ICMS/SP Substituição Tributária

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1 Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo Tel. (11) ramal 1529 (núcleo de relacionamento) desenvolvimento@crcsp.org.br web: Rua Rosa e Silva, 60 Higienópolis São Paulo SP Presidente: Luiz Fernando Nóbrega Gestão Palestra ICMS/SP Substituição Tributária A reprodução total ou parcial, bem como a reprodução de apostilas a partir desta obra intelectual, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, de fotocópias e de gravação, somente poderá ocorrer com a permissão expressa do seu Autor (Lei n. 9610) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS: É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTA APOSTILA, DE QUALQUER FORMA OU POR QUALQUER MEIO. CÓDIGO PENAL BRASILEIRO ARTIGO 184. Elaborado por: GIULIANO KESSAMIGUIEMON GIOIA O conteúdo desta apostila é de inteira responsabilidade do autor (a). Outubro 2013 Apoio:

2 Introdução Os impostos são instituídos por lei, conforme a competência atribuída pela Constituição Federal. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o ICMS, conforme determina o artigo 155, inciso II, da CF/88. Sujeito ativo => Estado de São Paulo Representado pela Secretaria de Fazenda SEFAZ-SP Sujeição passiva O sujeito passivo é a pessoa obrigada ao pagamento do imposto ou penalidade pecuniária, que se divide em direto e indireto, ou seja, o contribuinte e o responsável (artigo 121 do CTN). a) contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; e b) responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de expressa disposição de lei. 1

3 Sujeição passiva Denomina-se substituto tributário ou sujeito passivo por substituição tributária o contribuinte eleito como responsável pela retenção e recolhimento do ICMS. Na substituição tributária por antecipação (para frente) o substituto tributário é o contribuinte responsável pelo cálculo, retenção e recolhimento do imposto incidente em relação às operações subsequentes com a mesma mercadoria, praticadas pelos demais contribuintes até a operação com o consumidor final. Sujeição passiva Será denominado substituído o contribuinte que sofrer a retenção do imposto, ou seja, que adquirir mercadorias com o imposto já retido pelo substituto e promover subsequentes operações com a mesma mercadoria. 2

4 Não-cumulatividade O ICMS será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal. Não-cumulatividade Exemplo hipotético Operação Normal 1º Contribuinte Cálculo do ICMS a) Valor da mercadoria: 200,00 b) Despesas Acessórias: 20,00 c) Frete: 60,00 d) Base de cálculo ICMS: 280,00 (a + b + c) e) Alíquota do ICMS: 18% f) Valor do ICMS operação própria: 50,40 (d x e) g) Alíquota do IPI: 10% h) Valor do IPI: 28,00 (a + b + c x g) i) preço total praticado pelo remetente: 308,00 (a + b + c + h) 3

5 Não-cumulatividade Exemplo hipotético Operação Normal 2º Contribuinte Cálculo do ICMS a) Valor da mercadoria: 380,00 b) Base de cálculo ICMS: 380,00 c) Alíquota do ICMS: 18% d) Valor do ICMS: 68,40 (b x c) 3º Contribuinte Cálculo do ICMS a) Valor da mercadoria: 431,20 b) Base de cálculo ICMS: 431,20 c) Alíquota do ICMS: 18% d) Valor do ICMS: 77,62 (b x c) Não-cumulatividade Exemplo hipotético Operação Normal 4

6 Conceito O instituto da substituição caracteriza-se pelo fato de a legislação atribuir a uma terceira pessoa, vinculada ao fato gerador do ICMS, a responsabilidade pelo recolhimento do imposto que seria devido pelo contribuinte que realizou o fato que enseja a cobrança do ICMS (fato gerador). A aplicação da substituição tributária não representa somente um recolhimento antecipado do imposto, vez que se atribui a um terceiro vinculado ao fato gerador a responsabilidade pelo imposto que seria devido por outro. Ou seja, mesmo não tendo dado causa à ocorrência do fato gerador, o Fisco cobrará do responsável tributário o imposto que seria devido pelo contribuinte originário. Com o objetivo de facilitar a arrecadação, bem como a fiscalização do imposto. 5

7 Exemplo hipotético Operação com Substituição Tributária 1º Contribuinte Substituto - Cálculo do ICMS ST a) Valor da mercadoria: 200,00 b) Despesas Acessórias: 20,00 c) Frete: 60,00 d) Base de cálculo operação própria: 280,00 (a + b + c) e) alíquota do ICMS: 18% f) Valor do ICMS operação própria: 50,40 (d x e) g) Alíquota do IPI: 10% h) Valor do IPI: 28,00 (a + b + c x g) i) IVA-ST: 40% j) Base de Cálculo ST: 431,20 (a + b + c + h + i) k) valor do ICMS retido: 77,62-50,40 = 27,22 l) preço total praticado pelo substituto: 335,22 (a + b + c + h + k) 6

8 Exemplo hipotético Operação com Substituição Tributária 2º Contribuinte Substituído Cálculo do ICMS ST retido cobrável a) Valor total do produto: 380,00 b) Valor do ICMS operação própria: 00,00 (ICMS retido pelo substituto) Cálculo do ICMS retido cobrável do destinatário c) Base de cálculo da ST: 431,20 (letra j do 1º contribuinte) d) Valor da operação do 2º contribuinte caso fosse tributada: R$ 380,00 e) Valor do ICMS operação própria caso fosse debitado: 68,40 (380,00 X 18%) f) Valor do ICMS que seria recolhido: 18,00 (68,40-50,40) g) Alíquota do ICMS: 18% h) Base de Cálculo do ICMS ST retido cobrável: 51,20 (c - d) i) Valor do ICMS retido cobrável: 9,22 (h x g) 7

9 Exemplo hipotético Operação com Substituição Tributária 3º Contribuinte Substituído Cálculo do ICMS ST retido cobrável a) Valor da mercadoria: 431,20 b) Valor do ICMS operação própria: 00,00 (ICMS retido pelo substituto) Cálculo do ICMS retido cobrável do destinatário e) Base de cálculo da ST: 431,20 (letra k do 1º contribuinte) f) Valor da operação do 3º contribuinte caso fosse tributada: R$ 431,20 g) Valor do ICMS operação própria caso fosse debitado: 77,62 (431,20 X 18%) h) Valor do ICMS que seria recolhido: 9,22 (77,62 68,40) i) Alíquota do ICMS: 18% 8

10 Exemplo hipotético Operação com Substituição Tributária Operações Interestaduais Para haver a substituição tributária em operações interestaduais, faz-se imprescindível a existência de acordo específico entre os Estados. Esses acordos são realizados através de Convênios ou Protocolos entre as Unidades Federativas, celebrados na forma do Convênio nº 133/97, observadas as disposições gerais do Convênio ICMS nº 81/1993. Aos acordos entre todas as Unidades Federativas é dado o nome de "Convênio"; aos acordos entre algumas Unidades Federativas é dado o nome de "Protocolo". 9

11 Operações Interestaduais Operações Interestaduais Diferencial de Alíquotas Alguns Convênios/Protocolos determinam a responsabilidade ao remetente pelo recolhimento do imposto devido relativo à diferença entre a alíquota interna e a interestadual sobre a base de cálculo da operação própria. O diferencial de alíquotas será devido para a UF do adquirente, nas operações interestaduais de mercadoria/bem destinadas ao uso, consumo ou ativo permanente. 10

12 Operações Interestaduais Recolhimento Em regra, o ICMS devido por substituição tributária nas operações interestaduais, com previsão em Convênio ou Protocolo, será recolhido mediante Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais GNRE, com os seguintes códigos: ICMS Substituição Tributária por Operação ICMS Substituição Tributária por Apuração (Caso tenha IE como substituto na UF do destinatário) Aquisições Interestaduais Sem previsão em Convênio ou Protocolo entre os Estados Nas aquisições interestaduais de mercadorias relacionadas nos artigos 313-A a 313-Z20, sem a retenção antecipada do imposto, os estabelecimentos atacadistas/distribuidores ou varejistas passam a ser, em caráter excepcional, responsáveis pelo recolhimento do imposto antecipadamente, conforme artigo 426-A do RICMS/SP. 11

13 Aquisições Interestaduais Sem previsão em Convênio ou Protocolo entre os Estados Nestes casos, a responsabilidade pelo recolhimento do imposto é do contribuinte paulista, destinatário das mercadorias e o recolhimento deverá ser feito em Guia de Arrecadação de Receitas Estaduais (Gare), com a indicação do Código de Receita (outros recolhimentos especiais). No campo relativo às "Informações Complementares" do documento, deverá ser indicado também o número da Nota Fiscal a que se refere o recolhimento e do CNPJ do estabelecimento do remetente. É facultado ao remetente o recolhimento do imposto, nos termos do artigo 426-A, mediante GNRE Código (recolhimentos especiais). Inaplicabilidade do Regime Casos de inaplicabilidade da substituição tributária Sistemática da substituição Necessidade de operação subsequente com a mesma mercadoria Salvo disposição em contrário, não se aplica o regime da substituição tributária na saída de mercadoria do substituto, com destino a: a) integração ou consumo em processo de industrialização; b) operação interna, quando a operação subsequente estiver amparada por isenção ou não-incidência; 12

14 Inaplicabilidade do Regime Casos de inaplicabilidade da substituição tributária c) outro estabelecimento do mesmo titular, desde que não seja varejista; d) outro substituto (mesma mercadoria ou a outra mercadoria enquadrada na mesma modalidade de substituição), exceto se a responsabilidade for atribuída ao destinatário apenas pelo fato de receber a mercadoria de outro Estado. Base de cálculo Operações internas e interestaduais Preço final a consumidor, único ou máximo, autorizado ou fixado por autoridade competente ou através de pedido formulado pela entidade representativa do fabricante ou importador apresente pedido formal, nos termos de disciplina estabelecida pela Secretaria da Fazenda. 13

15 Base de cálculo Operações internas e interestaduais A média ponderada dos preços, fixados pela Secretaria da Fazenda, a consumidor final usualmente praticados no mercado considerado, apurada por levantamento de preços, ainda que por amostragem ou por meio de dados fornecidos por entidades representativas dos respectivos setores. A divulgação destes valores se dará por pauta fiscal. Base de cálculo Operações internas e interestaduais Percentual de Margem de Valor Agregado (MVA) ou Índice de Valor Adicionado (IVA) estabelecido conforme disposto pela legislação em cada caso sob preço praticado pelo sujeito passivo, incluídos os valores correspondentes a frete, carreto, seguro, impostos e outros encargos transferíveis ao adquirente. Em regra, o ICMS-ST no Estado de São Paulo é calculado mediante IVA %, que são divulgados por meio de Portarias da Coordenadoria da Administração Tributária CAT. 14

16 Base de cálculo Operações interestaduais MVA ajustada Em regra, a legislação determina o ajuste da MVA ou do IVA nas operações interestaduais, quando a alíquota interna da UF do destinatário for superior à alíquota interestadual aplicada pelo remetente, calculado pela seguinte fórmula: IVA-ST ajustado = [(1+IVA-ST original) x (1-ALQ inter) / (1-ALQ intra)] - 1, sendo: IVA-ST original = IVA-ST aplicável na operação interna; ALQ inter = alíquota interestadual incidente na operação interestadual ALQ intra = alíquota interna no Estado de São Paulo Exemplo: IVA-ST original = 65,10% ALQ inter = 12% ALQ intra = 18% IVA-ST ajustado = [(1+IVA-ST original) x (1-ALQ inter) / (1-ALQ intra)] - 1 IVA-ST ajustado = [(1 + 0,651) x (1-0,12) / (1-0,18)] - 1 IVA-ST ajustado = [1,651 x 0,88 / 0,82] - 1 IVA-ST ajustado = 1, IVA-ST ajustado = 77,18% Base de cálculo Operações interestaduais MVA Ajustada O contribuinte optante pelo do Simples Nacional, na condição de substituto tributário, não aplicará "MVA ajustada" prevista em Convênio ou Protocolo que instituir a Substituição Tributária nas operações interestaduais. Ou seja, o percentual de MVA adotado será aquele estabelecido a título de "MVA ST original" em Convênio ou Protocolo ou pela unidade federada destinatária da mercadoria. Nas operações interestaduais promovidas por contribuinte optante pelo Simples Nacional, em que o adquirente da mercadoria, optante ou não pelo regime do Simples Nacional, seja o responsável pelo recolhimento do imposto devido por substituição tributária, na determinação da base de cálculo será adotada também a "MVA ST original. 15

17 Devolução Devolução de mercadorias sujeitas à ST Segundo o Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo, devolução de mercadoria é a operação que tenha por objeto anular todos os efeitos de uma operação anterior. Na Nota Fiscal emitida pelos contribuintes substituídos deverá conter nos campos "Base de cálculo do ICMS" e "Valor do ICMS" do quadro "Cálculo do imposto", respectivamente, a base de cálculo e o valor do imposto da operação própria do substituto e, no campo "Informações complementares" do quadro "Dados adicionais", deve ser indicada a base de cálculo e o valor do imposto retido por substituição tributária. Na devolução para fornecedor que já recebeu a mercadoria com a retenção do imposto (substituído), considerando que a Nota Fiscal de aquisição não tem o destaque do imposto, deverá devolver da mesma maneira. Operações internas Produtos sujeitos à ST Cigarro; cimento; refrigerante, cerveja, inclusive chope e água; sorvete; fruta (amêndoa, avelã, castanha, noz, pêra ou maçã); veículo; pneumáticos; tintas, vernizes e outros produtos da indústria química; medicamentos; bebidas alcoólicas; produtos de perfumaria; produtos de higiene pessoal; ração animal; produtos de limpeza; produtos fonográficos; autopeças; pilhas e baterias; lâmpadas elétricas; papel; produtos alimentícios; materiais de construção; produtos de colchoaria; ferramentas; bicicletas; instrumentos musicais; brinquedos; máquinas e aparelhos mecânicos, elétricos, eletromecânicos e automáticos; produtos de papelaria; artefatos de uso doméstico; materiais elétricos; produtos eletrônicos, eletroeletrônicos e eletrodomésticos; petróleo, combustíveis líquidos ou gasosos, inclusive álcool carburante, ou lubrificantes e energia elétrica. 16

18 Ressarcimento do Imposto Retido De acordo com o disposto no artigo 269 do RICMS-SP, o contribuinte substituído poderá ressarcir o imposto pago por substituição tributária nas seguintes situações: a) Valor do imposto retido a maior O contribuinte substituído poderá se ressarcir do valor do imposto retido a maior, correspondente à diferença entre o valor que serviu de base à retenção e o valor da operação ou prestação realizada com consumidor ou usuário final, apenas na hipótese de a base de cálculo do imposto devido por substituição tributária ter sido determinada por preço final a consumidor, único ou máximo, autorizado ou fixado por autoridade competente, nos termos do artigo 40- A do RICMS-SP. Ressarcimento do Imposto Retido b) fato gerador presumido não realizado O contribuinte paulista poderá se ressarcir do valor do imposto retido ou da parcela do imposto retido relativo ao fato gerador presumido não realizado (exemplo: perecimento ou destinação ao ativo/uso). 17

19 Ressarcimento do Imposto Retido c) isenção ou não incidência O contribuinte paulista poderá se ressarcir do valor do imposto retido ou da parcela do imposto retido relativo ao valor acrescido, referente à saída que promover ou à saída subsequente amparada por isenção ou não-incidência. Neste caso o remetente, observado o disposto no artigo 274, acrescentará no campo "Informações Complementares" do documento fiscal a seguinte indicação: "A Substituição Tributária Não Inclui a Operação do Destinatário - Art. 269 do RICMS. Ressarcimento do Imposto Retido d) saída para outra Unidade da Federação Poderá o contribuinte paulista se ressarcir do valor do imposto retido ou da parcela do imposto retido em favor deste Estado, referente à operação subsequente, quando promover saída para estabelecimento de contribuinte situado em outro Estado. Para efeito de ressarcimento do imposto retido, o contribuinte substituído deverá observar as disposições da Portaria CAT nº 17/1999, bem como adotar os procedimentos previstos nos artigos 269 a 271 do RICMS-SP. 18

20 CONTATO: 19