Aplicação da nova legislação do ICMS Emenda Constitucional 87/2015 O que é a emenda constitucional 87/2015? A Emenda Constitucional (EC) 87/2015, apresentou uma significativa alteração no conceito e no cálculo do ICMS nas operações interestaduais realizadas com consumidor final não contribuinte do imposto. Por se tratar de uma alteração na Constituição Federal, as novas regras passam a valer apenas no ano seguinte, ou seja, a partir de 01/01/2016. Com as novas regras, as operações com consumidor final contribuinte ou não do imposto passam a ter as mesmas alíquotas de ICMS aplicáveis, ou seja, não serão mais utilizadas as alíquotas internas da UF origem nas operações com consumidor final não contribuinte, e sim as alíquotas interestaduais como em qualquer outra operação. Apesar da Emenda ter recebido o "apelido" de emenda do e-commerce, pois gera maior impacto nas operações de vendas pela internet e telefone, as novas regras serão aplicadas independente da operação ser via e-commerce ou presencial. Link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc87.htm Diferencial de Alíquota e Partilha do ICMS Entende-se como diferencial de alíquota a diferença entre a alíquota interestadual e a alíquota interna na UF de destino e conforme determinado pela EC 87/2015 o recolhimento deste valor será de obrigação do estabelecimento remetente quando o destinatário não for contribuinte do ICMS. Também foi definida uma regra transitória para adequação dos caixas dos estados, sendo então o diferencial de alíquota partilhado entre os estados de origem e destino durante alguns anos, veja a tabela abaixo: Ano UF Origem UF Destino 2016 60% 40% 2017 40% 60% 2018 20% 80% A partir de 2019 100% Inicialmente a maior parte será recolhida para a UF Origem, sendo gradativamente recolhida em maior parte para a UF Destino, até que em 2019 seja completamente recolhida para a UF Destino. Página 1 de 5
Exemplo do cálculo e Alíquotas Alterações e alíquotas aplicadas a partir de 01/01/2016: Observar a alíquota interestadual: Operações com estados do Sul e Sudeste (exceto ES): 12% Operações com estado do Centro-Oeste, Norte, Nordeste e ES: 7%; Operações com produtos importados ou com conteúdo de importação superior a 40% (Resolução 12/2012): 4%. Link Tabela de alíquotas interestaduais: Exemplo de uma operação interestadual com consumidor final (SP > SC). A alíquota do ICMS desta operação é de 12% entre os Estados. Porém, a alíquota deste produto dentro de Santa Catarina é 18%. Neste caso a empresa deverá recolher 6% de ICMS referente à diferença de alíquotas desta compra. Base de cálculo do ICMS: R$ 2.000,00 Alíquota do ICMS: 12% Valor do ICMS: R$ 240,00 Diferencial de alíquota: 6% (Alíquota interna em SC 18% - Alíquota interestadual 12%) - R$ 120,00 Valor do diferencial (SP): R$ 72,00 (60%) Valor do diferencial (SC): R$ 48,00 (40%) Total do ICMS a recolher para SP: R$ 312,00 (R$ 240,00 + R$ 72,00) De acordo com o Convênio ICMS nº 93/2015 o recolhimento do diferencial de alíquota para a UF de Destino deverá ocorrer via GNRE ou documento similar definido pela legislação estadual. Os estados poderão definir também se o recolhimento será por documento ou poderá ser mensal mediante a inscrição como substituto tributário do Remetente da UF de Destino (mesma dinâmica do ICMS ST). - Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza O Fundo de Combate à Pobreza, também conhecido como FCP ou FECP, está previsto na Constituição Federal e pode ser adotado pelos estados desde que seja regulamentado em suas legislações. Página 2 de 5
Na prática o FCP representa um adicional do ICMS de no máximo 2% nas operações com determinados produtos (definidos na legislação de cada estado). Esse adicional deve ser aplicado em todas as operações com estes produtos, seja na venda por contribuintes do estado onde o FCP está instituído, vendas interestaduais com Substituição Tributária ou na compra por contribuintes do ICMS para uso e consumo, onde eles recolhem o FCP e agora (a partir de 2016) na venda para não contribuintes onde o recolhimento será de responsabilidade do destinatário. Esse valor será recolhido para o estado de destino que tiver o FCP instituído e deverá ser destacado na Nota Fiscal Eletrônica. Não há partilha do FCP, o seu recolhimento será apenas para a UF de destino. Exemplo de uma operação interestadual com consumidor final (SP > SC) com um produto enquadrado no FCP em 2016. Base de cálculo do ICMS: R$ 1.000,00 Alíquota do ICMS: 12% Valor do ICMS: R$ 120,00 Diferencial de alíquota: 7% - R$ 70,00 FCP 2%: R$ 20,00 Valor do diferencial (SP): R$ 42,00 (60%) Valor do diferencial (SC): R$ 28,00 (40%) Total do ICMS a recolher para SP: R$ 162,00 (R$ 120,00 + 42,00) Total do ICMS (Difal + FCP) a recolher para RJ: R$ 48,00 (R$ 20,00 + R$ 28,00) Link Tabela de Fundo de Pobreza: Nota Fiscal Eletrônica A Nota Técnica 2015.003 da NF-e trouxe algumas novas tags a serem informadas no arquivo XML, além de regras de validação. O grupo <ICMSUFDest> que contempla as tags relacionadas ao diferencial de alíquota, partilha e FCP deve ser obrigatoriamente informado nas notas fiscais de operação interestadual (iddest=2) com consumidor final (indfinal=1) não contribuinte (indiedest=9), caso não seja informado as notas fiscais serão rejeitadas. Por enquanto não há alteração no leiaute do DANFE, mas as empresas remetentes devem informar, no campo de "Informações Complementares", os valores descritos no grupo de tributação do ICMS para a UF de destino. Página 3 de 5
Os Códigos Fiscais de Operação (CFOP) utilizados nas operações de venda são o 6.107 (produção própria) e o 6.108 (mercadoria adquirida de terceiros). CFOP 6.107: Venda de produção do estabelecimento, destinada a não contribuinte Classificam-se neste código as vendas de produtos industrializados ou produzidos por estabelecimento de produtor rural, destinadas a não contribuintes. Quaisquer operações de venda destinadas a não contribuintes deverão ser classificadas neste código. CFOP 6.108: Venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros, destinada a não contribuinte Classificam-se neste código as vendas de mercadorias adquiridas ou recebidas de terceiros para industrialização ou comercialização, que não tenham sido objeto de qualquer processo industrial no estabelecimento, destinadas a não contribuintes. Quaisquer operações de venda destinadas a não contribuintes deverão ser classificadas neste código. Responsabilidade, Pagamento do Imposto e GNRE Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais A responsabilidade pelo recolhimento do ICMS correspondente ao diferencial de alíquotas, em favor da Unidade da Federação de destino, foi atribuída expressamente ao remetente, em se tratando de operações destinadas a não contribuintes. O assunto encontra-se disciplinado no artigo 155, 2, inciso VIII, alínea b, da Constituição Federal, em sua nova redação dada pela Emenda Constitucional n 87/2015. Segundo a cláusula quarta do Convênio ICMS 93/2015, o recolhimento deve ser efetuado por meio da Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais (GNRE) ou outro documento de arrecadação, de acordo com a legislação da unidade federada de destino, por ocasião da saída da mercadoria, em relação a cada operação. O documento de arrecadação deve mencionar o número do respectivo documento fiscal e acompanhar o trânsito da mercadoria. A cláusula quinta do Convênio ICMS 93/2015 indica que, a critério da Unidade Federada de destino e conforme dispuser a sua legislação tributária, pode ser exigida ou concedida ao contribuinte localizado na unidade federada de origem inscrição no Cadastro de Contribuintes do ICMS - ficando dispensado de nova inscrição estadual ou distrital o contribuinte que já possua inscrição na condição de substituto tributário na Unidade Federada de destino. Possuindo a inscrição como substituto, o contribuinte deve efetuar o recolhimento até o décimo quinto dia do mês subsequente à saída do bem ou ao início da prestação de serviço. A inadimplência do contribuinte inscrito em relação ao imposto devido ou a irregularidade de sua inscrição estadual ou distrital faculta à unidade federada de destino exigir que o imposto seja recolhido antecipadamente. A GNRE deve ser emitida através do link: http://www.gnre.pe.gov.br/gnre/portal/gnre_principal.jsp Página 4 de 5
Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo possuem um sistema próprio para emissão da GNRE através dos links. São Paulo Explicações: http://www.fazenda.sp.gov.br/guias/demais.asp GNRE: https://www.fazenda.sp.gov.br/guiasinternet/gare/paginas/gare.aspx Espírito Santo Explicações: http://internet.sefaz.es.gov.br/informacoes/gnre.php GNRE: http://e-dua.sefaz.es.gov.br/ Rio de Janeiro Explicações: http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/faces/oracle/webcenter/portalapp/pages/navigationrenderer.jspx?_afrloop=24725765598000&datasource=ucmserver%23ddocname%3a3380032&_adf.ctrlstate=1d6tdcrq7n_36 GNRE: http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/faces/oracle/webcenter/portalapp/pages/navigationrenderer.jspx?_afrloop=271634093696531&datasource=ucmserver%23ddocname%3aicmsitdtaxas&_afr WindowMode=0&_adf.ctrl-state=oq14tgioz_4 Códigos da Receita para emissão da GNRE através do Ajuste Sinief nº 11, de 04 de Dezembro de 2015 Link: https://www.confaz.fazenda.gov.br/legislacao/ajustes/2015/ajuste-sinief-11-15 - ICMS Consumidor Final não contribuinte outra UF por Operação - Código 10010-2 - ICMS Consumidor Final não contribuinte outra UF por Apuração - Código 10011-0 - ICMS Fundo Estadual de Combate à Pobreza por Operação - Código 10012-9 - ICMS Fundo Estadual de Combate à Pobreza por Apuração - Código 10013-7 ATENCIOSAMENTE EQUIPE ATC ZANARDI São Paulo 05/01/2016 Página 5 de 5