UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde/ Área de concentração Oncologia



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde/ Área de concentração Oncologia Trabalho Acadêmico Cuidados paliativos na atenção hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional Daniela Habekost Cardoso Pelotas, 2012

1 DANIELA HABEKOST CARDOSO CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇAO HOSPITALAR: a vivência de uma equipe multiprofissional Trabalho acadêmico apresentado à Residência Integrada Multiprofissional em Saúde / Área de concentração Oncologia da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial para obtenção do título Especialista em Enfermagem Oncológica. Orientador: Prof.ª Drª. Rosani Manfrin Muniz Pelotas, 2012

2 Banca examinadora Profª. Drª. Rosani Manfrin Muniz Profª. Drª. Eda Schwartz Enfª. MsC. Isabel Cristina de Oliveira Arrieira

3 AGRADECIMENTOS Obrigado a Deus por ter me provido força e coragem necessárias para concluir essa trajetória. Agradeço a minha família, sobretudo a meus pais e avós, pelo carinho, amor e compreensão durante toda a minha vida e que possibilitaram a realização deste sonho. Ao meu marido Rodrigo pelo companheirismo e amor. Essa é mais uma vitória que conquistamos juntos. Aos professores que contribuíram para construção de nosso conhecimento, especialmente para minha orientadora professora Rosani por compartilhar comigo seus conhecimentos e amizade. As minhas colegas residentes pelas alegrias compartilhadas e amizade construída ao longo desta caminhada. Aos profissionais, que fizeram parte deste estudo, obrigada pela disponibilidade e confiança.

4 Sumário Projeto de pesquisa...5 Apêndices...30 Anexos...39 Artigo...41

PROJETO DE PESQUISA 5

6 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PROGRAMA DE RESIDÊNCIA INTEGRADA MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO A SAUDE ONCOLOGICA CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇAO HOSPITALAR: A vivência de uma equipe multiprofissional Daniela Habekost Cardoso Pelotas, 2011

7 DANIELA HABEKOST CARDOSO CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇAO HOSPITALAR: A vivência de uma equipe multiprofissional Projeto monográfico apresentado à Residência Integrada Multiprofissional em Atenção a Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial para obtenção do título Especialista em Enfermagem Oncológica. Orientador: Prof.ª Drª. Rosani Manfrin Muniz Pelotas, 2011

8 Lista de Siglas Academia Nacional de Cuidados Paliativos - ANCP Instituto Nacional de Câncer INCA Ministério da Saúde MS Organização Mundial da Saúde OMS Organização Pan-americana de Saúde - OPAS Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar - PIDI

9 SUMÁRIO 1 Introdução...10 1.1 Objetivos...13 1.1.1Objetivo geral...13 1.1.2 Objetivos específicos...13 2 Revisão de literatura...14 2.1 Cuidados paliativos em oncologia: filosofia e história...14 2.2 Assistência multiprofissional ao paciente em cuidados paliativos...16 2.3 Cuidados paliativos no ambiente hospitalar...18 3 Caminho metodológico...20 3.1 Caracterização do estudo...20 3.2 Local do estudo...20 3.3 Sujeitos do estudo...21 3.4 Critérios para a seleção do sujeito...21 3.5 Princípios éticos...21 3.6 Procedimento para coleta de dados...22 3.7 Análise dos dados...23 4 Cronograma...24 5 Recursos...25 5.1 Recursos Humanos...25 5.2 Recursos Materiais...25 6 Referências...26 Apêndices...30

10 1 INTRODUÇÃO Câncer é o termo empregado para descrever mais de 100 patologias, incluindo tumores malignos de diferentes localizações, e conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA) (2009) essa é a segunda causa de morte no Brasil, representando 17% dos óbitos no ano de 2007. Ainda o INCA (2009) estima que para ano de 2010, válida também para o ano de 2011, são esperados 489.270 casos novos de câncer no Brasil. As neoplasias malignas mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os cânceres de próstata e de pulmão no sexo masculino e os cânceres de mama e do colo do útero no sexo feminino. Neste contexto a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) (2004) apontam o câncer como problema de saúde pública, cuja a incidência apresenta aumento significativo, sendo fundamental a atenção dos profissionais e gestores de saúde para essa realidade. Ainda consideram que 70% dos pacientes com câncer irão falecer em decorrência da doença e de seus tratamentos e, por se tratar de uma situação crônica de saúde, grande parte dos pacientes irão necessitar de cuidados e controle de sintomas. Assim, na América Latina estima-se que cerca de um milhão de pessoas irão utilizar essa modalidade de atenção, ou seja, precisarão de cuidados paliativos. A OMS e a OPAS advertem que a maioria dos pacientes oncológicos sulamericanos morrem sem analgesia e cuidados adequados ao alívio dos sofrimentos que a situação exige. No Brasil, o INCA junto com o Ministério da Saúde (MS) publicaram no ano de 2001 o manual de cuidados paliativo como forma de divulgar informações e orientar profissionais da saúde que prestam assistência a esses pacientes. Este material propõe que cuidados paliativos têm como meta promover a finitude da vida de forma digna, livre de dor e com sofrimento minimizado, em que a terapêutica é

11 voltada ao controle sintomático e preservação da qualidade de vida, sem função curativa, de prolongamento ou de abreviação da sobrevida, sendo indispensável uma abordagem multidisciplinar. Assim, tendo em vista a expansão dos cuidados paliativos pelo mundo e a necessidade de novas diretrizes para a atenção a pessoa com câncer, o MS (2005) institui por meio de portaria a Política Nacional de Atenção Oncológica e do Programa Nacional de Assistência a Dor e Cuidados Paliativos (2002), indicando as diretrizes da assistência paliativa a serem implantadas no Brasil em todas as unidades de saúde. Desse modo, entende-se que esses cuidados devem ser desenvolvidos em todos os níveis de atenção, devendo ser promovidos no âmbito domiciliar e hospitalar. Para Costa Filho (2008), os cuidados paliativos devem integrar todos os setores de cuidados em saúde, tais como, emergências, unidades de tratamento intensivo, enfermarias, internações domiciliares e os hóspices. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa em Enfermagem dos Estados Unidos (2009), os cuidados paliativos têm como objetivo maximizar o conforto e a qualidade de vida, e dessa forma pode ser implementado a qualquer momento durante a doença e tratamentos, podendo ser realizado desde o diagnóstico. Para Moritz et al (2008), aspectos culturais, associados aos fatores sociais, como a dificuldade do tratamento e manejos dos sintomas do doente terminal em seu domicílio, levam as pessoas a procurar o serviço de saúde, e por isso aproximadamente 70% dos óbitos ocorrem nos hospitais. Assim, a residência integrada multiprofissional em atenção a saúde oncológica possibilitou-me experiênciar a assistência a essa clientela em todas as suas dimensões, desde o diagnóstico até o processo de terminalidade. Contudo esta etapa e a necessidade de cuidados paliativos despertaram-me especial interesse, tendo em vista a necessidade de maior difusão e compreensão pela equipe de saúde. Desse modo, como parte da equipe interdisciplinar, observei e participei do cuidado paliativo nos vários cenários de atuação, incluindo visitas domiciliares em um programa de internação domiciliar interdisciplinar (PIDI), onde objetivo central é a assistência a pacientes em terminalidade junto a suas famílias, e os profissionais treinados para desenvolver esse cuidado. Assim, essas experiências levaram-me a

12 questionar como são prestados e compreendidos pelos membros da equipe hospitalar os cuidados paliativos durante a internação, ou seja, cuidados em que o objetivo é o controle dos sintomas e alívio dos sofrimentos físicos, psicossociais e espirituais. Dessa forma, entendo que compreender a equipe que assiste ao paciente em terminalidade, conhecendo suas concepções, como entendem e desenvolvem esse cuidado poderá contribuir para qualificar a assistência prestada aos pacientes oncológico que necessitam de cuidados paliativos. Neste pensar, Siqueira, Barbosa e Boemer (2007), ao relatarem o expressivo número de pessoas que buscam instituições de saúde para o tratamento de neoplasias malignas, sugerem uma postura reflexiva aos profissionais de saúde em relação as práticas de cuidado, de modo que as instituições hospitalares conceitualmente visam a dignidade e totalidade do ser humano. Contudo ao se observar a realidade, percebe-se que o processo de cuidar adquiriu características meramente tecnicistas e reducionistas. Floriani e Schramm (2008) destacam a necessidade de discutir e refletir a respeito do modelo de assistência aos pacientes com doenças avançadas e terminais, de modo que não os exclua da assistência, pois deve-se propiciar um processo de morrer digno. Desse modo torna-se indispensável promover o conhecimento dos profissionais de saúde desde a graduação, sobre os cuidados paliativos, bem como o incremento de pesquisas sobre os vários aspectos que envolvem os cuidados no fim da vida. Isso se constitui um desafio para os profissionais e para o sistema de saúde. Assim, tendo em vista a importância da temática sobre os profissionais de saúde nos cuidados paliativos prestados aos pacientes oncológicos durante a internação hospitalar, considero de fundamental relevância a proposta desse estudo. Neste contexto, olhar para as práticas de cuidados prestados pela equipe multiprofissional ao paciente com câncer em terminalidade, poderá qualificar a assistência e proporcionar melhor qualidade de vida e alívio dos sofrimentos em todas as suas dimensões, valorizando a integralidade da pessoa humana. Dessa forma, frente ao exposto procurarei neste estudo responder a seguinte questão norteadora: Qual a vivência da equipe multiprofissional sobre os cuidados paliativos em uma unidade de internação hospitalar?

13 1.1 Objetivos 1.1.1Objetivo geral Conhecer a vivência da equipe multiprofissional nos cuidados paliativos a pacientes em terminalidade de uma unidade de internação hospitalar. 1.1.2 Objetivos específicos Identificar a concepção dos profissionais sobre os cuidados paliativos. Averiguar os momentos de prática dos cuidados paliativos realizados pela equipe multiprofissional. Investigar as facilidades e dificuldades encontradas pela equipe multiprofissional na prática dos cuidados paliativos.

14 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Cuidados paliativos em oncologia: filosofia e história A OMS (2002) define a filosofia dos cuidados paliativos como uma abordagem que objetiva melhorar a qualidade de vida dos pacientes e famílias que enfrentam doenças que ameaçam a vida, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio da identificação precoce, da avaliação impecável, do tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. Contudo até chegar-se a concepção de cuidados paliativos descritos acima ocorreram muitas reflexões e construções sobre o tema, que contribuíram para aprimorar e humanizar essa modalidade de assistência. A Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) (2009) revela que o primeiro registro sobre cuidado a pacientes em terminalidade ocorreu no século V. Sendo que no século XVII há relatos mais completos, os quais descrevem que os doentes eram abrigados em locais conhecidos como hospedarias em cidades européias, em que o objetivo era proporcionar abrigo e minimizar sofrimentos, estes abrigos mais tarde seriam conhecidos como os primeiros hospices. Contudo, apenas em 1967 o paliativismo iniciou sua expansão pelo mundo através do movimento Hospice, quando Cicely Saunders fundou o St. Christopher s Hospice, cuja estrutura permitiu a assistência desses pacientes, bem como o ensino e pesquisa (ANCP, 2009). Floriani e Schramm (2010) relatam que conforme registros disponíveis, que em 1944 no Brasil surgiu o Asilo da Penha que foi considerado o primeiro hóspice, e que teve, por alguns anos, importante papel na assistência aos pobres que morriam de câncer. Neste contexto, o movimento Hospice segundo Floriani e Schramm (2008) fortaleceu-se principalmente a partir da década de 60 do século XX, quando intensificaram-se as manifestações sobre o desconforto com o modo como eram tratados os pacientes com doenças avançadas, freqüentemente abandonados pela

15 equipe de saúde e vivendo seus últimos momentos no isolamento e na frieza de um pronto-socorro, de um quarto ou em uma unidade de terapia intensiva, muitas vezes cercados por tubos e aparelhos, e não por pessoas próximas e queridas a eles. Assim devido a assistência aos pacientes em terminalidade com o objetivo de controle de sintomas terem como origem abrigos e instituições conhecidas com hospice, foi por muito tempo empregado como sinônimo de cuidado paliativos. Conforme a ANCP (2009), o primeiro país a introduzir o termo Cuidados Paliativos foi o Canadá, e após passou a ser adotado pela OMS devido a dificuldade de tradução adequada do termo hospice em alguns idiomas. Assim, seguindo a evolução e expansão da filosofia paliativista, em 1990 a OMS publicou sua primeira definição de cuidados paliativos, como cuidado ativo e total para pacientes cuja doença não era responsiva a tratamento de cura. O controle da dor, de outros sintomas e de problemas psicossociais e espirituais é primordial. O objetivo do Cuidado Paliativo é proporcionar a melhor qualidade de vida possível para pacientes e familiares. Entretanto, somente em 2002 a OMS inclui em sua abordagem a espiritualidade entre as dimensões do ser humano, ampliando a integralidade e complexidade desse cuidado. Seguindo essa concepção outros autores elaboram conceitos para também definir o cuidado disponibilizados aos pacientes cuja a doença não é responsiva ao tratamento curativo. Neste sentido, Pimenta (2010) reforça que cuidado paliativo é uma filosofia, um modo de cuidar, que visa à aprimorar a qualidade de vida dos pacientes e famílias que enfrentam problemas relacionados a doenças ameaçadoras da vida, provendo alívio da dor e de outros sintomas, desde o diagnóstico ao fim da vida e luto. Ainda preconiza a compaixão, o não abandono, a não suspensão de tratamentos e a não indução da morte; não se recomendam tratamentos fúteis, aceita-se o limite da vida e o objetivo é o cuidado e não a cura. E fundamental cuidar, educar, acolher, amparar, advogar, aliviar desconfortos, controlar sintomas e minimizar o sofrimento. Estas devem ser ações cotidianas na vida dos profissionais em cuidados paliativos. Ampliando esse conceito Oliveira e Silva (2010) referem que os cuidados paliativos destinam-se a assistir os doentes sem possibilidade de cura e buscam consolidar um modelo de cuidado que considera o processo de morrer como

16 inerente à vida. Nessa filosofia, o foco da atenção deixa de ser a cura da doença e se volta ao indivíduo que é visualizado como um ser biográfico, complexo em suas dimensões físicas, psíquicas e espirituais, ativo e com direito a autonomia, além da atenção individualizada a sua família e a busca da excelência no controle dos sintomas. 2.2 Assistência multiprofissional ao paciente em cuidados paliativos Por se tratar de uma abordagem complexa que necessita compreender todas as dimensões do ser cuidado e de sua família, a assistência paliativa prioriza uma equipe multiprofissional. Segundo ANCP (2009) essa deve ser composta por enfermeiro, psicólogo, médico, assistentes social, farmacêutico, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, dentista e assistente espiritual. Assim, Oliveira e Silva (2010) afirmam que tendo em vista todos os aspectos relevantes para o cuidado paliativo, esse depende de uma abordagem multidisciplinar para produzir uma assistência harmônica e convergente ao indivíduo sem possibilidades de cura e à sua família. Para os autores o trabalho multiprofissional e indispensável para a proposta de cuidados que procura resgatar valores éticos e humanos, à autonomia individual. Nesse sentido Bifulco e Iochida (2009) sugerem que ações desenvolvidas por todos os integrantes da equipe multiprofissional necessitam ter como meta uma opção de tratamento adequado para estes pacientes, assim como o resgate da humanização do processo de morrer, ou seja, a morte é vista como parte de um processo da vida, e, no adoecimento, os tratamentos devem visar à qualidade de vida e o bem-estar da pessoa, mesmo quando a cura não é possível. Paliar, conforme, Silva e Hortale (2006) é uma dimensão dos cuidados em saúde e todos os profissionais de saúde deveriam saber quando os cuidados paliativos são necessários, assegurar este tipo de atenção propicia um cuidado de qualidade não importando se oferecido em uma instituição de saúde ou na residência do indivíduo. Teixeira e Valente (2009) ao referir a importância da equipe de saúde no cuidado ao paciente no final da vida e sua família destaca a importância em estabelecer vínculos, de modo que o centro de sua atenção seja o cuidado holístico, e não apenas no cuidado técnico, paradigma fortemente difundido em sua formação profissional.

17 Em relação a terminalidade do paciente com câncer na instituição hospitalar e as percepções da equipe de saúde Silva, Ribeiro e Kruse (2009) revelam a terminalidade do ser é considerada natural, porém relacionada a sentimentos de medo, impotência, tristeza, depressão, culpa, fracasso e falha. Os autores fazem referência a forma como a terminalidade vivenciada neste ambiente, onde se torna solitária, acompanhada apenas por estranhos. Todavia, Faresin e Portella (2009) destaca que durante esse cuidado, deve-se buscar manter a humanização do atendimento, que envolve observar todos os aspectos ligados ao adoecer, o respeito as crenças e as fragilidades dos pacientes e especialmente o desejo do paciente em permanecer rodeado de parentes, amigos e cuidadores. Dessa forma, os profissionais que assistem o paciente oncológico em cuidados paliativos devem atender a todas suas necessidades humanas, pois segundo Oliveira, Santos e Matropietro (2010) muitas vezes o suporte psicossocial é negligenciado, priorizando-se cuidados técnicos. A dificuldade maior que o profissional enfrenta nesses casos é a de ouvir e tornar-se tornar-se mais sensível às necessidades dos pacientes que estão morrendo, podendo proporcionar-lhes melhores cuidados, de modo a auxiliá-los no processo de morte. Entretanto, Swetenham et al (2011) destacam que a equipe multriprofissional que vivencia o cuidado a pacientes em terminalidade, muitas vezes envolve-se e sensibiliza-se com o doente e sua família, e não raro compartilham seus sofrimentos, e sentem-se impotentes frente a dificuldade de promover alívio e conforto a estes. Neste contexto, Higginson e Evans (2010) em um artigo de revisão que compara equipes que assistem pacientes com câncer em cuidados paliativos destacam que profissionais de saúde especializados ou treinados apresentam melhores resultados no controle de sintomas físicos como dor, bem como dos sofrimentos psicossociais, e a capacitação desses necessita ser priorizado pelos serviços de saúde que atendem pacientes oncológicos. 2.3 Cuidados paliativos no ambiente hospitalar O Programa Nacional de Assistência a Dor e Cuidados Paliativos (2002) garante amplo acesso dos doentes às diferentes modalidades de cuidados paliativos em todos os níveis de atenção, incluindo cuidados domiciliares, cuidados ambulatoriais, cuidados hospitalares e cuidados de urgência, sendo necessário

18 estimular a organização de serviços de saúde e de equipes multidisciplinares para a assistência a pacientes. Segundo o programa as internações hospitalares estão prevista e garantidas para o tratamento e manejo de intercorrências, incluindo procedimentos de controle da dor, bem como o atendimento de doentes contra-referidos para cuidados paliativos (clínicos ou cirúrgicos) inclusive de urgência. A ANCP (2006) ao definir o cuidado paliativo como cuidados ativos e integrais prestados a pacientes por equipes multiprofissionais, em ambiente hospitalar ou domiciliar, possuem níveis de diferenciação que devem incluir, ainda, o apoio à família e a atenção ao luto. Em suma, os cuidados paliativos devem sempre existir em hospitais gerais de grande porte e onde se tratam câncer ou outras afecções crônicas. Entretanto, mesmo sendo os cuidados paliativos presentes nas instituições hospitalares, há poucas referencias bibliográficas a respeito, sendo mais discutido e enfatizado essa modalidade de assistência no ambiente domiciliar. Ainda a ANCP (2006) diz que as unidades podem prestar cuidados em regime de internação hospitalar, assistência domiciliar e ambulatorial e abranger um leque variado de situações, idades e doenças. Contudo acredita- se que a maioria das unidades de cuidados paliativos no Brasil atuam apenas em ambulatórios e assistência domiciliar. A disponibilidade de leitos especializados é mínima e restrita a grandes centros. Conforme Faresin e Hortale (2006) o Brasil ainda não possui uma estrutura pública de cuidados paliativos oncológicos adequada à demanda existente, tanto sob o ponto de vista quantitativo e qualitativo, desse modo, torna-se urgente o conhecimento dos conceitos fundamentais dos cuidados paliativos, bem como empreender esforços para implementa iniciativas centradas no cuidar solidário em todos os serviços de saúde, sejam públicos ou privados. Neste pensar, Costa Filho et al (2008) relatam que no Brasil dispomos de poucas unidades dedicadas aos cuidados paliativos dentro de hospitais. O pioneiro foi iniciado em 1983 do Departamento de Anestesiologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os cuidados paliativos devem integrar todos os setores de cuidados, porém no momento não há mais do que 340 grupos no Brasil com unidades de cuidados

19 paliativos dedicados e vinculados às instituições hospitalares (COSTA FILHO et al.,2008). Desse modo, Floriani e Schramm (2010) salientam a importância de orientar os profissionais de saúde de que cuidado paliativo não é sinônimo de atendimento domiciliar ou internação domiciliar. Os autores sugerem ainda que para garantir o acesso desses pacientes a todos os níveis de cuidados que forem necessários como o controle de sintomas e uma sobrevida digna, exigem do sistema nacional de saúde uma maior e melhor articulação da rede de atenção básica com a rede hospitalar. Assim, Penrod (2010) sugere que o tratamento recebido pelos pacientes do hospital com doenças avançadas é caracterizado por controle inadequado da dor e de outros sintomas. Neste contexto, os cuidados paliativos devem ser visto como uma necessidade pelas instituições que atendem a pacientes oncológicos, e sua filosofia introjetadas nas práticas de saúde também durante as hospitalizações. Assim, os cuidados com o paciente com câncer avançado dependente de cuidados paliativos em uma instituição hospitalar necessitam ser discutidos e refletidos, pois muitas vezes, condições socioeconômicas e físicas, como dificuldade de controle de sintomas, impossibilitam a permanência dele no seu domicílio sendo necessária a internação. Dessa forma, a equipe multiprofissional deve estar apta para atender a suas necessidades de forma integral e humanizada, articulando e promovendo ações que garantam uma sobrevida digna e controle adequado dos sintomas físicos, psicológicos e espirituais, conforme recomenda a filosofia do paliativismo com a compreensão deste ser e sua família em toda sua subjetividade e complexidade, a quem ainda se tem muita a fazer.

20 3 CAMINHO METODOLÓGICO 3.1 Caracterização do estudo Por tratar-se de um estudo que visa compreender a subjetividade das pessoas, optou-se pela abordagem do tipo qualitativa, exploratória e descritiva. A pesquisa qualitativa segundo Minayo (2007), trabalha com o universo subjetivo dos significados, motivos, aspirações, atitudes, crenças e valores, que não se resumem aos dados estatísticos. Para a autora a investigação qualitativa requer atitudes fundamentais como a flexibilidade, a capacidade de observação com o grupo de investigadores e com os atores sociais envolvidos. Para a autora a fase exploratória da pesquisa é tão importante que ela em si pode ser considerada uma Pesquisa Exploratória. Compreende a etapa de escolha do tópico de investigação, de delimitação do problema, de definição do objeto e dos objetivos, de construção do marco teórico conceitual, dos instrumentos de coleta de dados e da exploração de campo. Triviños (1995) afirma o estudo descritivo fornece conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada e que os resultados atingidos podem permitir e formular hipóteses para o encaminhamento de outras pesquisas. 3.2 Local do estudo O estudo será desenvolvido em uma unidade clínica de um Hospital Escola de uma universidade federal, localizado em uma cidade na região sul do Rio Grande do Sul, esta instituição atende paciente exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade em que será desenvolvida a pesquisa atente paciente clínicos com diferentes patologias, entre essas o câncer, no total são 24 leitos. Neste espaço atuam profissionais de diversas áreas como enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, dentistas e assistente sociais. Por se tratar de uma instituição de ensino a presença de acadêmicos e residentes é constante.

21 3.3 Sujeitos do estudo Os sujeitos do estudo serão profissionais que compõem a equipe multiprofissional dessa unidade, sendo identificados por nomes fictícios escolhidos pelos mesmos. Farão parte do estudo um profissional de cada área de atuação. 3.4 Critérios para a seleção do sujeito Os critérios adotados para a seleção dos sujeitos do estudo serão: Ter idade superior ou igual a 18 anos; Fazer parte da equipe multiprofissional da unidade; Concordar em participar do estudo por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (APENDICE A); Consentir com o uso do gravador durante as entrevistas e permitir a observação no cuidado; Permitir a publicação dos resultados do estudo em eventos e revistas da área. 3.5 Princípios éticos Os princípios éticos considerados para a construção deste trabalho foram baseados no Código de Ética dos profissionais de enfermagem de 2007, sendo o capítulo III, do ensino, da pesquisa e da produção científica, destacam-se os artigos 89, 90 e 91, referente às responsabilidades e deveres e os artigos 94 e 98 1, referente às proibições. Considerou-se também, as disposições da Resolução n 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sobre pesquisas envolvendo seres humanos. Resolução esta que incorpora sob a ótica do indivíduo e das coletividades os quatro referencias básicos da bioética autonomia, não maleficência, beneficência e justiça. 1 Art. 89. Atender as normas vigentes para a pesquisa envolvendo seres humanos, segundo a especificidade da investigação. Art. 90. Interromper a pesquisa na presença de qualquer perigo á vida e á integridade da pessoa. Art. 91. Respeitar os princípios da honestidade e fidedignidade, bem como os direitos autorais no processo de pesquisa, especialmente na divulgação dos seus resultados. Art. 94. Realizar ou participar de atividades de ensino e pesquisa, em que o direito inalienável da pessoa, família ou coletividade seja desrespeitado ou ofereça qualquer tipo de risco ou dano aos envolvidos. Art.98. Publicar trabalho com elementos que identifiquem o sujeito participante do estudo sem sua autorização.

22 A todos os participantes será garantido o anonimato, o direito a desistir da pesquisa a qualquer momento e o livre acesso aos dados quando for de seu interesse. 3.6 Procedimentos para coleta de dados Primeiramente será encaminhado um ofício ao responsável pela instituição solicitando autorização para realização do estudo (Apêndice B). Mediante a autorização o projeto será encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas e, após a sua aprovação dar-se-a o início da coleta de dados. Primeiramente se fará a seleção de um paciente com câncer em terminalidade na referida unidade, por meio de consulta aos prontuários. Identificado o paciente será realizado os contatos com os sujeitos, isto é, os profissionais que realizam o cuidado a este. Os mesmos serão convidados verbalmente e por meio de uma carta convite (Apêndice C) apresentando o objetivo do estudo e, após aceito, será entregue um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A), para ser assinado concordando em participar da pesquisa. Salientamos que anterior a entrevista será realizado uma observação simples (Apêndice D) dos profissionais realizando o cuidado ao paciente de escolha para o estudo de caso com o objetivo de descrever as atividades realizadas buscando a relação com os cuidados paliativos. Após será realizado uma entrevista semiestruturada com a aplicação um instrumento contendo questões abertas (Apêndice E). 3.7 Análise dos dados Os dados coletadas serão transcritos na íntegra, e sendo analisados e agrupados por temas e subtemas de acordo com a questão norteadora e os objetivos do estudo, e fundamentadas com referencial teórico específico e o conhecimento da autora sobre o assunto proposto. Para Minayo (2007) a análise dos dados possui a finalidade de desvelar e administrar o material coletado, possibilitando ao investigador ampliar e aprofundar

23 sua compreensão acerca do assunto pesquisado e relacioná-lo aos contextos culturais. Para a autora o processo de análise de dados constrói-se em etapas ou passos: O primeiro passo é a ordenação dos dados, que inclui as entrevista, observação do material sobre o tema e organização dos dados coletados. O segundo passo será a classificação e o embasamento teórico dos dados. O terceiro passo, definido com análise final consiste na interpretação dos dados, que poderão fundamentar propostas de transformações sociais e institucionais.

24 4 CRONOGRAMA Período 2011 a 2012 ATIVIDADE FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV Escolha do tema X Revisão de literatura X X X X X X X X X X X X Elaboração do projeto X Apresentação do projeto X Revisão do projeto X X X Envio do projeto p/ comitê de ética X Seleção dos sujeitos X Coleta de dados X X X Análise dos dados X X Elaboração do artigo X Apresentação X Entrega do trabalho final X A coleta de dados será realizada após aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa