ESTUDO IN VITRO DA RESISTÊNCIA DE Rhipicephalus Boophilus microplus A CARRAPATICIDAS EM BOVINOS NA REGIÃO DE LONDRINA-PR Lincoln Tavares Gomes* Paulo Humberto Carnelós* Yasmim Varago Farth* Yurick Moritz* Gislaine Cristina Ferreira da Silva** Elcio Perpetuo Rossi*** *Acadêmicos do Centro Universitário Fildélfia Unifil **Orientadora e Docente do Centro Universitário Filadélfia Unifil. gislaine.silva@unifil.br ***Colaborador RESUMO Rhipicephalus Boophilus microplus é um carrapato ixodídeo parasita de bovinos que possui duas fases em seu ciclo: a fase não parasitária, quando são encontradas larvas nas pastagens e a fase parasitária que corresponde ao período de parasitismo direto sobre os bovinos. As dificuldades encontradas para um controle eficaz durante a fase não parasitária tornam o mesmo altamente dependente do uso de produtos químicos, caso contrário o carrapato pode representar um empecilho considerável à produção pecuária. Esse estudo tem por objetivo analisar os efeitos dos princípios ativos utilizados comercialmente sobre as fêmeas ingurgitadas (teleóginas) de R. microplus por meio de banho de imersão durante cinco minutos nos diferentes produtos carrapaticidas, comparar com o grupo controle que será submetido a tratamento com água destilada e avaliar, posteriormente, a inibição de postura de ovos, bem como a taxa de eclosão das larvas. Os resultados refletirão a resistência das teleóginas frente aos princípios ativos, parâmetro que pode auxiliar no controle de carrapatos em bovinos da região. Palavras-chave: Rhipicephalus Boophilus microplus, resistência, carrapaticida
INTRODUÇÃO Rhipicephalus Boophilus microplus é um carrapato ixodídeo parasita de bovinos encontrado na América do Sul. Entre os ectoparasitas de bovinos, este carrapato é o principal responsável por perdas econômicas na pecuária bovina. Além da ação espoliativa direta sobre o hospedeiro e hematofagismo, o carrapato atua na transmissão de microrganismos patogênicos, possui capacidade de causar toxicoses, alterações metabólicas e efeitos anoréticos (Salcedo, 1984). Shaw & Malcon (1964) foram os primeiros a relatar a resistência dos R. microplus aos organofosforados em trabalho realizado na Austrália. Na Argentina o mesmo foi observado por Torrado et al (1972). No Brasil muitos trabalhos relataram focos de resistência do R. microplus aos organofosforados, no Rio Grande do Sul por Arteche (1972), Arteche et al (1974), Gonzáles et al (1973), Arregui et al (1974), Laranja et al (1974) e Souza et al (1984). Em Minas Gerais, Patarroyo (1978) e no Rio de Janeiro, Oliveira et al (1986) A detecção inicial do problema da resistência, através do monitoramento periódico das populações de carrapatos é fundamental para adiarmos o surgimento do fenômeno e minimizarmos seu efeito. Nesse aspecto, o diagnóstico da resistência representa um fator essencial na decisão sobre qual ingrediente ativo pode ser utilizado na população alvo. Além dessa questão, a correta aplicação do produto selecionado, é outro ponto crucial na tentativa de se prolongar a vida útil dos acaricidas, pois a princípio, não há novos ingredientes ativos com novos mecanismos de ação disponíveis em curto prazo no mercado para serem utilizados imediatamente (FAO, 2003). MATERIAL E MÉTODOS Para desenvolvimento do trabalho foi realizada a coleta de 100 fêmeas de Rhipicephalus (Boophilus) microplus no estágio máximo de ingurgitação (teleóginas) de bovinos nas propriedades da zona Leste de Londrina. O experimento foi realizado
no Laboratório de Doenças Parasitárias do Hospital Veterinário do Centro Universitário Filadélfia UNIFIL, com carrapaticidas disponíveis no mercado. Foram selecionados 5 grupos com 10 teleóginas cada, para a realização do teste. Para padronização os grupos selecionados foram pesados de maneira a obter uma média de 2,5 gramas cada contendo dez teleóginas. Após a classificação, os grupos de teleóginas foram submetidos aos tratamentos com os seguintes princípios ativos: Piretróide, Cipermetrina + Coumafós, Deltametrina, Amitraz, e um grupo controle contendo apenas água destilada, como exemplificado na tabela abaixo. Os produtos foram diluídos conforme as recomendações dos respectivos fabricantes. Os grupos de dez teleóginas foram submersos nos produtos citados, pelo período de 5 (cinco) minutos. Após a submersão, o produto foi desprezado e as teleóginas foram secas em papel absorvente e então fixadas em fita adesiva dupla face no interior de uma placa de Petri, na posição dorsal e previamente identificadas com o nome do tratamento e o peso dessas teleóginas. As fêmeas então foram colocadas lado a lado em fileiras duplas e com seus protossomos livres para realizar a postura dos ovos. O acondicionamento das placas foi em Estufa tipo B.O.D. em temperatura de 27º C e umidade relativa em torno de 85% para observação da postura. Após quinze dias a massa de ovos foi retirada e pesada, buscando indetificar a eficácia dos carrapaticidas. Esse procedimento foi repetido para cada tratamento (princípio ativo), incluindo o grupo controle feito com água destilada, em diferentes placas de Petri previamente identificadas. RESULTADOS Dentre os grupos analisados, o grupo que utilizou como carrapaticida o cipermetrina + coumapos mostrou-se mais eficaz, inibindo completamente a oviposição da teleógina.
REFERÊNCIAS ARTECHE, C.C.P., Contribuição ao estudo do combate ao Boophilus microplus no Rio Grande do Sul. Bol. I.P.V.D.F., Porto Alegre, v.1, p. 1-15, 1972. FAO. Resistência a los antiparasitários. Estado actual com énfasis em América Latina. A. Nari, C. Eddi, J. R. Martins y E. Benavides (Comitê Redacción). Série, Producción y Sanidad Animal, nº 157, 2003.51 p. GONZALES, J.C., MORAN, C., SILVA, N.R. Ação de mistura de carrapaticidas sobre carrapatos resistentes. Arq. Fac. Vet. UFRGS, v.1, n.1, p.11-17, 1973. LARANJA, R.J., ARTECHE, C.C.P., ARREGUI, L.A. Concentração que inibe a postura viável em 50% de três carrapaticidas organofosforados in vitro, frente a teleóginas de uma estirpe sensível. Bol. I.P.V.D.F., Porto Alegre, v.2, p.9-14, 1974. MERLINI, L.S., YAMAMURA, M.H. Estudo in vitro da Resistência de Boophilus microplus a Carrapaticidas na Pecuária Leiteira do Norte do Estado do Paraná. Semina. Londrina, v.19, n.1, p.38-44, mar, 1998. OLIVEIRA, T.C.R.G., PATARROYO, J.H.P., MASSARD, C.L. Susceptibilidade de amostras de Boophilus microplus (Canestrini, 1887), do Rio de Janeiro, Brasil, a carrapaticida organofosforados, Arq. Bras. Med. Vet. e Zootec., v.38, n.2, p.205-214, 1986. PATARROYO, J.H. Susceptibilidade in vitro de amostras de B. microplus do sul de Minas Gerais, Brasil a alguns carrapaticidas organofosforados. Belo Horizonte: UFMG, 1978, 40p. Dissertação (Mestrado em Parasitologia) UFMG, 1978.
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