O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO NA POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE ACERVO NA BIBLIOTECA

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Transcrição:

O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO NA POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE ACERVO NA BIBLIOTECA THE DECISON-MAKING PROCESS IN THE ACQUIS TRAINING POLICY IN THE LIBRARY Allana Ribeiro de Oliveira * Resumo Aborda o processo de decisão na formação do acervo de biblioteca. Explana sobre o conceito de biblioteca como organização administrativa. Comenta sobre a tomada de decisão na formação do acervo documental. Discorre sobre a política de formação de acervo e o papel do bibliotecário nesse processo. Objetiva explanar sobre a importância da criação da política de formação de acervo na biblioteca. Esclarece como percurso metodológico a pesquisa bibliográfica, em ambiente eletrônico, com a captação de artigos, monografias, teses. Expõe sobre o processo de formação de acervo como fator essencial para o desenvolvimento de uma biblioteca com excelência nas suas atividades. Palavras-chave: Gestão de biblioteca. Formação de acervo. Tomada de decisão em biblioteca. Abstract It addresses the decision-making process in the formation of library collections. Explain about the concept of library as an administrative organization. Comment on decision-making in the formation of the documentary archive. It discusses the policy of formation of the collection and the role of the librarian in this process. It aims to explain the importance of the creation of library collection policy. It clarifies as methodological course the bibliographical research, in electronic environment, with the capture of articles, monographs, theses. It presents on the process of formation of the collection as an essential factor for the development of a library with excellence in its activities. Keywords: Library management. Collection formation. Decision-making in library. 1 INTRODUÇÃO No presente século, a informação se tornou um bem valioso para a sociedade de modo geral. Ela possibilita além de conhecimento, a transformação do indivíduo e, posteriormente, a transformação organizacional em diversos âmbitos, seja social, econômico, cultural, político e educacional. * Discente do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Bacharel em Relações Públicas pela UFMA. E-mail: allanadoliveira@hotmail.com 34

As organizações trabalham as informações para que sejam geridas e possam alcançar os objetivos traçados em seus planejamentos. Dessa forma, para uma gestão de excelência, elas devem ser obtidas de modo adequado, seguro, em fontes confiáveis e atuais, para que possam atender as necessidades informacionais de quem delas vir a necessitar. Para a construção de um acervo documental de uma organização, que tem como alvo primordial gerir e disseminar as informações nela contidas devem, necessariamente, possuir critérios para a formação da massa informacional, como também que esses mesmos critérios estejam registrados em documento escrito e de conhecimento de todos. Dessa forma, o estabelecimento de regras de uso, o diagnóstico, a seleção, a avaliação, a aquisição e o desbastamento de coleção são itens que compõem essencialmente a política de formação de acervo, que para exercer tais atividades é fundamental a decisão e a liderança do bibliotecário. A política de formação de acervo de uma biblioteca é constituída de legislação, doutrina e jurisprudência, voltada para abordagem em âmbito geral ou específico. Com intuito de disseminação do conhecimento e de atender as necessidades informacionais dos usuários do sistema, a biblioteca realiza a aquisição de materiais bibliográficos, no processamento de suas atividades rotineiras, como também realiza o levantamento daquilo que será descartado, pelo desuso ou desatualização de suas informações. Diante do exposto, conceitua-se biblioteca como organização, objetiva discorrer sobre o processo de tomada de decisão para posterior elaboração da política de formação de acervo na unidade de informação, visa explanar sobre as diretrizes que constituem o processo de tomada de decisão na gestão organizacional, bem como as diretrizes e variáveis que compõem esse processo. Para tanto, discute-se como problemática para abordagem do tema, sobre como é feita a formação do acervo bibliográfico em uma biblioteca? Assim, o objetivo geral consiste em analisar como é realizada a formação do acervo bibliográfico em uma unidade de informação. Tendo como objetivos específicos avaliar as variáveis e diretrizes que possibilitam o desenvolvimento de coleções, identificar como é realizada a política de formação de acervo para a biblioteca, e por fim, verificar como o bibliotecário contribui para a tomada de decisão a formação da massa documental, de modo que possa atender as 35

necessidades informacionais do usuário em questão. Por fim, a metodologia empregada para desenvolver este estudo é a pesquisa bibliográfica, em ambiente eletrônico, com captação de artigos, monografias, teses, sendo estruturado em capítulos, com as respectivas subdivisões. Assim, tal processo é um fator essencial para o desenvolvimento de política de formação de acervo, de modo que biblioteca seja gerida de maneira excelente. 2 O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO As informações são matérias-primas para a estruturação de uma sociedade, como também das organizações e quando bem geridas, tornam-se algo além de um produto, para ser um bem comum para transformação social. Pelo fato da biblioteca não ser excluída desse sistema e por ser uma organização sem fim lucrativo, ela se constitui como mediadora do processo de comunicação do homem com o acervo bibliográfico disponível, e como tal, necessita se adequar ao ambiente em que está inserida, de modo que possa subsistir e cumprir sua missão: transformar o homem e este transforma o mundo a sua volta. Para que informação atinja seu objetivo primordial informar algo a alguém ela nada mais é do que uma ferramenta de construção para a massa documental de uma biblioteca. Visto que, [...] a informação é um recurso primordial para a tomada de decisão e que, quanto mais estruturado for este processo, como no caso dos modelos racional e de processo, mais indicado se faz o uso de sistemas de informação que possam responder às demandas e necessidades informacionais do decisor. Da mesma forma, as informações requeridas para este tipo de decisão são mais objetivas e quantificáveis, tornando mais indicada a utilização de recursos informacionais que possam organizar, recuperar e disponibilizar as informações coletadas durante o processo de trabalho. (GUIMARÃES, 2004, p. 74). Dentro do contexto das organizações, a informação constitui-se como um aparato de signos e significados, que podem ser mediados ou sofrer modificações pela intervenção humana, possibilitando uma reconfiguração de sentidos em cada contexto em que ela é exposta. De fato, são as informações que dão o suporte para existência de toda e qualquer organização, seja ela formal ou informal, sendo também um suporte de sustentação para o desenvolvimento de suas atividades, lucrativas ou não (ARAÚJO, 2004). As organizações se constituem como um produto social, tendo como base 36

para a interação com a sociedade as informações que produzem, disseminam, usam e absorvem. Assim, para que uma determinada organização se mantenha no mercado competitivo na era da sociedade do conhecimento, se faz necessária uma gestão que contemple métodos administrativos legais e atuais, com o fim de promover uma política de gerenciamento de todo o processo nela existente. O ambiente interno e o externo se constituem como fatores que interferem na execução de atividades cotidianas, pois [...] nas organizações, a informação é relevante para a execução de vários processos. Serve de base para que se possa definir e alcançar os objetivos propostos; conhecer o ambiente interno e o externo, identificando pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças; tomar decisões, aumentando a chance de acerto; resolver problemas, bem como para projetar novos produtos e serviços e os planos para o futuro. (ARAÚJO, 2004, p. 15). São as informações selecionadas, organizadas e difundidas que circulam no ambiente interno da organização que proporcionam um espaço favorável para a consecução de novas ideias, como também um meio democrático para o estabelecimento de políticas e a implementação de técnicas administrativas para o bem gerenciamento e desenvolvimento organizacional. O processo de tomada de decisão para o estabelecimento de uma política deve partir da administração geral, visto que esse processo nas organizações é um meio pelo qual elas encontram para gerir os recursos informacionais disponibilizados, seja em meio suporte físico ou ambiente digital. Dessa maneira, para que o desenvolvimento de coleções seja realizado de modo planejado, que requer um diagnóstico do ambiente e um estudo do usuário que se propõe a servir. Para Guimarães (2004, p. 74) o processo de [...] tomada de decisão é considerada a função que caracteriza o desempenho da gerência [...] esta atitude deve ser fruto de um processo sistematizado, que envolve o estudo do problema a partir de um levantamento de dados, produção de informação, estabelecimento de propostas e soluções, escolhas da decisão, viabilização e implementação da decisão e análise dos resultados obtidos. Conhecer a estrutura organizacional possibilita estabelecer estratégias necessárias para gerir de forma eficiente o acervo documental de uma unidade de informação, pois assim, poderá cumprir com a missão para a qual foi destinada sua criação. Assim, para a realização de uma tomada de decisão, todo o ambiente organizacional deve ser conhecido e estudo de forma profunda, para que não se 37

tenham lacunas no estabelecimento de diretrizes e com isso possa vir a comprometer a vida administrativa a unidade da organização. Para Chiavenato (2004), as organizações são sistemas com estruturas formais, que integram um objetivo comum, em prol de um benefício geral. Pelo fato da biblioteca ser um sistema organizacional, visa a disseminação de informações, para produção de conhecimento, [...] assim são as bibliotecas, convergem pessoas e tecnologias, com vistas a buscar um propósito específico, ofertando produtos e serviços em informação. (SANTAANNA, 2016, p. 343). Como as bibliotecas são gerenciadoras do processo do conhecimento humano, a tomada de decisão para aquisição do seu acervo deve ser pautada no conhecer o perfil dos usuários e no gerenciamento da metodologia, que se aplica para construir um seu ambiente documental. Esse processo de conhecimento do público dar-se-á, primordialmente, pelos estudos de usuários, que também compõe uma estatística para a formação de acervo, sendo gerenciado no processo de tomada de decisão da política informacional. Para Ranganathan (1967 apud FIGUEIREDO, 1992, p. 187), para o processo de tomada de decisão em uma unidade de informação, deve ser levada em importância as cinco leis, tendo visto que a biblioteca constitui-se como um ambiente para a construção do saber, disseminação do conhecimento e transformação social. Assim, relacionando às leis de Ranganathan (1967 apud FIGUEIREDO, 1992, p. 187) com o processo de gerencial de uma biblioteca, elas abordam as seguintes explanações: a) os livros são para serem usados explana sobre o processo de democratrização da informação de modo geral, em que a formação do conhecimento se dá por meio da disponibilidade e acesso das informações, como também do livre uso para criação do pensamento crítico; b) a cada leitor seu livro as informações devem está acessíveis a todos, sendo que cada perfil de público necessita de informações especificas, selecionadas, para a construção do conhecimento, tendo como base meio no qual está inserido; c) a cada livro seu leitor visa satisfazer as necessidades informacionais dos indivíduos e deve ser parte da política da biblioteca, pois assim irão produzir transformações sociais por meio do uso do conhecimento em que 38

foi disponibilizado; d) poupe o tempo do leitor está relacionado com administrar, controlar, organizar as informações que compõem o acervo documental de uma biblioteca, tendo sempre em vista uma linguagem adequada ao perfil do público, de modo que este possa recuperar uma informação específica; e) a biblioteca é um organismo em crescimento as unidades de informação estão contextualizadas no ambiente em que existem, devendo buscar meios para se manter atualizada e competitiva no mercado; dessa forma os registros documentais disponíveis na biblioteca possibilitam a produção do conhecimento e isso de modo ininterrupto, o que faz com que o acervo necessariamente deve acompanhar as mudanças ocorridas na sociedade. Assim, a gestão documental de uma biblioteca deve levar em consideração essas leis e a sua aplicabilidade para formação de acervo, de modo a garantir o acesso, o uso e a disseminação das informações nela disponibilizadas. Visto que [...] a gestão da informação vem para identificar, filtrar, organizar e disseminar, possibilitando a análise e o uso do que for relevante para o processo de tomada de decisão nas organizações, constituindo-se, portanto, numa ferramenta indispensável. (ARAÚJO, 2004, p. 27). Por fim, a gestão da informação dentro de uma organização é fundamental para o bom desempenho de suas atividades, pois dessa maneira elas podem atingir o objetivo do planejamento anteriormente traçado, como garantir sua existência na sociedade e satisfazer as necessidades informacionais dos indivíduos, visando sempre provocar transformação humana e promover mudanças na sociedade. 3 A POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE ACERVO NA BIBLIOTECA Pelo fato da informação constituir-se como fonte de conhecimento, pode e é gerida por diversas organizações, dentre eles encontra-se a biblioteca. Ela consiste num instrumento de comunicação, que além de propiciar a formação do saber, realizar a constante interação com o ambiente externo e o usuário, proporcionando com isso, mudanças significativas no indivíduo e na sociedade. [...] a biblioteca é um sistema aberto por estar em constante relação de troca com o meio ambiente, recebendo influência de fatores externos no funcionamento interno; estar em constante desenvolvimento; e haver uma interdependência das partes do sistema para o alcance dos objetivos e metas estabelecido. (ARAÚJO, 2004, p. 28). Dessa maneira, a biblioteca por um ambiente propício para a troca de 39

informações internas e externas, visa também o alcance das metas organizacionais, sendo gerida por profissionais com competência técnica para exercício das atividades. A política de formação de acervo é uma atividade biblioteconômica necessária para atender as necessidades informacionais de um determinado tipo de público. Nesse processo encontra-se a aquisição, o desbastamento, além de outros itens sumariamente necessários para decurso das tarefas diárias. Para Maciel e Mendonça (2000, p. 21), o processo de aquisição [...] inclui todas as atividades inerentes aos processos de compra, doação e permuta de documentos. O controle patrimonial do acervo o registro das coleções também é de sua alçada. O papel do bibliotecário na tomada de decisão é de suma importância, visto que ele age como mediador no conhecimento para um indivíduo e a informação disponibilizada no acervo. Além disso, é o profissional que está habilitado para execução de tal atividade e, segundo Vergueiro (2010, p. 59) [...] a presença do bibliotecário deve oferecer garantias de que as necessidades da coleção como um todo estão acima de interesses de grupos ou indivíduos. Pois assim, a biblioteca terá uma imparcialidade no processo de formação do seu acervo, como também no gerenciamento e disseminação das informações que ali estão armazenadas. Para realizar uma política de construção de acervo, Maciel e Mendonça (2000), apontam características necessárias para a consecução dos objetivos e metas traçadas anteriormente no planejamento organizacional, como: a) seleção: que consiste num processo de escolha de materiais que irão fazer parte do acervo documental, sendo eles adequados a linguagem e ao perfil do público-alvo, como também de materiais atuais e de autores conhecidos no mercado que atuar; b) aquisição: realização de compra, doação ou permuta de materiais, podendo ser realizada de forma fragmentada, para que o acervo possa está em consonância com o ambiente atual; c) avaliação de acervo: verifica o quanto a formação do acervo está de acordo com o planejamento organizacional, para que não existam lacunas que prejudiquem o processo de satisfação das necessidades informacionais dos usuários; 40

d) desbastamento e descarte de coleções: mensura o uso do material, se está servindo como fonte de pesquisa ou tornou-se obsoleto para a organização, sendo o material que encontra-se nesse processo, encaminhado ao processo de reciclagem em empresas especializadas, conforme regras ambientais, ou colocados para doação, em estantes diferenciadas do acervo; e) processo técnico: realiza a descrição do material por meio da catalogação, indexação, cabeçalhos de assunto, para posterior recuperação da informação no catálogo, sendo realizado excepcionalmente pelo bibliotecário, por ser o profissional com competência técnica para o exercício pleno de tal atividade; f) armazenagem ou guarda de documentos: definição do endereço do livro na estante, de modo que esteja adequado ao mobiliário e ao espaço físico disponibilizado. Essa etapa possibilita facilita o acesso ao conhecimento, visto que as informações estão dispostas de forma selecionada e organizada. Em todas essas etapas, o bibliotecário atua de forma expressa, o que faz com que essas peculiaridades estejam interligadas entre si, uma, necessariamente, precisa da outra, o que dá qualidade à formação documental organização. Assim, [...] todas as decisões tomadas nas bibliotecas visam a atender ao objetivo organizacional da biblioteca e da instituição mantenedora através da satisfação das necessidades informacionais do usuário. (ARAÚJO, 2004, p. 41). E, por fim, possam garantir a democratização da informação aos usuários. Uma política bem elaborada possibilita que materiais sejam incluídos no acervo de modo objetivo e preciso, sem necessariamente passar por critérios subjetivos ou preferências pessoais, como afirma Vergueiro (2010). Dessa forma, um acervo é constituído de maneira democrática e impessoal, a fim de permitir uma qualidade e quantidade no acervo documental da biblioteca, devendo, portanto, está de acordo com a missão e objetivos almejados pela organização em questão. Por fim, para que o processo de aquisição seja efetuado com sucesso, deve ter critérios de escolha estabelecidos pelos profissionais de Biblioteconomia, com o fim de adequar também o acervo ao usuário da organização. Vergueiro (2010) explana que um desses critérios para a política de formação de acervo é o assunto, 41

o preço e o próprio documento em si, no caso o suporte digital ou impresso. Ele aponta também que outro fator determinante é o usuário, sendo estabelecidos critérios para adequação do acervo como sendo: conveniência, idioma, relevância/interesse e estilo. Todos eles são relevantes um acervo bem ajustado ao usuário. Assim, uma biblioteca em que a política de formação de acervo é realizada de forma democrática e transparente possibilita a credibilidade e confiabilidade das informações que nela estão dispostas. O bibliotecário como gestor desse processo deve ser a principal peça atuante de cada etapa que ela abrange, de modo a garantir que as informações sejam disponibilizadas de modo correto e acessível. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A informação é a matéria-prima para as atividades organizacionais, principalmente para uma biblioteca. Pelo fato da biblioteca se constituir como organismo vivo, que está em constante mudança e interação no meio que está inserida, a formação de acervo é atividade-fim da sua existência enquanto organização social, pois propicia mudança significativa no homem que buscar o conhecimento, como também no meio que ele está atuando, para transformá-lo em seus diversos segmentos. Pelo fato da informação na biblioteca ser um bem patrimonial e constitui um material permanente, a tomada de decisão em uma organização deve ser pautada em planejamento, administração, controle e gerenciamento das atividades, visto que assim, terá subsídios para atuar de forma organizada, democrática e transparente. Assim, pelo fato dela ser um organismo vivo e está inserida no meio social, constrói sua missão, visão e objetivos voltados para satisfazer as necessidades informacionais dos usuários, para que possam ser agente de transformação de modo individual e coletivo, considerando esses aspectos relevantes também para a construção do saber adquirido e disseminado. Dessa forma, a biblioteca como unidade administrativa organizacional visa formar acervo compatível com o usuário que se propõe a servir, por meio da elaboração da política de formação de coleções na unidade de informação. O papel do bibliotecário nesse processo é fundamental para o estabelecimento variáveis e diretrizes que possibilitam o desenvolvimento da massa documental de uma unidade 42

informação, de modo que possa atender as necessidades informacionais do usuário em questão. Dessa forma, conclui que a política de formação de acervo de uma biblioteca deve ser atualizada e selecionada, como também baseada nos padrões das organizações, sendo que seu acervo revisto constantemente. Tendo como base também princípios legais, confiáveis e transparentes, para que as ações realizadas pelo gestor da unidade de informação possam exercer seu papel de forma clara e democrática. Por fim, o bibliotecário é o mediador de todo o processo de comunicação que é realizado na biblioteca, sendo ele um agente imparcial, com princípios éticos, buscando sempre se manter atualizado com as tendências do mercado em que atua. Assim, as bibliotecas por serem organismos vivos e estarem inseridas na sociedade, estão em constante processo de formação e devem adotar uma política sistêmica e igualitária do ambiente organizacional, de modo a proporcionar mudanças em diversas esferas da sociedade. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Débora Costa. A biblioteca e o processo de tomada de decisão. 2004. 44 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2004. Disponível em: <https://monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/1/218/6/d%c3%a9boraca_monografia.p df>. Acesso em: 15 out. 2017. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/342541067/idalberto-chiavenato-introducao-a- Teoria-Geral-Da-Administracao-7%C2%BA-Edicao-Ano-2004>. Acesso em: 22 out. 2017. FIGUEIREDO, Nice Menezes de. A modernidade das cinco leis de Ranganathan. Ciência da Informação, Brasília, DF, ano 21, n. 3, p.186-191, set./dez.1992. Disponível em: <http:// revista.ibict/ciinf/article/viewfille/430/430>. Acesso em: 22 out. 2017. GUIMARÃES, Eliane Marina Palhares; ÉVORA, Yolanda Dora Martinez. Sistema de informação: instrumento para tomada de decisão no exercício da gerência. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 33, n. 1, p. 72-80. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v33n1/v33n1a09.pdf >. Acesso em: 15 out. 2017. 43

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