Pronunciamento do Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Antonio Palocci Filho Brasília, 02/01/2011 (Saudações e agradecimentos)... Senhoras e senhores, resta muito pouco a falar após o discurso de posse da presidenta Dilma Rousseff, não apenas porque nos cabe segui-la, mas pelo conteúdo amplo e determinado de sua declaração inicial ao povo brasileiro. A presidenta destacou a oportunidade histórica de o Brasil caminhar em direção a uma nação desenvolvida, na dimensão econômica, tecnológica, social e cultural. Destacou a supremacia da eliminação da pobreza extrema como meta essencial para qual clamou pelo envolvimento de toda a sociedade e de todos nós. Demonstrou que, com os extraordinários avanços sociais do governo do presidente Lula, a eliminação da miséria deixa de frequentar o rol das metas impossíveis. Ressaltou um compromisso inequívoco com a estabilidade de preços, com a qualidade do gasto público e com as reformas necessárias para eliminar os entraves do vibrante empreendedorismo do Brasil, do nosso empresariado, do grande ao micro, do agronegócio à agricultura familiar. Pregou pelo avanço de nossa democracia, pela valorização do conteúdo programático dos partidos, pelo combate sistemático a corrupção e pela maior transparência na atividade pública. Identificou na vontade do voto popular uma imensa oportunidade para a democratização do país no que diz respeito à igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Mais que isso, disse que veio para consolidar e avançar a grande obra social do presidente Lula, agora sobre os cuidados da inteligência, da capacidade e do carinho das mãos femininas. E revelou a seu povo um sonho, que o congraçamento das famílias se dê 1
pelo alimento, pela paz e pela alegria. O conteúdo desse forte pronunciamento ao País define as linhas gerais do trabalho do governo Dilma Rousseff. Aos ministros e ministras caberá traduzi-lo em ações e programas, nas mais diversas áreas de atuação do governo central. A esta Casa Civil, entretanto, cabe uma ação mais interna, com o objetivo de servir à Presidência em suas prioridades e ajudar aos ministérios na coordenação de seus diversos programas. Por isso gostaria de dirigir uma mensagem aos meus colegas de Ministério: esperem desta Casa Civil todo o apoio. Tenham nesta Casa um espaço de diálogo franco sobre nossos grandes desafios, mas tenham-me como um de vocês, um da equipe, um do time. Meu esforço será o de expressar adequadamente as determinações da presidenta Dilma e de, a partir dessas determinações, construir com vocês os melhores desenhos sobre os programas prioritários do governo. A Casa Civil não é um ministério autônomo, de idéias e projetos próprios. É um órgão da Presidência dedicado a servir suas determinações e auxiliar no preparo de suas altas decisões. Determinou-me, também, a presidenta a restauração de algumas funções hoje na Casa Civil, no sentido de dar maior funcionalidade a áreas estratégicas do governo. Por isso a presidenta transferirá para o Ministério do Planejamento a coordenação do PAC, do Minha Casa Minha Vida, dado as características mais adequadas deste ministério em relação a esse programa central. Certamente a presidenta considerou a excelência na gestão e a competência já comprovada de sua titular, a ministra Miriam Belchior, coordenadora exitosa de diversos programas prioritários nos últimos dois governos do presidente Lula. Saiba a ministra Miriam que terá desta Casa Civil integral apoio para o sucesso dessa nova tarefa de seu ministério, dado a relevância dos investimentos em infraestrutura para o desenvolvimento econômico e o bem-estar de nosso povo. A Secretaria de Administração da Casa Civil será transferida, também por determinação da presidenta, para a Secretaria-Geral da Presidência, nas mãos desse experiente quadro da administração, dileto amigo Gilberto Carvalho, conselheiro de alto nível e gestor de primeira grandeza, além de nosso guia espiritual. 2
As funções relativas ao centro gestor e operacional do SIPAM, dedicado a aspectos estratégicos da vigilância da Amazônia, será transferido para o Ministério da Defesa, sob os cuidados do ministro Nelson Jobim, dadas as características desse serviço e a excelência do trabalho do ministro na consolidação dessa que é uma das mais importantes instituições do estado brasileiro, o Ministério da Defesa. O Arquivo Público Nacional volta a sua origem, o Ministério da Justiça, hoje sob o comando do ministro José Eduardo Martins Cardoso, pessoa de longa e larga experiência no mundo jurídico e gestor experimentado com grande êxito na vida publica. Com isso, como determinou a presidenta Dilma, fica a Casa Civil concentrada em suas funções originais e sua integral dedicação às ações de apoio à Presidência. Esperem, portanto, da Casa Civil a execução de suas elevadas funções de assessoramento baseadas nas melhores práticas da administração pública e trabalhando arduamente para servir a todas as necessidades da Presidência da República. Aproveito a oportunidade para esclarecer um ponto que vejo com frequência nos veículos de comunicação. Muitos têm interpretado minhas atividades recentes como uma nova abordagem funcional do governo em que a Casa Civil se responsabilizaria pelos temas políticos centrais, ficando a Secretaria de Relações Institucionais com o trabalho cotidiano junto ao Congresso. Apesar de considerar essa interpretação com sendo de extrema boa fé, esclareço que ela não é real. Sei que ela decorre de minha atuação na montagem do ministério da presidenta Dilma. Esclareço que todas as iniciativas que tomei nesse campo ocorreram por exclusiva determinação da presidenta e foram e serão limitadas aos trabalhos de construção do governo. A coordenação dos trabalhos políticos do governo continua a cargo da Secretaria de Relações Institucionais e esta Casa Civil, assim como acredito todos os demais ministérios, estarão prontos a apoiar o trabalho que seu titular, Luiz Sergio, parlamentar de longa experiência e longa atuação, aqui e no Rio de Janeiro. Nosso relacionamento com o Poder Legislativo, pela sua dinâmica e complexidade, certamente exigirá a atuação de todos os ministros e todas as ministras, mas sempre sob a 3
coordenação do titular da Secretaria de Relações Institucionais, que emanará as orientações da presidenta da República. Portanto meu caro Luiz Sergio, conte sempre com meu apoio, mas bola é toda sua. Quero dar uma breve mensagem aos secretários, diretores e funcionários da Casa Civil. Como vocês sabem não senti necessidade de trazer muitas pessoas para somar aos vossos serviços prestados aqui. Afirmo minha total confiança em vosso trabalho e peço que todos vocês trabalhem com os melhores padrões republicanos para servir à Presidência com a grandeza que vossa posição exige com padrões com base no interesse público na Constituição Brasileira e com toda ética que o trabalho requer. Nenhum servidor da Casa Civil, inclusive este que vos fala, estará autorizado ra se pronunciar sobre assuntos específicos de outra Pasta. Em nosso trabalho, prestigiaremos os colegas ministros e ministras em suas respectivas funções. Aqui, peço a compreensão especial dos amigos e amigas da imprensa e digo a vocês, com carinho de quem, quando jovem sonhou por longos anos com a profissão de jornalista acabei na medicina e nem lá fiquei. A Casa Civil, por não ser ministério-fim, ou ter responsabilidade setorial, não deve, no dia-dia, expressar opiniões e vontades próprias. Como órgão da alta administração de auxílio à Presidência, zela pelas determinações desta e não lhe cabe emitir opiniões sobre todas as coisas. Quando tive a honra de servir ao presidente Lula, no Ministério da Fazenda, fazia regulares pronunciamentos ao País através dos atuantes órgãos da imprensa brasileira e agradeço a todos os colegas e amigos da imprensa pela receptividade e pela simpatia que sempre tiveram comigo. Mas penso que a Casa Civil tem funções diferentes. Dessa forma serei extremamente econômico em matéria de entrevistas e pronunciamentos. Somente o farei quando solicitado expressamente pela minha chefe, a presidenta Dilma. Isso não significa qualquer distanciamento ou bloqueio à ação dos jornalistas. Eu e os principais responsáveis pelo ministério estaremos sempre abertos a esclarecimentos e informações necessárias de funções inerentes a esta instituição, sempre com o conteúdo técnico-jurídico que nosso trabalho exige. 4
Vocês encontrarão uma Casa Civil aberta e transparente, disposta a toda informação de interesse público, mas afastada da expressão cotidiana dos programas em execução, na medida que estes estarão sendo difundidos pelos ministérios responsáveis. Saibam os amigos da imprensa que terão sempre meu respeito profissional, meu carinho pessoal. Entendam apenas a minha postura de economia de palavras como inerente à posição desta Casa. Quero concluir agradecendo à presidenta pela confiança que não vou desapontar. Ao ministro Carlos Eduardo, pela gentileza extrema com que tratou nossa equipe de transição, facilitando enormemente nosso trabalho. Para dizer a verdade, quando a equipe de transição chegou, o trabalho coordenado pela paciência mineira do ministro Carlos Eduardo já estava praticamente pronto. Agradeço a mais recente gentileza em aceitar permanecer na Casa Civil, ofereci a ele qualquer dos cargos da Casa Civil e ele escolheu ser um simples servidor. Acabou aceitando ser assessor especial do ministro por minha insistência. Quero, por fim, agradecer aos tantos amigos que estão aqui e muitos que não puderam vir. Esses que insistem em me dar o apoio em tantos momentos, inclusive nos momentos difíceis. Agradecer a tantos prefeitos que vejo aqui ao falar com vocês, da minha região ou da Belo Horizonte, que nos dão a honra de sua presença. E quero, por fim, agradecer à minha família, toda ela que amo tanto e agradeço na pessoa de minha esposa Margareth e de minha mãe aqui presentes. Muito obrigado pela presença de vocês. Eu sinto uma grande alegria de poder abraçálos neste momento. 5