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Transcrição:

ACÓRDÃO Registro: 2018.0000050414 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1016051-42.2017.8.26.0562, da Comarca de Santos, em que é apelante TAM LINHAS AÉREAS S.A, é apelado LUIZ EDUARDO DE OLIVERA DOS SANTOS (REPRESENTADO) (JUSTIÇA GRATUITA). ACORDAM, em 37ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ISRAEL GÓES DOS ANJOS (Presidente) e JOSÉ TARCISO BERALDO., 6 de fevereiro de 2018. SERGIO GOMES RELATOR Assinatura Eletrônica

Apelação nº 1016051-42.2017.8.26.0562 Apelante: Tam Linhas Aéreas S.a Apelado: Luiz Eduardo de Olivera dos Santos (representado) Comarca: Santos Voto nº 33945 APELAÇÃO AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - TRANSPORTE AÉREO OVERBOOKING - SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. Argumentos da empresa aérea, ora apelante, que não convencem - Overbooking - Dano moral in re ipsa - Responsabilidade objetiva - Empresa que deve responder por toda má prestação de serviços - Montante indenizatório adequadamente fixado (R$ 10.000,00 - dez mil reais), considerando a prática de overbooking, o extravio de bagagem, a necessidade de compensar o abalo moral sofrido, pois comprometeu psicológica e fisicamente a participação do autor em um torneio de tênis importante, e prevenir a parte ré de praticar os mesmos ilícitos. SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. Cuida-se de recurso de apelação interposto por TAM - LINHAS AÉREAS S/A contra a r. sentença de fls. 91/96, cujo relatório se adota em complemento, que julgou procedente a ação de indenização por danos morais movida por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA DOS SANTOS (menor representado por sua genitora), para condená-la ao pagamento de indenização por danos morais, fixada em R$ 10.000,00 (dez mil reais). Em seu recurso (fls. 99/116), a ré alega que (a) o overbooking não é uma prática ilegal, mas regulamentada, que visa a equilibrar outra prática do transporte aéreo nacional e internacional, conhecido como no show, que ocorre quando o passageiro faz reserva, bloqueia assento e não comparece para embarque; (b) não mediu esforços para solucionar o caso, evitando maiores contratempos, e possibilitando ao cliente que embarcasse em outro voo, cumprindo aquilo que lhe competia, conforme Resolução nº 141/2010 da ANAC; (c) não há nexo de causalidade entre a conduta do réu e eventual dano sofrido pela parte Apelação nº 1016051-42.2017.8.26.0562 -Voto nº 33945 2

autora, bem como não há prova nos autos de qualquer evento que tenha causado algo maior que um mero aborrecimento corriqueiro do convívio social ; (d) a parte Recorrida se limitou a fazer alegações, mas prova nenhuma fez quanto ao prejuízo experimentado, razão pela qual o pedido indenizatório formulado deverá ser rejeitado e; (e) subsidiariamente, requer a redução do quantum indenizatório. 128/131). Recurso tempestivo, preparado e respondido (fls. Manifestação da douta procuradoria Geral de Justiça pelo desprovimento do recurso (fls. 134/136). É O RELATÓRIO. O recurso não convence. A inicial, em resumo, narra que adquiriu bilhetes junto a empresa ré, para o itinerário Curitiba- VOO 4707, embarque em 08/04/2017, às 19:23 horas, com chegada prevista em às 20:40 horas. Aduz que chegando em embarcaria para a cidade de Assunção, Paraguai-voo 0713, às 22:30 horas, com previsão de chegada às 23:35 horas. Esclarece que é atleta de alta performance no tênis e que estava a caminho do Torneio Mundial de Tênis. Ocorre que ao realizar o check in em Curitiba foi informado que não poderia embarcar no vôo, pois não havia poltrona disponível na aeronave. Observa, ainda, que sua bagagem acabou indo nesse vôo. Tendo em vista a situação, a empresa ré, após as 22:00 horas, forneceu-lhe alimentação e acomodação, porém ficou sem nenhum vestuário consigo, vez que sua mala foi despachada no vôo que ele não embarcou. Ressalta, ainda, que a situação lhe trouxe muita tensão, gerada, principalmente, pelo risco de perder o torneio de tênis, vez que seu desempenho restou prejudicado devido à confusão. Pois bem. Apelação nº 1016051-42.2017.8.26.0562 -Voto nº 33945 3

Os documentos produzidos corroboram de forma cabal o evento danoso originado da conduta da ré - o overbooking. Esta circunstância causou uma série de consequências que geraram dano moral. Assim, ao contrário do que sustentou a ré, a questão tratada nos autos não se conflagrou em mero aborrecimento. O atraso da viagem, o extravio de sua bagagem, as diligências para resolver a situação que comprometeu psicológica e fisicamente a participar de um torneio de tênis importante são elementos que juntos, conduzem ao reconhecimento de que a falha na prestação de serviços foi grave, aptos a ensejar a indenização por danos morais. Ademais, como bem ressaltado em contrarrazões: nos termos da Resolução [141/2010] deverá a apelante, procurar por passageiros que se voluntariem a embarcar em outro voo, mediante compensações. Caso não seja possível deverá embarcar o passageiro em voo próprio ou de terceiro o mais breve possível. No presente caso, não foi disponibilizado para o apelado, menor de idade, voo de terceiro ou alguma compensação. Nem se tem conhecimento se foi solicitado algum voluntário para realizar a troca. Simplesmente foi impedido de embarcar sem justificativa nenhuma (fls. 130). Em casos semelhantes, este E. Tribunal de Justiça: Indenizatória por danos Transporte aéreo Remanejamento e atraso de voo em virtude de overbooking Aplicação do Código de Defesa do Consumidor Responsabilidade objetiva da companhia aérea Inteligência do art. 14 do CDC Inexistência de quaisquer elementos de prova a infirmar a alegação do autor no sentido da impossibilidade de embarque no voo originalmente contratado decorrente da prática de overbooking Prática ilícita que ensejou o remanejamento do requerente para outro voo com subsequente atraso em decorrência de problemas Apelação nº 1016051-42.2017.8.26.0562 -Voto nº 33945 4

técnicos na aeronave Falha na prestação de serviços caracterizada Danos morais que se comprovam com o próprio fato (damnum in re ipsa) Indenização que deve ser arbitrada em consonância com os princípios da razoabilidade e ponderação Sentença reformada Recurso provido. (Apelação nº 1001324-24.2017.8.26.0483, rel. Des. Francisco Giaquinto, j. em 09/11/2017). DANO MORAL Overbooking Passageiros impedidos de embarcar em voo previamente contratado Aflição e desconfortos causados ao consumidor Dano moral in re ipsa Dever de indenizar Caracterização Precedentes do STJ: É cabível a condenação de companhia aérea que pratica overbooking ao pagamento de danos morais a passageiro que é impedido de embarcar em voo previamente contratado. Essa responsabilidade opera-se, in re ipsa, por força do simples fato da sua violação em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo passageiro, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça. DANO MORAL Fixação que deve servir como repreensão do ato ilícito Enriquecimento indevido da parte prejudicada Impossibilidade Razoabilidade do quantum indenizatório: A fixação de indenização por danos morais deve servir como repreensão do ato ilícito e pautada no princípio da razoabilidade sem que se transforme em fonte de enriquecimento indevido da parte prejudicada. Bem por isso, diante da fixação da indenização por danos morais com observância ao princípio da razoabilidade, mantém- o quantum fixado em sentença. DANO MATERIAL Indenização Lesão ao patrimônio Demonstração Ocorrência: A indenização por danos materiais é devida quando há a demonstração efetiva dos prejuízos causados ao patrimônio do ofendido. HONORÁRIOS RECURSAIS Sentença proferida sob a égide do CPC/2015 Recurso não provido Majoração necessária, com fulcro no art. 85, 11º, do CPC/2015: Em se tratando de sentença proferida sob a égide do CPC/2015, mostra-se necessária a majoração de honorários devidos ao patrono do apelado, em virtude do não provimento do recurso, com fulcro no 11º do mesmo artigo. RECURSO NÃO PROVIDO. (Apelação nº 1000519-82.2016.8.26.0038, rel. Des. Nelson Jorge Júnior, j. em 16/10/2017). Apelação nº 1016051-42.2017.8.26.0562 -Voto nº 33945 5

APELAÇÃO - OVERBOOKING - DANOS MORAIS. Por não ter comprovado a ocorrência do referido problema técnico na aeronave, vale a presunção da prática de overbooking pela companhia aérea. Overbooking pela companhia aérea - dano moral - critério de proporcionalidade e razoabilidade - valor de R$ 15.000,00. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação n 0146224-49.2010.8.26.0100, rel. Des. Carlos Abrão). DANOS MORAIS - Overbooking e Atraso demasiado no embarque do vôo com destino ao Brasil - Descaso com os passageiros a configurar a infringência aos deveres de auxílio, segurança e bem estar, e a ofensa ao princípio da boa-fé objetiva, além do dever de informação - Dano moral caracterizado. (Apelação n 0004023-26.2009.8.26.0405, rel. Des. Tasso Duarte de Melo). O STJ, em jurisprudência já cimentada, também se manifestou: Consoante entendimento jurisprudencial firmado nesta Corte Superior, o dano moral oriundo de "overbooking" decorre do indiscutível constrangimento e aflição a que foi submetido o passageiro e da própria ilicitude do fato. (EDcl no Ag 977.762/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/08/2011) O dano moral não necessita ser comprovado. O desassossego passível de compensação resta configurado quando se molesta a parte afetiva do patrimônio do lesado, como no caso de frustração, dor e tristeza, o que claramente ocorreu na hipótese vertente. Evidenciado o dano moral, convém dizer que o mesmo não pode ser recomposto, já que é imensurável em termos de equivalência econômica. A indenização a ser concedida é apenas uma justa e necessária reparação em pecúnia, como forma de atenuar o padecimento sofrido e de prevenir a mesma conduta danosa por parte da parte que pratica o ilícito. Atento a todos estes fatores, entende-se adequado o Apelação nº 1016051-42.2017.8.26.0562 -Voto nº 33945 6

montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fixado na r. sentença, valor que bem atende aos parâmetros mencionados acima, sem que se possa cogitar de enriquecimento do lesado. Porque sem sucesso em seu recurso, resta mantida a condenação da ré nos consectários da sucumbência, já fixado em primeiro grau no teto previsto na lei de regência (20% sobre o valor atualizado da condenação). Consigne-se, por derradeiro, que é pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que tratandose de prequestionamento, é desnecessária a citação numérica dos dispositivos legais bastando que a questão posta tenha sido decidida (ED em RMS nº 18205-SP, rel. Min. Felix Fischer, j. 18/04/2006). Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso. SERGIO GOMES Relator Apelação nº 1016051-42.2017.8.26.0562 -Voto nº 33945 7