de frutos por ráquila variaram de 63,30 da progênie 17 a 10,30 frutos/ráquila da progênie 11. Para Berton (2013), o caráter número de cachos é um dos principais descritores para seleção de genótipos superiores. Além do número de cachos, deve-se levar em conta o número de frutos por cacho, sua massa, bem como a estabilidade da produção ao longo dos anos. Os caracteres avaliados em frutos de progênies de bacabizeiro (quadro 2), os frutos apresentaram diâmetro lateral (DL) com valores significativos para as progênies 21 (23,98 mm), 11 (22,95 mm), 24 (22,66 mm), 9 (22,36 mm), 19 (22,32 mm) e 23 (22,02 mm). Para o diâmetro transversal (DT), apenas sete progênies obtiveram resultados superiores em relação as demais progênies avaliadas; sendo a progênie 14 (20,88 mm), 9 (20,16 mm), 21 (19,62 mm), 19 (19,34 mm), 18 (19,01 mm), 4 (18,87 mm) e 22 (18,74 mm). Com relação as duas variáveis abordadas, as progênies 9, 19 e 21 obtiveram melhores médias para as características. Para as variáveis massa do fruto (MF), massa da semente (MS) e massa da polpa (MP), a progênie 21 apresentou valores significativos para as três variáveis sendo 6,09, 3,60 e 2,49 g respectivamente. O resultado para MF encontrado no trabalho foi superior aos dados encontrados por Oliveira & Moura (2010) avaliando as mesmas características em genótipos de bacabizeiros, relatando peso médio de frutos alcançando 4,46 g. No que se refere ao rendimento de polpa por fruto (RPF), a progênie 4 alcançou o maior rendimento em relação as demais progênies avaliadas com 58,99 %. Considerando rendimento de polpa como uma característica importante para o uso na agroindústria de polpas, as 25 progênies apresentaram variação entre 32,08 a 58,99 %, o que demonstra uma ampla variabilidade para uso na seleção de materiais promissores para cultivo racional do bacabizeiro. Não foram encontrados trabalhos relacionados ao rendimento de polpa de frutos de bacabi. No entanto segundo estudo de Cruz junior (2016) analisando frutos de açaizeiros Euterpe oleraceae obteve rendimentos de polpa de 24,86 %, sendo esse valor 227

inferior aos encontrados para as 25 progênies avaliadas de bacabi neste estudo. Contudo para Oliveira & Moura (2010) o bacabizeiro ainda não possui um padrão de frutos definido para produção comercial, sendo o ideal para o mercado de frutos, palmeiras com cachos acima de 3 kg e que tenham alto rendimento de frutos (acima de 60%) e seus frutos com peso abaixo de 4 g. Para tanto aos caracteres avaliados neste trabalho indicam o potencial produtivo que essas progênies apresentam, sendo relevantes esses fatores na seleção de progênies para utilização em cultivos racionais. Conclusões As progênies avaliadas apresentaram alta variabilidade para todas as características avaliadas com maiores medias de massa do cacho e massa do fruto para as progênies 1 e 25 tendo representatividade para a seleção de progênies potenciais para cultivo racional. Os frutos avaliados nas 25 progênies demonstraram altos rendimentos de polpa, característica desejável pelo mercado, sendo promissores para possíveis seleção para cultivo comercial e na agroindústria. Referências Berton, L.H.C. 2013. Avaliação de populações naturais, estimativas de parâmetros genéticos e seleção de genótipos elite de macaúba (Acrocomia aculeata). Tese Doutorado em Genética, Melhoramento e Biotecnologia Vegetal. Clement, C.R. 2001. Melhoramento de espécies nativas. In: Nass, L.L., Valois, A.C.C., Melo, I.S. de, Inglis, M.C.V. Recursos genéticos e melhoramento de plantas. Rondonópolis: Fundação MT 423-441. Cruz Junior, F.O. 2016. Caracterização morfológica e da produção de frutos de populações de açaizeiros estabelecidas em Mazagão-Amapá. Dissertação (mestrado) Fundação Universidade Federal do Amapá, Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical 1-78. Domingues, A.F.N., Carvalho, A.V. & Barros, C.R. 2014. Caracterização físico-química da polpa de bacabi (Oenocarpus mapora H. Karsten). Boletim de Pesquisa Belém: Embrapa-CPATU 88:1-20. Maciel, A.R.N.A., Oliveira, M.S.P., Brandão, C.P., Mendes, G.G.C. 2015. Avaliação cachos em genótipos de Oenocarpus mapora Karsten. VII Encontro Amazônico de Agrarias. Oliveira, M.S.P. 2005. Caracterização molecular e morfo-agronômica de germoplasma de açaizeiro. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas). Tese Universidade Federal de Lavras. Oliveira, M.S.P. & Fernandes, G.L.C. 2001. Repetibilidade de caracteres do cacho de açaizeiro nas condições de Belém-PA. Revista Brasileira de Fruticultura 3:613-616. Oliveira, M.S.P. & Moura, E.F. 2010. Repetibilidade e número mínimo de medições para caracteres de cacho de bacabi (Oenocarpus mapora). Revista Brasileira de Fruticultura 4:1173-1179. Silva, R.A.M., Mota, M.G.C. & Neto, J.T.F. 2009. Emergência e crescimento de plântulas de bacabi (Oenocarpus mapora Karsten) e bacaba (Oenocarpus distichus Mart.) e estimativas de parâmetros genéticos 39:601-608. 228

Quadro 1 - Caracteres avaliados em cachos na produção de frutos, massa do cacho (MC), massa das ráquilas (MR), massa total dos frutos (MTF), número de ráquilas por cacho (NRC), número de frutos por ráquila (NFR). As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (p <0,01). Progênie MC (kg) MTF (kg) MR (kg) NRC NFR 1 11,95 a 10,28 a 1,54 b 72,50 h 55,80 b 2 6,30 g 4,11 e 1,96 a 101,00 b 24,80 f 3 6,97 f 4,91 e 1,79 a 86,00 e 22,80 g 4 5,93 h 4,02 e 1,79 a 67,50 i 21,60 g 5 7,47 e 6,13 d 1,21 c 72,50 h 28,80 e 6 4,90 i 3,35 f 1,03 c 63,00 l 15,70 i 7 6,66 f 5,26 d 1,13 c 70,50 h 35,20 c 8 7,15 e 5,66 d 1,06 c 100,00 b 36,25 c 9 5,09 i 3,62 f 1,40 c 87,00 e 14,20 i 10 5,58 h 4,04 e 1,17 c 85,50 e 16,20 i 11 2,55 m 2,79 g 1,04 c 67,50 i 10,30 j 12 2,33 m 1,72 h 0,62 d 65,50 j 14,30 i 13 2,92 l 2,11 h 0,78 d 61,50 l 13,30i 14 3,43 l 2,21 h 1,54 b 57,50 m 15,70 i 15 10,11 c 8,12 c 1,69 b 99,50 b 29,10 e 16 6,31 g 4,51 e 1,58 b 101,50 b 19,00 h 17 9,37 d 7,62 c 1,21 c 66,00 j 63,30 a 18 3,28 l 2,85 g 0,72 d 68,50 i 13,30 i 19 7,37 e 5,13 d 1,96 a 82,50 f 20,30 h 20 4,78 i 3,70 f 0,94 d 73,50 g 21,05 g 21 11,52 b 9,31 b 1,28 c 103,50 a 32,20 d 22 4,13 j 2,87 g 1,10 c 53,00 n 23,95 f 23 6,02 h 4,64 e 1,12 c 75,50 g 21,75 g 24 7,12 e 5,74 d 1,12 c 91,00 d 20,90 g 25 12,12 a 10,12 a 1,49 b 95,50 c 25,65 f F 5,29 ** 78,94 ** 39,42 ** 637,27 ** 1293,48 ** CV(%) 2,68 7,74 11,42 1,09 2,01 229

Quadro 2 - Caracteres avaliados em frutos de progênies de bacabizeiro, diâmetro longitudinal do fruto (DL), diâmetro transversal do fruto (DL), massa do fruto (MF), massa da semente (MS), massa da polpa (MP), rendimento de polpa por fruto (RPF). As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (p < 0,01). Progênie DL (mm) DT (mm) MF (g) MS (g) MP (g) RPF (%) 1 19,04 c 16,73 b 3,83 f 2,51 d 1,31 g 34,27 g 2 19,09 c 16,70 b 3,22 h 1,93 f 1,28 g 39,86 e 3 19,76 c 16,25 b 3,74 f 2,20 e 1,54 e 41,01 d 4 20,65 b 18,87 a 4,35 e 1,78 g 2,57 a 58,99 a 5 20,08 c 16,42 b 3,26 h 1,91 f 1,38 g 42,48 c 6 15,31 e 12,21 d 2,53 l 1,54 h 0,99 i 38,85 e 7 19,48 c 16,88 b 3,61 g 2,18 e 1,42 f 39,00 e 8 18,08 d 15,03 c 2,38 l 1,55 h 0,83 j 34,75 g 9 22,36 a 20,16 a 5,78 b 3,44 a 2,33 b 40,25 d 10 17,51 d 13,99 c 3,09 i 1,93 f 1,16 h 37,61 f 11 22,95 a 18,18 b 4,43 e 2,72 c 1,71 d 38,64 e 12 19,24 c 16,94 b 3,58 g 2,11 e 1,46 f 40,80 d 13 16,10 e 13,24 d 3,59 g 2,11 e 1,48 f 41,16 d 14 19,33 c 20,88 a 4,45 e 2,91 b 1,53 e 34,50 g 15 19,83 c 18,08 b 4,42 e 2,77 c 1,64 d 37,16 f 16 19,18 c 14,34 c 2,73 j 1,73 g 0,99 i 36,36 f 17 18,12 d 14,55 c 2,57 l 1,74 g 0,83 j 32,08 h 18 21,24 b 19,01 a 4,95 c 3,00 b 1,95 c 39,27 e 19 22,32 a 19,34 a 5,80 b 3,52 a 2,27 b 39,16 e 20 17,08 d 15,38 c 2,98 i 1,81 g 1,17 h 39,11 e 21 23,98 a 19,62 a 6,09 a 3,60 a 2,49 a 41,02 d 22 20,23 c 18,74 a 4,42 e 2,93 b 1,48 f 33,31 h 23 22,02 a 18,18 b 4,67 d 3,02 b 1,64 d 35,22 g 24 22,66 a 17,62 b 4,55 e 2,64 d 1,90 c 41,78 d 25 20,40c 17,61 b 4,79 d 2,60 d 2,19 b 45,69 b F 18,82** 11,84** 217,08** 199,58** 146,42** 57,71** CV (%) 7,90 12,06 5,59 5,82 8,18 5,50 230