* PROJECTO DE RELATÓRIO



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Transcrição:

PARLAMENTO EUROPEU 2009-2014 Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos 26.10.2009 2009/0101(CNS) * PROJECTO DE RELATÓRIO sobre a proposta de decisão-quadro do Conselho relativa ao direito de beneficiar de serviços de interpretação e de tradução no âmbito dos processos penais (COM(2009)0338 C7-0133/2009 2009/0101(CNS)) Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos Relatora: Sarah Ludford PR\793491.doc PE430.359v01-00 Unida na diversidade

PR_CNS_art100am Legenda dos símbolos utilizados * Processo de consulta Maioria dos votos expressos **I Processo de cooperação (primeira leitura) Maioria dos votos expressos **II Processo de cooperação (segunda leitura) Maioria dos votos expressos para aprovar a posição comum Maioria dos membros que compõem o Parlamento para rejeitar ou alterar a posição comum *** Parecer favorável Maioria dos membros que compõem o Parlamento, excepto nos casos visados nos artigos 105.º, 107.º, 161.º e 300.º do Tratado CE e no artigo 7.º do Tratado UE ***I Processo de co-decisão (primeira leitura) Maioria dos votos expressos ***II Processo de co-decisão (segunda leitura) Maioria dos votos expressos para aprovar a posição comum Maioria dos membros que compõem o Parlamento para rejeitar ou alterar a posição comum ***III Processo de co-decisão (terceira leitura) Maioria dos votos expressos para aprovar o projecto comum (O processo indicado tem por fundamento a base jurídica proposta pela Comissão) Alterações a textos legais Nas alterações do Parlamento, as diferenças são assinaladas simultaneamente a negrito e em itálico. Nos actos modificativos, as partes transcritas de uma disposição existente que o Parlamento pretende alterar, sem que a Comissão o tenha feito, são assinaladas a negrito. As eventuais supressões respeitantes a esses excertos são evidenciadas do seguinte modo: [...]. A utilização de itálico sem negrito constitui uma indicação destinada aos serviços técnicos e tem por objectivo assinalar elementos do texto legal que se propõe sejam corrigidos, tendo em vista a elaboração do texto final (por exemplo, elementos manifestamente errados ou lacunas numa dada versão linguística). Estas sugestões de correcção ficam subordinadas ao aval dos serviços técnicos visados. PE430.359v01-00 2/23 PR\793491.doc

ÍNDICE Página PROJECTO DE RESOLUÇÃO LEGISLATIVA DO PARLAMENTO EUROPEU...5 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS...22 PR\793491.doc 3/23 PE430.359v01-00

PE430.359v01-00 4/23 PR\793491.doc

PROJECTO DE RESOLUÇÃO LEGISLATIVA DO PARLAMENTO EUROPEU sobre a proposta de decisão-quadro do Conselho relativa ao direito de beneficiar de serviços de interpretação e de tradução no âmbito dos processos penais (COM(2009)0338 C7-0133/2009 2009/0101(CNS)) (Processo de consulta) O Parlamento Europeu, Tendo em conta a proposta da Comissão (COM(2009)0338), Tendo em conta o n. 1 do artigo 39. e a alínea c) do n. 1 do artigo 31. do Tratado UE, nos termos dos quais foi consultado pelo Conselho (C7-0133/2009), Tendo em conta os artigos 100.º, 55.º e 44.º, n.º 4 do seu Regimento, Tendo em conta os pareceres enviados ao Parlamento Europeu pelos parlamentos nacionais da República da Áustria (Nationalrat e Bundesrat), da República da Bulgária, do Reino da Dinamarca, da República Francesa (Senado), da República Federal da Alemanha (Bundestag), da República da Hungria, da República Italiana (Senado), da Irlanda, da República da Letónia, do Grão-Ducado do Luxemburgo, da República de Malta, do Reino dos Países Baixos (Tweede Kamer e Eerste Kamer), da República da Polónia (Sejm), da República Portuguesa, da Roménia (Camera Deputatilor), da República da Eslovénia, do Reino de Espanha (Congresso) e do Reino Unido (House of Lords), Tendo em conta o relatório da Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos e o parecer da Comissão dos Assuntos Jurídicos (A7-0000/2009), 1. Aprova a proposta da Comissão com as alterações nela introduzidas; 2. Convida a Comissão a alterar a sua proposta no mesmo sentido; 3. Solicita ao Conselho que o informe, se entender afastar-se do texto aprovado pelo Parlamento; 4. Solicita nova consulta, caso o Conselho tencione alterar substancialmente a proposta da Comissão; 5. Solicita ao Conselho que não adopte formalmente a iniciativa antes da entrada em vigor do Tratado de Lisboa, permitindo o acabamento do acto final, assegurando assim um pleno papel e controlo por parte do Tribunal de Justiça da União Europeia, da Comissão e do Parlamento (Protocolo 36 do Tratado de Lisboa relativo às disposições transitórias). A ser assim, compromete-se a apreciar qualquer nova proposta segundo o procedimento de urgência. 6. Encarrega o seu Presidente de transmitir a posição do Parlamento ao Conselho e à Comissão. PR\793491.doc 5/23 PE430.359v01-00

1 Considerando 5 (5) Apesar de todos os Estados-Membros serem partes na Convenção europeia para a Protecção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais (CEDH), a experiência demonstrou que esta adesão em si mesma nem sempre permite assegurar um grau de confiança suficiente nos sistemas de justiça penal dos outros Estados-Membros. (5) O reconhecimento mútuo pressupõe a existência de uma relação de confiança e, por isso mesmo, o reconhecimento de decisões judiciais do foro penal depende da confiança que os Estados-Membros depositem nos sistemas penais de cada um dos outros. A adesão às normas definidas na Convenção Europeia para a Protecção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, tal como interpretada e refinada na jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, constitui a base para esta confiança, representando os padrões mínimos a observar pelos Estados-Membros da União Europeia. A presente decisão-quadro, sobre que o Conselho da Europa se debruçou, pretende simultaneamente reafirmar e fazer progredir esses padrões mínimos. Na implementação da presente decisão-quadro, os Estados-Membros não devem em caso algum ficar aquém dos padrões definidos na Convenção e na jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. A fim de alcançar a confiança mútua, esta Decisão-quadro deve reforçar a observância da CEDH e das suas normas, e reforçá-las no interior da UE. PE430.359v01-00 6/23 PR\793491.doc

2 Considerando 8 (8) O direito à interpretação e à tradução para as pessoas que não compreendem a língua do processo está consagrado nos artigos 5.º e 6.º da CEDH, tal como interpretados pela jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. As disposições da presente decisão-quadro facilitam o exercício destes direitos na prática. (8) O direito à interpretação e à tradução para as pessoas que não compreendem a língua do processo está consagrado nos artigos 5.º e 6.º da CEDH, tal como interpretados pela jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. As disposições da presente decisão-quadro facilitam o exercício destes direitos na prática, no contexto de processos penais, incluindo a fase anterior ao julgamento, a fase da sentença e as de eventual recurso, até que esteja concluído um recurso final. Esta alteração reflecte o facto de o âmbito de aplicação do artigo 5.º CEDH não abranger só processos penais. 3 Considerando 9 (9) As disposições da presente decisãoquadro devem garantir a protecção do direito conferido ao suspeito que não fala nem compreende a língua do processo a compreender as acusações que lhe são imputadas e a compreender o processo, a fim de estar em condições de exercer os seus direitos, proporcionando uma assistência linguística gratuita e precisa. Tal assistência deve ser alargada, se for caso disso, às relações entre o suspeito e o seu advogado de defesa. (9) As disposições da presente decisãoquadro devem garantir a protecção do direito conferido ao suspeito que não fala nem compreende a língua do processo a compreender as acusações que lhe são imputadas e a compreender o processo, a fim de estar em condições de exercer os seus direitos, proporcionando uma assistência linguística de alta qualidade, gratuita e precisa, com tempo e facilidades adequadas para salvaguardar a equidade do processo. Tal assistência deve ser alargada às relações entre o suspeito e o PR\793491.doc 7/23 PE430.359v01-00

seu advogado de defesa, e, caso haja detidos, a todos os contactos oficiais entre as autoridades que procederam à detenção e o detido. Trata-se da contrapartida às alterações ao n.º 2 do artigo 1.º, sobre o âmbito do direito, e ao n.º 4 do artigo 5.º (novo) sobre a necessidade de tradução e interpretação durante o processo. 4 Considerando 10 (10) Deve ser também prestada uma assistência adequada aos suspeitos que sofram de deficiências auditivas ou de elocução. (10) Deve ser também prestada uma assistência adequada aos suspeitos que sofram de deficiências físicas ou mentais que afectem a sua capacidade de comunicar eficazmente, como deficiências auditivas ou de elocução. Trata-se da contrapartida à alteração ao n.º 5 do artigo 2.º sobre a assistência em caso de deficiência física ou mental. 5 Considerando 11-A (novo) (11-A) A fim de salvaguardar a equidade do processo, deve ser criado um quadro jurídico completo sem demora. Este quadro deve incluir: o devido respeito pelo princípio de presunção de inocência; o direito à igualdade de tratamento na PE430.359v01-00 8/23 PR\793491.doc

concessão de caução; o direito a consultadoria jurídica e, se necessário, assistência judiciária gratuita; o direito a ser informado acerca dos seus direitos (Carta dos Direitos); o direito de apresentar provas; o direito a assistência específica para os suspeitos vulneráveis; a protecção dos jovens suspeitos; o direito a comunicar com as autoridades consulares e com terceiros; normas mínimas para a detenção e mecanismos de compensação acessíveis. Esta Decisão-quadro sobre o direito à interpretação e à tradução é apenas o primeiro instrumento jurídico na abordagem passo a passo por que se optou. Deve ser rapidamente seguida por propostas da Comissão sobre outros direitos processuais fundamentais. 6 Considerando 12 (12) Os Estados-Membros devem ser obrigados a assegurar a formação dos juízes, dos advogados e de qualquer outro pessoal relevante dos tribunais a fim de garantir a qualidade da interpretação e da tradução. (12) Os Estados-Membros devem ser obrigados a assegurar a formação dos juízes, Ministério Público, dos advogados e de qualquer pessoal relevante dos tribunais a fim de garantir e avaliar a qualidade da interpretação e da tradução e de poder avaliar as necessidades linguísticas do suspeito. É a contrapartida à alteração ao n.º 2 do artigo 5.º, sobre a formação. PR\793491.doc 9/23 PE430.359v01-00

7 Considerando 14-A (novo) Em conformidade com o disposto nos artigos 7. e 8.º,como alterados. (14-A) A presente decisão-quadro deve ser avaliada à luz da experiência prática adquirida. Se for caso disso deverá ser alterada por forma a melhorar as salvaguardas que consagra. 8 Artigo 1 n. 1 1. A presente decisão-quadro define regras relativas ao direito à interpretação e à tradução no âmbito dos processos penais e dos processos de execução de um mandado de detenção europeu. 1. A presente decisão-quadro define regras relativas ao direito à interpretação e à tradução no âmbito dos processos penais, incluindo a fase anterior ao julgamento, a fase da sentença e eventuais fases de recurso até que se conclua um recurso final, e dos processos de execução de um mandado de detenção europeu É importante que as pessoas tenham acesso à interpretação e tradução, não apenas na sala de audiências, mas em todas as fases do processo penal. Esta alteração constitui a contrapartida às alterações aos n.ºs 1 de 2 do artigo 2.º. PE430.359v01-00 10/23 PR\793491.doc

9 Artigo 1 n.º 1-A (novo) 1-A. Para efeitos da presente decisãoquadro, o termo"suspeito" designa qualquer pessoa que seja suspeita, tenha sido detida, perseguida, ou condenada, durante todo o tempo em que o processo penal a que se aplica o direito à interpretação e à tradução não tenha chegado a uma conclusão final. A Decisão-quadro deve aplicar-se a todas as fases do processo penal, incluindo antes do julgamento, a fase da sentença e qualquer fase de recurso, e por conseguinte o termo "suspeito" deve ser entendido em conformidade. 10 Artigo 1 n. 2 2. Esses direitos são aplicáveis a qualquer pessoa suspeita de ter cometido uma infracção («o suspeito»), a partir do momento em que esta seja informada pelas autoridades competentes de um Estado- Membro das suspeitas que sobre ela pesam e até ao termo do processo. 2. Esses direitos são aplicáveis a qualquer pessoa, a partir do momento em que esta seja interrogada ou detida pelas autoridades competentes de um Estado-Membro em conexão com uma infracção penal ou tenha por outro meio tomado conhecimento das suspeitas que sobre ela pesam e até ao termo do processo, incluindo a sentença e a decisão sobre eventual recurso, e durante a detenção a todos os contactos oficiais entre as autoridades e o detido. PR\793491.doc 11/23 PE430.359v01-00

À pessoa em causa deve ser garantido o direito à interpretação e tradução a partir de uma fase inicial do processo e enquanto este durar. 11 Artigo 1 n.º 2-A (novo) 2-A. O suspeito será informado dos direitos consagrados na presente decisão-quadro sem demora. Essa informação será fornecida por escrito. Os suspeitos com deficiência visual ou dificuldades de leitura devem ser notificados oralmente, numa língua que compreendam, sobre esses direitos. A fim de salvaguardar a equidade do processo, o suspeito deve saber de que direitos dispõe a ajuda linguística. Se essas informações não forem fornecidas por escrito o suspeito pode não ser capaz de beneficiar integralmente dos seus direitos. Deve-se prever também o caso especial das pessoas com deficiência. 12 Artigo 1 n.º 2-B (novo) 2-B. Salvo disposição em contrário da presente decisão-quadro, o significado das disposições dos seus artigos 2.º a 5.º, que correspondem a direitos garantidos pela Convenção Europeia para a Protecção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, é o mesmo que o estabelecido por essa Convenção, à luz da jurisprudência pertinente do Tribunal PE430.359v01-00 12/23 PR\793491.doc

Europeu dos Direitos do Homem. Sublinha a necessidade de coerência com a CEDH e a jurisprudência de Estrasburgo. 13 Artigo 2 n. 1 1. Os Estados-Membros asseguram que os suspeitos que não compreendam nem falem a língua do processo penal em causa beneficiem da assistência de um intérprete, por forma a garantir a equidade do processo penal. Deve ser assegurada interpretação durante os contactos com as autoridades encarregadas da instrução e com as autoridades judiciais, incluindo durante os interrogatórios realizados pela polícia, durante todas as reuniões necessárias entre o suspeito e o seu advogado, durante todas as audiências no tribunal e durante as eventuais audiências suplementares necessárias. 1. Os Estados-Membros asseguram que os suspeitos que não compreendam nem falem a língua do processo penal em causa beneficiem sem demora da assistência adequada de um intérprete, por forma a garantir a equidade do processo penal. Deve ser assegurada interpretação durante os contactos com as autoridades encarregadas da instrução e com as autoridades judiciais, incluindo durante os interrogatórios realizados pela polícia, durante todas as audiências no tribunal, durante as eventuais audiências suplementares e, em caso de detenção, durante os contactos oficiais entre as autoridades que procederam à detenção e o detido. Deve ser fornecida interpretação se o suspeito ou acusado não compreender a língua do processo ou não a conseguir falar, ou em ambos estes casos. Ao introduzir o termo "necessárias", a proposta da Comissão obscurece os direitos do suspeito à interpretação. PR\793491.doc 13/23 PE430.359v01-00

14 Artigo 2 n. 2 2. Os Estados-Membros asseguram, se for caso disso, que o aconselhamento jurídico de que o suspeito beneficia durante todo o processo penal seja objecto da assistência de um intérprete. 2. Os Estados-Membros asseguram que o aconselhamento jurídico de que o suspeito beneficia durante todo o processo penal seja objecto, mediante pedido, da assistência de um intérprete. Não é claro quem decidiria da existência de interpretação, e por isso é preferível remover este teste de necessidade e especificar que a interpretação entre um suspeito e o seu advogado deve ser fornecida a pedido. 15 Artigo 2 n. 4 4. Os Estados-Membros garantem que qualquer decisão que conclua pela não necessidade de interpretação seja passível de recurso. 4. Os Estados-Membros garantem que qualquer decisão que conclua pela não necessidade de interpretação seja passível de recurso para uma autoridade judicial, bem como a existência de um mecanismo para reclamações e a oportunidade de chamar um intérprete substituto, a fim de garantir a conformidade com o nº 2 do artigo 5º. É necessário especificar qual o organismo competente para decidir do recurso e, no interesse da justiça, esse organismo deve ser uma autoridade judicial. Além disso, há que prever um mecanismo de reclamação. PE430.359v01-00 14/23 PR\793491.doc

16 Artigo 2 n. 5 5. O direito à assistência de um intérprete inclui a assistência às pessoas com deficiências auditivas ou de elocução. 5. O direito à assistência de um intérprete inclui a assistência linguística às pessoas com deficiências físicas ou mentais. Os intérpretes podem não ter uma formação adequada para ajudar pessoas com deficiências físicas ou mentais, e é essencial que essas pessoas recebam assistência linguística adequada durante o processo. 17 Artigo 2 n.º 5-A (novo) 5-A. Os Estados-Membros devem assegurar que quando a polícia ou investigadores entrevistem o suspeito com a ajuda de um intérprete, seja feito um registo áudio ou vídeo, o qual será fornecido a qualquer das partes em caso de litígio. É vital no caso de recurso ou de litígios que a qualidade e fiabilidade da interpretação possam ser verificadas através do acesso aos registos. PR\793491.doc 15/23 PE430.359v01-00

18 Artigo 2 n.º 5-B (novo) 5-B. Tecnologias como as ligações vídeo, o acesso a telefone ou internet podem ser empregues em último recurso quando for impossível a comparência pessoal de um intérprete, como quando esse requisito surja a muito curto prazo, e quando a sua utilização não comprometa o direito a um julgamento equitativo. Esta opção não deverá ser utilizada em processos que se desenrolem no tribunal. As facilidades tecnológicas só devem ser usadas se a presença pessoal de um intérprete for impossível, como numa situação de emergência ou quando estejam implicadas línguas e dialectos raros, e quando o direito a um julgamento equitativo não seja prejudicado. 19 Artigo 3 n. 1 1. Os Estados-Membros asseguram que os suspeitos que não compreendam a língua do processo penal em causa beneficiem da tradução de todos os documentos essenciais, a fim de garantir a equidade do processo penal. 1. Os Estados-Membros asseguram que os suspeitos que não compreendam a língua do processo penal em causa beneficiem da tradução célere de todos os documentos essenciais, a fim de garantir a equidade do processo penal. O acusado deve poder compreender os documentos, numa fase precoce do processo, a fim de ter tempo para montar uma defesa credível. PE430.359v01-00 16/23 PR\793491.doc

20 Artigo 3 n. 2 2. Os documentos essenciais a traduzir incluirão qualquer medida de segurança privativa de liberdade, o acto de acusação, quaisquer provas documentais essenciais e a sentença. 2. Os documentos a traduzir incluirão qualquer medida de segurança privativa de liberdade, o acto de acusação, quaisquer provas documentais essenciais, testemunhos cruciais, a sentença e, em caso de detenção, as regras aplicáveis no local de detenção, incluindo como obter informações e apresentar queixas. Para que o acusado compreenda detalhadamente a natureza da acusação e os seus direitos e deveres caso se encontre detido, o conceito de documentos "essenciais" deve ser alargado através de uma lista não exaustiva que inclua testemunhos essenciais e as regras do local de detenção. 21 Artigo 3 n. 3 3. O suspeito ou o seu advogado pode apresentar um pedido fundamentado de tradução de outros documentos, nomeadamente do aconselhamento jurídico que este último preste por escrito ao suspeito. 3. O suspeito ou o seu advogado pode apresentar um pedido devidamente fundamentado de tradução de outros documentos. De acordo com o novo n.º 3-A do artigo 3.º, que alarga o direito à tradução de aconselhamento jurídico por escrito. PR\793491.doc 17/23 PE430.359v01-00

22 Artigo 3 n.º 3-A (novo) 3-A. Os Estados-Membros assegurarão que o aconselhamento jurídico por escrito do advogado do suspeito seja traduzido a pedido do suspeito ou do seu advogado. É o complemento ao n.º 2 do artigo 2.º, como alterado, sobre a interpretação. 23 Artigo 3 n. 4 4. Os Estados-Membros garantem que uma decisão que recuse a tradução dos documentos a que se refere o n.º 2 seja passível de recurso. 4. Os Estados-Membros garantem que uma decisão que recuse a tradução dos documentos a que se referem os n.º 2, 3 e 3-A seja passível de recurso para uma autoridade judicial, bem como um mecanismo para reclamações, a fim de assegurar a conformidade com o nº 2 do artigo 5º. É necessário especificar o organismo competente para decidir do recurso, e no interesse da justiça esse organismo deve ser uma autoridade judicial. O âmbito das decisões de recusa susceptíveis de recurso deve ser alargado. Além disso, há que prever um mecanismo para reclamações. PE430.359v01-00 18/23 PR\793491.doc

24 Artigo 4 parágrafo 1 Os Estados-Membros devem suportar os custos dos serviços de interpretação e de tradução resultantes da aplicação dos artigos 2.º e 3.º. Os Estados-Membros suportam os custos de interpretação e de tradução resultantes da aplicação dos artigos 2.º e 3.º, independentemente do resultado do processo. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem excluiu, como se explica no n.º 18 da Exposição de Motivos da proposta, qualquer possibilidade de o Estado solicitar pagamento quando o acusado for condenado. A própria redacção do artigo 4.º deve reflectir isto. 25 Artigo 5 n. 2 2. Os Estados-Membros disponibilizarão formação aos juízes, advogados e outro pessoal relevante dos tribunais, a fim de garantir a capacidade do suspeito de compreender o processo. 2. Os Estados-Membros disponibilizarão formação aos juízes, Ministério Público, advogados, polícia e outro pessoal relevante dos tribunais, a fim de garantir a capacidade do suspeito de compreender o processo e de poder avaliar as necessidades linguísticas do suspeito. É necessário formação não só para assegurar a qualidade, mas também para avaliar qual o apoio linguístico de que uma pessoa poderá necessitar. PR\793491.doc 19/23 PE430.359v01-00

26 Artigo 5 n.º 2-A (novo) 2-A. A fim de assegurar um elevado nível de interpretação e tradução, e um acesso eficaz às mesmas, os Estados-Membros assegurarão que se institua um registo nacional de tradutores e intérpretes independentes e qualificados, posto à disposição dos advogados e autoridades relevantes, inclusive numa base transfronteiriça. Os Estados-Membros devem tomar medidas concretas para facilitar o acesso do pessoal relevante aos serviços de intérpretes e tradutores profissionais. Um registo nacional de praticantes qualificados significa também que estará acessível uma gama completa de línguas. 27 Artigo 5 n.º 2-B (novo) 2-B. As regras processuais do tribunal terão em conta o tempo necessário à tradução dos documentos, incluindo transcrições de entrevistas e interpretação do processo. Quando os tribunais considerem as previsões de tempo, devem ser consultados primeiro os intérpretes/tradutores, uma vez que o tempo necessário para traduzir, transcrever e tratar do material registado poderá ser subestimado. As regras devem estabelecer uma margem de extensão para o tempo dedicado a este efeito. PE430.359v01-00 20/23 PR\793491.doc

28 Artigo 7 parágrafo 1 Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessárias para dar cumprimento às disposições da presente decisão-quadro até Os Estados-Membros tomarão as medidas necessárias para dar cumprimento à presente decisão-quadro o mais tardar dois anos após a sua entrada em vigor. 29 Artigo 8 Até [ ], a Comissão apresentará um relatório ao Parlamento Europeu e ao Conselho, em que avaliará em que medida os Estados-Membros tomaram as medidas necessárias para dar cumprimento à presente decisão-quadro, acompanhado, se necessário, de propostas legislativas. 3 anos após a entrada em vigor da presente decisão-quadro, a Comissão apresentará um relatório ao Parlamento Europeu e ao Conselho, em que avaliará em que medida os Estados-Membros tomaram as medidas necessárias para dar cumprimento à presente decisão-quadro, acompanhado, se necessário, de propostas legislativas, por forma a melhorar as salvaguardas que ela institui. PR\793491.doc 21/23 PE430.359v01-00

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS Em 2004 a Comissão apresentou uma proposta de decisão-quadro do Conselho sobre os direitos processuais em processos penais na UE (COM (2004) 348), abrangendo uma vasta gama de assuntos. O Parlamento apoiou vigorosamente a proposta, concordando com a Comissão em que a confiança entre Estados-Membros no domínio da cooperação judiciária aumentaria muito se houvesse uma harmonização dos direitos das pessoas nas investigações e processos judiciais. Contudo, devido ao facto de os Estados-Membros não terem conseguido chegar a acordo, em 2007 foram abandonadas as negociações do Conselho referentes a esta ampla medida. Mas a Presidência sueca renovou esforços sob a forma de um guia que define uma abordagem passo a passo e, em Julho de 2009, a Comissão apresentou uma proposta de decisão-quadro do Conselho (COM (2009) 338) dedicada exclusivamente ao direito a beneficiar de interpretação e tradução em processos penais. Numa abordagem deploravelmente minimalista do seu compromisso democrático, o Parlamento Europeu não está a ser consultado nem sobre este guia nem sobre a resolução relativa à implementação prática da decisão-quadro sobre direitos linguísticos. A Comissão tem a intenção de fazer seguir a esta proposta outras que gradualmente introduzirão outros direitos processuais em toda a UE. Estes direitos deverão incluir, sem a isso se limitarem, os abrangidos pela anterior proposta: o direito a aconselhamento e apoio jurídico, o direito a ser informado acerca de direitos (uma "Carta dos Direitos"), o direito dos réus vulneráveis a apoio específico e o direito a comunicar com as autoridades consulares e com terceiros, como familiares ou amigos. Outras questões, como o direito dos réus estrangeiros poderem beneficiar de caução numa base não discriminatória deverão também ser abrangidos. Estas propostas deveriam ser apresentadas tão rapidamente quanto possível, uma vez que os direitos processuais estão estreitamente relacionados uns com os outros. Por exemplo, o direito a uma tradução e interpretação efectiva pode ser minado por informação insuficiente acerca dos direitos ou pela indisponibilidade de aconselhamento jurídico rápido e gratuito. A cooperação judiciária e penal na UE está em desenvolvimento de uma forma desequilibrada, sendo atribuída mais prioridade às necessidades da acusação e da aplicação da lei do que aos direitos da defesa (como o demonstra o Mandado de Detenção Europeu), e a ausência de salvaguardas processuais sólidas para as pessoas sujeitas a sistemas judiciais de que podem ter uma fraca compreensão é uma lacuna cuja subsistência não devemos permitir. Posição do relator Esta abordagem passo a passo não é a ideal, e se bem que seja melhor do que não fazer nada, é essencial manter a dinâmica. Tal significa não apenas que o guia deve ser completado mas também que devem ser tomadas no futuro próximo medidas de promoção da confiança e dos direitos. A adesão às normas definidas na Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH) deve constituir a base para a confiança mútua de que depende o reconhecimento mútuo na UE em PE430.359v01-00 22/23 PR\793491.doc

matéria judicial, e representar as normas mínimas abaixo das quais nenhum Estado da UE deverá cair. Os direitos que constam desta decisão-quadro baseiam-se assim nos artigos 5. (direito à liberdade e segurança) e 6. (direito a um julgamento equitativo) da Convenção. O artigo 5. confere o direito a não ser privado da liberdade excepto de acordo com "o processo legal" e por conseguinte o seu âmbito ultrapassa aquilo que sucede num tribunal. Esta realidade reflecte-se na aplicação da decisão-quadro aos interrogatórios anteriores ao julgamento e, em certas circunstâncias, a procedimentos das autoridades administrativas, embora haja muitas situações a que o artigo 5. se aplica e a que esta medida da UE não se aplica, por exemplo, detenção por doença mental. Mas, uma vez que a UE tem o objectivo de estabelecer um espaço único de justiça, com regras comuns e uma cooperação intensa, a decisão-quadro e as correlativas que se lhe seguirão devem progredir em relação à CEDH e definir padrões para a protecção dos suspeitos e réus a um nível mais elevado que o garantido por este instrumento. O direito a um julgamento equitativo é reconhecido por todos os Estados da UE, enquanto signatários tanto da CEDH como do Tratado UE, como um direito humano fundamental. Quaisquer custos extra que a decisão-quadro venha a impor aos Estados-Membros são, em primeiro lugar, o preço irredutível para assegurar condenações justas e evitar erros judiciais e, em segundo lugar; serão equilibrados por menos recursos dispendiosos e menos atrasos. A resolução do Conselho, não vinculativa, sobre as melhores práticas que deve acompanhar a decisão-quadro não deverá em caso algum ter por efeito privar as pessoas de direitos conferidos por esta medida legislativa. O presente relatório altera a proposta da Comissão de diversas formas, incluindo: - a aplicabilidade dos direitos é desencadeada pelo interrogatório ou pelo conhecimento da existência de suspeitas, e não pela informação do suspeito pelas autoridades, - alargamento dos direitos de modo a abranger a sentença e os processos de recurso até que o processo penal chegue ao fim, incluindo assim o tempo passado em detenção mesmo após a condenação, - a especificação de que os direitos do suspeito lhe devem ser comunicados por escrito, - a inclusão de apoio a pessoas que sofram de deficiências físicas ou mentais para compensar a falta de competências linguísticas, - a eliminação do teste arbitrário da "necessidade" em favor de um teste "adequação" ao assegurar a equidade dos processos, prevendo em especial a interpretação e tradução dos conselhos jurídicos a pedido do suspeito ou do seu advogado, - o registo das entrevistas em que tenha intervindo um intérprete, essencial caso surja um litígio sobre o que foi dito, - materiais escritos traduzidos incluindo todos os documentos essenciais do caso e atempadamente para preparar a defesa, - recursos para uma autoridade judicial e um mecanismo para reclamações, - reforço e alargamento das disposições sobre formação, - tempo adequado e facilidades a fornecer, e regras nos tribunais que tenham em conta a interpretação e a tradução, - registo de intérpretes e tradutores independentes e qualificados (o relator toma nota e aprova os passos no sentido de criar uma Associação Europeia de Intérpretes e Tradutores Jurídicos sem fins lucrativos). PR\793491.doc 23/23 PE430.359v01-00