VARIAÇÕES DO PADRÃO TÉRMICO DE OURINHOS E SUAS RELAÇÕES COM AS ATIVIDADES URBANAS

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Transcrição:

VARIAÇÕES DO PADRÃO TÉRMICO DE OURINHOS E SUAS RELAÇÕES COM AS ATIVIDADES URBANAS Débora Moreira de Souza (bolsista do CNPq) UNESP/Ourinhos deborabloson@yahoo.com.br Prof. Dr. Jonas Teixeira Nery UNESP/Ourinhos - jonas@ourinhos.unesp.br RESUMO O espaço, onde a cidade se insere, é sempre um lugar em transformação enquanto morada do homem, seu principal agente modificador. É neste contexto que Ourinhos (cidade paulista de médio porte) vem concentrando atividades econômicas e, conseqüentemente, problemas ambientais, da mesma forma que os grandes centros urbanos já realizaram. Diante deste quadro faz-se necessário identificar como as atividades sociais deste município tem sido responsáveis pelas variações do padrão térmico, ou seja, entender como ocorrem às inter-relações entre o homem e o ambiente, mais especificamente com o clima urbano neste município. O estudo de clima urbano tem se dedicado a compreender e contribuir para a mitigação dos possíveis impactos advindos da ação antrópica. É objetivo de tal estudo entender a variabilidade térmica e atual do clima de Ourinhos considerando o contexto urbano desta área. Identificar sazonalidades e as principais características climatológicas. Compreender os principais quadros de desconforto térmico no município em relação as suas características climáticas. Este trabalho compreende etapas distintas. Na primeira, será apresentada a análise da série histórica de temperatura (1992 a 2007), identificando variações diárias, mensais e anuais. A segunda etapa baseiase na mensuração do campo térmico realizado por trabalhos de campo no ano de 2008, visando mapear os atuais pontos de ocorrência de ilhas de calor, com base na coleta de dados em diferentes ambientes do município. Num terceiro momento será realizado o levantado do perfil físico, econômico e social de Ourinhos no período explorado a fim de relacionar com as variações térmicas identificadas. Na análise desenvolvida observaram-se as modificações dos perfis térmicos e como esta variável exerce função no Sistema Clima Urbano, do qual é responsável direto pelo conforto térmico. Observou-se, em muitos casos, a existência de ilhas de calor. Palavras-chave: clima urbano, variabilidade térmica, ilhas de calor. INTRODUÇÂO Segundo Duarte (2005) A incorporação crescente das áreas urbanas (...) faz com que os problemas ambientais sejam cada vez mais, uma prioridade dos poderes públicos. Ourinhos, cidade média do interior paulista, vem concentrando atividades urbanas que tendem a levar ao desenvolvimento de quadros ambientais degradantes (LIMA; NERY, 2008). Estudos com ênfase na Climatologia Urbana se dedicam a responder questões sobre: ilhas de calor; umidade atmosférica; circulação local; poluição do ar; ocorrências de nevoeiros; precipitação nas cidades; e clima e planejamento urbano. Muitos deles tendo por objetivo entender as interações entre o clima e as cidades e verificar como o planejamento urbano pode amenizar as condições climáticas extremas e suas consequências. Tais problemas foram facilmente identificados nas grandes metrópoles como São Paulo (GOUVÊA, 2007). Entretanto, os estudos de Clima Urbano têm considerado também as médias e pequenas cidades, como Piracicaba/SP (COLTRI, et al., 2007), pois as intervenções humanas não podem ser desconsideradas nesta escala de análise.

Assim, é necessário avaliar a relação das atividades no município em questão e o seu perfil térmico, no contexto da climatologia geográfica, contribuindo para a mitigação dos possíveis impactos advindos da ação antrópica. OBJETIVOS Esta análise tem por objetivo central compreender os principais quadros de desconforto térmico no município de Ourinhos em relação as suas características climáticas e urbanas, sendo seus objetivos específicos: Entender as variabilidades térmicas no contexto urbano desta área. Identificar sazonalidades em relação às ocorrências de ilhas de calor. METODOLOGIA A pesquisa sobre o padrão térmico do município de Ourinhos (Figura 1) levou em consideração a análise de uma série histórica da temperatura e a ocorrência de ilhas de calor dentro do contexto físico, econômico e social da história deste município. Figura 1 Identificação da área de estudo. Fonte: IBGE (2009).

Durante a primeira etapa foi analisado os dados térmicos de Ourinhos dentro do período de 1992 a 2007, disponibilizados pela Usina São Luis (instalada no município desde 1951). A base de dados da usina, trabalhadas no Excel, permitiu explorar as temperaturas máximas, mínimas e médias, de modo a estabelecer as variações: anual, mensal e diária. Na segunda etapa foi realizado monitoramento de campo durante o ano de 2008 em diversos pontos do município, tendo como objetivo reconhecer a espacialidade do campo térmico, principalmente no que se refere à formação de ilhas de calor. As isolinhas trabalhadas (no Software Surfer) neste artigo foram as de maiores contrastes térmicos em 2008, janeiro (verão) e julho (inverno). Por fim, a terceira etapa relacionou as características climatológicas observadas anteriormente com o perfil físico, econômico e social da cidade de Ourinhos. RESULTADOS A variabilidade anual (Figura 2) não indicou aumento da temperatura em função do passar dos anos, como esperado diante das discussões acerca do aquecimento global. C Variabilidade Térmica Anual de Ourinhos: 1992 a 2007 40 30 20 10 0 1992199319941995199619971998199920002001200220032004200520062007 anos MÉDIA MÁX MÉDIA MÍN MÉDIA ANUAL Figura 2 Variabilidade Térmica Anual de Ourinhos: 1992 a 2007 Em relação à variabilidade mensal (Figura 3) percebeu-se que mesmo nos meses de outono e inverno ocorreram temperaturas sempre superiores a 30 C, possivelmente caracterizando ilhas de calor em determinados horários destes meses.

Variablidade Térmica Mensal de Ourinhos: 1992 a 2007 C 40 30 20 10 0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez meses Máxima da Média Mensal Mínima da Média Mensal Média Mensal Figura 3 Variabilidade Térmica Mensal de Ourinhos: 1992 a 2007 Em se tratando da variabilidade diária (Figura 4) foi principalmente para dias de semana que se constatou as maiores temperaturas, contrastando com os fins de semana, que mantiveram temperaturas mais amenas em relação às terças-feiras, por exemplo. C 23,6 23,4 23,2 23,0 Variabilidade Térmica Diária de Ourinhos: 1992 a 2007 22,8 dom seg ter qua qui sex sáb Média Semanal Figura 4 Variabilidade Térmica Diária de Ourinhos: 1992 a 2007 No que se refere às isotermas, observou-se que no mês de janeiro (Figura 5) a amplitude máxima foi de 6,5ºC, sendo o valor máximo ocorreu nos bairros Itamaraty e Centro com valores aproximados de 35,1ºC. Já o valor mínimo foi dado no bairro Ouro Verde (28,6ºC). No Itamaraty fatores como elevada impermeabilização dos solos, alto índice de construções e falta de arborização favorecem a ocorrência de elevadas temperaturas do ar. No Centro estes fatores, aliado à concentração de atividades urbanas, contribuíram para a formação da ilha de calor que aí se gerou (Figura 5). O bairro Ouro Verde situa-se próximo ao córrego Monjolinho e ao Parque Ecológico da cidade, favorecendo um padrão de temperaturas mais amenas.

-22.88-22.9-22.92-22.94-22.96-22.98 Centro- SAE Ouro Verde -23-23.02 Itamaraty -49.92-49.9-49.88-49.86-49.84-49.82-49.8 Figura 5 Isotermas das 15h do dia 08 de janeiro de 2008 em Ourinhos. Além de temperaturas mais amenas, o mês de julho (Figura 6), teve menor amplitude máxima em relação a janeiro, de aproximadamente 5ºC. O valor máximo foi verificado nas Fazendas Santa Maria e Maryland com 27,5ºC, uma situação anômala, já que estas localidades encontram-se em áreas rurais, índices relativos de arborização e presença hídrica em suas proximidades, no entanto não houve formação de ilha de calor. A estação meteorológica da Universidade (distante da área central e com a presença das plantações de eucaliptos) registrou 22,6ºC, enquadrando-se como uma das ilhas de frescor observadas na cidade. No que tange ao seu perfil, destaca-se que Ourinhos se insere na região onde atua desde sistemas polares a sistemas equatoriais, segundo Monteiro (1973) apud Sant anna Neto e Aleixo (2006). Estas dinâmicas climáticas se combinam com o quadro dos fatores naturais do município, as quais por sua vez, combinadas com as atividades urbanas provocam climas particulares.

-22.88-22.9 Faz. Marylândia -22.92-22.94 UNESP -22.96-22.98-23 -23.02 Faz. Sta Maria -49.92-49.9-49.88-49.86-49.84-49.82-49.8 Figura 6 Isotermas das 15h do dia 08 de janeiro de 2008 em Ourinhos. Esses fatores naturais, localização geográfica de fácil acesso a outros estados, relevo suavemente ondulado, abundante hidrografia, remanescentes da Mata Atlântica, entre outras, contribuíram para a ocupação de Ourinhos, a qual teve início no século XX com a implantação da ferrovia Sorocabana (D AMBRÓSIO, 2004). A monocultura do café se estabeleceu na região e desenvolveu-se (econômica e populacionalmente) rapidamente em Ourinhos. Atualmente esta população soma cerca de 100.000 habitantes, entre descendentes de estrangeiros, brasileiros e índios (IBGE, 2009). Em Ourinhos desenvolvem-se atividades típicas do ambiente urbano: forte comércio, setor de serviços e parque industrial diversificado (D AMBRÓSIO, 2004). Mas é a agroindústria da cana-deaçúcar sua principal fonte de rendas (IBGE, 2009). Diante do contexto anterior evidencia-se as modificações na relação da sociedade e da natureza, de forma a criar climas típicos de ambientes urbanos.

CONCLUSÔES Na análise histórica, para o período de 1992 a 2007, nota-se temperaturas médias de 23 C, não apresentando tendências ou anomalias. Todos os meses apresentam temperaturas elevadas em algum momento do ano, sobretudo nos dias úteis em relação aos fins de semana. Para as isolinhas, do ano de 2008, observa-se como as diferentes formas de uso e ocupação do solo influência na distribuição espacial da temperatura, embora. As condições geográficas observadas em Ourinhos, bem como as atividades aí desenvolvidas, ajudam a compreender as suas variações térmicas. E, portanto, como as atividades urbanas produzem efeitos previsíveis no microclima de Ourinhos. BIBLIOGRAFIA COLTRI, P. P. et. al. Variabilidade dos principais elementos climatológicos e urbanização na região de Piracicaba/SP. BioEng, Campinas, 1 (2): 197-208, mai./ago., 2007. D AMBRÓSIO, C. OURINHOS: um século de história. São Paulo: Noovha América, 2004. ANDRADE, H. O clima urbano natureza, escalas de análise e aplicabilidade. Finisterra, XL, 80, 2005, pp 67-91. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Cidades: Ourinhos. Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: janeiro de 2009. GOUVÊA, M. L. Cenários de Impacto das Propriedades da Superfície sobre o Conforto Térmico Humano na Cidade de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Ciências Atmosféricas) Universidade de São Paulo, São Pulo, 2007. LIMA, B. R. O.; NERY, J. T. Clima Urbano no município de Ourinhos. Ourinhos: FAPESP - Relatório Parcial de Iniciação Cientifica, jan. 2008. SANT ANNA NETO, J.L.; ALEIXO, N.C.R., Clima e saúde: o ritmo climático e a combustão da biomassa como agentes da gênese da morbidade do aparelho respiratório no espaço urbano no município de Ourinhos/SP. Ourinhos: Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica, 2006. USINA SÃO LUIZ S/A Fernando Luiz Quagliato e outros. Dados obtidos em Planilhas do Excel. Acesso em outubro de 2008.