PROCESSOS: 043.51797/2009, 043.51799/2009, 043.43509/2009, 043.51795/2009, 043.51800/2009 e 043.51801/2009. RECURSO VOLUNTÁRIO: AUTOS Nº 2009/001508; 2009/001501; (ISS PRÓPRIO NÃO RECOLHIMENTO); AUTO Nº 2009/001498 (ISS SUBSTITUTO RETIDO E NÃO RECOLHIDO). REEXAME NECESSÁRIO: AUTOS DE INFRAÇÃO Nº 2009/001491 (043.51800/2009) e 2009/001492 (043.51801/2009). RECORRENTE(S): CAIXA ECONÔMICA FEDERAL AG. BARÃO DE GURGUEIA CNPJ: 00.360.305/1606-59 (CMC: 033.606-8) E MUNICÍPIO DE TERESINA. V O T O Os Recursos Voluntários e de Ofício cumprem os requisitos de admissibilidade e, portanto, deles tomo conhecimento, passando a analisa-los nos itens que seguem. 1. Do Reexame Necessário As autuações trazidas à apreciação do Conselho de Contribuintes do Município de Teresina, por meio do Reexame Necessário (Processo Administrativo 043.48509/2009) dos Autos de Infração 2009/001491 e 2009/001492, têm por fundamento comum o rateio do benefício fiscal, entre as agências da Caixa Econômica Federal, consubstanciado nos Certificados de Projetos Culturais (CPC), previstos na Lei Municipal nº 2.194/93 (Lei A. Tito Filho) e modificações posteriores. Já bastante discutida em sede de julgamentos de 1ª e 2ª instâncias administrativas, a permissividade do rateio entre as diversas agências da Caixa Econômica Federal do benefício fiscal atribuído pelo CPC emitido em face da inscrição municipal de apenas uma de suas agências, englobando a totalidade do valor do contrato de patrocínio firmado, encontra respaldo na busca pela verdade material que deve guiar o julgamento administrativo. Isso porque, embora o dispositivo legal tenha previsto ser intransferível o CPC, a substância dos fatos aponta que, embora emitido em face de apenas uma das agências da instituição financeira, foi a Caixa Econômica Federal, entendida, aqui, como instituição, e representada nos atos formalizadores dos contratos de patrocínio cultural por seu Superintendente Regional, a real 1
patrocinadora e, consequentemente, beneficiária do incentivo fiscal. Portanto, a incorreta emissão do CPC em nome de apenas uma das agências do banco não pode obstar, em privilégio do princípio da verdade material, a plena fruição do benefício fiscal pelas demais agências da Caixa Econômica Federal. No caso concreto, as autuações presentes nos Autos de Infração 2009/001491 e 2009/001492, por terem como fundamento unicamente a suposta diferença de recolhimento do ISS Próprio pela inaplicabilidade do benefício fiscal dos CPC nº 382 e 510 emitidos em favor da Agência de inscrição 024444-9 (Agência Areolino de Abreu), não merecem prosperar. 2. Do Recurso Voluntário acerca do A.I. 2009/001498 Contra decisão de 1ª Instância de nº 138/2013 que manteve parcialmente o Auto de Infração 2009/001498, que versa sobre o não recolhimento do ISS devido por substituição, o sujeito passivo interpôs Recurso Voluntário (Processo Administrativo 043.10327/2013) pugnando pela retirada da aludida autuação o valor do ISS relativo às Notas Fiscais de Serviços (NFS) de nº 668, 06, 082, 39 e 40. Acerca da NFS de nº 668, o julgador de primeira instância, acatando o contido no parecer nº 081/2011 da JPDF em seu subitem a do item 12, julgou pela procedência da autuação em face da não comprovação do recolhimento do ISS retido na fonte informado na Declaração Mensal de Serviços (DMS) da agência de inscrição 045165-7 (Conselheiro Saraiva). Em seu recurso voluntário, o sujeito passivo apresenta os relatórios de serviços tomados emitidos no sistema ISSO, assim como os comprovantes de retenção acerca da referida NFS. Tais documentos comprovam, tão somente o cumprimento das obrigações acessórias de prestar declaração (art. 154, 3º da Lei Complementar 3.606/2006) e de fornecer o comprovante de retenção ao prestador (art. 101, 2º da Lei Complementar 3.606/2006), carecendo de base probatória o cumprimento da obrigação principal o recolhimento do ISS por substituição relativo à NFS nº 668, que é objeto da autuação. Portanto, por falta de alicerce probatório suficiente, não se vislumbra razão ao sujeito passivo no tocante à argumentação relativa a esta NFS. Sobre as NFS nº 06 e 82, a recorrente afirma incorreção na identificação da numeração das NFS efetivamente tomadas, apresentando, para basear seus argumentos, cópias das Notas Fiscais nº 05 e 06 emitidas pela empresa Eliana & Cia Ltda (CNPJ 02.619.124/0001-85) e a de nº 76 emitida pela empresa SOMA SAÚDE LTDA (CNPJ 86.690.047/0001-40). No caso da NFS nº 06 o que se percebe é que a Caixa Econômica Federal errou ao preencher sua DMS, deixando de informar a numeração das NFS nº 05 e 06, ambas emitidas em novembro/04 para a recorrente. O ISS retido na fonte relativo às NFS 05 e 06, no valor de R$ 378,79 e R$ 48,27, respectivamente, foram, conforme comprova a recorrente, recolhidos nas Guias 01 e 02 da competência novembro/2004 em 10/12/2004. Já em relação à NFS nº 82, mais uma vez 2
houve discrepância da informação da numeração correta da NFS. Todavia, mais uma vez a recorrente conseguiu comprovar o devido recolhimento do ISS por substituição correspondente (R$ 7,92) na Guia 03 da competência março/2005. Assim, não devem prosperar as autuações relativas às NFS 06 e 82 por não recolhimento do ISS retido na fonte. No que tange as NFS 39 e 40, a recorrente realizou o devido recolhimento, conforme comprovado, nas Guias 032 e 057 da competência Janeiro/2006 em 10/02/2006, apesar de não ter identificado corretamente a numeração das referidas NFS na sua relação de serviços tomados de sua DMS. Indevida, portanto, a autuação pelo descumprimento da obrigação principal relativa a estas NFS. Em conclusão, ficam mantidas as autuação pelo não recolhimento do ISS por substituição relativo apenas à NFS 668. 3. Do Recurso Voluntário acerca dos A.I. 2009/001501 e 2009/001508 Os Recursos Voluntários interpostos pelo sujeito passivo ante ao provimento parcial dos Autos de Infração 2009/001501 (Recurso no Processo Administrativo 043.10323/2013) e 2009/001508 (Recurso no Processo Administrativo 043.10325/2013) versam, em resumo, sobre a inconformidade da autuada pela tributação das subcontas dos grupos 7.1.1.03.30, 7.1.1.05.30 e 7.1.1.65.30 e das subcontas 7.8.1.10.01.05-2 e 7.8.1.10.01.19-2. No tocante à subconta 7.8.1.10.01.05-2 (PREÇO DE TRANSFERÊNCIA-CONVÊNIOS- RECEBIMENTOS), cuja função, conforme plano de contas da instituição financeira, é registrar as rendas de tarifas, portes e comissões pela prestação de serviços diversos, para cuja escrituração não exista conta adequada, que constituíam receita efetiva no período, assim como em relação à subconta 7.8.1.10.01.19-2 (TARIFAS PELO PAGAMENTO DE ABOO/QUOTAS), que tem como função registrar a distribuição de tarifas do PIS/PASEP entre os pontos de venda, não restam dúvidas de que são rubricas que contemplam valores de efetiva prestação de serviços pela recorrente. Ainda que considerado o argumento, levantando no Recurso Voluntário, que consistiriam tais subcontas em mecanismos de distribuição de resultados entre as agências da Caixa Econômica Federal, estes recursos distribuídos entre os estabelecimentos da instituição financeira nada mais seriam do que compensações pela efetiva prestação de serviços e, em consequência, base de cálculo do ISS. Correta, portanto, a autuação sobre a receita auferida e registrada nestas subcontas. Em relação às subcontas dos grupos 7.1.1.03.30 (7.1.1.03.30.01 RENDAS DE TAXAS S/ ADIANTAMENTO A DEPOSITANTE) E 7.1.1.05.30 (7.1.1.05.30.01 RENDAS DE TAXAS S/EMPRÉSTIMOS PESSOA FÍSICA e 7.1.1.05.30.02 RENDAS DE TAXAS SOBRE EMPRÉSTIMOS PESSOA JURÍDICA), alega a recorrente a impossibilidade de tributação das referidas rubricas antes do advento da Resolução 3.518/2007 do Banco Central do Brasil. Tais rubricas constituem receita pela efetiva prestação de serviços tributáveis pelo ISS, mesmo nas 3
competências anteriores ao advento do aludido normativo, que traz a necessidade de previsão contratual para cobrança de tarifas pela prestação de serviços. Ora, se mesmo antes da edição da referida Resolução do Banco Central, a instituição financeira já efetuou a cobrança de tarifas pela prestação de serviços tributáveis pelo ISS aos seus clientes, não há que se falar em afastamento da incidência tributária, uma vez que observada a ocorrência do fato gerador do imposto. Deve, assim, ser mantida a autuação em face das subcontas destes grupos. Por fim, quanto ao grupo de contas 7.1.1.65.30 (RENDAS DE COMISSÕES S/FINANCIAMENTOS HABITACIONAIS) cuja função genérica é de registrar rendas de comissões, tais como tarifas, sobre diversas modalidades de financiamentos habitacionais, a recorrente afirma serem tributáveis apenas alguns dos eventos (lançamentos) efetuados nas rubricas deste grupo, devendo-se excluir eventos alheios à incidência do ISS tais como o recebimento de multa (penalidade). O sujeito passivo, em seu Recurso Voluntário, afirma que, apesar do plano de contas da instituição financeira apontar o contrário, as subcontas do grupo 7.1.1.65.30 registrariam, além de comissões e tarifas sujeitas à tributação pelo ISS, o recebimento de multas e outros encargos financeiros relativos a financiamentos habitacionais. Ora, existência do grupo 7.1.1.65.40 (RENDAS DE ENCARGOS EM ATRASO S/FINANCIAMENTOS HABITACIONAIS) cujas subcontas têm a função de registrar as rendas de encargos em atraso, tais como mora, multa e juros remuneratórios sobre os financiamentos habitacionais, indica o oposto do que afirma a recorrente, uma vez que caberia a tal grupo, que não fora alvo de tributação pelo ISS pelo fisco, a escrituração dos aludidos eventos alheios à incidência do imposto. Entender diferente equivaleria a aceitar que a escrituração contábil em prática na Caixa Econômica Federal desrespeita as funções das contas e subcontas definidas no próprio plano de contas institucional. Conclui-se, assim, pela procedência da autuação no tocante às subcontas do grupo 7.1.1.65.30 e desnecessidade de apresentação, pela recorrente, de planilha com valores dos eventos que considera tributáveis destas rubricas. 4. Da Decisão Pelo até aqui exposto, voto: a) pelo não provimento do Recurso de Ofício (Reexame Necessário) relativo aos A.I. 2009/001491 e 2009/001492, confirmando a decisão de primeira instância que considerou os referidos autos TOTALMENTE IMPROCEDENTES; b) pelo provimento parcial do Recurso Voluntário (Processo Administrativo 043.10327/2013) relativo ao A.I. 2009/001498, devendo ser excluídas, além das NFS retiradas em face da decisão de 1ª Instância, as autuações relativas às NFS 06, 82, 39 e 40. Mantida, assim, para o A.I. 2009/001498, apenas a autuação relativas à NFS 668; c) pelo não provimento do Recurso Voluntário (Processos Administrativos 4
É como voto. 043.10323/2013 e 043.10325/2013) relativo aos Autos de Infração 2009/001501 e 2009/001508, mantendo-se a decisão de 1ª instância de PROCEDÊNCIA com alterações destes autos. Teresina, 10 de Junho de 2014 Clayson Coelho Aguiar Conselheiro 5