HABITAÇÃO ARRENDAMENTO URBANO PROPOSTAS PARA UM NOVO PROCESSO LEGISLATIVO DOCUMENTO COMPLEMENTAR JULHO DE 2018

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Transcrição:

HABITAÇÃO ARRENDAMENTO URBANO PROPOSTAS PARA UM NOVO PROCESSO LEGISLATIVO DOCUMENTO COMPLEMENTAR JULHO DE 2018 Nesta fase de discussão pública de Iniciativas Legislativas sobre Habitação e no âmbito das audições promovidas pelo Grupo de Trabalho de Habitação, Reabilitação Urbana e Políticas de Cidade, a Associação dos Inquilinos Lisbonenses vem detalhar e precisar alguns aspetos da sua Proposta oportunamente enviada. MERCADO DE ARRENDAMENTO: Insiste-se na necessidade de se regular e fiscalizar o mercado de arrendamento, a exemplo da regulação e fiscalização existente sobre outras atividades económicas, culturais e sociais. Está provado e comprovado que toda a legislação produzida desde 1980/81, sem exceção, não alcançou qualquer resultado positivo na dinamização, estabilização e credibilização do mercado de arrendamento, nem trouxe qualquer confiança às partes, antes pelo contrário. Toda a produção legislativa veio progressivamente retirar direitos aos arrendatários e a aumentar o poder dos senhorios, com particular enfase na legislação aprovada em 14 de Agosto de 2012. A situação real e diversos estudos e relatórios comprovam que o NRAU é um dos fatores senão o fator primordial no despoletar da recente crise de habitação. Temos um mercado de arrendamento sem a oferta suficiente, de rendas incomportáveis para a esmagadora maioria das famílias, inseguro, precário e descredibilizado. 1

Diga-se, em abono da verdade, que tal situação é da exclusiva responsabilidade do poder político de então, que legislou nesse sentido, em vez de regular e fiscalizar o mercado, o que levou proprietários a aproveitarem-se da permissividade para também não cumprirem a lei, quer quanto à conservação regular, quer quanto ao registo dos contratos ou do uso turístico. Cabe questionar se o poder político de hoje pretende, de facto e realmente que tenhamos um mercado de arrendamento credível, para o que terá de legislar em conformidade e a breve prazo. Na perspetiva da AIL é justificável e inquestionável que haja em Portugal, designadamente nos maiores aglomerados populacionais, um mercado de arrendamento regulado e fiscalizado, com vista a cumprir, em simultâneo, a sua função económica e a sua função social, que seja dinâmico e responsável, que tenha a oferta suficiente, a qualidade indispensável e rendas comportáveis. Para tanto, a AIL insiste nas propostas que tem vindo a apresentar e que agora resume, bem como nos aspetos complementares, designadamente quanto à fiscalidade, que adita e que reputa de igual importância. Quanto à legislação do arrendamento: Que se elabore e institua uma nova legislação que regule e fiscalize o mercado do arrendamento. Que se revogue a atual legislação. Que se suspendam os despejos por obras e por não renovação dos contratos, aplicável a todo o inquilinato até que vigore a nova legislação. Que se determine a obrigatoriedade para todos os contratos de arrendamento de um SEGURO DE RENDA e de um SEGURO MULTIRRISCOS, eliminando-se fiadores e outras garantias. Que seja obrigatório o registo dos contratos nos respetivos Municípios, que verificarão previamente as condições de habitabilidade, e que os comunicarão à Autoridade Tributária para efeitos fiscais, tanto para os senhorios como para os inquilinos. Que seja obrigatório o pagamento/recebimento das rendas através de depósito ou transferência bancária, bem como para as situações de hospedagem, quartos, residências para estudantes e/ou similares, 2

obrigatoriedade progressivamente extensível a todos os contratos de arrendamento em vigor. Quanto à fiscalidade sobre as rendas e a propriedade arrendada: Que em sede de IRS/IRC o rendimento das rendas seja taxado autonomamente, sem englobamento. Que em sede de IRS/IRC se estabeleçam escalões e taxas idênticos aos rendimentos do trabalho e das pensões. Que o rendimento a taxar seja calculado sobre o m2 do local arrendado. Que as renovações dos contratos sejam incentivadas reduzindo-se progressivamente o IRS/IRC, até limites razoáveis. Que se reduza progressivamente o IMI de acordo com as renovações contratuais, até um limite razoável. Que em sede de IRS/IRC se deduza na totalidade o custo do SEGURO DE RENDA para que este não venha a sobrecarregar as rendas. Quanto à fiscalidade dos inquilinos: Que em sede de IRS se deduzam todas as rendas, independentemente do ano da celebração do contrato, estabelecendo um valor mínimo e um valor máximo superiores aos atualmente previstos. Que se isente de IRS/IRC as indemnizações pagas por despejos, tendo em conta que as mesmas configuram uma perspetiva de resolução de habitação para os inquilinos despejados, não tendo um carater de rendimento. Que em sede IRS se deduza na totalidade o custo do SEGURO MULTIRISCOS para não sobrecarregar a taxa de esforço do inquilino com as despesas de habitação. Quanto ao uso da propriedade: Que de forma progressiva e acentuada se agrave o IMI sobre todos os edifícios, locados e frações devolutos e/ou sem utilização há mais de um ano, independentemente da natureza do respetivo proprietário, de forma a incentivar o uso da propriedade. 3

Que se aloque urgentemente a propriedade pública vocacionada para habitação em bolsas destinadas ao arrendamento, primacialmente destinada a jovens, situações de risco, famílias monoparentais ou com rendimentos médios baixos, com uma taxa de esforço para a renda não superior a 25% do rendimento dos inquilinos. Que se aloque urgentemente propriedade de entidades de natureza social diversa e/ou cooperativa, bem como se possibilite a agregação de propriedade privada, a bolsas destinadas ao arrendamento com programas de rendas controladas, ou condicionadas, ou convencionadas, ou acessíveis, de forma a aumentar a concorrência no mercado, a oferta e a satisfação da procura. Quanto ao arrendamento não habitacional: Insiste-se que deve ser tratado em capítulo distinto ou em diploma próprio, que se entende como a solução mais apropriada, uma vez que importa atender às especificidades das diferentes atividades económicas e/ou sociais tendo em conta quer as obrigações legais respetivas, quer os investimentos apropriados, considerando, em particular, os prazos contratuais e os quesitos para a sua denúncia. Lisboa, 18 de Julho de 2018 A DIREÇÃO Romão Lavadinho Presidente 4