ÍNDICES NDVI, NDWI E NDBI COMO FERRAMENTAS AO MAPEAMENTO TEMÁTICO DO ENTORNO DA LAGOA OLHO D'ÁGUA, EM JABOATÃO DOS GUARARAPES-PE



Documentos relacionados
SISTEMA DE SAÚDE E EXPANSÃO URBANA: ANÁLISE E MAPEAMENTO DO MUNICÍPIO DE LEME/SP

Sensoriamento Remoto

MONITORAMENTO DA TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE EM ÁREAS URBANAS UTILIZANDO GEOTECNOLOGIAS

AVALIAÇÃO DOS ÍNDICES NDVI, NDBI E NDWI COMO FERRAMENTAS AO MAPEAMENTO DO USO E COBERTURA DA TERRA

GERAÇÃO DE CARTA IMAGEM DO MUNICÍPIO DE PATO BRANCO-PR

ESTUDOS DE ILHA DE CALOR URBANA POR MEIO DE IMAGENS DO LANDSAT 7 ETM+: ESTUDO DE CASO EM SÃO CARLOS (SP)

Aula 5 - Classificação

MAPEAMENTO DA COBERTURA VEGETAL DE ÁREAS DE GRANDE EXTENSÃO ATRAVÉS DE MOSAICOS DE IMAGENS DO NOAA-AVHRR

Classificação de Imagens

Potencial do uso da banda do infravermelho próximo na classificação de imagens adquiridas por câmaras digitais

MAPEAMENTO DE CLASSES INTRAURBANAS NO MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA (SP) UTILIZANDO IMAGENS LANDSAT-5 TM E IMAGEM NDBI

DISTRIBUIÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA POR DOMÍNIOS GEOMORFOLÓGICOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO JOÃO - RIO DE JANEIRO

2 Classificação de Imagens de Sensoriamento Remoto

Comparação entre classificadores por pixel e por região com imagem SPOT-5 para o estado de Minas Gerais

IMAGENS DE SATÉLITE PROF. MAURO NORMANDO M. BARROS FILHO

AVALIAÇÃO DAS IMAGENS IRS-P6 EM RELAÇÃO AO PADRÃO DE EXATIDÃO CARTOGRÁFICA. Danielly Garcia Santos¹, Elaine Reis Costa Lima²

Programa Integrado de Monitoria Remota de Fragmentos Florestais e Crescimento Urbano no Rio de Janeiro

ANÁLISE DE MÉTODOS DE CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA APLICADA AO DESMATAMENTO NO MUNICÍPIO DE MARABÁ UTILIZANDO IMAGENS CCD - CBERS

SENSORIAMENTO REMOTO NO USO DO SOLO

Uso de Imagens de Satélites em Operações de Inteligência. LAGF, Setembro de /09/2013 1

Classificação da imagem (ou reconhecimento de padrões): objectivos Métodos de reconhecimento de padrões

Tópicos em Meio Ambiente e Ciências Atmosféricas

Flavio Marcelo CONEGLIAN, Rodrigo Antonio LA SCALEA e Selma Regina Aranha RIBEIRO. Universidade Estadual de Ponta Grossa

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental

ESTUDO DE CASO: ÍNDICE DE UMIDADE DO SOLO UTILIZANDO IMAGENS DO SENSOR MODIS PARA O MUNICÍPIO DE BELEM DO SÃO FRANCISCO, PE

Subtração de imagens para detecção de mudanças na cobertura vegetal da bacia hidrográfica do Rio Alegre Alegre/ES

USO DO MATLAB NA GERAÇÃO DE IMAGEM SINTÉTICA COM MENOR PROPORÇÃO DE NUVEM

Classificação de imagens Landsat

USO DA TÉCNICA DE ANALISE POR COMPONENTE PRINCIPAL NA DETECÇÃO DE MUDANÇAS NA COBERTURA DO SOLO

III Encontro REDIENE IISeminário i REDIENE 2 3 de Maio 2012 Taller Nacional, Panama

Análise de Imagens CBERS da Bacia do Rio São Francisco utilizando Mapas Auto-Organizados de Kohonen e Classificadores K-Médias e Fuzzy C-Médias

Os mapas são a tradução da realidade numa superfície plana.

Para que um sensor possa coletar e registrar a energia refletida ou emitida por um objeto ou superfície, ele tem que estar instalado em uma

AULA 2 Planos, Vistas e Temas

MundoGEOXperience - Maratona de Ideias Geográficas 07/05/2014

Processamento digital de imagens. introdução

UFGD FCA PROF. OMAR DANIEL BLOCO 4 PROCESSAMENTO DE IMAGENS

Introdução ao Sensoriamento Remoto. Sensoriamento Remoto

QGIS 2.2 Modo de Edição: Edição de Feições de Polígono

Detecção de Mudanças da Cobertura Terrestre na Ilha do Formoso, Município de Lagoa da Confusão-TO

ABSTRACT: The Suape region has received public and private investments, which allowed a

Produto 1. Mapas e figuras georreferenciadas contendo cicatrizes de queimadas para as regiões de interesse no Cerrado

APLICAÇÕES PRÁTICAS DE PROCESSAMENTO DE IMAGENS EM SENSORIAMENTO REMOTO

CLASSIFICAÇÃO DE IMAGENS CBERS DA BACIA DO SÃO FRANCISCO USANDO MAPAS AUTO-ORGANIZADOS DE KOHONEN E CLASSIFICADORES FUZZY C-MÉDIAS

MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PAJEÚ-PE. Carlos Tiago Amâncio Rodrigues¹, André Quintão de Almeida²

QGIS 2.4 Recorte de Raster em Lote (Clip Raster in Batch Mode)

METODOLOGIA PARA O GEORREFERENCIAMENTO DE ILHAS COSTEIRAS COMO SUBSÍDIO AO MONITORAMENTO AMBIENTAL

Sensoriamento Remoto

27/03/2017 OPERAÇÕES ARITMÉTICAS NDVI E RAZÃO DE BANDAS AULA 04 RAZÃO DE BANDAS. Ex: Realce de minerais de Ferro = ρ v / ρ A

Figura 1: Localização geográfica da área de estudo com a composição colorida do sensor TM (R3, G2 e B1).

Município de Colíder MT

Reflectância espectral de classes e alvos urbanos no Rio de Janeiro, utilizando imagem do sensor Hyperion

Reconhecimento de Padrões Utilizando Filtros Casados

CONFLITO DE COBERTURA DE TERRAS EM REGIÃO DE FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL, EM RELAÇÃO À APLICAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL EM VIGOR 1

4 Avaliação Experimental

Estatísticas do Desmatamento. Amazônia Legal. Outubro de Resumo. Carlos Souza Jr., Adalberto Veríssimo & Sanae Hayashi (Imazon)

AULA 2 Planos, Vistas e Temas

O CRESCIMENTO URBANO DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA-GO/BRASIL E SUA RELAÇÃO COM O FENÔMENO DE ILHAS DE CALOR

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Bacharelado em Sistemas de Informação Trabalho de Diplomação

Sensoriamento Remoto. Características das Imagens Orbitais

UFGD FCA PROF. OMAR DANIEL BLOCO 6 CLASSIFICAÇÃO DE IMAGENS

Extração de Leito do Rio em Imagens RapidEye

Capítulo 13 Pastas e Arquivos

Segmentação de Imagens

ANÁLISE COMPARATIVA DAS DERIVAÇÕES ANTROPOGÊNICAS EM ÁREAS DE MANGUEZAIS EM ARACAJU-SE. Geisedrielly Castro dos Santos¹

XV COBREAP CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS IBAPE/SP 2009

PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS (SERP11) OPERAÇÕES ARITMÉTICAS. Daniel C. Zanotta

APLICATIVOS GRÁFICOS (AULA 4)

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

4 MATERIAL. O material utilizado para a realização deste estudo consiste de:

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Câmpus Medianeira PLANO DE ENSINO CURSO ENGENHARIA DE AMBIENTAL MATRIZ 519

AULA 15 Plugin Preenchimento de Células

NATUREZA DO TRABALHO : PERÍCIA DE ENGENHARIA O USO DE ORTOIMAGENS EM PERÍCIAS DE ENGENHARIA

ESTEREOSCOPIA INTRODUÇÃO. Conversão de um par de imagens (a)-(b) em um mapa de profundidade (c)

Refração da Luz Índice de refração absoluto Índice de refração relativo Leis da refração Reflexão total da luz Lentes Esféricas Vergência de uma lente

CRIAÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS COM ALOV MAP

15- Representação Cartográfica - Estudos Temáticos a partir de imagens de Sensoriamento Remoto

Geomática e SIGDR aula teórica 23 17/05/11. Sistemas de Detecção Remota Resolução de imagens

Produção de Mapas de Uso do solo utilizando dados CBERS-2B, como estágio intermerdiário para estudos de processos erosivos laminares.

CADASTRO DE METADADOS POR SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE BANCO DE DADOS GEOGRÁFICO (SGBD) EM SIG PARA UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Geotecnologia aplicadas à análise histórica humana /intervenções urbanas e evolução da linha de costa

Análise de Risco de Taludes na Estrada de Ferro Vitória-Minas

Aula 9 ESCALA GRÁFICA. Antônio Carlos Campos

Processamento de Imagem. Prof. Herondino

Descritores de textura na análise de imagens de microtomografia computadorizada

O CONTEXTO TECTÓNICO DO ENXAME DE DIQUES ARAUÁ POR ANÁLISE DE IMAGENS LANDSAT

Características dos Sensores. Aula 3 Professor Waterloo Pereira Filho Docentes orientados: Daniela Barbieri Felipe Correa

C a p í t u l o I V. P r o c e s s a m e n t o d a s I m a g e n s O r b i t a i s d o s S e n s o r e s T M e E T M

Utilização de geotecnologias para inferências populacionais no espaço urbano do município de Guarulhos-SP. Aline Salim Ailton Luchiari

IDENTIFICAÇÃO DO FENÔMENO DE ILHAS DE CALOR PARA A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO ATRAVÉS DE DADOS PROVENIENTES DO SATÉLITE LANDSAT 7 ETM+

SISTEMAS DE COORDENADAS E PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS. Prof. M.Sc. César Vinícius Mendes Nery vinicius.nery@ifnmg.edu.br Skipe: vinicius_nery

GERÊNCIA EDUCACIONAL DE FORMAÇÃO GERAL E SERVIÇOS CURSO TÉCNICO DE METEOROLOGIA ESTUDO ESTATISTICO DA BRISA ILHA DE SANTA CATARINA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE PPG - CASA

Renzo Joel Flores Ortiz e Ilka Afonso Reis

Letícia Oliveira Freitas Avaliação da Utilização de Imagens CBERS em Estudos de Uso e Cobertura do Solo

Detecção em tempo real de movimentos de olhos e boca em um vídeo em cores

A seguir são apresentadas as etapas metodológicas da Pesquisa CNT de Rodovias.

Sistemas de Informação Geográfica Aplicados

Lição III RIO GRANDE DO SUL

ERMAC 2010: I ENCONTRO REGIONAL DE MATEMÁTICA APLICADA E COMPUTACIONAL de Novembro de 2010, São João del-rei, MG; pg

Transcrição:

p. 001-009 ÍNDICES NDVI, NDWI E NDBI COMO FERRAMENTAS AO MAPEAMENTO TEMÁTICO DO ENTORNO DA LAGOA OLHO D'ÁGUA, EM JABOATÃO DOS GUARARAPES-PE ALBINO FERREIRA DE FRANÇA JOÃO RODRIGUES TAVARES JUNIOR. JÚLIO CÉSAR COTRIM MOREIRA FILHO 2 Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Centro de Tecnologia e Geociências - CTG Departamento de Engenharia Cartográfica, Recife, PE {albinoffranca, joaoufpe, jjccccmmff}@gmail.com Programa de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação 2 RESUMO - O presente artigo apresenta o uso dos índices radiométricos NDVI (Normalized Difference Vegetation Index), NDWI (Normalized Difference Water Index) e NDBI (Normalized Difference Built-up Index) para LANDSAT-5. Na área de estudo está contida a Lagoa Olho D água, Jaboatão dos Guararapes-PE, e seu entorno. Na metodologia inerente ao trabalho, aplicou-se técnicas de uso do modelo de cores IHS como ferramentas à detecção de nuvens, bem como a utilização da faixa do espectro eletromagnético relativa ao infravermelho próximo para o mapeamento de corpos d água. Como resultado final, obteve-se uma base de dados confiável, na escala de 1:150000 (compatível com a resolução espacial da imagem LANDSAT-5), em SIRGAS 2000. ABSTRACT - This paper shows about the use of radiometric indices NDVI (Normalized Difference Vegetation Index), NDWI (Normalized Difference Water Index) and NDBI (Normalized Difference Built-up Index) for LANDSAT-5. In the study s area is contained Lagoa Olho D água, Jaboatão Guararapes-PE, and around areas. In the methodology of the work, we applied the techniques for using HSI color model as tools for the detection of clouds, and the use of range of the electromagnetic spectrum on the near infrared to the mapping of water bodies. As a final result, we obtained a reliable database on a scale of 1:150000 (compatible with the spatial resolution of Landsat-5) in SIRGAS 2000. 1 INTRODUÇÃO A aplicação de índices NDVI, NDWI e NDBI fornecem parâmetros capazes de detectar e separar alvos compostos de materiais diferentes como água, edificações, vegetação e solo exposto. No entorno da Lagoa Olho d água, Jaboatão dos Guararapes-PE, uma grande diversidade de alvos misturados em ambiente aquático e terrestre, proporciona um problema para testar a discriminação a cobertura vegetal, edificações e solo exposto. A composição de bandas 5-4-3 do TM LANDSAT-5, associadas aos canais RGB, permite visualizar alvos em terras emersas com cores tipicamente reconhecidas pela visão humana, enquanto a composição pode revelar alvos submersos e sedimentos em suspensão. Este artigo mostra experimentos de classificação de alvos associando cada índice físico a um canal do sistema RGB comparados com a classificação automática K-médias, e uma transformação RGB IHS para detectar nuvens que se confundiam com a massa de água da Lagoa Olho d Água. O presente trabalho possui como objetivo a demonstração do uso dos índices radiométricos NDVI, NDWI e NDBI na geração de resultados que possibilitem a aplicação de técnicas de classificação de pixels, bem como abordar métodos de resolução de problemas encontrados nessas técnicas, tais como o uso do modelo de cores IHS para detecção de nuvens e o uso da faixa espectral do infravermelho próximo para encontrar corpos d água. Partindo de todos esses pressupostos, foi capaz de se gerar uma base de dados confiável e compatível com a escala determinada para o mapeamento, dando subsídios necessários à aplicação desses produtos em pesquisas científicas das mais diversas áreas do conhecimento.

p. 002-009 2 ÁREA DE ESTUDO A área de estudo do presente trabalho (Figura 1) abrange uma região na qual estão inseridas áreas contidas nos municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, todos do Estado de Pernambuco. O polígono envolvente da área de estudo tem limites descritos na Tabela 1, no sistema geodésico de referência SIRGAS 2000. Porém, será dado foco espacial à região do entorno da Lagoa Olho d Água. Tabela 1 Coordenadas em graus decimais da área de estudo, no Sistema Geodésico de Referência SIRGAS 2000. Meridiano oeste Meridiano leste Paralelo norte Paralelo sul -35,025384 º -34,865575 º -8,075450 º -8,299626 º N A Figura 1 Localização da área A de estudo do presente trabalho. A Lagoa Olho D água, por sua vez, é a principal lagoa natural na costa de Pernambuco, sendo uma das maiores lagoas contidas em zonas urbanas do Brasil. Localizada no município de Jaboatão dos Guararapes/PE, Região Metropolitana do Recife, abrangendo densidades populacionais dos bairros de Piedade, Candeias e Barra de Jangada, todos do mesmo município, a lagoa possui um espelho d água de aproximadamente 3,75 Km 2. Segundo Macedo (2010), a lagoa está distante aproximadamente 2,4 km do litoral, desde o ponto da sua margem leste mais próximo do litoral, e correspondente a um sistema lagunar extremamente raso de várias lagoas menores, formando a micro-bacia do Rio Jaboatão e dos canais artificiais principais (Canal de Setúbal e Canal Olho D água, que possui saída para o Rio Jaboatão). Macedo (2010) diz ainda que há no entorno da lagoa áreas com solos arenosos e argilosos, onde a vegetação de restinga foi quase toda retirada, possuindo hoje uma cobertura vegetal composta de vários tipos de árvores, arbustos e vegetação rasteira. 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.2 Índices radiométricos Índices radiométricos são medidas radiométricas capazes de identificar em imagens digitais a abundância relativa e a atividade de determinados tipos de informações, tais como áreas edificadas, cobertura vegetal, áreas inundadas, área foliar, entre outros. A seguir uma breve explanação acerca dos índices radiométricos utilizados na presente execução. São eles: NDVI, NDWI e NDBI. A Tabela 2 mostra uma síntese das aplicações dos índices físicos, sistema sensor, bandas espectrais, precisão temática e escala nominal. Observa-se na Tabela 2 os bons índices de precisão obtidos com o sensor TM e escala nominal de 1:150000. Tabela 2 Bons índices de precisão obtidos com o sensor TM e escala nominal de 1:150000. Autor Sensor Bandas Técnica Precisão Escala Zha, Gao e Ni (2003) TM 3, 4, 5 NDVI, NDBI, 92,6% para o 1:150000 Classif. Superv. Maxver NDBI Jianjun et al. (2005) TM, ETM 3, 4, 5 NDBI, Classif. 98,96% e 78,75%, 1:150000 Superv. Maxver Chen et al. (2006) TM, ETM 7 bandas NDVI, NDWI, NDBI, NDBal Maxver e NDBI 92,19% e 87,04%, Global e Área construída 1:150000 Qian, Zhou e Hou (2007) ETM+ 6 bandas NDBI, Maxver, Insuficiente, 1:150000

p. 003-009 Classif. Imagem Or. 70,89; 89,33 Objeto Zhang, Odeh e Han (2009) TM, ETM 3, 4, 5, 6 LST, NDVI, NDBI Correlação de 0,87 e 0,74; 0,29 e 0,07, p/ LST- NDBI e LSTNDBI Liu e Zhang (2011) TM, Aster 7 TM, LIA LST, NDVI, NDBI, Correlação de - ASTER UTFVI 0,41 e 0,71 para LST-NDVI e LST-NDBI; UTFVI extremos Lee et al. (2011) TM, ETM 3, 4, 5, 6 BT e Class. Árvore de decisão com o uso de NDVI, NDWI, NDBI, NDBal em <0 e em >0,02 90% para água e área construída e relação direta entre BT e área construída 1:600000 e 1:150000 1:600000; 1:150000; 1:450000 1:150000 O NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) é um índice de vegetação utilizado para destacar este alvo. Como vantagem tem-se a redução de muitas formas e ruídos (diferenças de iluminação, sombras de nuvens, algumas atenuações atmosféricas, algumas variações topográficas) presentes em múltiplas bandas de múltiplas datas. Na Equação 1, para ρ ivp tem-se a refletância no infravermelho próximo, e ρ verm a refletância no vermelho. NDVI = ( ρ ivp ρ vm ) / ( ρ ivp + ρ vm ). (1) O NDWI (Normalized Difference Water Index) é uma equação desenvolvida para realçar corpos de água e eliminar a influência do solo na vegetação. Na Equação 2, ρ ivp é a reflectância no infravermelho próximo, e ρ vd a reflectância na faixa do verde. NDWI = ( ρ vd ρ ivp ) / ( ρ vd + ρ ivp ). (2) O NDBI (Normalized Difference Built-up Index) é um índice radiométrico desenvolvido para identificar áreas urbanas e construídas, tendo como base o grande incremento de resposta espectral das áreas construídas entre as bandas do infravermelho próximo e infravermelho médio. O NDBI é aplicado ainda para o mapeamento rápido de áreas urbanas e no auxílio ao estudo de ilhas de calor urbanas. Na equação 3 ρ ivp, é a reflectância no infravermelho próximo, e ρ ivm a reflectância no infravermelho médio. 3.3 Classificação NDBI = ( ρ ivm ρ ivp ) / ( ρ ivm + ρ ivp ). (3) A Classificação é o processo de separação de pixels segundo uma regra matemática ou algoritmo para agrupar os pixels em classes semelhantes em termos de suas propriedades espectrais, podendo ser dividida em dois tipos: supervisionada onde o usuário define suas amostras de treinamento, e não supervisionada, onde o usuário faz opções pelo número de classes e iterações. A classificação não-supervisionada pode ser vista como um passo importante a ser realizado antes da classificação supervisionada. Porém, cuidados especiais devem ser tomados na obtenção desse número de classes de pixels, pois alguns problemas podem ocorrer, tais como: o número de classes espectrais ser maior que o de classes do terreno, havendo necessidade da realização de um reagrupamento; o número de classes espectrais ser muito menor que o de classes no terreno, caracterizando-se a existência de alvos com características espectrais semelhantes e mostrando a necessidade de se utilizar outras formas de discriminações para as classes.uma vantagem da classificação não supervisionada é gerar repetição de um mesmo resultado supondo que sejam colocados os mesmos parâmetros: números de classes e iterações e eliminando assim a subjetividade para os resultados. No presente trabalho foi utilizado o método de classificação não-supervisionada pelas K-médias. O método de classificação pelas K-médias realiza inicialmente o cálculo da média de classes que estão distribuídas de forma homogênea no espaço de atributos, calculando posteriormente, por meio de seu algoritmo, a menor distância entre cada pixel e a média de cada classe. Após isso, os pixels são alocados á classe cuja média esteja mais próxima de seu valor. Ressalta-se ainda algumas observações inerentes a esse método: i) em cada iteração a média

p. 004-009 e novamente calculada para que a distância seja também novamente determinada; ii) o processo de cálculo de novas médias é repetido até que se atinja um limiar ou o número máximo de iterações especificado pelo usuário; iii) o usuário deve aplicar conhecimentos sobre a área a ser classificada para determinação do número de classes. A equação 4 é capaz de ilustrar o cálculo do centróide (média) das amostras, e a equação 5 o procedimento de classificação. 3.3 Modelo de cores HSI X i = ( 1 / N i ) x Xi (x) (4) x X k : k = arg min x x i (5) O modelo de cores HSI representa uma determinada cor em termos do matiz (H, hue), saturação (S, saturation) e intensidade (I, intensity). Geometricamente falando, a combinação dos parâmetros citados resulta em um espaço de cores tridimensionais que corresponde a uma estrutura piramidal de três lados. Os componentes da representação RGB (Red, Blue, Green) podem ser convertidos para o modelo HSI de acordo com a formulação matemática abaixo. Maiores detalhes em PEDRINI e SCHWARTZ (2008): H = arccos {[(R G) + (R B)] / 2 [(R G) 2 + (R B) (G B)]} (6) S = 1 [3 min (R, G, B) / (R + G + B)] (7) I = (R + G + B) / 3 (8) Caso B > G, então H = 360 H; Assume-se que os componentes RGB estão normalizados entre [0 e 1]. A intensidade I e a saturação S estão normalizadas entre [0 e 1]; O matiz H varia de [0 o a 360 o ]. 4 METODOLOGIA Em síntese a metodologia usada foi: 1-baixar imagem TM LANDSAT-5 de 17-03-2011, órbita-ponto 214-066, com um mínimo de nuvens e convertendo-as para SIRGAS2000; 2- usando SPRING 5.0.6 e TERRAVIEW 4.1.0 (Divisão de Geração de Imagens (DGI) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE) fazer as composições 3-2- 1 e 4-5-3 na escala nominal de 1:150000, para interpretação visual dos alvos vegetação, área urbana, solo exposto (sedimentos de praia e assoreamentos na lagoa), e água (com ou sem sedimentos em suspensão) em torno da Lagoa Olho d Água e litoral; 3- delimitar a área de estudo em função de reunir os alvos de interesse em uma cena; 4- associar canais aos índices físicos (R NDBI, G NDVI, B NDWI); 5-aplicar o K-médias as imagens processadas em 4 ; 6- transformação RGB IHS para separar nuvens devido à confusão entre a lagoa e nuvens. Na composição RGB1 (3-2-1) foram destacados os alvos: i) áreas edificadas e de solo exposto, ii) corpo d água da lagoa, iii) corpo d água do mar, iv) vegetação, v) sedimentos submersos na Lagoa Olho d Água, vi) sedimentos marinhos em suspensão, vii) faixa de areia da praia, e vi) nuvens. Na composição RGB2 (5-4-3). A composição RGB2 revelou as mesmas classes que a RGB1, todas observadas na interpretação visual. 4.3.2 Cálculo dos índices RGB1 3-2-1 Figura 2 Composições RGB1 e RGB2. RGB2 5-4-3

p. 005-009 O cálculo dos índices radiométricos NVDI, NDWI e NDBI foram realizados utilizando o menu Imagem- Operações Aritméticas, contida no software SPRING 5.0.6. Esses índices serviram como ferramentas na obtenção de contrastes mais interessantes à delimitação de limiares entre as classes a serem mapeadas espectralmente com os métodos de classificação utilizados nesta aplicação. O comportamento do histograma das imagens obtidas como índices radiométricos consistiu em um problema inerente a esta etapa, devido à alta freqüência de pixels com valores próximos de zero contidos nas imagens, acarretando em problemas na aplicação do contraste linear nas mesmas. Esse problema, porém, foi resolvido por meio da multiplicação de todos os pixels das imagens por uma constante de valor igual a 100. Em seguida, foi gerada a composição RGB3, onde R = NDBI, G = NDVI e B = NDWI, que será posteriormente objeto de estudo para a os processos de classificação de pixels. A Figura 3 ilustra as imagens obtidas como resultado com contraste linear e a Figura 4 ilustra a comparação entre as composições RGB1, RGB2 e RGB3. Ressalta-se que essas composições são nada mais que atribuições das imagens e/ou índices radiométricos obtidos aos canais Red, Green, e Blue no software de processamento de imagens digitais. Com a obtenção do RGB3 notou-se por meio de interpretação visual as classes (i) áreas construídas e de solo exposto, ii) vegetação, e iii) água. Um problema foi detectado na obtenção do RGB3: o comportamento espectral das nuvens presentes nas imagens ficou semelhante ao comportamento da superfície líquida da Lagoa Olho d Água, o que representaria um fator negativo quando a mesma fosse processada usando classificador automático. Desse modo, para a identificação das áreas onda havia cobertura de nuvens, foi utilizado o modelo IHS para detectar nuvens. NDVI G NDBI R Figura 3 Resultados associando canais a índices. NDWI B RGB1 3-2-1 RGB2 5-4-3 Figura 4 Comparação entre composições. RGB3 NDVI G NDBI R NDWI B 4.3.3 Modelo IHS para identificação de nuvens Na conversão das imagens para IHS foi usado no SPRING 5.0.6 a função Imagem-Transformação IHS-RGB. O contraste das imagens foi obtido por meio da manipulação dos histogramas na região onde a freqüência de pixels referentes a nuvens é maior. A Figura 5 ilustra o contraste linear aplicado sobre as imagens para destaque das nuvens, e

p. 006-009 a Figura 6 mostra a comparação entre RGB1, RGB3 e o resultado obtido nesta etapa, que recebeu no presente trabalho a denominação de IHS_Nuvens. Figura5 Comportamento dos histogramas das imagens e contraste linear aplicado por meio da interpretação e identificação no histograma das áreas referentes às nuvens. 4.3.4 Classificação K-médias RGB1 3-2-1 Figura 6 Comparação visual das composições RGB1, RGB3 e IHS_Nuvens. Para RGB3, objetivou-se estabelecer as classes: i) áreas construídas e de solo exposto, ii) vegetação, e iii) água. Essa classificação foi neste trabalho chamada de CRGB3. Na classificação IHS_Nuvens, duas classes foram obtidas: a) nuvens e b) demais áreas (áreas nas quais não há a ocorrência de nuvens) e o resultado foi chamado de CIHS_Nuvens. Para ambos os casos foi utilizado o modelo de classificação não-supervisionada, os quais foram possíveis de ser gerados a partir do software TERRAVIEW 4.1.0 em seu plug-in Processamento de Imagens. O método utilizado para ambas as classificações foi o K-Means e a Tabela 3 descreve os parâmetros utilizados. Ressalta-se que o número de iterações para as classificações foi determinado empiricamente, com base em testes práticos na mesma execução; e que o número de classes é oriundo daquilo que se deseja determinar para o mapeamento temático da região. RGB3 NDVI G NDBI R NDWI B Tabela 3 Parâmetros de classificação adotados. Imagem Classes Iterações Classificada CRGB3 3 20 IHS_Nuvens 2 20 IHS_Nuvens Um problema encontrado na classificação de RGB3 foi o mapeamento errôneo do corpo de água da Lagoa Olho d Água, no qual o mesmo foi classificado como áreas construídas e de solo exposto A solução adotada para resolver esse problema foi a classificação da imagem referente à faixa espectral do infravermelho próximo, a banda 4, devido à baixa reflectância de corpos d água nessa faixa do espectro eletromagnético. Para essa classificação também foi utilizado o método K-médias, com duas classes e 20 iterações. Assim, obteve-se uma nova imagem demonstrada pela

p. 007-009 Figura 7, aqui chamada de CNIR. Nota-se ainda que as nuvens foram classificadas como água. Porém, o tratamento desse dado se deu após a sua conversão para a estrutura vetorial, o que será abordado mais adiante. 4.3.5 Vetorização e processamento dos resultados As imagens CRGB3 (ver Figura 7), CIHS_Nuvens e CNIR foram convertidas para a vetor no TERRAVIEW 4. 1.0, possibilitando-se processar as informações e integrá-las em um único banco de dados geoespacial. Unidos em um único arquivo vetorial, no formato shapefile, os dados foram integrados no mesmo software, tendo as classes de informações classificadas por meio de um campo chamado Tipo, ao qual foram alocadas as seguintes classes: i) Água Lagoa Olho d Água, ii) Água mar, iii) Área construída ou solo exposto, e iv) Vegetação. A Figura 8 e a Figura 9 ilustram a integração dos dados no TERRAVIEW 4.1.0. CNIR CRGB3 Figura 7 Classificação da faixa espectral do infravermelho próximo pelas K-médias em CNIR; e classificação da imagem RGB3, também pelas K-médias. Figura 8 Integração dos dados, no TERRAVIEW 4.1.0.

p. 008-009 Figura 9 Tabela de atributos referente à integração dos dados em classes temáticas, no TERRAVIEW 4.1.0. 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES O produto final do presente trabalho é um mapa temático (Figura 10) na escala nominal de 1:150000 a região que compreende a Lagoa Olho d Água e seu entorno integrando o processamento de índices físicos. 6 CONCLUSÕES Figura 10 Mapa temático integrando índices físicos. Por meio do presente trabalho, sobre a metodologia e resultados obtidos: 1- O uso dos índices radiométricos NDVI, NDWI e NDBI associados aos canais RGB na obtenção de contrastes como ferramenta de classificação eficaz na separação de água, nuvens, área construída e solo exposto, corpos de água, linha de costa envolvendo regiões costeiras dos municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho tais como as classes de informações ilustradas na Figura 9, salvo problemas encontrados com relação a nuvens e à área do corpo d água da Lagoa Olho D água; 2 - O uso do modelo de cores HSI no auxílio à identificação de nuvens por meio da obtenção de contrastes que servissem como ferramentas à classificação de pixels, tudo isso referente à mesma área citada.

p. 009-009 AGRADECIMENTOS Nossos devidos agradecimentos à PROPESQ-UFPE (Pró-Reitoria Para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação), pela concessão do direito de exercer atividades como PIBIC (Projeto de Iniciação Científica), ao Departamento de Engenharia Cartográfica da UFPE, à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação da UFPE. REFERÊNCIAS Chen, X. L., Zhao, H. M., LI, H. M., Yin Z. Y. Remote sensing image-based analysis of the relationship between urban heat island and land use/cover changes. Remote Sensing of Environment, Elsevier, v. 104, n. 2, p. 133 146, 2006. Disponível em: <http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/s0034425706001787>. Macedo, Olindina Gomes de. Avaliação de Classificadores em Imagem de Alta Resolução. Área urbana de Jaboatão dos Guararapes-PE. Dissertação (Mestrado em Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação) - Universidade Federal de Pernambuco. 2010, 100p. Novo, Evlyn M. L. de Moraes. Sensoriamento remoto: princípios e aplicações. São Paulo: Bluecher, 2008. Jensen, J.R. Sensoriamento remoto do ambiente: uma perspectiva em recursos terrestres. São José dos Campos: Parêntese, 2009. 604 p. Jianjun, J., Lie Z., Houn an, W., LI A., Hailong Z., LI Z., Jun X. Land cover changes in the rural-urban interaction of xian re-gion using landsat tm/etm data. Journal of Geographical Sciences, Science China Press, co-published with Springer, v. 15, p. 423 430, 2005. ISSN 1009-637X.10.1007/BF02892149. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1007/bf02892149>. Long, L. Longqian C., Xinxin W., Jianlin Z. Use of landsat tm/etm+ data to analyze urban heat island and its relati-onship with land use/cover change. p. 922 927, june 2011. Liu, L.; Zhang, Y. Urban heat island analysis using the landsat tm data and aster data: A case study in hong kong. Remote Sensing, v. 3, n. 7, p. 1535 1552, 2011. ISSN 2072-4292. Disponível em: http://www.mdpi.com/2072-4292/3/7/1535/. Pedrini, H. Schwartz, W.R. Análise de Imagens Digitais: Princípios, Algorítmos e Aplicações. São Paulo. Thomsom Learning, 2008. Qian, J.; Zhou, Q.; Hou, Q. Comparison of pixel-based and object-oriented classifi-cation methods for extracting built-up areas in aridzone. SPRS Workshop on Updating Geo-Spatial Databases with Imagery & The 5th ISPRS Workshop on DMGISs, p. 163 171, 2007. Zha, Y.; Gao, J.; Ni, S. Use of normalized difference built-up index in automatically mapping urban areas from tm imagery. International Journal of Remote Sensing, v. 24, n. 3, p. 583 594, 2003. Disponível em: <http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/01431160304987>. Zhang, Y.; Odeh, I. O.; Han, C. Bi-temporal characterization of land surface temperature in relation to impervious surface area, ndvi and ndbi, using a sub-pixel image analysis. International Journal of Applied Earth Observation and Ge-oinformation, v. 11, n. 4, p. 256 264, 2009. ISSN 0303-2434. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/s030324340900021x>.