Criopreservação de embriões



Documentos relacionados
Criopreservação de embriões

Criopreservação de sêmen. Dr: Ribrio Ivan T.P. Ba1sta

Criopreservação de Embriões

Criopreservação de Embriões

Propriedades Coligativas

ELEN SILVIA CARVALHO SIQUEIRA PYLES CRIOPRESERVAÇÃO DE EMBRIÕES BOVINOS

VITRIFICAÇÃO DE SÊMEN SUÍNO

INSTRUÇÃO DE TRABALHO Determinação de Amido e Carboidratos Totais em Produtos de Origem Animal por Espectrofotometria UV/Vis

2. Como devo manusear o sêmen durante a sua retirada do botijão?

IMDESIL 25. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS: IMDESIL 25, é um produto liquido, viscoso, espumante, biodegradável, apresenta cheiro característico e PH acido.

SINAIS VITAIS. Base teórica

Curva de Crescimento e Produtividade de Vacas Nelore

Disciplina de Físico Química I - Tipos de Soluções Propriedades Coligativas. Prof. Vanderlei Inácio de Paula contato: vanderleip@anchieta.

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

deslocamento de ar) princípios de funcionamento

FARMACOPEIA MERCOSUL: MÉTODO GERAL PARA A DETERMINAÇÃO DA FAIXA OU TEMPERATURA DE FUSÃO

Ciências do Ambiente

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELO CALOR

CONCENTRADO DE ANTICONGELANTE FWF-K/MISTURA PRONTA DE ANTICONGELANTE FWF-F

Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico

Produtos - Saúde Pública / Raticidas / Klerat

As propriedades coligativas não dependem da natureza química do soluto, mas apenas do número de partículas do soluto presente em relação ao total.

Ambiente Produtos de Limpeza Ltda. FISPQ - FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Veterinária Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal

Criopreservação de Oócitose Embriões

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO

Aditivos para argamassas e concretos

HIPEX SECANT Abrilhantador Secante para Louças

VITAMINA C (ÁCIDO ASCÓRBICO) PÓ.

ULTRA-SOM NA PRESERVAÇÃO E PROCESSAMENTO DOS ALIMENTOS

1- IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA 2- COMPOSIÇÃO E INFORMAÇÕES SOBRE OS INGREDIENTES 3- IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS FISPQ. Produto: POROSO SC - C Data da última revisão: 01/11/2010 Página: 1 de 5 POROSO SC - C

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

DETERGENTE MAIS. Autorização ANVISA Produto Notificado: /

Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos VEDACIL

Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico

Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico DENTROL-N FISPQ: 006 Revisão: 001 Data: 08/02/2016 Página 1 de 6

FICHA DE INFORMAÇÃO E SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS MATERIAL SAFETY DATA SHEET (MSDS) NIPPO-FER

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA PERMEABILIDADE DAS MEMBRANAS CELULARES

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

METASSILICATO DE SÓDIO

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

Comunicado Técnico. Introdução

DESINFETANTE HIPEZA Desinfetante de Uso Geral

SULFATO DE ALUMÍNIO PÓ

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

FISPQ - FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS - FISPQ

TECNOLOGIA DO SÊMEN ANÁLISE DO SÊMEN

FISPQ. Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico. ELEVADOR DE ph MALTEX 2. COMPOSIÇÃO E INFORMAÇÕES SOBRE OS INGREDIENTES

Formas farmacêuticas líquidas - Soluções

PRODUTO: SILICATO DE SÓDIO ALCALINO FISPQ - FICHA DE INFOMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS ÍNDICE 1. IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA

F.I.S.P.Q. FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO TIPO DE PRODUTO : DESINFETANTE HOSPITALAR PARA SUPERFICIES FIXAS

Cuidados essenciais para maior produtividade na criação de bovinos

Biologia. Sistema circulatório

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS FISPQ


FISPQ Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico

FISPQ FITA CREPE FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Química 12º Ano. Unidade 2 Combustíveis, Energia e Ambiente. Actividades de Projecto Laboratorial. Janeiro Jorge R. Frade, Ana Teresa Paiva

Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico - FISPQ

Corte Plasma. Processo de corte plasma

NOTA TÉCNICA N o 014/2012

Ficha Técnica de Fiscalização

Reagentes para Biologia Molecular

QBQ 0316 Bioquímica Experimental. Carlos Hotta. Apresentação da disciplina

1 - IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA 2 - IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS 3 - COMPOSIÇÃO E INFORMAÇÕES SOBRE OS INGREDIENTES. Nome: MASSA PARA MADEIRA

FICHA DE INFORMAÇÃO E SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS MATERIAL SAFETY DATA SHEET (MSDS) LAT 54

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO

Prof. José Antonio Ribas

FICHA DE INFORMAÇÃO E SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS MATERIAL SAFETY DATA SHEET (MSDS) NIPPOGYN AC-3000

5. Medidas de combate a incêndio. 6. Medidas de controle para derramamento ou vazamento. 7. Manuseio e armazenamento

COAGULAÇÃO DE PROTEÍNAS DO LEITE

DUTOS E CHAMINÉS DE FONTES ESTACIONÁRIAS DETERMINAÇÃO DE DIÓXIDO DE ENXOFRE. Método de ensaio

FICHA DE DADOS DE SEGURANÇA Redigida e apresentada segundo o especificado na norma ISO (Novembro 1994)

BT 0082 BOLETIM TÉCNICO RESINA CERAMIC REPAIR_ ENDURECEDOR CERAMIC REPAIR

Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico Conforme NBR14725, de julho/2005 e 1907/2006/EC

GEOLOGIA PARA ENGENHARIA CIVIL INTEMPERISMO: PROCESSOS QUE MOLDAM A SUPERFÍCIE

Superlista Membrana plasmática

FICHA DE DADOS DE SEGURANÇA

DNA VEGETAL NA SALA DE AULA

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO MANTA PARA LAMINAÇÃO

ANTI D IgM +IgG Monoclonal (Humano)

Manejo reprodutivo de caprinos e ovinos

Comércio de Produtos Químicos

Mudanças de fase. Temperatura e pressão críticas Os gases são liquefeitos sob o aumento da pressão a uma temperatura.

Q TIC. Produtor/ Fornecedor:... Quimil Indústria e Comércio LTDA

Água, Soluções e Suspensões.

Como prever a falência ovariana? Taxas de sucesso com congelamento/fiv

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RESFRIAMENTO RADIAL EM SUCOS DILUÍDO E CONCENTRADO

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUIMICO - FISPQ

Transporte através da Membrana Plasmática. Biofísica

Os consumidores dão maior importância no momento da compra da carne para cor, gordura visível, preço e corte da carne, entretanto com relação à

MIXER INOX. Manual de Instruções

Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico Nome do produto: PIROFOSFATO DE SÓDIO DM80

EFEITO DA RADIAÇÃO GAMA EM PROSTAGLANDINA

Transcrição:

Criopreservação de embriões Vicente J.F. Freitas Biotecnologia da Reprodução Animal Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução www.uece.br/lfcr Aula ministrada por: M.Sc. Ribrio Ivan T. P. Batista

1. PRINCÍPIO DA CRIOPRESERVAÇÃO 1. Danos causados pela criopreservação 2. Proteção contra danos 2. TÉCNICAS DE CRIOPRESERVAÇÃO DE EMBRIÕES 3. FATORES QUE AFETAM O SUCESSO DA TÉCNICA 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conceito Redução ou mesmo parada de todos os fenômenos biológicos (movimentos moleculares, reações químicas e atividades enzimáticas), as temperaturas inferiores a - 150 C.

Histórico Embrião de camundongo (Whittingham et al., 1972) Embrião de bovino (Wilmut e Rowson, 1973) Embrião de ovino (Willadsen et al., 1976) Embrião de caprino (Bilton e Moore, 1976)

Vantagens 1. Otimização das biotecnologias reprodutivas. 2. Conservação de material genético extinção/produção. a. Preservação de raças em vias de extinção. 3. Prevenção de perdas de animais vivos durante o transporte. 4. Adequação a época de parições.

Princípio da criopreservação O p r o t o c o l o e m p r e g a d o n a criopreservação de uma célula deve ser suficientemente lento para prevenir a cristalização da água intracelular e suficientemente rápido para prevenir a exposição das células a elevadas concentrações de eletrólitos antes da congelação.

Lesões nas membranas Danos

Desnaturação proteíca Danos

Desnaturação do citoesqueleto Danos

Proteção Ø Crioprotetores ü Proteção celular ü Reduzem a formação de cristais de gelo ü Reduzem do ponto crioscópico da água ü Maior estabilidade a membrana celular

Proteção Crioprotetores Substituem e/ou removem a água intracelular Intracelulares (penetrantes) Etilenoglicol, dimetilsufóxido, glicerol, propanodiol, butanodiol e metanol Extracelulares (não penetrantes) Lactose, glicose, sacarose, polivinilpirrolidona, manitol, trealose e albumina sérica bovina (BSA)

Proteção Crioprotetores Moléculas protetoras do citoesqueleto Citocalasina B

Proteção Toxicidade de Crioprotetores Concentração Entre 1 e 2 M Tempo de exposição 10 a 20 min. Nível de toxicidade Etilenoglicol Glicerol Propilenoglicol

Métodos Métodos de criopreservação Congelamento lento Convencional One-Step Vitrificação OPS Em grade de microscopia eletrônica de transmissão Cryollop Micropipetas de vidro GMP Em superfície sólida de vitrificação SSV Microgotas Hemi-palhetas ( Hemi Straw )

Congelação lenta São utilizados taxas de resfriamento que permitem a troca de água intracelular por crioprotetor, sem grandes efeitos osmóticos ou mudanças na forma celular, prejudiciais á funcionalidade das células.

Congelação lenta Etapas de congelação lenta com etilenoglicol 1. Lavar embriões em PBS com 0,4% de BSA 2. Equilíbrio com 1,5 M de etileno glicol em PBS com 0,4% de BSA por pelo menos 5 ;

Congelação lenta Etapas de congelação lenta com etilenoglicol 3. Envase durante o equilíbrio (mínimo de três colunas, separadas por bolhas de ar; embrião na coluna do meio) 4. Levar palhetas ao congelador de embriões (já estabilizado entre -5 e -7ºC); 5. Deixar por 5 minutos a -5/-7ºC;

Etapas de congelação lenta com etilenoglicol Congelação lenta

Congelação lenta Etapas de congelação lenta com etilenoglicol 6. Realizar o seeding; 7. Confirmar formação do gelo nas palhetas; 8. Deixar mais 5 min. a -5/-7ºC;

Congelação lenta Etapas de congelação lenta com etilenoglicol 8. Deixar mais 5 min. a -5/-7ºC; 9. Iniciar curva de congelação (-0,3 a -0,6ºC/min); 10.Após atingir 32ºC, mergulhar palheta em N2 liquido (não tocar palheta com as mãos).

Congelação lenta Etapas de descongelação lenta com etilenoglicol 1. Descongelação: 5 no ar e 30 em banho-maria a 35-37ºC 2. Palheta é montada diretamente no inovulador ; 3. Recomendado não levar mais do que 20 entre a descongelação e a inovulação; 4. Não existe avaliação prévia do embrião.

Vitrificação Ø Estado líquido estado vítreo (amorfo) Ø Crioprotetores com alto grau de viscosidade Ø Crioprotetores: etilenoglicol e DMSO Ø Alta velocidade na congelação (imersão direta no N2)

Vitrificação Vitrificação por OPS (Vajta, 1998). Ø Palheta de 0,25 ml esticada (diâmetro interno pequeno) Ø Crioprotetores: Ø Meios Ø Solução I (VS1): Ø TCM Hepes + SFB (20%) Ø Etilenoglicol (7,5%) e DMSO (7,5%) Ø Solução II (VS2): Ø TCM Hepes + SFB (20%) Ø Etilenoglicol (16,5%) e DMSO (16,5%) + sacarose (0,5 M)

Vitrificação VS1: 7,5% EG + 7,5% DMSO - 1 min VS2: 16,5% EG + 16,5% DMSO - 20 seg

Vitrificação

Vitrificação ü Reaquecimento: ü Meios: ü SM (sacarose 0,5 M): PBS+5%SFB ü Poço 1: 800 μl HM, 400 μl SM ü Poço 2: 800 μl HM, 400 μl SM 5 min ü Poço 3: 800 μl HM, 200 μl SM 5 min ü Poço 4: 800 μl HM P-1 P-2 P-3 P-4

Vitrificação Ø Vitrificação X Congelamento lento Ø Inconvenientes: Ø Ø Estresse osmótico Toxicidade químico de crioprotetor Ø Vantagens: Ø Ø Não precisa de um congelador programável Técnica muito rápida

Fatores influenciando o sucesso da técnica q Qualidade do embrião

Fatores influenciando o sucesso da técnica q Estádio de desenvolvimento embrionário

Fatores influenciando o sucesso da técnica q Raça Bos taurus x Bos indicus q Espécies zebuínas menor taxa de sobrevivência embrionária

q Origem do embrião Fatores influenciando o sucesso da técnica

Fatores influenciando o sucesso da técnica Tabela 1. Taxa de fertilidade ao parto e sobrevivência embrionária após inovulação de embriões vitrificados obtidos pela produção in vivo ou in vitro (COGNIÉ e BARIL, 2002). Parâmetro observado Ovinos In vivo In vitro Caprinos In vivo In vitro Número de receptoras 33 34 27 20 Parto (%) 70 a 15 ª 52 45 Sobrevivência embrionária (%) 49 b 9 b 37 30 Letras diferentes na mesma coluna: P < 0,001

Considerações Finais Ø Ambas as técnicas (congelação lenta e vitrificação) podem ser utilizadas para criopreservação de embriões. Ø A eficiência das duas técnicas podem variar de acordo com diversos fatores.