AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO EXTRATO AQUOSO DA CASCA DE Schinopsis brasiliensis Eng SOBRE Artemia Salina

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO EXTRATO AQUOSO DA CASCA DE Schinopsis brasiliensis Eng SOBRE Artemia Salina Geane Do Nascimento Ferreira 1 ; Esteffany Cristina Santos Da Silva 2 ; Siomara Elis Da Silva Lima 3 ; José Luís Ferreira Sá 4 ; Ana Maria Mendonça de Albuquerque Melo 5 ; Marcia Vanusa da Silva 6 RESUMO Centro de Biociência-Departamento de Bioquímica- UFPE. Geaneferreirah@gmail.com; marciavanusa@yahoo.com.br. A ciência busca o tratamento de enfermidades que afligem a população por meio de plantas medicinais secas ou frescas e seus extratos naturais. Estudos mostram que essas plantas possuem um grande potencial, que suas propriedades são indispensáveis e são de grande importância para seus usuários. A espécie Schinopsis brasiliensis Eng, conhecida como Braúna tem suas folhas, cascas e florescências usadas no tratamento de diarréia tuberculosa, disenteria infecciosa, hemoptise e também para aliviar dores de dente e de ouvido. Esta prática é amplamente difundida na população, justificando a necessidade de bioensaios para avaliar não só seus efeitos terapêuticos como também seu potencial tóxico. Este trabalho teve como objetivo a avaliação da toxicidade do extrato aquoso da casca de Schinopsis brasiliensis Eng., espécie vegetal muito usada na medicina popular. O extrato bruto foi submetido a testes selecionados para verificar o nível de toxicidade do vegetal, e em todas as concentrações não houve diferença significativa em relação ao controle. Palavras chaves: Toxicidade, Artemia salina e Schinopsis brasiliensis Eng. INTRODUÇÃO As plantas medicinais constituem uma feramente muito importante para a promoção da saúde em várias regiões do Brasil e no mundo. No entanto, o conhecimento sobre as plantas medicinais representa várias vezes um único recurso terapêutico de diferentes comunidades e grupos étnicos. Os saberes populares em relação ao uso e a eficácia de plantas medicinais contribuem de forma relevante para a divulgação das virtudes terapêuticas dos vegetais, prescritos com frequência, pelos efeitos medicinais que produzem (CALIXTO, 2005; MACIEL et al., 2001). Diferentes partes do vegetal, como folhas, caules, raízes, flores, frutos e sementes, podem apresentar propriedades medicinais (Simões, 2007). Estas propriedades medicinais, por sua vez, estão relacionadas com a presença de compostos bioativos, que apresentam distintas características químicas, e que são classificados em metabólitos primários ou secundários (BRISKIN, 2000). A utilização de plantas medicinais existe desde os tempos mais remotos da civilização, onde o homem aprendeu a conhecer as plantas e valer-se de suas propriedades para sanar suas enfermidades. O uso de plantas medicinais destaca-se pela sua comprovada eficácia e, principalmente, pelo seu baixo custo, tornando-se alvo de pesquisas constantes, pois sua importância tem se mostrado cada vez mais evidente (OLIVEIRA et al., 2010). A Caatinga é um mosaico de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas que cobre a maior parte dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e a parte nordeste de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha. Estendendo-se por

cerca de 735.000 km 2, a Caatinga é limitada a leste e a oeste pelas florestas Atlânticas e Amazônicas, respectivamente, e ao sul pelo Cerrado. Geomorfologicamente, a Caatinga é localizada nas depressões interplanálticas (300-500m), expostas a partir de sedimentos do Cretáceo ou Terciário que cobriam o escudo brasileiro basal do Pré-Cambriano (AB SABER, 1977). O estudo e a conservação da biodiversidade da Caatinga se constituem em um dos maiores desafios do conhecimento científico brasileiro, por diversos motivos, dentre os quais o fato da Caatinga se restringir ao território nacional, o que a torna uma região natural exclusivamente brasileira; outro é o fato de ser proporcionalmente a menos estudada e, também, a menos protegida, apenas 2% do seu território, sobretudo por continuar sendo vítima de um extenso processo de alteração e deterioração ambiental provocado pelo uso insustentável dos seus recursos (LEAL et al., 2003); além desses, as plantas do bioma Caatinga apresentam características singulares, sendo assim excelentes alvos para a busca de novas substâncias ativas. Portanto, para este trabalho foi utilizado à espécie Schinopsis brasiliensis Eng que é uma planta do bioma Caatinga conhecida popularmente como braúna, baraúna, baúna, braúna-parda, braúna-do-sertão, quebracho, quebracho-colorado, quebracho-colorado-chaquenho, quebrachomoro, quebracho-negro, quebracho-rubio. São encontradas em solos de tabuleiros, áreas férteis e profundas, são arvores de 10 a 15m de altura, a dispersão das sementes é realizada pelo vento processo denominado anemocoria. A Schinopsis brasiliensis Engl é uma planta pertencente à família Anacardiaceae, nativa da região nordeste, Brasil. Essa planta é bastante apreciada localmente na medicina popular, onde atividade antimicrobiana da casca da braúna foi comprova e além do seu uso no tratamento de verminoses dos animais (PEREIRA, 2007; SANTANA; FELISMINO, 2010). Os testes de toxicidade são elaborados com os objetivos de avaliar ou prever os efeitos tóxicos nos sistemas biológicos e dimensionar a toxicidade relativa das substâncias (FORBES; FORBES, 1994). Muitos ensaios de toxicidade podem ser utilizados, como o ensaio de letalidade com o microcrustáceo Artemia salina, que foi desenvolvido para detectar compostos bioativos em extratos vegetais (MEYER et al., 1982). Artemia salina é uma espécie de microcrustáceo da ordem Anostraca, utilizada neste trabalho como bioindicador de toxicidade. A Artemia é um crustáceo filtrador que se alimenta basicamente de bactérias, algas unicelulares, pequenos protozoários e detritos dissolvidos no meio. A filtração ocorre nos toracópodos, encarregados de conduzir as partículas alimentícias em direção ao sistema digestivo. A utilização do crustáceo Artemia é uma espécie de fácil manipulação em laboratório e baixo custo econômico (CALOW, 1993). Estudos comprovam a ação tóxica de várias substâncias naturais ao microcrustáceo A. salina (RIOS, 1995; NASCIMENTO et al, 2008). O presente estudo tem como objetivo avaliar a toxicidade da casca da espécie Schinopsis brasiliensis Engl, por meio de ensaios com A. salina. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Coleta de Material

A casca de S. Brasiliensis foi coletada em lagoa grande, sertão de Pernambuco (APAC 2013). O material coletado foi seco numa estufa de circulação de ar (40-45 o C) por um período de três dias. Os materiais testemunhos foram coletados e processados seguindo as técnicas usuais em taxonomia (MORI et al. 1989). 2.2. Preparação do extrato O extrato aquoso da casca de S. Brasiliensis é obtido a partir de 10g de massa vegetal por 100 ml de água destilada pré-aquecida pelo método de extração ar quente durante 30 minutos (Método de refluxo). Em seguida, a solução extrativa foi filtrada e concentrada em evaporador-rotativo sob pressão reduzida, congelada e liofilizada. O extrato obtido é mantido no dissecador até a sua utilização nos bioensaios. 2.3. Prospecção fitoquímica da espécie estudada (CCD) Para as análises por CCD foram utilizadas placas de alumínio de sílica gel 60 F254 Merck de tamanho 20 x 20 cm e 0,2 mm de espessura de adsorção. O método empregado na identificação das principais classes de metabólitos secundários (taninos, flavonoides, açucares, saponinas, esteroides e terpenoides) foi estabelecido por Wagner e Bladt (1996). 2.4 Bioensaios 2.4.1. Testes de Artemia salina: Os ovos de Artemia salina foram colocados em recipiente com água do mar com aeração e temperatura de 25 C por 48 horas, até sua eclosão. Após a eclosão foram coletados A. salina, e analisados quanto à viabilidade e divididos em cinco grupos de aproximadamente 10 espécimes da seguinte forma: um grupo controle (0) apenas água do mar e os quatro grupos expostos ao extrato aquoso de S. Brasiliensis, nas concentrações de 62,5, 125, 250 e 500ppm por 24 horas a 25 C. Testes realizados em quadruplicatas avaliaram mortalidade e sobrevivência (MEYER et al., 1982). 2.4.2 Analise estatística: Os resultados foram analisados utilizando o programa GraphPad Prism 5.0 através da análise de variância (ANOVA) e pelo teste estatístico Newman-keuls com p< 0,05 3. RESULTADOS e DISCUSSÕES O ensaio ecotoxicológico é realizado para avaliar com segurança o efeito tóxico das substancias ou do meio contaminado, além de deduzir de forma indireta o risco para o meio ambiente (KNIE e LOPES, 2004). Testes com A. salina é bastante empregada quando se querem investigar a citotoxicidade de extratos de plantas em estudos, principalmente as plantas de grande importância para a medicina popular. Na tabela 1 mostra os resultados das A. salina expostos ao extrato aquoso da casca de S. Brasiliensis, durante 24 horas. Os resultados mostram que o extrato aquoso da casca de não apresentam diferenças estatisticamente significativa (p < 0,05) quando comparado ao grupo controle negativo, ou seja, o extrato aquoso não foi tóxico para as Artemias.

Tabela 1. Ilustra os resultados das A. salina expostos ao extrato aquoso de S. Brasiliensis por 24 horas. Grupos Vivos Mortos 62,5 40 0 125 40 0 250 40 0 500 39 1 Estudos realizados por LACERDA e colaboradores, (2011) com extratos brutos etanólico de M. tinctoria, T. diversifolia, N. oleander e M. urundeuva foram letais para Artemia salina com CL 50 de 21; 21; 27; 39,38 mg/ml. Estudos realizados no nosso laboratório no estado de Pernambuco com o extrato da casca de Anadenanthera colubrina por SÁ e colaboradores (2013) mostrou 25, 55, 92 e 97% contra as Artemias nas concentrações de 125, 250, 500 e 1000 µg/ml. Por tanto, constatamos que o extrato da casca de S. Brasiliensis foi menos tóxico do que os dois trabalhos acima citados. 5. Conclusão Entre tanto, podemos concluir que o extrato aquoso da casca de S. Brasiliensis, não apresentou atividade tóxica para as Artemias em todas as concentrações estudadas. 6. Referências Ab Saber, A.N. 1977. Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários. Paleoclimas (Instituto de Geografia, Universidade de São Paulo) 3: 1-19. BRISKIN, D.P. Medicinal plants and phytomedicines - Linking plant biochemistry and physiology to human health. Plant Physiology, v.124, p.507-514, 2000. CALOW, P. Marine and estuarine invertebrate toxicity tests. In: HOFFMAN, D. et al. Handbook in cytotoxicology. Oxford: Blackwell Scientific Publication, 1993. v. 1. p. 1-5. FORBES, V. E.; FORBES, T. L. Ecotoxicology in theory and practice. Londres: Chapman and Hall, 1994. 247 p.

MEYER, B. N., FERRIGNI, N. R., PUTNAN, J. E., JACOBSEN, L. B., NICHOLS, D. E., Mcl. AUGHLIN, J. Brine shrimp: A convenient general bioassay for active plant constituents. Journal of Medical Plant Research, v. 45, n.1, p. 31-34, 1982. PEREIRA, J.F. dos S. (2007). Avaliação do potencial antimicrobiano do extrato da casca de Schinopsis brasiliensis Engler: um estudo baseado na indicação etnofarmacológica. 2007. 60 f. Monografia (Licenciado e Bacharel em Ciências Biológicas), Campina Grande, UEPB. RIOS, F. J. B. Digestibilidade in vitro e toxicidade de lectinas vegetais para náuplios de Artemia sp.1995. Dissertação (Mestrado em Bioquímica) Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-Ce. SIMÕES, C.M.O. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. 1102 p. OLIVEIRA, H. B.; KFFURI, C. W.; CASALI, V. W. D. Ethnopharmacological study of medicinal plants used in Rosário da Limeira, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia, 20: 256-260. 2010. LEAL, I. R.; TABARELLI, M.; Silva, J. M. C. da. Ecologia e Conservação da Caatinga. Recife: UFPE, 2003. 804p.