La arquitectura construida en tierra, Tradición e Innovación



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Transcrição:

La arquitectura construida en tierra, Tradición e Innovación Congresos de Arquitectura de Tierra en Cuenca de Campos 2004/2009. Coord.: José Luis Sáinz Guerra, Félix Jové Sandoval Editor: Cátedra Juan de Villanueva, Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Valladolid ISBN: 978-84-693-4554-2 D.L.: VA-648/2010 Impreso en España Valladolid Septiembre de 2010 Publicación online. Para citar este artículo: SILVA SEIXAS, María da Luz. Actualizar a tradição. En: Arquitectura construida en tierra, Tradición e Innovación. Congresos de Arquitectura de Tierra en Cuenca de Campos 2004/2009. [online]. Valladolid: Cátedra Juan de Villanueva. Universidad de Valladolid. 2010. P. 229-238. Disponible en internet: http://www5.uva.es/grupotierra/publicaciones/digital/libro2010/2010_9788469345542_p229-238_silva.pdf URL de la publicación: http://www5.uva.es/grupotierra/publicaciones.html Este artículo sólo puede ser utilizado para la investigación, la docencia y para fines privados de estudio. Cualquier reproducción parcial o total, redistribución, reventa, préstamo o concesión de licencias, la oferta sistemática o distribución en cualquier otra forma a cualquier persona está expresamente prohibida sin previa autorización por escrito del autor. El editor no se hace responsable de ninguna pérdida, acciones, demandas, procedimientos, costes o daños cualesquiera, causados o surgidos directa o indirectamente del uso de este material. This article may be used for research, teaching and private study purposes. Any substantial or systematic reproduction, re-distribution, re-selling, loan or sub-licensing, systematic supply or distribution in any form to anyone is expressly forbidden. The publisher shall not be liable for any loss, actions, claims, proceedings, demand or costs or damages whatsoever or howsoever caused arising directly or indirectly in connection with or arising out of the use of this material. Copyright Todos los derechos reservados de los textos: sus autores. de las imágenes: sus autores o sus referencias.

ACTUALIZAR A TRADIÇÃO III Congreso de Tierra en Cuenca de Campos, Valladolid, 2006 Maria da Luz Silva Dias Seixas Instituição/Empresa: Arquisol Arquitectura e Planeamento Lda. Betão e Taipa Construção e Recuperação de Edifícios Serpa, Portugal Introdução O Alentejo é uma das regiões de Portugal onde podemos encontrar um dos mais ricos e vastos patrimónios arquitectónicos em terra crua. Edifícios religiosos, torres, muralhas, muros rurais e habitações mais ou menos modestas foram, durante séculos, construídos em taipa e adobe, com complemento de alguns materiais de terra cozida, designadamente a tijoleira usada nos pavimentos e a telha usada nas coberturas. Zona de verões muito quentes e com acentuadas amplitudes térmicas anuais, o Alentejo desenvolveu um tipo de construção que tenta evitar a entrada de calor durante o Verão e conservá-lo durante o Inverno. Daí as paredes espessas e com pequenas aberturas, tão características das habitações tradicionais alentejanas. Apesar das reconhecidas vantagens que a construção em terra crua apresenta, vários factores fizeram com que, a partir dos anos 50, a actualmente designada «construção corrente» (em cimento Portland, ferro e tijolo industrial) se generalizasse e as técnicas e materiais de construção tradicionais fossem abandonados. Como corolário, o saber necessário à sua concretização perdeu utilidade e a sua linha de transmissão foi interrompida. Os taipeiros aprendiam a dominar a sua arte de forma empírica, através da observação, dos ACTUALIZAR A TRADIÇAO 229

ARQUITECTURA CONSTRUIDA EN TIERRA ensinamentos dos mais velhos os «mestres» e da execução na obra. O fim da sua prática equivaleu, portanto, à perda de um saber que nem a etnografia se esforçou muito por salvar 1. Contudo, nas últimas décadas, tem-se verificado um movimento no sentido de recuperar esses saberes e actualizá-los; por um lado, porque só dessa forma se pode preservar o nosso património arquitectónico, já que a recuperação e manutenção de edifícios em terra crua não pode efectuar-se com base nos materiais e nas técnicas utilizadas na construção corrente; por outro, porque se ganhou consciência das inúmeras vantagens da utilização da terra como material de construção, na condição de os materiais que com ela se conjugam e das técnicas que se utilizam para o seu manuseamento serem repensados e actualizados. Encontrar soluções construtivas que revalidem os aspectos positivos da tradição e que ao mesmo tempo dêem resposta às exigências actuais, e muito particularmente às que se prendem com o conforto, a sustentabilidade e a segurança, parece-nos ser, hoje, um dos principais desafios da «arquitectura de terra». Passos de um percurso Nascer e crescer no Alentejo, habitando em casas de paredes espessas que no Verão nos abrigavam dos calores tórridos e cujas irregularidades, suavizadas pelas inúmeras camadas de cal, nos faziam imaginar figuras feéricas como as que costumamos entrever nas formas cambiantes das nuvens, foram certamente factos e memórias decisivos para o meu interesse pela arquitectura tradicional do Alentejo. Assistir ao «nascimento» de uma casa, gerada de terra informe, que a sabedoria dos homens transformou pacientemente em salas, quartos e corredores, foi talvez uma das experiências que mais me marcaram, revelando-me o fascínio da arte de criar a partir de «quase nada». Estas memórias de infância foram recuperadas anos mais tarde, em longas conversas como meu avô que, embora não fosse taipeiro, construiu a sua própria casa e me revelou muitos dos mistérios desta forma de arquitectar. A vontade de aprofundar os saberes assim adquiridos esteve sempre presente ao longo da minha formação, estimulando-me para a aquisição de conhecimentos nesta área. Porém, a nível da concretização em projecto e obra surgiram, desde o início, vários obstáculos, decorrentes sobretudo do abandono e descrédito em que nas últimas décadas caiu a construção em terra. A oportunidade de passar aqueles conhecimentos à prática surgiu com o convite para integrar o corpo técnico do Curso de Mestre de Construção Civil Tradicional da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa (EPDRS) 2, onde pude levar a cabo experiências de edificação em taipa, adobe, alvenaria de pedra, tijolo maciço, BTC s e construção de abóbadas. Durante a frequência do curso, um grupo de alunos mostrou-se bastante empenhado em dar continuidade às temáticas desenvolvidas. Porém, a inexistência de empresas vocacionadas para a construção tradicional obstava à sua entrada no mercado de trabalho. Foi pois neste contexto que, em parceria com um mestre experiente na recuperação de edifícios e na construção de abóbadas, o nosso gabinete de arquitectura (Arquisol Arquitectura e Planeamento Lda.) criou a empresa «Betão e Taipa, Construção e Recuperação de Edifícios, Lda.» 3. Desde a sua formação, em 2004, a empresa tem trabalhado não só na recuperação de edifícios antigos com recurso às técnicas tradicionais, como na construção de raiz, em taipa. A empresa iniciou a actividade com a execução do projecto de um edifício a que, por vontade do cliente, foi atribuído o nome de «Monte da Taipa». Demos assim os primeiros passos de um percurso cheio de desafios em que temos tentado encontrar respostas para os problemas que a arquitectura de terra ainda levanta. O projecto do «Monte da Taipa» O projecto «O Monte da Taipa» surgiu como resposta ao desejo do cliente de construir um «monte alentejano» destinado à habitação e turismo rural no concelho de Serpa. Tradicionalmente, o monte alentejano é uma construção rural isolada, constituída por um ou mais edifícios, implantados sobre uma suave colina. Apresenta uma volumetria marcadamente horizontal, desenvolvendo-se em geral num único piso, com telhados de duas águas pouco inclinados. Os montes de maiores dimensões organizam-se em torno de um pátio amplo, onde se articulam as diversas 230 MARÍA DA LUZ SILVA DIAS SEIXAS

TRADICIÓN E INNOVACIÓN instalações (habitação dos proprietário, dos caseiros e dos trabalhadores sazonais, espaços para resguardo das alfaias agrícolas e abrigos de animais). Estas construções têm em geral paredes de taipa e alvenaria de pedra, com algumas divisórias interiores em adobes ou tijolo de burro; os pavimentos das habitações são normalmente revestidos a baldosas; nas construções mais cuidadas, os tectos são em abóbada ou abobadilha nas zonas dos corredores e dos quartos, sendo na «casa do lume» 4 e nas restantes instalações constituídos por barrotes de madeira e caniço ou tabuado, sobre os quais assenta directamente a telha; as aberturas são poucas e pequenas, por forma a evitar a entrada de calor a porta principal e as aberturas mais generosas são, muitas vezes, protegidas por uma parreira, que sombreia no Verão e, a partir do Outono, com a queda das folhas, permite aproveitar toda a radiação solar. Por vezes, nas construções mais modestas, só as aberturas eram emoldurados por uma faixa caiada a branco, ficando o resto da taipa à vista, embora o mais habitual fosse toda a construção ser caiada. Independentemente das variantes de um «monte alentejano» a nível funcional, estético e construtivo, há elementos e aspectos que devem ser mantidos, pois constituem a sua «essência». Um deles é a construção em terra, o que foi proposto ao cliente e aceite. No local de implantação do edifício, podemos encontrar a «talisca», terra xisto-argilosa que os taipeiros antigos consideravam a melhor terra da região para construir em taipa facto que se pode comprovar pela observação de algumas casas abandonadas há décadas, cujas paredes têm resistido às várias formas de erosão. Verificámos também que este tipo de terra é indicado para o fabrico de BTC s. Optámos assim por recorrer à construção em taipa e BTC s, conjugando uma técnica tradicional e outra mais recente. Porém, conscientes dos problemas inerentes ao processo de construção, utilização e manutenção dos edifícios em terra crua, tentámos tornar os sistemas construtivos tradicionais mais eficientes, empenhando-nos, através de opções de projecto e construtivas, potenciar as capacidades da taipa e resolver os problemas relacionados com as fragilidades desta técnica. O projecto foi surgindo como um exercício em que procurámos articular tradição e modernidade e desenvolver uma arquitectura sustentável do ponto de vista ecológico. De entre os vários aspectos relacionados com a sustentabilidade no projecto de arquitectura, tivemos especial preocupação com as questões relacionadas com o conforto e a eficiência energética do edifício. Tradição e «modernidade» no «Monte da Taipa» À semelhança do «monte alentejano», a construção implanta-se numa colina, desenvolvese na horizontal, à volta de um pátio interior, apresenta aberturas na sua maioria contidas, telhados longos com beirados tradicionais e telha de canudo. No interior, utilizaram-se os caniços e as abóbadas e pavimento de tijoleira artesanal. Quanto à cor, optou-se por manter a tradicional caiação a branco no exterior e, no interior, utilizar o pigmento ocre, azul e vermelho, embora variando a gama dos seus tons. Porém, esta linguagem basicamente tradicional articulou-se com signos retirados de outros contextos e com técnicas e materiais Figuras 1 y 2 ACTUALIZAR A TRADIÇAO 231

ARQUITECTURA CONSTRUIDA EN TIERRA característicos da construção «moderna». Entre esses signos destacamos o pátio, que se desenvolve em «L» e integra uma pérgola com parreiras, um espelho de água e um pequeno aqueduto com sete bicas que constituem o sistema de rega de um jardim situado na cota inferior. Este conjunto inspira-se no sistema de rega tradicional utilizado nas hortas locais, mas também nos pátios de arquitectura mediterrânica, caracterizados pela presença de água e vegetação. Para além do aspecto estético, a sua concepção teve como objectivo criar um microclima em que se promove a evaporação da água, de forma a diminuir a temperatura do ar e aumentar a humidade relativa. Pelo efeito da ventilação natural, no Verão, esse ar fresco e húmido penetra nos compartimentos interiores, contribuindo para manter as temperaturas dentro da gama de conforto. Com o mesmo objectivo, projectámos um sistema de ventilação que canaliza o ar fresco do jardim, através de uma conduta subterrânea, para o interior da habitação. Durante o Inverno, a grelha de ventilação deverá, naturalmente, ser fechada. Entretanto, as parreiras terão perdido as folhas, permitindo a incidência directa dos raios solares nos envidraçados. A utilização de vidros duplos e de isolamento térmico na cobertura foram outras opções que pretenderam contribuir para melhorar as condições de conforto térmico. No mesmo sentido, as aberturas foram orientadas a nascente e a poente, de forma a permitir ganhos solares durante os períodos do ano em que as temperaturas atingem valores mais baixos. No Verão, os vãos do alçado nascente são sombreados por parreiras, enquanto a poente um alpendre e uma pérgola protegem as paredes e os envidraçados da radiação directa durante uma boa parte do dia. De salientar o facto de termos construído paredes de taipa não só no exterior mas também no interior, com o objectivo de aumentar a massa de armazenamento térmico do edifício. Sendo a massa térmica proporcionada pelas paredes de taipa elevada, uma parte considerável do calor que entra no edifício pela acção da radiação ou simplesmente devido à diferença de temperatura entre o exterior e o interior é armazenada nas paredes e devolvida ao ambiente mais tarde, quando a temperatura do ar for inferior à da massa térmica. Figuras 3, 4 y 5 232 MARÍA DA LUZ SILVA DIAS SEIXAS

TRADICIÓN E INNOVACIÓN Ao serem desfasadas no tempo, estas trocas de calor entre as paredes de taipa e o ar permitem obter amplitudes térmicas inferiores às de edifícios com uma massa térmica reduzida. Esta estratégia bioclimática que permite obter conforto térmico sem gastos energéticos é um aspecto importante de uma arquitectura que pretende ser ecologicamente sustentável. Aspectos construtivos Entre os aspectos inovadores do projecto do «Monte da Taipa» devemos também referir a introdução de materiais e técnicas recentes no processo de construção em terra. Na verdade, utilizar apenas os métodos construtivos e materiais tradicionais deixou de ser viável, já que é necessário cumprir requisitos regulamentares no que se refere ao conforto e à resistência mecânica da construção. Sendo as principais fragilidades da taipa a fraca resistência mecânica e a sensibilidade à água, pareceu-nos que algumas das opções para as contrariar poderiam passar pela introdução de elementos de betão armado, pela impermeabilização e drenagem do terreno envolvente e pela utilização de meios mecânicos na compactação da terra. Fundações As fundações executaram-se em betão ciclópico, mais resistente e económico que a alvenaria de pedra tradicional. Foram elevadas acima do nível do terreno entre 40 a 50 cm, de forma a evitar a infiltração da água por capilaridade. Com o mesmo objectivo, procedeu se à impermeabilização das fundações através de uma emulsão betuminosa e à introdução de um sistema de drenagem constituído por uma película plástica drenante, um geodreno, gravilha e uma manta geotêxtil. A fim de melhorar a ligação entre a taipa e as fundações, foram-lhes introduzidos varões metálicos previamente envolvidos em betão, deixados salientes cerca de 30 cm. Execução da taipa Tradicionalmente o processo de extracção e preparação da terra, bem como o seu transporte até aos taipais era feito manualmente. As várias camadas eram compactadas pelos taipeiros com maços ou pisões de madeira. Os taipais e as restantes peças de cofragem, como os costeiros, as comportas e o côvado também eram de madeira, sendo as agulhas 5 as únicas peças metálicas utilizadas. Por considerarmos todo este processo moroso e desadequado, decidimos que tanto a extracção como a preparação e compactação da terra seria feita por meios mecânicos, o que implicou a substituição do taipal tradicional por outro tipo de cofragem. O apiloamento mecânico, executado com compactadores pneumáticos permite avançar mais rapidamente na execução de cada taipal, tornando a realização a obra bastante mais célere e, ao mesmo tempo, menos onerosa, já que permite diminuir os custos de mão-de-obra e torná-la mais eficaz. Pudemos também constatar ser psicologicamente mais motivador para os taipeiros executarem o trabalho com os meios técnicos modernos, sobretudo porque estão conscientes de que o método de apiloamento tradicional não constitui uma mais-valia para o resultado final do trabalho. Pelo contrário, a simples observação permite verificar que a taipa compactada por meios mecânicos é mais resistente. Essa constatação empírica é, aliás, confirmada pelos estudos efectuados pelo CRATerre, que apontam para um acréscimo da resistência mecânica da taipa batida com compactadores pneumáticos para valores entre 3 e 5 vezes superiores à da taipa apiloada de forma manual 6, factor determinante para o seu comportamento face aos sismos e à presença de água, o que contribui decisivamente para a segurança e longevidade da construção. Quanto aos taipais, continuamos a usar taipais de madeira, pois as experiências com taipais metálicos efectuadas EPDRS revelaram que o seu peso excessivo os tornava de difícil manuseamento em obra 7. Entre as madeiras possíveis, optámos pelo contraplacado vulgarmente usado em cofragens, que tem a vantagem de ser leve mas muito resistente e apresentar uma superfície bastante regular, permitindo obter paredes com um óptimo acabamento. Os costeiros foram substituídos por peças metálicas com agulhas roscadas. Estes e outros elementos metálicos introduzidos nos taipais permitem um maior número de utilizações e suportam uma energia de compactação superior. É importante notar que, apesar das alterações que introduzimos no processo de execução da taipa, mantivemos a espessura tradicional das paredes (cerca de 50 cm). ACTUALIZAR A TRADIÇAO 233

ARQUITECTURA CONSTRUIDA EN TIERRA Coberturas A cobertura tradicional de caniço ou tabuado, sobre o qual assentam directamente as telhas, revela-se ineficaz do ponto de vista térmico e da impermeabilização da cobertura. Optámos, por isso, pela introdução de isolamento térmico (poliuretano projectado) e de uma sub-telha (chapa ondulada de fibrocimento). Para além disso, o facto de os barrotes tradicionais só permitirem pequenos vãos levounos a incluir uma estrutura metálica tubular que suporta o peso da sub-telha e da telha. Esta estrutura é amarrada a uma viga de betão armado, encastrada na parede de taipa em todo o perímetro da cobertura. A viga perimetral tem como função receber e distribuir as cargas diminuindo assim as forças horizontais e constitui uma ligação resistente entre a cobertura e a parede. No interior do edifício, os barrotes tradicionais, encastrados nas paredes de taipa, servem apenas de apoio ao caniço, tendo perdido a sua função estrutural, mas preservandose como um signo fundamental da linguagem arquitectónica da região. A cobertura, revestida com telha de canudo recuperada de velhas construções demolidas, permitiu também manter o aspecto dos telhados dos montes antigos. Outro elemento tradicional que incorporámos foi uma abóbada de arestas, executada em «tijolo de burro» deixado à vista. Reboco e caiação Geralmente, as paredes exteriores dos «montes alentejanos» eram rebocadas e caiadas, embora alguns fossem apenas caiados podendo até, como já atrás referimos, a caiação limitar-se às zonas das aberturas. No projecto do «Monte da Taipa», tentámos articular essas duas imagens bem diferenciadas, dando predominância às paredes brancas, mas deixando algumas com a taipa à vista. Esta última opção levou-nos a aplicar um produto à base de silicato de potássio, dada a necessidade de proteger a taipa dos agentes erosivos. Nas paredes caiadas, a taipa foi previamente revestida com um reboco de cal aérea em pasta. De notar que a determinação do tipo de reboco a aplicar para cada tipo de taipa é de extrema importância para o seu desempenho, devendo cumprir os seguintes requisitos: 1) apresentar uma boa aderência à parede, de forma a evitar descolamentos, 2) Figura 6. 234 MARÍA DA LUZ SILVA DIAS SEIXAS

TRADICIÓN E INNOVACIÓN possuir uma resistência mecânica inferior à do suporte, para impedir o aparecimento de fissuras e 3) ser permeável ao vapor de água, para evitar condensações. A nossa experiência tem revelado a importância da qualidade da cal aérea a utilizar no reboco. De facto, a cal em pasta confere ao reboco maior resistência do que a cal em pó produzida industrialmente. Daí que tenhamos optado por recuperar os métodos tradicionais de produção de cal, aproveitando a oferta de cal em pedra que ainda subsiste na nossa região. Adquirimo-la, pois, em pedra, e apagamo-la em água, adicionando-lhe gordura (velas de sebo de Holanda, sebo de borrego ou óleo de linhaça). No final do processo, deve obter-se uma mistura homogénea. Esta pasta repousa no mínimo dois meses e é utilizada no reboco, conferindo-lhe maior resistência à água, dada a presença da gordura. Adicionando água à pasta de cal, obtém-se o chamado leite de cal, utilizado na caiação das paredes, que contribui para a consolidação do reboco. De notar que também neste caso a gordura funciona como elemento hidrófugo e ajuda a fixar a cal à parede. Apesar das vantagens que a caiação apresenta para a manutenção e desempenho das paredes de taipa, a necessidade de repetir a pintura anualmente constitui um factor de desencorajamento à sua aplicação. Como alternativa, recorre-se habitualmente à pintura com tintas de silicato, que apresentam características semelhantes e têm uma durabilidade muito superior. Considerações Finais Entrar no mundo da construção em terra crua foi para nós um desafio e levou-nos a uma reflexão profunda sobre a integração da arquitectura num contexto regional. Não há dúvida de que recuperar alguns métodos construtivos e saberes seculares e tentar manter a essência da linguagem arquitectónica local constitui uma justa valorização do património local, dos espaços, das gentes e das memórias, representando um contributo importante para a preservação da identidade cultural da região. Porém, a construção em terra permite muito mais do que isso, pois vai ao encontro do que há de mais actual em termos de conceitos de desenvolvimento: a sustentabilidade. Com efeito, podemos encontrar na construção em terra uma dimensão ambiental, económica e social, fortemente relacionada com o desenvolvimento local e regional e, ao mesmo Figura 7. ACTUALIZAR A TRADIÇAO 235

ARQUITECTURA CONSTRUIDA EN TIERRA Figura 8. tempo, com a protecção da paisagem natural e construída. A recuperação desta forma de construção tradicional permite criar uma dinâmica local, promovendo a formação e o emprego não só para aqueles que participam directamente no processo como para os que, de forma mais indirecta, nele se podem implicar. É, além disso um bom exemplo em termos de eficiência energética, pois ao utilizar materiais directamente saídos da natureza, requer muito menos energia que a construção corrente; esse ganho energético não se limita ao período da construção: prolonga-se no tempo de utilização do edifício, já que permite um conforto térmico derivado da utilização de métodos solares passivos e do desenvolvimento de uma arquitectura bioclimática. Entre os desafios que a aplicação do conceito de sustentabilidade levanta, foram estes aspectos relacionados com o consumo de energia, o conforto e a utilização de materiais com bom desempenho ecológico que mais mereceram a nossa atenção. Do conjunto das soluções possíveis para concretizar essa orientação, optámos sempre por aquelas que podiam ser integradas no edifício de forma imperceptível do ponto de vista da linguagem arquitectónica. Estamos conscientes de ter descurado aspectos igualmente importantes para uma arquitectura sustentável, como são o aproveitamento das fontes energéticas renováveis, a gestão do ciclo da água no edifício e o tratamento dos resíduos domésticos. No entanto, pretendemos que os nossos próximos projectos integrem também soluções nesses vários domínios, de forma a consolidar um caminho que pretendemos orientar no sentido de uma arquitectura atenta às questões ambientais e, ao mesmo tempo, sensível ao contexto histórico-cultural em que se insere. Isso implica a procura de respostas actuais do ponto de vista da optimização do processo construtivo, da utilização e do aproveitamento dos materiais, mas também do respeito pela dimensão regional de cada projecto. Porém, por entendermos que o futuro não é um regresso ao passado, procuraremos encontrar propostas actuais também ao nível da linguagem arquitectónica. O equilíbrio entre a tradição local e a «contemporaneidade» parece-nos essencial, pois uma tradição que não se actualiza acaba por desaparecer. 236 MARÍA DA LUZ SILVA DIAS SEIXAS

TRADICIÓN E INNOVACIÓN Bibliografía AAVV - Arquitectura de terra em Portugal. Earth Architecture in Portugal. Lisboa, Argumentum, 2005, 300 pp. AAVV - Arquitectura popular em Portugal, Lisboa, Ordem dos Arquitectos, 4ª edição, 2004, vol 2. Arquitecturas de terra: Trunfos e potencialidades, materiais e tecnologia, lógica do restauro, actualidade e futuro (Actas do Seminário animado por Jean Dethier e Hugo Houben e realizado pela Alliance Française de Coimbra e pelo Museu Monográfico de Conimbriga), Comissão de Coordenação da Região Centro Alliance Française de Coimbra Museu Monográfico de Coimbra, Conimbriga, 1992, 174 pp. EUSÉBIO, ANTÓNIO PAULO JACINTO Reabilitação e melhoramento de paredes de terra crua taipa (Dissertação para Obtenção do Grau de Mestre em Construção). Lisboa, UTL Instituto Superior Técnico, 2001, 234 pp. FARDEHEB, FEWZI - «Ventilação natural e brisa nocturna» in Arquitectura e vida, nº 10, Novembro de 2000, pp. 42-45. GALANTE, ROGÉRIO PEREIRA - A construção em taipa e a reciclagem de materiais.(relatório de estágio para a obtenção do Grau de Licenciado em arquitectura), Lisboa, UTL - Universidade Técnica de Lisboa, 2004, 96 pp. LOURENÇO, PATRÍCIA ISABEL MENDES Construções em terra. Os materiais naturais como contributo à sustentabilidade na construção.(dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Construção), Lisboa, UTL - Instituto Superior Técnico, 2002. MATEUS, JOÃO MASCARENHAS Técnicas tradicionais de construção em alvenarias. A literatura técnica de 1750 a 1900 e o seu contributo para a conservação de edifícios históricos. Lisboa, Livros Horizonte, 2002, 430 pp. MOURÃO, JOANA F. M. E PEDRO, JOÃO BRANCo O habitat urbano insustentável in Arquitectura e vida, nº 48, Abril de 2004, pp. 28-31. SERRA, RAFAEL Arquitectura y climas. Barcelona, Editorial Gustavo Gili, 3ª edição, 2002, 94 pp. TEIXEIRA, GABRIELA DE BARBOSA E BELÉM, MARGARIDA DA CUNHA Diálogos de edificação. Técnicas tradicionais de restauro. Porto, CRAT, 3ª edição, 1998, 206 pp. VEIGA, ROSÁRIO E AGUIAR, JOSÉ (COORD.) Cadernos. Edifícios, LNEC, Nº 2, Outubro de 2002. YANNAS, SIMOS - «Para uma arquitectura sustentável» in Arquitectura e vida, nº 61, Junho 2005, pp. 35-41. Notas al pie 1 Ver Pedro Prista «Taipa e adobe na etnografia portuguesa» in Arquitectura de terra em Portugal, Lisboa, Argumentum, 2005, pp. 109-114. 2 O Curso de Mestre de Construção Civil Tradicional surgiu em 1993, com a criação da Escola de Artes e Ofícios Tradicionais, que actualmente integra a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural (EPDSR). 3 Desde o início da actividade, a empresa integra alunos da EPDRS. Numa primeira fase, quatro dos quinze trabalhadores eram estagiários da escola (sendo dois do sexo feminino); actualmente a empresa conta com vinte e quatro funcionários, sendo cinco antigos alunos (três pertencentes ao quadro e dois estagiários). 4 Tradicionalmente a divisão mais importante da habitação, de dimensões generosas e várias funções, em que o elemento dominante é uma lareira a toda a largura do compartimento, mantida acesa ACTUALIZAR A TRADIÇAO 237

ARQUITECTURA CONSTRUIDA EN TIERRA durante todo o dia no Inverno, para cozinhar, aquecer as águas e a casa. 5 Peças que atravessam o taipal inferiormente e têm por função a sua fixação. 6 Eusébio, António Paulo Jacinto Reabilitação e melhoramento de paredes de terra crua taipa (Dissertação para Obtenção do Grau de Mestre em Construção). Lisboa, UTL Instituto Superior Técnico, 2001, p. 46. 7 Experiências realizadas no âmbito do trabalho de estágio de Arquitectura efectuado por Rogério Pereira Galante, que deu origem ao relatório intitulado A construção em taipa e a reciclagem de materiais. Lisboa, UTL Instituto Superior Técnico, 2004, 96 pp. 238 MARÍA DA LUZ SILVA DIAS SEIXAS