Secagem solar do fruto cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal)

Documentos relacionados
CINÉTICA DE SECAGEM DE MASSA ALIMENTÍCIA INTEGRAL. Rebeca de L. Dantas 1, Ana Paula T. Rocha 2, Gilmar Trindade 3, Gabriela dos Santos Silva 4

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA CINÉTICA DE SECAGEM DO MORANGO.

AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE SECAGEM EM LEITO FIXO E CAMADA FINA DE BAGAÇO DE LARANJA E SEMENTES DE MAMÃO PAPAIA COM MUCILAGEM

AVA LIA ÇÃO D A CIN ÉTICA D E SECAGEM D O TIJO LO CERÂM ICO

TÍTULO: COMPARAÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS PARA DESCRIÇÃO DA CINÉTICA DE SECAGEM DE CASCAS DE CENOURA (DAUCUS CAROTA L.) E BETERRABA (BETA VULGARIS).

SECAGEM DE QUIABO (Abelmoschus esculentus L. Moench) EM ESTUFA

DETERMINAÇÃO E MODELAGEM MATEMÁTICA DA SECAGEM DE ARROZ AROMÁTICO

ESTUDO DA CINÉTICA DE SECAGEM DAS CASCAS DE BANANAS DAS VARIEDADES NANICA E PRATA

ESTUDO DA SECAGEM DE COENTRO (coriandrum sativum) NO SECADOR DE BANDEJA

DESIDRATADAÇÃO DE CEBOLA UTILIZANDO UM SECADOR SOLAR CONVECTIVO DO TIPO BANDEJA RESUMO

CINÉTICA DE SECAGEM DE RESÍDUOS DE Artocarpus heterophyllus Lam

Transferência de Energia

SECAGEM DA ABÓBORA (CUCRBITA MOSCHATA, L.) EM SECADOR DE LEITO FIXO

CINÉTICA DE SECAGEM DA BANANA VERDE PACOVAN (Musa x paradisiacal) KINETIC DRYING BANANA PACOVAN

PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE SECAGEM DE BAGAÇO DE MAÇÃ PARA A PRODUÇÃO DE FARINHA

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

ESTUDO CINÉTICO DE DESIDRATAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO BAGAÇO DE MALTE RESÍDUO DA INDÚSTRIA

Pâmella de Carvalho Melo¹, Arlindo Modesto Antunes¹, Paulo Henrique Ribeiro Dias Alves², Jéssica Antônia Andrade Alves³, Ivano Alessandro Devilla 4

CINÉTICA DE SECAGEM DA BORRA DE CAFÉ EM ESTUFA COM CIRCULAÇÃO DE AR

Modelos matemáticos na secagem intermitente de arroz

Atividades Desenvolvidas

MODELAGEM MATEMÁTICA DAS CURVAS DE SECAGEM DA PIMENTA DE CHEIRO

COMPARAÇÃO DE MODELOS FENOMENOLÓGICOS PARA A HIDRATAÇÃO DE GRÃOS DE SOJA

SECAGEM DA POLPA DE GRAVIOLA PELO POCESSO FOAM-MAT E AVALIAÇÃO SENSORIAL DO PRODUTO OBTIDO

DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE TÉRMICA DE LEGUMES UTILIZANDO O MÉTODO GRÁFICO DE HEISLER

CINÉTICA DE SECAGEM DO ESPINAFRE (Tetragonia tetragonoides)

SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM OSMO- CONVECTIVA DE BANANA PRATA

CINÉTICA DE SECAGEM DA FRUTA PHYSALIS POR IRRADIAÇÃO INFRAVERMELHA

TÍTULO: FERMENTAÇÃO DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA VERDE POR BACTÉRIAS PROBIÓTICAS

CINÉTICA DE EXTRAÇÃO DE LIPÍDIOS DE MICROALGA SPIRULINA

ESCOLA SECUNDÁRIA 2/3 LIMA DE FREITAS 10.º ANO FÍSICA E QUÍMICA A 2010/2011 NOME: Nº: TURMA:

Definição de Secagem. Secagem e Armazenagem de Grãos e Sementes. Importância da Secagem. Aula 05

DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM EM CAMADA DELGADA DE PIMENTA DE CHEIRO (Capsicum chinense) A DIFERENTES TEMPERATURAS

SECAGEM. Profa. Marianne Ayumi Shirai. Secagem

ANÁLISE DA CINÉTICA DE SECAGEM E DO ENCOLHIMENTO DAS CASCAS DE CACAU

ENGENHARIA DE MATERIAIS. Fenômenos de Transporte em Engenharia de Materiais (Transferência de Calor e Massa)

Modelagem Matemática da Secagem de Café Natural Beneficiado com Alto Teor de Água

AVALIAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS GRÃOS DE MILHO E DE SOJA ARMAZENADOS EM SILOS BAG

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS E INSTALAÇÕES

COMPARAÇÃO DAS QUALIDADES FÍSICO-QUIMICAS DA MAÇÃ ARGENTINA RED COM A MAÇÃ NACIONAL FUJI

ESTUDO DA CINÉTICA DE SECAGEM DO GENGIBRE (Zingiber officinale Roscoe)

PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MADEIRA

Secagem de Grãos de Arroz em Distintas Temperaturas e Utilizando Lenha com Diferentes Teores de Água

TAXA DE DECOMPOSIÇÃO DE ESTERCOS EM FUNÇÃO DO TEMPO E DA PROFUNDIDADE DE INCORPORAÇÂO SOB IRRIGAÇÃO POR MICRO ASPERSÃO

CINÉTICA DE SECAGEM DE ABACAXI CV PÉROLA EM FATIAS RESUMO

DETERMINAÇÃO DO CALOR ESPECÍFICO DO ALUMÍNIO

Estudo da Transferência de Calor por Condução em Graxa Lubrificante à Base de Sabão de Lítio

Transferência de Calor

Entre sistemas a temperaturas diferentes a energia transfere-se do sistema com temperatura mais elevada para o sistema a temperatura mais baixa.

11S.1 Método da Média Log das Diferenças de Temperatura para Trocadores de Calor com Múltiplos Passes e com Escoamento Cruzado

TÍTULO: ESTUDO DA CURVA DE SECAGEM DA BIOMASSA DE BANANA VERDE IN NATURA PARA PRODUÇÃO DE FARINHA

Utilização do sabugo de milho como fonte energética no processo de secagem

A partir dos dados, tem-se a seguinte correspondência: Usando a proporcionalidade, tem-se: x x = =

CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DOS FRUTOS DE MAMONA DURANTE A SECAGEM

ANÁLISE DA DESIDRATAÇÃO DE RESÍDUOS DE PROCESSAMENTO DE MARACUJÁ (Passiflora Edulis) UTILIZANDO AR QUENTE

MODELAGEM MATEMÁTICA DA SECAGEM DE RESÍDUO DE ACEROLA EM FORNO DE MICRO-ONDAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UFPB CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA - CCEN CURSO: GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA PERIODO:

II INFLUÊCIA DA UMIDADE E DA ESPESSURA DA CAMADA DE LODO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DA TEMPERATURA

OBTENÇÃO DA FARINHA DE MAXIXE (Cucumus anguria L.) POR SECAGEM EM FORNO MICRO-ONDAS E ESTUFA

Análise e Determinação da Umidade de Equilíbrio Higroscópico de Grãos e da Farinha de Trigo na Temperatura de 50 ºC

A Tabela 2 apresenta os valores médios de porosidade e o desvio padrão para as amostras dos Painéis de Fibra de Coco definidos nesta etapa.

CINÉTICA DE SECAGEM DA TORTA DE MAMONA

PARÂMETROS DE QUALIDADE DA POLPA DE LARANJA

Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Engenharia Química 2

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

CINÉTICA DE SECAGEM DE DISCOS CARTONADOS EM CAMADA FINA

Avaliação Cinética da Gaseificação com CO 2 do Bagaço de Maçã

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE POLPA DE ACEROLA IN NATURA E LIOFILIZADA PARA PREPARAÇÃO DE SORVETES

ANÁLISE DA SECAGEM CONVECTIVA DE TECIDOS DE ALGODÃO E POLIÉSTER RESUMO

RESOLUÇÃO COMECE DO BÁSICO - FÍSICA

CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DOS COMPOSTOS BIOATIVOS DA AMORA-PRETA DURANTE O PROCESSO DE SECAGEM CONVECTIVA

CINÉTICA DE SECAGEM E MODELAGEM MATEMÁTICA DO FRUTO DE BURITI (Mauritia flexuosa)

SECAGEM DE FERTILIZANTES EM SECADORES ROTATÓRIOS ROTOAERADOS UTILIZANDO DIFERENTES CONDIÇÕES DE CARREGAMENTO DE SÓLIDOS

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FRUTOS DE MAMONA DURANTE A SECAGEM

CINÉTICA DE SECAGEM EM CAMADA DE ESPUMA DE POLPA DE MARACUJÁ, UTILIZANDO DIFERENTES ADITIVOS.

Condução de calor Transiente

Refrigeração e Ar Condicionado

UMIDADE E SÓLIDOS TOTAIS 11/05/2016. Umidade, Sólidos Totais e Cinzas INTRODUÇÃO

SECAGEM DA MISTURA FERTILIZANTE-BIOMASSA PARA PRODUÇÃO DE FERTILIZANTES DE LIBERAÇÃO LENTA

Desenvolvimento de Amido Modificado com Característica de Expansão

Unidade V - Determinação de umidade e sólidos totais

Determinação das Propriedades Físicas de Grãos de Girassol BRS G57.

Transmissão de Calor

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA. Secador Solar de Frutos. por

ESTUDO DA ESTABILIDADE DA ESPUMA DA POLPA DO UMBU (SPONDIAS TUBEROSA L.) PARA SECAGEM PELO MÉTODO FOAM-MAT

ESTUDO DA SOLUBILIDADE DO PARACETAMOL EM ALGUNS SOLVENTES UTILIZANDO O MODELO NRTL

DETERMINAÇÃO DO ALBEDO EM ÁREAS DE CAATINGA E REFLORESTADA COM ALGAROBA NO SEMI-ÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO RESUMO

Redução da viscosidade da polpa de acerola

AVALIAÇÃO TÉRMICA DO PROCESSO DE SECAGEM DE MISTURAS DE GRAVIOLA E LEITE EM SECADOR DE LEITO DE JORRO

INTRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE CAMU-CAMU (Myrciaria dubia) NO ACRE

Capítulo 08 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO EM REGIME TRANSIENTE

Mecânica dos solos AULA 4

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Engenharia Química para contato:

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

Coletores solares planos

APLICAÇÃO DA LEI DO RESRIAMENTO DE NEWTON EM BLOCOS CERÂMICOS: MODELAGEM, RESOLUÇÃO ANALÍTICA E COMPARAÇÃO PRÁTICA DOS RESULTADOS RESUMO

DETERMINAÇÃO DO ÂNGULO DE REPOUSO DE FERTILIZANTES

Ronaldo Guimarães Corrêa. Aula #3: Configurações de Controle

Projecto PTDC/AGR-ALI/74587/2006 SECAGEM DE PÊRAS EM ESTUFA SOLAR COM CONVECÇÃO FORÇADA RESUMO

Transcrição:

Secagem solar do fruto cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) M. P. S. SOUSA 1, V. A. BEZERRA 1, I. H. GONÇALVES 1, L. A. CAVALCANTE 2 e Y. K. P. GURGEL AUM 1 1 Universidade Federal do Amazonas, Departamento de Engenharia Química 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Departamento de Química, Ambiente e Alimentos E-mail para contato: mayrasousa123@hotmail.com RESUMO Cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) é um fruto nativo da Amazônia. O fruto é rico em minerais, aminoácidos, ácido cítrico, tem baixo teor de gordura e alto teor de umidade. Cubiu é uma fonte significativa de compostos bioativos, como clorofilas, flavonóides e carotenóides. Portanto, é importante analisar o processo de secagem do cubiu como método de preservação de frutos. No presente estudo, o comportamento de secagem de cubiu em um secador solar direto foi estudado. O experimento de secagem foi realizado com fatias de 4 mm e alcançou a umidade de equilíbrio em 5 h de secagem. Os dados de secagem foram ajustados a cinco modelos matemáticos diferentes. A qualidade do ajuste dos modelos propostos foi avaliada por meio da determinação do coeficiente (R 2 ) e da raíz quadrada do erro médio (RMSE). Entre os modelos, Page foi o melhor para descrever o comportamento de secagem em camada fina de fatias de cubiu (R 2 > 0,99, RMSE < 0,036). O objetivo deste trabalho é propor recomendações para um amplo uso de secadores solares e estudar a viabilidade e a exploração desses sistemas limpos, especialmente na região amazônica. 1. INTRODUÇÃO O cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) é um fruto nativo da região amazônica pertencente à família Solanaceae, que nasce de uma planta arbustiva, é também conhecido como Cocona, ou maná-cubiu, ou tomate de índio. É usado regionalmente para a produção de sucos, sorvetes, geleias e também na culinária. Pode também ser empregado na área medicinal para controlar o açúcar no sangue e colesterol (SILVA et al., 1995). É um fruto, em geral, pouco consumido pela população brasileira e é considerado uma planta alimentícia não convencional, esse fator pode ser causado pela sua pequena produção nacionalmente (SERENO et al., 2017). A maioria dos derivados do maná-cubiu são produzidos por pequenos produtores utilizando o material vegetal para consumo in natura. O cubiu é um fruto que possui um alto teor de umidade, podendo variar entre 88,4% e 92,1% (YUYUMA, 2007). Essa característica, o torna propenso a proliferação de microorganismo e a altas atividades enzimática causando oxidação. Para extender o tempo de uso dessas matérias-primas orgânicas são usadas técnicas de processamento com intuito de conservar o alimento para facilitar futuras produções ou transporte, como por exemplo a refrigeração. A secagem é um dos métodos, mais usados para esse propósito, por ser simples e de baixo custo, podendo proteger a matéria agrícola contra deteriorização oxidativa e enzimática (SILVA, 2015).

A operação de secagem pode ser analisada a partir da cinética de secagem que determina a rapidez da perda de umidade do sólido. O processo acaba quando a umidade de equilíbrio é atingida. Existem diversos métodos de secagem ou desidratação como: convecção, solar (direto, indireto ou misto) ou mesmo pela estufa. Atualmente, o uso de energia solar tem grande potencial e pode ser empregada em diversas áreas de setores industriais, o processo de desidratação solar, ocorre com auxílio de um secador solar que funciona a partir da convecção natural, sendo ainda exposto diretamente a radiação solar para ser desidratado (CHAUHAN; KUMAR; TEKASAKUL, 2015; RODRIGUEZ, 2018). O secador, também chamado coletor solar, é um equipamento que possui um funcionamento simples para aquecimento de ar e de baixo custo, tornando-se uma ótima alternativa para regiões de clima tropical. O secador é composto por uma cabine com tampo de vidro com uma inclinação que proporciona uma maior proteção durante o processo para o fruto a ser secado, a massa de ar e aquecida nesse coletor, onde ao atravessar o equipamento sua densidade diminui passando pelo material, e por fim é resfriado por convecção que é causada pela entrada de um ar frio (CELESTINO, 2010). 2. METODOLOGIA A fim de explicar inicialmente os processos necessários para o experimento de secagem foi construído o fluxograma da Figura 1. Figura 1 Fluxograma da metodologia. Os frutos de cubiu foram adquiridos na feira SEPROR em Manaus/AM, em julho de 2016. Como mostrado na Figura 1, os frutos foram lavados em água corrente e posteriormente secos em temperatura ambiente, para então serem fatiados longitudinalmente. Uma amostra do fruto foi utilizada para a determinação da umidade inicial, o qual foi triturado para a transformação em polpa que foi, então, submetido à determinação de umidade por infravermelho à temperatura de 105 C em triplicata, com o auxílio do analisador de umidade padrão. Os ensaios de secagem foram realizados com fatias de cubiu de 4 mm de espessura, as quais foram medidas através de um paquímetro, com graduação 0,02 mm. Em seguida foram

pesadas em uma balança analítica e por fim foram identificadas. Após a pesagem e identificação, as fatias foram colocadas dentro do coletor solar construído como uma câmara de madeira mista com 60 cm x 60 cm que possui 20 cm de altura, com 11 orifícios abertos para passagem do fluxo de ar com diâmetro de 2,5 cm, estando de um lado a 5 cm de altura e do outro a 12 cm de altura, mostrado na Figura 2. Figura 2 Coletor solar: (a) câmara de madeira com os orifícios para passagem de ar; (b) coletor solar finalizado; (c) fatias no coletor durante a secagem. a b c Neste equipamento, ocorreu o processo de secagem, onde os frutos foram submetidos à radiação solar direta, além de correntes de ar introduzidas de forma natural com auxílio dos ventos através de orifícios laterais, essas correntes eram, então, aquecidas pelo efeito estufa dentro do secador. Devido ao gradiente de temperatura do processo de aquecimento, ocorreram transferências de energia entre o meio e as amostras dentro do secador. Ao longo do processo, as fatias foram retiradas para serem pesadas, primeiramente, a cada 30 minutos e, após duas horas, retiravam-se a cada uma hora até se obter massas constantes para cada fatia. O experimento de secagem foi realizado usando fatias de 4 mm que foram submetidas ao processo de 9 h da manhã às 17 h da tarde, total de 8 h. A partir dos dados obtidos foi possível calcular a razão de umidade MR utilizando a equação (1). MR = (X Xe) (Xo Xe) (1) Em que: X e a umidade absoluta em base seca; Xe e a umidade de equili brio em base seca; Xo e a umidade inicial em base seca. Para a elaboração das curvas de secagem foram calculadas as razões de umidade. Modelos matemáticos, mostrados na Tabela 1, foram ajustados aos dados com o intuito de analisar o modelo capaz de descrever o comportamento da curva da operação de secagem do cubiu. Tabela 1 Equações dos modelos matemáticos utilizados Equação Referência MR = exp(-k.t) Newton (LEWIS, 1921) MR = exp(-k.t n ) Page (PAGE, 1949) MR = a.exp(-k.t) Henderson e Pabis (HENDERSON & PABIS, 1961) MR = a.exp(-k.t) + c Logarítmico (YAGCIOGLU et al., 1999) MR = a.exp(-ko.t) + b.exp(-k1.t) Dois Termos (HENDERSON, 1974)

Temperatura( C) Temperatura( C) 3. RESULTADOS O experimento foi realizado no dia 14 de julho de 2016 e o teor de umidade inicial obtido, a partir de uma amostra original foi de 90,68% que representa o valor médio das unidades obtidas para cada dia. Durante o experimento foi aferido a umidade, a temperatura interna e externa do secador com o auxílio de um termo-higrômetro, visando calcular a razão de umidade (MR) a partir da equação (1), a Figura 3 representa a variação da temperatura durante o dia 14/jul, nesta etapa o clima foi predominantemente ensolarado e observa-se que pela manhã a temperatura interna se manteve próximo a 70 C e foi gradativamnete diminuindo por volta das 14:00 horas. Notou-se que a temperatura do ar no interior do equipamento em relação ao fluxo de ar fornecido pelo ambiente, sofreu um aumento gradativo causado pela transferência de calor por convecção, proporcionada pela absorção de energia térmica por radiação solar. Esse processo foi ainda mais efetivo, pois o secador solar é revestido com paredes de coloração escura, aumentando o potencial de absorção de calor que gerou o aquecimento das correntes de vento que transitavam pelo equipamento. Somado a isso, observou-se que o secador manteve uma média de tempetura externa de 34,77 C, não apresentando demasiada variação ao longo do tempo mesmo estando em contato com as condições ambientais externas. Figura 3 - Variação da temperatura interna e externa com o tempo para o dia 14. 75,0 65,0 55,0 45,0 35,0 25,0 45,6 53,6 63,4 66,8 67,1 67,8 66,9 32,8 33,5 34, 35,1 35,9 37,6 38,1 37,5 Em outro dia (18 de julho de 2016) referente a Figura 4, foram feitas medições da temperatura interna e externa do coletor para analisar a variação da temperatura local, obsevouse que não ocorreu uma elevada variação de temperatura externa, enquanto a temperatura interna sofreu um elevado aumento nas 2 primeiras horas, ás 13:00 se manteve proximo de 70 C e em seguida sofreu um resfriamneto gradual até às 17:00. Figura 4 - Variação da temperatura interna e externa com o tempo para o dia 18. 59,4 54,5 45,0 34,1 32,4 32,1 9:00 9:30 10:00 10:30 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 Tempo (h) T interna T externa 80 60 40 20 0 66,9 69,5 68 55,5 56,4 59,9 62,8 58,8 51 43,6 33,3 34,1 35,5 35,7 35,8 37,2 38,8 34,5 35,5 35,6 35 T interna T externa 9:00 9:30 10:00 10:30 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 Tempo (h)

MR (adimensional) A Figura 5 mostra a curva de cinética de secagem que relaciona as razões de umidade adimensional com o decorrer do tempo para amostras de cubiu de 4 mm no dia 14/jul. Verificou-se que a cinética é mais acentuada nas 2 primeiras horas com altos valores de MR, devido principalmente à elevada umidade do fruto, enquanto ao atingir 5 h de secagem sofreu uma diminuição, em razão da obtenção da umidade de equilíbrio, aproximando a razão de umidade à zero demonstrando que de fato, a secagem no cubiu ocorreu de forma eficaz. Notouse que foi atingida massa constante por volta do intervalo de 15:00 à 16:00, e ao fim da secagem, o fruto sofreu um encolhimento, escurecimento e aumento da rigidez devido à retirada de umidade. Figura 5 - Cinética de secagem das fatias de 4 mm. 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 MR experimentais Modelo PAGE 0 60 120 180 240 300 360 420 480 Tempo (min) Cinco tipos diferentes modelos matemáticos foram analisados, dentre eles o modelo que obteve os melhores resultados foi o modelo de Page, pois, de acordo com a Tabela 2, apresentou o maior valor R 2 (0,9979) e o menor valor de RMSE (0,035112), portanto, esse modelo foi utilizado como referência para modelar a cinética de secagem do cubiu. Tabela 2- Parâmetros dos modelos matemáticos utilizados. Modelo Parâmetros R 2 RMSE Newton k = 0,4225 0,9826 0,103575 Page n = 1,8815; k = 0,210395 0,9979 0,035112 Henderson & Pabis a= 1,1351; k=0,4797 0,9874 0,088512 Logaritmo a= 1,2274; c= -0,1170; k= 0,3796 0,9906 0,076494 Dois termos a= 0,5675; b=0,5675; k0=0,4797; k1= 0,4797 0,9874 0,088512

4. CONCLUSÃO Os resultados obtidos são para àquelas condições de clima no dia do experimento e que são variáveis ao longo do dia. A secagem do cubiu a partir do secador de exposição à radiação solar direta na região amazônica foi efetiva e satisfatória, na qual observou-se a diminuição da razão de umidade com o decorrer do tempo em poucas horas de operação. Devido às características da região, tropical de clima quente e úmido, pode haver variação significativa de temperatura, mas a tendência é que ela se mantenha num patamar elevado (> 30ºC) e a configuração do coletar facilita a concentração de energia, o que tende a facilitar a secagem. Portanto, precisa-se ainda avaliar a secagem em diferentes condições climáticas para se ter uma melhor compreensão de como o clima local influencia no processo. As fatias sofreram escurecimento ao longo do tempo de secagem, o que sugere a necessidade de realização de um pré-tratamento para evitar a oxidação do fruto. 5. REFERÊNCIAS CHAUHAN, P. S.; KUMAR, A.; TEKASABUL, P. Applications of software in solar drying systems: a review. Renewable and sustainable energy reviews, 51, p 1326-1333, 2015. RODRIGEZ, A.; BRUNO, E.; PAOLA, C.; CAMPANONE, L; MASCHERONE, R. H. Experimental study of dehydration processes of raspberries (Rubus Idaeus) with microwave and solar drying. Food Science and Technology, Campinas, Ahead of Print, ISSN 0101-2061, 2018. SERENO,A. B; GIBBERT, L; BERTIN, R. L; KRUGER, C.C. Cultivo do Mana-Cubiu (Solanum sessiliforum Dunal) no litoral do Paraná e sua contextualização com a segurança alimentar e nutricional. Divers@ Revista Eletrônica Interdisciplinar, v.10, n.2, p.123-132, jul./dez 2017. SILVA, D. F.P.; ROCHA, R. H.C.; SALOMÃO,L. C. Postharvest quality of cocona (Solanum sessiliforum Dunal) stored under ambient conditions. Rev. Ceres, Viçosa, v.58, n.4, p.476-480, jul/ago, 2011. SILVA FILHO, D. F.; ANUNCIAÇÃO, FILHO, C.; NODA, H.; REIS, O. V. J. Análise Multivariada da Divergência Genética em 29 populações de Cubiu (Solanum sessiliforum Dunal) avaliada na zona da mata do estado de Pernambuco. ACTA AMAZONICA 25(3/4), p. 171-180, 1995. SILVA, E. S.; OLIVEIRA, J.; MACHADO, A. V.; COSTA, R. O. Secagem de Grãos e Frutas: Revisão Bibliográfica. Revista Brasileira de Agrotecnologia (Garanhuns - PE - Brasil), v. 5, n.1, p. 19-23, jan-dez, 2015. YUYAMA, L. K. O.; PEREIRA, Z. R. S.; AGUIAR, J. P. L.; SILVA FILHO, D. F.; SOUZA, R. F. S.; TEIXEIRA, A. P. Estudo de influência do Cubiu (Solanum sessiliforum Dunal) sobre a concentração sérica de glicose. Rev Inst Adolfo Lutz, 64(2), p.232-236, 2005. YUYAMA, L. K. O.; MACEDO, S. H. M.; AGUIAR, J. P. L.;FILHO, D. S.; YUYAMA, K.;FAVARO, D. H. T.; VASCONCELLOS, M. B. A.Quantificação de macro e micronutrientes em algumas etnovariedades de Cubiu (Solanum sessiliforum Dunal) ACTA AMAZONICA,vol 37(3), p 425-430, 2007.