AFRICAN UNION UNION AFRICAINE UNIÃO AFRICANA Addis Ababa, Ethiopia P. O. Box 3243 Telephone: 5517 700 Fax: 5517844 Website: www. Africa-union.org CONFERÊNCIA DA UNIÃO Décima-sexta Sessão Ordinária 30 31 de Janeiro de 2011 Adis Abeba, Etiópia Original: Francês RELATÓRIO DA PARTICIPAÇÃO AFRICANA NA CONFERÊNCIA DE NAGOYA SOBRE A BIODIVERSIDADE «BIODIVERSIDADE DO CONTINENTE AFRICANO, UM COMBATE COMUM PARA A ÁFRICA» (PONTO PROPOSTO PELA REPÚBLICA DO GABÃO)
Pág. 1 INTRODUÇÃO 1. Durante a Conferência Pan-africana sobre a Biodiversidade e a Luta contra a Pobreza em África: «Que oportunidades para a África», realizada a 17 de Setembro de 2010, em Libreville, os Ministros Africanos responsáveis pelo Ambiente e Economia adoptaram uma importante declaração, denominada Declaração de Libreville. 2. Os Ministros solicitaram vivamente a S.E. Ali BONGO ODIMBA, Presidente da República do Gabão, país anfitrião da referida Conferência, para submeter esta Declaração Ministerial à 65ª Sessão da Assembleia-geral das Nações Unidas, a decorrer em Setembro de 2010, em Nova Iorque, bem como à 10ª Sessão da Conferência dos Estados Partes à Convenção sobre a Diversidade Biológica, a ter lugar em Nagoya, em Outubro de 2010. 3. Neste contexto, S.E. Ali BONGO ODIMBA, Presidente da República, Chefe de Estado, usou da palavra, em nome de África, na Conferência de Nagoya, para realçar a importância crucial da diversidade biológica de África. 4. O desenvolvimento verde do Continente, a necessidade de se chegar a um «acordo» sobre o acesso aos recursos genéticos e a partilha de benefícios, o Plano Estratégico (2010-2020) e a mobilização de recursos constituíram a espinha dorsal da declaração do Presidente da República do Gabão. 5. No que diz respeito aos desafios desta questão para o Continente e a necessidade de lhe atribuir o respectivo seguimento, a República do Gabão julgar ser útil inscrever este ponto de agenda da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA). I. DESAFIOS DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA PARA A ÁFRICA 6. A África contém perto de 40% da diversidade biológica mundial existente e abriga 8 dos 34 locais mundiais mais ricos em matéria de biodiversidade. Esta riqueza é visível em todo o Continente, quer pela natureza, quer pela variedade das espécies animais, vegetais e aquáticas. 7. A diversidade biológica não é apenas um factor de riqueza para os países africanos e para toda a humanidade mas também um factor de sobrevivência das populações africanas. Com efeito, a diversidade biológica fornece os alimentos
Pág. 2 necessários para o consumo e assegura a estabilidade bem como a perenidade dos nossos Estados. 8. Por outro lado, a diversidade biológica é um recurso económico de grande valor acrescentado e uma vantagem adicional para a África, no quadro do seu desenvolvimento económico e da luta contra a pobreza. O roteiro sobre a economia e o crescimento verde, adoptado no final da Conferência Pan-africana de Libreville, em Setembro de 2010, ilustra perfeitamente este aspecto. 9. É chegado o momento de solicitar a apropriação da problemática da diversidade biológica pela União Africana. Tanto mais que são registados alguns progressos sobre esta matéria, a favor do Continente, designadamente: - A adopção recente, em Nagoya, do Protocolo relativo ao Acesso aos Recursos Genéticos e a Partilha de Benefícios (APA); - O plano para a mobilização de recursos assim como outras 40 decisões em domínios estratégicos e de interesse crucial para o Continente, tais como a transferência de tecnologia, o reforço de capacidades, a cooperação Sul-Sul em matéria da diversidade biológica, a criação da Plataforma Intergovernamental Científica e Política sobre a Biodiversidade e o Serviço de Ecossistemas (IPBES), a economia verde, a inter-relação entre a diversidade biológica e as alterações climáticas, etc. 10. A melhor arma e a principal vantagem de negociação da África residem na imensidade do seu potencial em recursos naturais. A alimentação das populações, o ecoturismo, a preservação das florestas, dos rios e dos oceanos, a protecção das terras aráveis, a medicina tradicional e a redução do êxodo selvagem apenas funcionam correctamente graças à protecção da nossa diversidade biológica. 11. O equilíbrio natural entre as espécies assim como a estabilização do clima mundial são somente possíveis graças a uma biodiversidade importante nos nossos territórios. 12. Em contrapartida, o desenvolvimento humano e económico em África, conjugado com as consequências dramáticas do aquecimento climático e a desertificação tiveram e terão ainda um impacto negativo na biodiversidade do nosso Continente.
Pág. 3 13. Estudos recentes nos indicam que a cada ano desaparecem espécies em África e no resto, as terras empobrecem. Os compromissos assumidos em Joanesburgo, em 2000, durante a Cimeira sobre o Desenvolvimento Sustentável, de reduzir para metade, até 2010, a perda da diversidade biológica mundial, são um fracasso. As consequências futuras para as nossas populações e os nossos Estados são imensuráveis. Não restam dúvidas que se somos capazes de medi-las e fazer o seu controlo, poderemos, em conjunto, prever políticas que permitam dominar este fenómeno. 14. O desafio da diversidade biológica não é apenas um gesto humanitário da nossa parte, mas também trata-se, sobretudo, da sobrevivência do planeta, de um acto de protecção das gerações africanas, actuais e futuras. 15. Preservar a nossa diversidade biológica significa proteger não somente os nossos Estados, as nossas economias, as nossas populações, mas também salvaguardar, a longo prazo, as nossas riquezas naturais, elementos fundamentais das nossas economias e do nosso desenvolvimento. 16. Perante estes desafios, cada vez mais países e organismos internacionais se organizam e se debruçam sobre esta problemática. Diferentes reuniões e cimeiras permitiram a elaboração de textos e regulamentos em matéria da preservação da diversidade biológica e da redução da sua perda. II. PERSPECTIVAS 17. A Conferência Pan-africana sobre a Diversidade Biológica e a Luta contra a Pobreza em África, que decorreu em Libreville, Gabão, de 12 a 18 de Setembro de 2010, na sequência de uma decisão da Conferência dos Ministros Africanos do Ambiente (CMAE), lançou as bases de uma plataforma africana que, por seu turno, permitiu que o Continente tivesse uma coesão na Conferência de Nagoya, Japão, e defender uma posição comum. 18. Os resultados de Nagoya, principalmente a adopção de um Protocolo relativo ao acesso aos recursos genéticos e a partilha de benefícios bem como o Plano Estratégico sobre a Diversidade Biológica (2010-2020) mostram, mais do que nunca, a necessidade de os países africanos irem para além de uma posição comum, adoptando uma estrutura e um mecanismo de coordenação, ao invés da criação do quadro de negociações sobre as alterações climáticas.
Pág. 4 19. Tendo consciência de que o desafio da diversidade biológica é, antes de tudo, transfronteiriço, tomando em consideração a enorme vantagem e o potencial de que a África dispõe para tirar proveitos do Protocolo de Nagoya, do Plano de Acção decenal sobre a diversidade biológica (2011-2020) assim como todas as decisões emanadas de Nagoya, tendo em conta o facto de que a África obteve cerca de 80% das suas exigência em Nagoya, os Estados Africanos são, por conseguinte, solicitados a colaborar e trabalhar em conjunto, a fim de capitalizar e tirar proveito dos resultados positivos de Nagoya e zelar pela sua materialização.