VISUALIZAÇÃO TRIDIMENSIONAL DE SISTEMAS FRONTAIS: ANÁLISE DO DIA 24 DE AGOSTO DE 2005.



Documentos relacionados
MECANISMOS FÍSICOS EM MÊS EXTREMO CHUVOSO NA CIDADE DE PETROLINA. PARTE 3: CARACTERÍSTICAS TERMODINÂMICAS E DO VENTO

CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DOS SISTEMAS FRONTAIS NA CIDADE DE SÃO PAULO. Guilherme Santini Dametto¹ e Rosmeri Porfírio da Rocha²

INMET/CPTEC-INPE INFOCLIMA, Ano 13, Número 07 INFOCLIMA. BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS Ano de julho de 2006 Número 07

Análise de um cavado móvel no sul da América do Sul através da ACE (Aceleração Centrípeta Euleriana)

Enchentes em Santa Catarina - setembro/2013

Eny da Rosa Barboza Natalia Fedorova Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Meteorológicas

SISTEMAS FRONTAIS, VISUALIZAÇÃO E ANÁLISE: ESTUDO DE CASO DO DIA 24 DE AGOSTO DE 2005.

1. Acompanhamento dos principais sistemas meteorológicos que atuaram. na América do Sul a norte do paralelo 40S no mês de julho de 2013

Análise de um evento de chuva intensa no litoral entre o PR e nordeste de SC

NOÇÕES BÁSICAS DE METEOROLOGIA

O MEIO AMBIENTE CLIMA E FORMAÇÕES VEGETAIS

Variabilidade na velocidade do vento na região próxima a Alta da Bolívia e sua relação com a precipitação no Sul do Brasil

Análise sinótica associada a ocorrência de chuvas anômalas no Estado de SC durante o inverno de 2011

CICLONE EXTRATROPICAL MAIS INTENSO DAS ÚLTIMAS DUAS DÉCADAS PROVOCA ESTRAGOS NO RIO GRANDE DO SUL E NO URUGUAI

PROGNÓSTICO DE VERÃO

Acumulados significativos de chuva provocam deslizamentos e prejuízos em cidades da faixa litorânea entre SP e RJ no dia 24 de abril de 2014.

VARIABILIDADE CLIMÁTICA PREJUDICA A PRODUÇÃO DA FRUTEIRA DE CAROÇO NO MUNICÍPIO DE VIDEIRA SC.

Massas de ar do Brasil Centros de ação Sistemas meteorológicos atuantes na América do Sul Breve explicação

ESTUDO SINOTICO DE UM EVENTO EXTREMO EM 2012 NA CIDADE DE RIO GRANDE RS

PADRÕES SINÓTICOS ASSOCIADOS A SITUAÇÕES DE DESLIZAMENTOS DE ENCOSTAS NA SERRA DO MAR. Marcelo Enrique Seluchi 1

Utilização de imagens de satélite e modelagem numérica para determinação de dias favoráveis a dispersão de poluentes.

CAPÍTULO 9. El Niño/ Oscilação Sul (ENOS) Nota: Para mais informações, consulte o PowerPoint: Kousky-Lecture-18-enso-cycle.ppt

GERÊNCIA EDUCACIONAL DE FORMAÇÃO GERAL E SERVIÇOS CURSO TÉCNICO DE METEOROLOGIA ESTUDO ESTATISTICO DA BRISA ILHA DE SANTA CATARINA

PROGNÓSTICO CLIMÁTICO. (Fevereiro, Março e Abril de 2002).

Estudo de Caso : Configuração da Atmosfera na Ocorrência de Baixo Índice da Umidade Relativa do Ar no Centro-Oeste do Brasil

CARACTERÍSTICAS DE EPISÓDIOS DE RAJADAS DE VENTO NO AEROPORTO INTERNACIONAL DE SALVADOR

3203 APERFEIÇOAMENTO DE UM MÉTODO DE PREVISÃO DE TEMPERATURAS MÁXIMAS PARA PELOTAS

SPMSAT - APLICATIVO PARA ESTUDOS DE SISTEMAS PRECIPITANTES DE MESOESCALA UTILIZANDO IMAGENS DE SATÉLITE

Bloqueio atmosférico provoca enchentes no Estado de Santa Catarina(SC)

COMPORTAMENTO DO VENTO NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE. Cristiane Nobre Prudente 1 Adma Raia 2 Ruibran Januário dos Reis 3

Boletim Climatológico Mensal Setembro de 2013

Análise do Movimento vertical na América do Sul utilizando divergência do Vetor Q

SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO E DETERMINAÇÃO DA DISTÂNCIA DOS CICLONES DAS PRINCIPAIS CIDADES DA REGIÃO SUL DO BRASIL.

Estudo de caso de um sistema frontal atuante na cidade de Salvador, Bahia

CLIMATOLOGIA SINÓTICA DE EVENTOS EXTREMOS DE CHUVA NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO

ANÁLISE DE UMA LINHA DE INSTABILIDADE QUE ATUOU ENTRE SP E RJ EM 30 OUTUBRO DE 2010

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA Instituto Nacional de Meteorologia INMET Coordenação Geral de Agrometeorologia

Tempo & Clima. podendo variar durante o mesmo dia. é o estudo médio do tempo, onde se refere. às características do

A atmosfera e sua dinâmica: o tempo e o clima

Universidade de São Paulo Departamento de Geografia FLG Climatologia I. Pressão Atmosférica

Respostas - Exercícios de rotação e translação

DMet CTO / MN Centro Técnico Operacional de Manaus Divisão de Meteorologia

Uma investigação da retroalimentação do enfraquecimento da circulação termohalina pela atmosfera

INFORMATIVO CLIMÁTICO

COLÉGIO SALESIANO DOM BOSCO

CLIMAS DO BRASIL MASSAS DE AR

Boletim Climatológico Mensal

9º ENTEC Encontro de Tecnologia: 23 a 28 de novembro de 2015

PROGNÓSTICO DE ESTAÇÃO PARA A PRIMAVERA DE TRIMESTRE Outubro-Novembro-Dezembro.

Bacia Hidrográfica Precipitação Infiltração Escoamento

ANÁLISE DE UM CASO DE CHUVA INTENSA NO SERTÃO ALAGOANO NO DIA 19 DE JANEIRO DE 2013

INMET: CURSO DE METEOROLOGIA SINÓTICA E VARIABILIDADE CLIMÁTICA CAPÍTULO 4

PREVISÃO CLIMÁTICA TRIMESTRAL

Instituto de Educação Infantil e Juvenil Verão, Londrina, de. Nome: Turma: Tempo: início: término: total: MUDANÇAS CLIMÁTICAS

ANÁLISE DE TENDÊNCIAS DE TEMPERATURA MÍNIMA DO BRASIL

ESTUDO DE CASO DE POSSÍVEL TORNADO NA SERRA GAÚCHA EM 21 DE JULHO DE 2010

Influência dos fenômenos ENOS na ocorrência de frentes frias no litoral sul do Brasil

ESTUDO SOBRE FRENTES QUENTES QUE OCORREM NO SUL DO BRASIL. Recebido Março 2010 Aceito Dezembro 2010

Boletim climatológico mensal dezembro 2012

PROGNÓSTICO TRIMESTRAL (Setembro Outubro e Novembro de- 2003).

NOTA TÉCNICA: CHUVAS SIGNIFICATIVAS EM JUNHO DE 2014 NA REGIÃO SUDESTE DA AMÉRICA DO SUL

CLIMATOLOGIA DA ESTAÇÃO CHUVOSA DE MINAS GERAIS: DE NIMER (1977) À ZONA DE CONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SUL

BLOQUEIOS OCORRIDOS PRÓXIMOS À AMÉRICA DO SUL E SEUS EFEITOS NO LITORAL DE SANTA CATARINA

Em seguida, foram coletadas as coordenadas geográficas de cada ponto, (total de 14 pontos, acima descritos) utilizando-se do aparelho GPS (Global

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA E UMIDADE RELATIVA DO AR NO MUNICÍPIO DE RECIFE DURANTE 2009 A 2013

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA ENERGIA CINÉTICA ASSOCIADA A ATUAÇÃO DE UM VÓRTICE CICLÔNICO SOBRE A REGIÃO NORDESTE DO BRASIL

Catástrofe climática ocorrida na Região Serrana do Rio de Janeiro em 12/01/2011

INFLUÊNCIA DE FASES EXTREMAS DA OSCILAÇÃO SUL SOBRE A INTENSIDADE E FREQUÊNCIA DAS CHUVAS NO SUL DO BRASIL

VARIAÇÃO DA AMPLITUDE TÉRMICA EM ÁREAS DE CLIMA TROPICAL DE ALTITUDE, ESTUDO DO CASO DE ESPIRITO SANTO DO PINHAL, SP E SÃO PAULO, SP

ATUAÇÃO DO VÓRTICE CICLÔNICO DE ALTOS NÍVEIS SOBRE O NORDESTE DO BRASIL NO MÊS DE JANEIRO NOS ANOS DE 2004 E 2006.

HIDRÁULICA APLICADA II

SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA GRUPO IX GRUPO DE ESTUDO DE OPERACAO DE SISTEMAS ELETRICOS GOP

PROGNÓSTICO TRIMESTRAL Agosto-Setembro-Outubro de Prognóstico Trimestral (Agosto-Setembro-Outubro de 2003).

PARÂMETROS TÍPICOS PARA A OCORRÊNCIA DE NEVOEIRO DE RADIAÇÃO. Parte II: CARACTERÍSTICAS DO PERFIL VERTICAL. DURAÇÃO DO NEVOEIRO

CARACTERIZAÇÃO DE EXTREMOS CLIMÁTICOS UTILIZANDO O SOFTWARE RClimdex. ESTUDO DE CASO: SUDESTE DE GOIÁS.

INSTITUTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO DIVISÃO DE ENSINO ARTIGO CIENTÍFICO

Elementos e fatores climáticos

Colóquio APMG Um Inverno particular. Pedro Viterbo Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Agradecimentos: Julia Slingo, UK Metoffice

Análise sinótica e avaliação qualitativa do evento severo ocorrido no Estado de Santa Catarina (SC) em novembro de 2008 RESUMO

Geografia do Brasil - Profº Márcio Castelan

CONDICIONANTES METEOROLÓGICAS E GEOGRÁFICAS PARA A OCORRÊNCIA DE NEVE NO SUL DO BRASIL

VARIAÇÃO DIÁRIA DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA EM BELÉM-PA EM UM ANO DE EL NIÑO(1997) Dimitrie Nechet (1); Vanda Maria Sales de Andrade

CAPÍTULO 8 O FENÔMENO EL NIÑO -LA NIÑA E SUA INFLUENCIA NA COSTA BRASILEIRA

ESTUDO TEMPORAL DO PERFIL DE TEMPERATURA NO SOLO NA EACF DURANTE PERÍODO DE OCORRÊNCIA DO FENÔMENO EL NIÑO ( )

Boletim Climatológico Anual - Ano 2010

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DA ZONA LESTE DE SÃO PAULO, UM EXEMPLO DE INTERAÇÃO ENTRE A EACH-USP E O BAIRRO JARDIM KERALUX

Rastreamento dos bloqueios ocorridos próximos à América do Sul em julho de 2008 e 2009 e sua influência sobre São Paulo e a região sul do Brasil

Nº Professor (a): MICHELLE VIEIRA EXERCÍCIOS DE REVISÃO 3º BIMESTRE REGIÃO NORTE

ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO

Data: / / Analise as proposições sobre as massas de ar que atuam no Brasil, representadas no mapa pelos números arábicos.

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DE PRECIPITAÇÃO EM DIFERENTES INTERVALOS DE CLASSES PARA RIO DO SUL/SC

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A PRECIPITAÇÃO REGISTRADA NOS PLUVIÔMETROS VILLE DE PARIS E MODELO DNAEE. Alice Silva de Castilho 1

TELECONEXÕES E O PAPEL DAS CIRCULAÇÕES EM VÁRIOS NÍVEIS NO IMPACTO DE EL NIÑO SOBRE O BRASIL NA PRIMAVERA

GEOGRAFIA - 3 o ANO MÓDULO 30 O CLIMA NO BRASIL

MONITORAMENTO DA TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE EM ÁREAS URBANAS UTILIZANDO GEOTECNOLOGIAS

VARIABILIDADE DO VENTO NA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO DURANTE A OCORRÊNCIA DA ZCAS

INFLUÊNCIA DA ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL NA VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO EM MACAPÁ - BRASIL 1

ABSTRACT. Palavras-chave: Aviso Meteorologia Especial, INMET, São Paulo. 1 - INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DE SISTEMAS CONVECTIVOS DE MESOESCALA SOBRE O SUL DA AMÉRICA DO SUL UTILIZANDO O MODELO WRF

PLANO DE ESTUDOS DE GEOGRAFIA - 7.º ANO

Transcrição:

VISUALIZAÇÃO TRIDIMENSIONAL DE SISTEMAS FRONTAIS: ANÁLISE DO DIA 24 DE AGOSTO DE 2005. Aline Fernanda Czarnobai 1 Daniel Augusto de Abreu Combat 2 Jorge Bortolotto 3 Rafaelle Fraga de Santis 4 Carlos Eduardo Salles de Araujo 5 RESUMO Na região Sul do Brasil a mudança das condições do tempo são geralmente associadas à passagem de sistemas frontais. O objetivo deste estudo é identificar e analisar esses sistemas em modelos de três dimensões, a partir do caso de 24 de agosto de 2005, o qual apresentou uma frente fria intensa e bem configurada. Dessa forma, propõe-se interpretar as seguintes variáveis meteorológicas: temperatura, convergência, velocidade vertical do vento e linhas de corrente utilizando análises do modelo regional ETA. ABSTRACT On the southern regions of Brazil the weather conditions are generally associated with passing fronts. The propose of this study is the identificantion and analisys of those systems, using 3D models, from August 24th 2005, which has shown an intense and well configured cold front. Thus, it's considered to understand the following meteorology variables: temperature, wind convergence, wind vertical velocity and streamlines using data from a regional model ETA. Palavras-Chave: Frente fria, Vento e Visualização 3D. Introdução Em 1918, Bjerknes definiu frente como sendo uma zona de transição ou uma descontinuidade entre o ar frio e o ar quente. O termo frontogênese implica numa tendência para a formação de uma descontinuidade ou intensificação de uma zona de transição já existente, enquanto frontólise indica enfraquecimento ou destruição de uma frente (Petterssen, 1956). A passagem das frentes frias é acompanhada por mudança na direção do vento e forte cisalhamento vertical e horizontal, diminuição na temperatura e umidade do ar e aumento da pressão atmosférica, com mudanças rápidas das propriedades das nuvens e da precipitação. A zona frontal caracteriza-se pelos elevados gradientes de temperatura. 1 E-mail: aczarnobai@yahoo.com.br 2 E-mail: danielcombat@gmail.com 3 E-mail: jorgebortolotto@gmail.com 4 E-mail: farelao.estudos@gmail.com 5 E-mail: kadu.araujo@gmail.com Endereço dos autores: Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina CEFET/SC Av. Mauro Ramos, 950 - Centro - 88020-300 - Florianópolis, SC. Telefone: 48 3221-0601 - Fax 32210601

As frentes com intensos gradientes de temperatura e com grandes ângulos de inclinação são associados a grandes mudanças do vento gradiente com o aumento da altura (Fedorova, 2000). A ocorrência de passagens de frentes no Brasil é comum durante o ano inteiro. Em Santa Catarina, há uma média mensal de três a quatro frentes frias em todos os meses do ano, com um leve aumento desta freqüência durante os meses de primavera (Rodrigues, 2004). O objetivo principal desse estudo é a identificação do comportamento de um sistema frontal ocorrido na Região Sul do Brasil, através de dados do modelo regional ETA e visualização tridimensional. Propõe-se analisar as seguintes variáveis meteorológicas: temperatura, convergência, velocidade vertical do vento e linhas de corrente. Metodologia e Dados Os modelos em 3D foram gerados com análises do Modelo Regional ETA (CPTEC). A área de estudo compreende parte do sul da América do Sul, entre as coordenadas 45ºS a 15ºS e de 70ºW a 30ºW (Fig. 1). A data escolhida para o estudo de caso é o dia 24 de agosto de 2005. Neste período houve a passagem de uma frente fria intensa pelas regiões Sul e Sudeste do Brasil, a qual causou queda de temperatura, geada, neve e nevoeiros. Fig.1 Localização da área de estudo No dia 24 de agosto de 2005 (Fig.2), um sistema frontal atua sobre o Estado de Santa Catarina associado a ciclone extratropical em formação no Uruguai, ocasionando tempo nublado no Sul do Brasil. O vento oscilou de noroeste a sudoeste, com intensidade moderada e presença de um jato

subtropical em 200 hpa, associado à frente. No dia 25 de agosto (Fig.3) o sistema frontal deslocouse para o oceano Atlântico. Fig.2 - Imagem de Satélite GOES, 24/08/05, às 1200 Z. Fig.3 - Imagem de Satélite GOES, 25/08/05, às 1200 Z. Resultados Para identificar e visualizar o sistema frontal do dia 24 de agosto, analisamos as seguintes variáveis meteorológicas: Temperatura A figura 4 ilustra regiões do sistema frontal que possuem temperaturas abaixo de 10ºC, do nível de 1000 hpa a 700 hpa. A opção de escolher esse valor de temperatura serve para ilustrar apenas os menores valores da zona frontal e, assim, visualizar o comportamento das massas de ar. Verifica-se uma variação de temperatura de até 20ºC ao longo do sistema frontal. O volume da massa de ar frio sobre o continente é determinado pela isoterma de 10ºC, que atua como "casca" externa, de forma que os valores internos deste volume apresentam temperaturas menores que 10ºC. O volume, por sua vez, é limitado por planos de corte em 1000 hpa e 700 hpa, 40º W e 68º W e 19º S e 50º S.

Fig. 4- Frente Termal - Isoterma de 10ºC, 24/08/2005, às 00Z. (Azimute: 104 - Elevação: 14) Velocidade Vertical Relativa e Linhas de Corrente A velocidade vertical é o componente vertical do movimento de uma parcela do ar, com unidade expressa em ms -1. Os valores negativos da velocidade vertical representam movimentos verticais para cima (ou ascendentes) e vice-versa. Foram escolhidos os planos de corte de 925 hpa, 850 hpa e 600 hpa para ter uma melhor análise das correntes na atmosfera e, para melhor visualização, o exagero das linhas de correntes na vertical corresponde a 10000 vezes o valor real. Nota-se o escoamento ciclônico fechado nos níveis de 925 hpa e 800 hpa. A localização do sistema de baixa pressão é indicada pela relação positiva da velocidade vertical e linhas de corrente. O centro da circulação ciclônica (em vermelho, latitude 40 S) indica que ocorre convergência do vento, caracterizando-se assim o centro da baixa pressão. Para visualizar o ramo quente do sistema frontal, utilizou-se um corte na longitude 51 W (Fig. 5). O movimento ascendente indica a presença do ramo quente (40 S a 35 S) sinalizado pela cor vermelha, assim à relação entre velocidade vertical do vento e linhas de corrente é de 0,02%. Entre as latitudes 40 S e 35 S (Fig.6), verificam-se áreas em que ocorre movimento descendente do vento, isto é velocidade vertical negativa (em azul) e movimentos ascendentes (em vermelho) indicando a presença de uma Frente Fria e uma Frente Quente, respectivamente.

Fig. 5 - Velocidade Vertical Relativa e Linha de Corrente do vento - 24/08/2005, às 12 00 Z. Fig.6 - Velocidade Vertical Relativa e Linha de Corrente do vento - 24/08/2005, às 00 Z. Convergência do vento A figura 7 apresenta a convergência do vento de superfície à 700 hpa. A convergência é uma característica do escoamento em três dimensões em que um elemento material do fluido tende a diminuir seu volume. A região entre as áreas de convergência é caracterizada pela zona do sistema frontal. Essa convergência do vento no dia 24 de agosto próxima do Estado do Rio Grande do Sul estende-se até 700 hpa, sendo associada à atuação do sistema frontal. Fig.7 convergência do vento em 24/08/2005, às 00 Z.

Para a identificação do sistema, geralmente observa-se a área em que ocorre confluência dos ventos. Na frente dos sistemas de baixa pressão o ar ganha vorticidade ciclônica, o que implica em convergência do ar. Na retaguarda do sistema de baixa pressão, na superfície, o ar ganha vorticidade anticiclônica, o que implica em divergência. Considerações Finais O trabalho teve como objetivo analisar o sistema frontal do dia 24 de agosto de 2005 a partir da visualização tridimensional. A principal vantagem desse método está na variedade de cortes e perspectivas para observação do sistema. A visualização 3D no estudo do comportamento da temperatura, convergência do vento, velocidade vertical do vento e linhas de corrente, possibilitou fazer análises eficientes e abrangentes. Acredita-se que o trabalho poderá contribuir para desenvolvimento de estudos posteriores de sistemas frontais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARRY R.G.; R.J. CHORLEY. Atmosphere, Weather and Climate, Second edition. London: Routledge, 1971. EPAGRI/CIRAM. Monitoramento diário do tempo. Florianópolis. 2005. FEDOROVA, N. Meteorologia Sinótica.Vol. 1, Pelotas: UFPel, 1999. LEMOS, C. F.; CALBETE, N. O. Sistemas Frontais que atuaram no Brasil de 1987 a 1995. Climanálise Especial, Edição comemorativa de 10 anos. CPTEC. 1996. PETTERSEN, S. Fronts and Frontogenesis. In:. Weather Analysis and Forecasting. Second Edition, V. I, New York, 1956. RODRIGUES, M. L. G. ; FRANCO, D. ; SUGAHARA, S.. Climatologia de frentes frias no litoral de Santa Catarina. Revista Brasileira de Geofísica, v. 22, n. 2, p. 135-151, 2004.