Fontes e doses de matéria orgânica na produtividade e teor de amido em batatadoce Ademar P. de Oliveira 1 ; Petronio C. Gondim 2 ; Ovídio Paulo R. da Silva 2 ; Arnaldo Nonato P. Oliveira 3 ; Juliete A. da Silva 2 ; Suany Maria G Pinheiro 4 1 UFPB Centro de Ciências Agrárias, 58397-000, Areia, PB, caixa postal - 02 2 UFPB 2 UFPB Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-graduação em Agronomia, 58397-000, Areia, PB. 3 UFCG - Programa de Pós-Graduação em Horticultura Tropical, 58840-000, Pombal-PB. 4 UFPB- Centro de Ciências Agrárias, Graduação em Agronomia, 58397-000, Areia, PB. Email: ademar@cca.ufpb.br; pcgondim@yahoo.com.br; ovido_paulo@yahoo.com.br; jullyetearaujo@hotmail.com; arnaldo.nonato@hotmail.com; suanygp@hotmail.com RESUMO O trabalho foi realizado Universidade Federal da Paraíba, Areia - PB, no período de abril a agosto de 2009, com o objetivo de avaliar o comportamento da batata-doce adubada com fontes e doses de matéria orgânica, em delineamento experimental de blocos casualizados em esquema fatorial 2 x 6, com duas fontes de estercos (bovino e caprino) e seis doses (0, 10, 20, 30, 40 e 50 t ha -1 ), com três repetições. O máximo valor para a massa fresca de raízes comerciais de batata-doce em função das doses de esterco caprino foi de 264,9 g, obtida na dose de 39,8 t ha -1. O esterco bovino apresentou média de 202,2 g. A dose máxima estimada foi de 28,7 t ha -1 de esterco caprino que foi responsável pela produtividade total de raízes de batata-doce de 20,0 t ha -1. A produtividade total em função das doses de esterco bovino foi de 13,3 t ha -1. A máxima produtividade comercial de raízes na batatadoce de 16,7 t ha -1 foi obtida na dose estimada de 29,0 t ha -1 de esterco caprino. A produtividade comercial de raízes em função das doses de esterco de bovino foi 8,8 t ha -1. Os teores de amido em raízes de batata-doce aumentaram de forma linear com incremento das doses de esterco caprino e bovino, com teores de 17,3 % e 15,4 %, respectivamente, nas doses de 50 t ha -1. Palavras-chave: Ipomoea batatas; adubação orgânica, rendimento. Sources and level of organic matter on yield and starch content in a sweet potato ABSTRACT This study has been carried out at UFPB, Areia city - PB, from April to August 2009, aiming to evaluate the behavior of the sweet potato fertilized with sources and levels of organic matter, in experimental design of randomized blocks, in factorial scheme 2 x 6, with two sources of manure (bovine and goats) and six doses (0, 10, 20, 30, 40 and 50 t ha -1 ) with three repetitions. The maximum value for the fresh weight of commercial roots of sweet potato as a function of doses of goat manure was 264.9 g, obtained at a dose of 39.8 t ha -1. The manure had an average of 202.2 g.the maximum estimated dose was 28.7 t ha -1 of goat manure that were responsible for the overall productivity of sweet potato roots of 20.0 t ha -1. The total average productivity, depending on bovine manure doses was 13.3 t ha -1. The maximum commercial productivity of sweet potato roots of 16.7 t ha -1 was gotten in the estimated dose of 29.0 t ha -1 of goat manure. The commercial productivity of root depending on the doses of bovine was 8.8 t ha -1. The starch content in roots of sweet potato increased linearly with increasing doses of goat manure and cattle, with levels of 17.3% and 15.4%, respectively, at doses of 50 t ha -1. Key words: Ipomoea batatas, organic fertilization, yield. Considerada a quarta hortaliça mais consumida no Brasil, a batata-doce se constitui numa fonte de energia e nutrientes de grande importância social e econômica, principalmente, para a população mais carente da Região Nordeste participando do suprimento de calorias, vitaminas e mineral na Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 6743
dieta alimentar humana. Apresenta custo de produção relativamente baixo e retorno elevado e participa como matéria prima processos industriais, na obtenção de álcool, amido, pães, doces, farinhas, flocos e féculas. O Estado da Paraíba é o maior produtor nordestino e o quarto produtor brasileiro de batata-doce e mais cultivada em regime de agricultura familiar. Contudo, tem uma das mais baixas produtividades do Brasil, 8,9 t ha -1 IBGE, 2008). Esse fato é reflexo da ausência de tecnologia, informações e conhecimentos adequados principalmente com relação à fertilização orgânica e mineral, o que tem provocado perda de receita, desestimulando os produtores e contribuindo para o decréscimo da área plantada (Oliveira et al., 2005). As hortaliças respondem à adubação com matéria orgânica apresentando resultados excelentes, tanto em produção como na qualidade dos produtos obtidos, especialmente em solos pobres, isso porque é considerada eficiente agente condicionador do solo, capaz de melhorar substancialmente as condições de seu cultivo pelo aumento da capacidade de retenção de água, aumento da disponibilidade de nutrientes em forma assimilável pelas raízes, tais como nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre (Oliveira et al., 2010). Dentre as fontes de matéria orgânica usadas na produção de hortaliças destacam-se o esterco bovino e caprino. A resposta da batata-doce à adubação orgânica depende das condições do solo. Quando cultivada em solos com fertilidade natural média a alta, geralmente, não há resposta a essa adubação, porém em solos pouco férteis o uso de fertilizantes orgânicos proporciona incremento significativo na sua produtividade (Santos et al., 2006). Em solos com alta disponibilidade de nutrientes ocorre intenso crescimento da parte aérea, em detrimento da formação de raízes tuberosas, sendo que, as cultivares responde de modo distinto à aplicação de nutrientes. O trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos de fontes e doses de matéria orgânica na produtividade e teor de amido na batata-doce. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em condições de campo, entre abril e agosto de 2009, na Universidade Federal da Paraíba, em Areia-PB, em solo da área classificado como Neossolo Regolítico, psamítico, textura franca, e apresenta as seguintes características química na camada de 0 a 20 cm: ph (em H 2 O) = 7,0; P- Mehlich 1 (mg dm -3 ) = 99,00; K (mg dm -3 ) = 93,6; Al trocável (cmol c dm -3 ) = 0,0; Mg (cmol c dm -3 ) = 0,70; Ca (cmol c dm -3 ) = 3,00; matéria orgânica (g kg -1 ) = 11,13. Os estercos bovino e caprino apresentaram, respectivamente, a seguinte composição Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 6744
química: P 2 O 5 = 4,4 e 4,3 g/kg; K 2 O = 13,2 e 9,75 g/kg; C = 123,4 e 105,61g/dm 3 ; N = 10,7 e 9,82 g/dm 3 ; relação C/N = 13,5 e 10,75; matéria orgânica = 212,2 e 182,07 g/dm 3. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados, com três repetições, em esquema fatorial 2 x 6, referente a duas fontes de esterco (bovino e caprino) e seis doses (0, 10, 20, 30, 40 e 50 t ha -1 ). O preparo do solo constou de roço, capina e confecção de leirões, com auxílio da enxada No plantio foi realizado no dia 03 de abril de 2009, e foram utilizadas ramas com 80 dias de idade da cultivar Paraíba, cortadas em pedaços de aproximadamente 30 cm. O experimento foi composto de 57 parcelas, sendo cada unidade experimental constituída por quatro leirões, com sete covas por leirão, duas plantas por cova, perfazendo 14 plantas por leirão, espaçadas em 0,80 x 0,30m. A adubação constou apenas das doses de matéria orgânica descritas no delineamento experimental, com acréscimo de 5% relativo à umidade do esterco bovino e caprino. Durante a condução do experimento foram executadas capinas com o auxílio de enxada e amontoas. Nos períodos de ausência de precipitação foi fornecido água a cultura, o suficiente para manter a umidade do solo, por de aspersão convencional com turno de rega de três. A colheita foi realizada aos 120 dias após plantio, período em que ocorreu a maturação fisiológica da batata-doce. Foram avaliadas a massa fresca de raízes comerciais; a produtividade total e a produtividade comercial, sendo estas consideradas conforme Embrapa (1995), com massa entre 80 a 400 g e o teor de amido nas raízes comerciais foi determinado no Laboratório de Biologia e Tecnologia Pós-Colheita da Universidade Federal da Paraíba, conforme metodologia descrita por Lanara (1981). Os resultados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o teste F para a comparação de quadrados médios e as medias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade para as fontes, sendo o efeito de doses e interação avaliado por regressão polinomial sobre as características avaliadas, testando-se os modelos linear e quadrático, sendo selecionado para explicar os resultados aquele que apresentou o maior coeficiente de determinação (R 2 ) e que melhor representou o comportamento dos resultados obtidos, utilizando o software Saeg (2000), desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (MG). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados evidenciaram efeitos significativos (P<0,05) da interação para fontes e doses de esterco variando com as características avaliadas. Os máximos valores para a massa fresca de raízes comerciais de batata-doce em função das doses de esterco caprino foi de 264,9 g obtida na dose de 39,8 t ha -1. O esterco bovino apresentou média de 202,2 g, em função de suas doses (Figura 1). O esterco caprino proporcionou ganho de 87,4% (123,5 g), em relação a sua ausência, porém, todos os pesos médios obtidos no presente Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 6745
trabalho situaram-se dentro do padrão comercial para a batata-doce, independente da fonte matéria orgânica (Santos et al., 2006). A dose de 28,7 t ha -1 de esterco caprino definida por derivadas foi responsável pela máxima produtividade total de raízes de batata-doce de 20,0 t ha -1 e o esterco bovino apresentou produtividade total de 13,3 t ha -1 (Figuras 2A). A máxima produtividade comercial de raízes na batata-doce, 16,7 t ha -1 foi obtida na dose estimada de 29,0 t ha -1 de esterco caprino. A produtividade comercial de raízes em função das doses de esterco bovino foi 8,8 t ha -1 (Figura 2B). A obtenção de 16,7 t ha -1 de raízes comerciais de batata-doce, alcançada com a aplicação de esterco caprino superou o rendimento médio do Estado da Paraíba (9,03 t ha -1 ) e o do Brasil (11,52 t ha -1 ), conforme IBGE (2009). Também essa produtividade superou em 7,9 t ha -1 a produtividade média alcançada com o uso de esterco bovino. De acordo com Alves & Pinheiro (2012), o esterco caprino é uma das fontes de matéria orgânica que em função de sua composição química mais disponibiliza nutrientes de forma gradual para as culturas. Menezes et al. (2002), constataram que o esterco caprino se constitui uma fonte alternativa de N e P nos solos. Silva et al. (2007) ao avaliarem a disponibilidade de nutrientes no solo, com diferentes fontes de matéria orgânica, constataram que o esterco caprino promoveu os maiores aumentos em N total, P total e P e K extraíveis (Mehlich 1) do solo. Os incrementos na massa fresca de raízes comerciais, produtividade total e comercial de raízes promovidos pelas fontes orgânicas, em relação a sua ausência, provavelmente ocorreram devido a Capacidade de Troca de Cátion (CTC) da matéria orgânica e a sua capacidade de melhorar as propriedades físicas do solo. Sousa & Rezende (2006) relatam sobre a importância da matéria orgânica, e quando mineralizada reflete na melhoria das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo as quais promovem o crescimento e desenvolvimento das plantas. Pires & Junqueira (2001) consideram a matéria orgânica uma fonte de nutriente muito mais completa e equilibrada para as plantas do que os adubos minerais, o que vem calhar com os resultados obtidos nos tratamentos em estudo. De acordo com Rodrigues & Casali (1999) a matéria orgânica fornece o N inorgânico, aumenta a capacidade de troca de íons minerais e fornece água gradualmente, na medida em que se processa sua mineralização, proporcionando uma maior absorção de nutrientes da solução do solo. Além de fornecer o K quase na sua totalidade por difusão, sem que haja a necessidade da sua mineralização (Barber, 1995). Alguns autores relatam a importância da matéria orgânica em suprir as necessidades das culturas tuberosas, proporcionando aumento de produção (Santos et al., 2006; Oliveira et al., 2007). Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 6746
Os teores de amido em raízes de batata-doce aumentaram de forma linear com incremento das doses de esterco caprino e bovino, com teores de 17,3 % e 15,4 %, respectivamente, nas doses de 50 t ha -1 (Figura 3). O teor de amido com uso de esterco caprino foi superior em 1,9% superior o de esterco bovino. Os efeitos das fontes de matéria orgânica sobre o teor de amido em batata-doce pode ser explicado pelo fato de que a adubação orgânica proporciona melhoria na qualidade dos produtos colhidos. Entretanto, as informações sobre esse tema são escassas. Segundo Santos (1993), os vegetais produzidos com adubos orgânicos apresentam maior valor nutricional traduzindo em maior valor de vitaminas, proteínas, matéria seca, amido e teores equilibrados de minerais. Oliveira et al. (2002) verificaram maior teor de amido no inhame com adubação orgânica, nas fontes esterco bovino. REFERÊNCIAS ALVES FF; PINHEIRO R. Esterco caprino recupera e ativa solo. Disponível em: < http://www.esteditora.com.br/correio/4819/4819.htm > Acessado em: 10 fev. 2012. BARBER SA. 1995. Soil nutrient bioavailability. A mechanistic approach. 2. ed. New York, John Wiley 7 & Sons. 414p. EMBRAPA. 1995. Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças. Cultivo da batata-doce (Ipomoea batatas). 3 ed. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e Reforma Agrária. 8p. (Instruções técnicas, 7). IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2008. Produção agrícola municipal. Rio de Janeiro. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2009. Produção agrícola municipal. Rio de Janeiro. LANARA.1981. Métodos analíticos oficiais para controle de produtos de origem animal e seus ingredientes, II: métodos físicos e químicos (Laboratório Nacional de Referência Animal, Lanara). MENEZES RSC; SAMPAIO EVSB; SILVEIRA LM; TIESSEN H. & SALCEDO IH. 2002. Produção de batatinha com incorporação de esterco e/ou Crotalária no Agreste paraibano. In: SILVEIRA L; PETERSEN P; SABOURIN E. (orgs.) Agricultura familiar e agroecologia no semiárido: avanços a partir do agreste da Paraíba. Rio de Janeiro, AS-PTA, 261 270p. OLIVEIRA AP; FREITAS NETO PA; SANTOS ES. 2002. Qualidade do inhame Da Costa em função das épocas de colheita e da adubação orgânica. Horticultura Brasileira, Brasília 20: 115-118. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 6747
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Figura 2. Produtividade total (A) e comercial (B) de raízes de batata-doce em função de fontes e doses de esterco. (Total yield (A) and commercial (B) of sweet potato roots as a function of sources and doses of manure). CCA-UFPB, Areia 2012. Figura 3. Teor de amido nas raízes comerciais da batata-doce em função de fontes e doses de esterco. (Starch in the commercial roots of sweet potato as a function of sources and doses of manure). CCA- UFPB, Areia 2012. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 6749