Variáveis Paramétricas da Resolução de Problemas no Procedimento de Deslocamento

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Transcrição:

Programa aprovado pelo Conselho Superior de Ensino e Pesquisa da UFPA Resolução 2545/98. Reconhecido nos termos das Portarias N. 84 de 22.12.94 da Presidente da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e No. 694 de 13.06.95 do Ministério da Educação e do Desporto. Doutorado autorizado em 1999. Variáveis Paramétricas da Resolução de Problemas no Procedimento de Deslocamento de Caixa em Rattus Norvegicus: Efeitos de Esquemas de Razão (FR1 e FR2) e de Sequência Alternada e Sucessiva no Treino de Habilidades Pré-Requisito Pedro Araújo Ferreira Janeiro/2019 Belém-PA

Programa aprovado pelo Conselho Superior de Ensino e Pesquisa da UFPA Resolução 2545/98. Reconhecido nos termos das Portarias N. 84 de 22.12.94 da Presidente da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e No. 694 de 13.06.95 do Ministério da Educação e do Desporto. Doutorado autorizado em 1999. Serviço Público Federal Universidade Federal do Pará Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento Variáveis Paramétricas da Resolução de Problemas no Procedimento de Deslocamento de Caixa em Rattus Norvegicus: Efeitos de Esquemas de Razão (FR1 e FR2) e de Sequência Alternada e Sucessiva no Treino de Habilidades Pré-Requisito Pedro Araújo Ferreira Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Marcus Bentes de Carvalho Neto Janeiro/2019 Belém-PA

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) UFPA/Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento/Biblioteca F383v Ferreira, Pedro Araújo, 1992- Variáveis paramétricas da resolução de problemas no procedimento de deslocamento de caixa em Rattus norvegicus: efeitos de esquemas de razão (FR1 e FR2) e de sequência alternada e sucessiva no treino de habilidades pré-requisito / Pedro Araújo Ferreira. 2019. Orientador: Marcus Bentes de Carvalho Neto Co-orientador: Maria Rubilene Pinheiro Borges Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento, Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Belém, 2019. 1. Psicologia: pesquisa experimental. 2. Análise do comportamento. 3. Insight (Introspecção). 4. Recombinação de repertórios. 5. Esquema de reforçamento. I. Título. CDD - 23. ed. 150.724

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001. Pedro Araújo Ferreira, Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará, Belém-PA, Brasil. Pedro Araújo Ferreira Fone e Mail: (91) 988521353 pedro.ferreira1103@gmail.com

Sumário Introdução...1 Método...12 Sujeitos...12 Equipamento e Materiais...13 Procedimento...15 Treino ao bebedouro...16 Pré-teste de Insight...16 Modelagem da habilidade de empurrar o cubo...16 Treino da habilidade de empurrar o cubo direcionado...17 Modelagem da habilidade de subir e puxar a argola...18 Sessões intercaladas de habilidades...19 Treino misto de habilidades...19 Teste de insight...19 Resultados...20 Treino ao bebedouro...20 Pré-teste de Insight...21 Modelagem da habilidade de empurrar o cubo...21 Treino da habilidade de empurrar o cubo...22 Modelagem da habilidade de subir e puxar a argola...23 Sessões intercaladas de habilidades...23 Treino misto de habilidades...23 Teste de insight...24 Discussão...28

Referências...33

Ferreira, P. A. (2018). Variáveis paramétricas da resolução de problemas no procedimento de deslocamento de caixa em Rattus norvegicus: efeitos de esquemas de razão (FR1 e FR2) e de sequência alternada e sucessiva no treino de habilidades pré-requisito. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento. Universidade Federal do Pará. 40 páginas. Resumo Insight é um tipo de resolução de problemas que ocorre de forma súbita, fluida e contínua. A literatura demonstra que ocorre mediante a uma aprendizagem prévia de repertórios comportamentais necessários para resolução. Os primeiros experimentos com pombos (Columba livia) obtiveram sucesso treinando repertórios separadamente em uma tarefa de deslocamento de uma caixa seguido de alcançar um objeto suspenso. Trabalhos que utilizaram ratos (Rattus norvegicus) para tarefas semelhantes, apresentaram dificuldades metodológicas como: diferença de número de respostas emitidas de cada repertório e efeito da ordem de treino. Buscando minimizar esses fatores problemáticos, o presente estudo testou a utilização de esquemas de reforçamento (CRF e FR2) no treino de empurrar o cubo bem como a utilização de um treino misto de habilidades. Seis ratos (Rattus norvegicus) tiveram duas habilidades treinadas: 1) empurrar um cubo em direção a um alvo; 2) subir em um cubo e puxar uma argola. Dois dos sujeitos tiveram a habilidade de empurrar o cubo mantida em reforçamento contínuo (CRF) em sequência sucessiva, dois sujeitos em razão fixa 2 (FR2) também sequência sucessiva e outros dois sujeitos foram submetidos a um treino misto, em que as duas habilidades foram treinadas em uma mesma sessão, com respostas fortalecidas em CRF. Todos os sujeitos resolveram o problema, porém não apresentaram topografia característica do tipo Insight. Os sujeitos do grupo CRF foram os que emitiram a resposta de resolução mais vezes durante o teste final e em menos tempo de sessão, mas não apresentaram resolução fluida. Ao contrário do que era esperado, o esquema FR2 para o treino de empurrar, produziu uma taxa menor para esse grupo em relação aos outros dois. O estudo conclui que a não obtenção da topografia insight está ligada ao tipo de tarefa exigida. Palavras-chave: Insight, Recombinação de repertórios, Esquema de reforçamento

Ferreira, P.A. (2018). Parametric Variables of Problem Solving in the Cash Shift Procedure in Rattus Norvegicus: Effects of Reason Schemas (FR1 and FR2) and Alternate and Successive Sequence in the Prerequisite Skills Training. Masters dissertation. Graduate Program in Behavior Theory and Research. Federal University of Pará. 40 pages. Abstract "Insight" is a type of problem solving that occurs suddenly, fluidly and continuously. The literature demonstrates that it occurs through prior learning of behavioral repertoires necessary for resolution. Early experiments with pigeons (Columba livia) were successful in training repertoires separately in a task of moving a box followed by reaching a suspended object. Studies that used rats (Rattus norvegicus) for similar tasks presented methodological difficulties such as: difference in the number of responses emitted from each repertoire and effect of the training order. In order to minimize these problematic factors, the present study tested the use of reinforcement schemes (CRF and FR2) in the training of pushing the cube as well as the use of a mixed skill training. Six rats (Rattus norvegicus) had two trained skills: 1) pushing a cube toward a target; 2) climb on a hub and pull a ring. Two subjects had the ability to "push the cube" held in continuous reinforcement (CRF) in successive sequence, two subjects in fixed ratio 2 (FR2) also successive sequence and two other subjects underwent a mixed training, in which the two skills were trained in the same session, with strengthened responses in CRF. All the subjects solved the problem, but did not present characteristic topography of the type "Insight". The subjects of the CRF group were the ones who emitted the resolution response more times during the final test and in less session time, but did not present a fluid resolution. Contrary to what was expected, the FR2 scheme for "push" training produced a lower rate for this group than the other two. The study concludes that failure to obtain topography insight is linked to the type of task required. Keywords: Insight, Recombination of repertoires, Reinforcement scheme

Köhler (1925/1957) realizou experimentos de situações-problema de resolução não indireta, caracterizadas como insight, i.e. um tipo de resolução de problemas que ocorreria de forma súbita, fluida e contínua. Em um de seus experimentos, uma banana foi fixada a uma altura em que os chimpanzés (Pan troglodytes) não alcançavam e caixas de madeira foram dispostas no ambiente. A resolução do problema consistiu em empilhar as caixas até que fosse possível alcançar a banana. Para Köhler (1925/1957) os chimpanzés resolviam o problema primeiramente através de um processo de reorganização perceptual, para em seguida, resolver de maneira súbita durante o experimento. O trabalho de Köhler (1925/1957) recebeu críticas quanto a falta de controle da história dos sujeitos experimentais (Birch 1948; Delage & Carvalho Neto, 2006; Epstein, Kirshnit, Lanza & Rubin, 1984), pois os chimpanzés eram provenientes de apreensões e não se conhecia o repertório desses indivíduos ou mesmo o histórico desses animais no período em que Teuber, antecessor de Köhler, trabalhou com eles. Além disso, não foram consideradas as atividades rotineiras dos sujeitos. A falta de controle experimental sobre os repertórios prévios dos chimpanzés no uso dos materiais manuseados durante a resolução das tarefas, não permite a conclusão de que a resolução ocorria de maneira espontânea, como considerada por Köhler. Era necessário conhecer quais habilidades os animais já possuíam e averiguar se, na ausência delas, seria possível uma resolução espontânea. Epstein et al. (1984) realizaram uma replicação de um dos experimentos de Köhler (1925/1957) (banana fora do alcance, caixas espalhadas no ambiente) utilizando pombos como sujeitos experimentais e fazendo controle da história comportamental dos sujeitos, o que considerava fundamental para a ocorrência da interconexão de repertórios previamente aprendidos (em português, alguns pesquisadores como Neves Filho, Dicezare, Martins-Filho & Garcia-Mijares, 2016, usam o termo recombinação ). No experimento, os pombos tiveram dois repertórios treinados de maneira alternada: 1) empurrar a caixa de maneira

2 direcionada a um alvo verde (green spot) 2) subir e bicar uma banana de plástico. O treino de empurrar direcionado consistiu no reforçamento de respostas de empurrar a caixa na direção do alvo verde. Respostas de empurrar na ausência do alvo não foram reforçadas. O treino de subir e bicar foi realizado com uma caixa de papelão fixa ao piso da câmara experimental. Na ausência da banana e presença do alvo o pombo deveria empurrar a caixa. Na presença da banana e ausência do alvo o pombo deveria subir e bicar. Os pombos passaram por uma sessão em que na presença da banana e ausência da caixa, as respostas de pular e voar na direção da banana não foram reforçadas (extinção de respostas de força bruta). A situação problema consistia na seguinte configuração: a) banana fora do alcance b) caixa no lado oposto a posição da banana. A resolução do problema ocorria caso o pombo empurrasse a caixa na direção da banana, subisse na caixa e bicasse a banana. Todos os sujeitos que receberam o treino dos dois repertórios resolveram o problema após um período descrito por Epstein como confusão. Os sujeitos que receberam apenas uma parte do treino não conseguiram resolver o problema (dois sujeitos foram treinados apenas em bicar, mas não subir; dois sujeitos foram treinados em subir e bicar, mas não em empurrar ; dois sujeitos foram treinados em subir e bicar e empurrar, mas não em empurrar direcionado ). Epstein et al. (1984), explicam o período de confusão, apresentado pelos sujeitos que resolveram o problema, como o resultado da competição entre as respostas, visto que alvo e banana estavam presentes no ambiente e controlavam empurrar direcionado e subir e bicar respectivamente. Contudo, passado o momento de confusão, os sujeitos passavam a emitir em maior frequência a resposta de empurrar a caixa, possivelmente em virtude da história recente de extinção de respostas de força bruta em direção à banana fora de alcance. Quanto à continuidade da emissão da resposta de empurrar na direção da banana na situação de teste e que não foi anteriormente reforçada, Epstein et al. (1984) explica esse fato

3 através do conceito de generalização funcional, em que na ausência do alvo, a banana passa a exercer a função discriminativa do alvo, controlando a resposta de empurrar direcionado. Epstein (1985) realizou um experimento similar a Epstein et al. (1984) no qual o repertório subir e bicar foi separado em duas outras respostas, sendo assim treinados três repertórios também de maneira alternada: 1) subir na caixa 2) bicar a banana 3) empurrar direcionado. No treino de bicar a banana, a banana estava a uma altura alcançável pelo sujeito e na situação de teste, estava em uma posição mais alta, não sendo possível bicá-la sem subir na caixa (respostas de força bruta foram extintas). O sujeito emitiu as respostas em sequência correta para resolução da tarefa, porém, apresentou pouco contato visual com a banana e apresentou um intervalo de aproximadamente dez segundos entre subir na caixa e bicar a banana. Epstein (1985) alegou que a resolução não pode ser considerada do tipo insight, mas sim um encadeamento de respostas, pois o pouco contato visual sugere deslocamento da caixa ao acaso para debaixo da banana, e uma vez estando corretamente posicionada, a caixa pode ter assumido a mesma função discriminativa das situações de treino. Existe uma diferença na situação antecedente entre o experimento de Epstein et al. (1984) e o de Epstein (1985): no primeiro trabalho, a resposta de subir na caixa e puxar a corrente é treinada como um repertório pré-requisito, a emissão dessa resposta diante dos estímulos caixa e banana pendurada ocorre tanto na situação de treino quanto na situação de teste. Enquanto que em Epstein (1985), a resposta de subir e puxar a corrente foi dividida em duas novas ( puxar a corrente e subir e erguer-se ) e a configuração caixa + banana só aparece na situação de teste. Com isso, o estudo de 1984 apresenta um controle discriminativo em situação de teste já existente na condição de treino, o que poderia propiciar um auto encadeamento da segunda resposta (subir/bicar). Luciano (1991) realizou uma replicação sistemática de Epstein (1985). No experimento 1, um pombo foi treinado com os seguintes repertórios: empurrar direcionado,

4 bicar a banana, subir na caixa e ficar sobre ela. Duas diferenças entre esse experimento e o de Epstein (1985) foram o uso de um sujeito experimentalmente ingênuo e a não realização de sessões de extinção de respostas de força bruta. No teste, ocorreu a resolução do problema: o pombo se esticou várias vezes em direção a banana, em seguida o pombo empurrou a caixa em direção da banana, subiu e bicou. No experimento 2, dois pombos foram treinados empurrar na direção do spot e dois pombos tiveram o treino de empurrar para longe do spot. No teste final, em que se configura caixa no ambiente mais a presença da banana fora do alcance, os pombos apresentaram o responder adquirido previamente, empurrar a caixa na direção ou para longe da banana. Não houve resolução do problema, os pombos empurraram a caixa em direção a banana, subiram, mas não bicaram, pois, a banana ficava fora do campo visual do sujeito. A autora discute que os resultados podem ter sido função do número de vezes em que uma resposta foi reforçada no período de treino ou, do esquema de reforçamento utilizado no treino de cada repertório. Esses itens determinariam a ordem em que ocorreriam os repertórios previamente treinados e o número de vezes em que o repertório ocorreria na fase de teste. No caso do estudo de Luciano (1991), o esquema de reforçamento utilizado no treino de cada repertório foi VR 5 para o treino de empurrar direcionado ao alvo, FR 2 para o treino de empurrar para longe do alvo, VR 5 para o treino de bicar a banana. O fato do esquema para treino de empurrar direcionado ser o mesmo que para subir e bicar, enquanto que o treino de empurrar para longe ser diferente de subir e bicar implica na impossibilidade de comparar os dois desempenhos. No estudo de Luciano (1991), apesar de não ter ocorrido a resolução do problema no experimento 2, foi possível isolar o controle discriminativo que o estímulo banana, que não é fisicamente semelhante ao estímulo spot, passou ter sobre a resposta de empurrar. As respostas treinadas previamente na presença do spot, passaram a ocorrer na presença da

5 banana. É importante salientar que antes da condição de teste final, e após o treino de cada habilidade, os sujeitos foram submetidos a pré-testes em que já era possível ter contato ao mesmo tempo com os estímulos (cubo e banana) que foram utilizados no teste final, o que pode ter comprometido os resultados do teste final, uma vez que a situação problema já havia sido apresentadas aos sujeitos em repetidos momentos nos quais os sujeitos não dispunham de repertório suficiente para resolução. Estudos experimentais posteriores utilizaram ratos como sujeitos em testes de Insight e buscaram alcançar resultados semelhantes aos apresentados por Epstein. (Delage, 2006; Dicezare e Garcia-Mijares, 2015; Ferreira, 2008; Leonardi, 2012; Neves Filho, Stella, Dicezare, 2017 e Santos, 2017; Neves Filho, Dicezare, Martins Filho, Garcia-Mijares, 2016; Tobias, 2006). O estudo de Epstein et al. (1984) foi replicado por Delage (2006) e por Ferreira (2008) utilizando ratos (Rattus norvegicus) como sujeitos experimentais. Delage (2006) utilizou dois ratos como sujeitos. Os ratos tiveram dois repertórios treinados sucessivamente: a) subir na caixa e puxar uma argola b) empurrar direcionado a um alvo. Para o primeiro sujeito, o repertório de subir e puxar foi treinado separadamente em duas respostas: puxar a argola (acessível) e subir na caixa fixada no piso e erguer-se. Para o segundo sujeito, houve treino de puxar a argola e treino de subir na caixa e puxar a argola. No teste de insight, o primeiro sujeito apenas empurrou a caixa durante a sessão, mas não subiu e puxou. O outro sujeito empurrou direcionado a banana, subiu, mas não se ergueu e puxou a corrente. O primeiro sujeito passou por uma retomada de treino dos repertórios, então foi submetido novamente ao teste. Nessa nova sessão de teste, o sujeito emitiu respostas em direção à caixa e à corrente, porém somente passados 29 minutos de sessão, o rato empurrou a caixa para baixo da corrente, olhou para a corrente, subiu e puxou. Porém, em outras tentativas, o rato não executou as respostas necessárias para a resolução. O autor concluiu que a caixa foi empurrada para baixo

6 da corrente ao acaso, configurando uma situação discriminativa para a ocorrência do subir e puxar a corrente. No experimento de Ferreira (2008), foi verificado se uma mudança da ordem dos repertórios treinados poderia influenciar no desempenho dos sujeitos durante o teste. Um sujeito aprendeu primeiro a subir em uma caixa e puxar um triângulo preso a uma corrente, que acionava um bebedouro, e depois a empurrar uma caixa na direção de uma luz. Outros dois sujeitos aprenderam o repertório de empurrar na direção da luz, e depois foram treinados a subir na caixa e puxar o triângulo. Os sujeitos que passaram pela segunda ordem de treino precisaram de um menor número de sessões para estabelecer os repertórios. Os resultados mostraram que o sujeito que aprendeu primeiro a subir e puxar e depois a empurrar direcionado (treino mais longo) resolveu o problema de forma súbita, contínua e direcionada e foi considerada uma resolução de problema do tipo insight. Um dos dois sujeitos que passou pela ordem de treino empurrar direcionado e depois subir e puxar resolveu o problema, mas houve um intervalo de dois minutos entre a resposta de empurrar na direção do triângulo e subir e puxar. O outro sujeito não resolveu o problema. Nesse experimento, o sujeito que resolveu o problema de maneira fluida havia sido submetido por um maior número de sessões de treino em comparação com os demais sujeitos. Esse dado sugere que a resolução de problemas pode ser proporcional ao nível de proficiência dos sujeitos quanto às habilidades pré-requisito. Tobias (2006) foi uma replicação sistemática de Epstein (1985). Foram utilizados três ratos como sujeitos experimentais (S1, S2, S3). O S1 teve três repertórios treinados: empurrar o cubo de maneira direcionada, subir no cubo e erguer-se e puxar a corrente. O S2 foi treinado a: empurrar o cubo de maneira não direcionada, subir e erguer-se no cubo e puxar a corrente. O S3 foi treinado apenas a subir no cubo e erguer-se e puxar a corrente. O sujeito S1, empurrou o cubo para baixo da corrente, subiu e ergueu-se, mas não puxou a

7 corrente, não resolvendo o problema. O sujeito S2, resolveu o problema duas vezes durante a sessão de teste, mas não foi considerada uma resolução do tipo insight pois os repertórios não ocorreram de maneira contínua e direta: a resolução pareceu ter ocorrido ao acaso, pois o sujeito empurrou o cubo para baixo da corrente, mas não subiu imediatamente depois, em seguida, a configuração cubo embaixo da corrente se configurou discriminativa para a resposta de subir e puxar. O S3 não resolveu o problema. Nos trabalhos realizados com ratos até então, o sujeito emitia a resposta de subir e puxar em relação a um objeto (corrente, triângulo, etc) que não é o próprio estímulo reforçador. Leonardi (2012), teve o objetivo de implementar modificações nos procedimentos empregados em experimentos com ratos, minimizando as diferenças em relação ao trabalho de Köhler (1925/1957). Para isso, o autor introduziu um bebedouro móvel na câmara experimental que era apresentado ao sujeito de forma contingente a resposta alvo, i.e. o sujeito não precisava deslocar-se para emitir a resposta consumatória. Dois ratos (Rattus norvegicus) tiveram treino das habilidades de: 1) empurrar direcionado e 2) subir e erguer-se. Na situação de teste nenhum sujeito resolveu o problema. O sujeito 1 empurrou na direção do bebedouro, subiu e ergueu-se em direção ao bebedouro, mas não estava a uma distância suficiente para produzir o acionamento do bebedouro. O sujeito 2 emitiu respostas de empurrar em direção ao bebedouro até a posição adequada para subir e beber, mas apenas subiu no cubo erguendo-se em direções contrárias ao bebedouro, não emitindo a resposta de beber. Possivelmente, o deslocamento do bebedouro até o sujeito, contingente às respostas alvo durante os treinos comprometeu a emissão de resposta consumatória ao final da cadeia do que deveria ser a resolução do problema. Além disso, um aspecto importante salientado no estudo de Leonardi (2012) é a topografia da resposta de empurrar o cubo apresentada pelos sujeitos. Um dos sujeitos empurrava o cubo com as patas, produzia um deslocamento maior do cubo em comparação ao

8 deslocamento produzido pelo sujeito que empurrava com o focinho, o que aparentemente facilitou o desempenho de deslocamento do cubo. Os estudos experimentais com ratos descritos até aqui apontam alguns fatores importantes para a produção de resolução de problemas do tipo Insight, que são importantes serem pontuados. O primeiro é o número de sessões de treino de habilidade, o comportamento de empurrar direcionado demora muito mais para ser treinado, se comparado ao comportamento de subir no cubo e puxar. O segundo fator seria a ordem de treino, que possivelmente influenciaria no encadeamento dos repertórios comportamentais durante o teste de Insight. O terceiro seria a topografia da resposta que pode facilitar a execução dos repertórios e consequentemente a ocorrência da resolução. Recentemente, Santos (2017) realizou uma replicação do experimento de Epstein (1984). Nesse trabalho foram testados os efeitos das diferentes topografias da resposta sobre a resolução de problema do tipo insight. Nesse experimento foram utilizados seis ratos (Rattus norvegicus). Os sujeitos foram divididos conforme a condição experimental: quatro sujeitos foram treinados a empurrar o cubo utilizando as patas dianteiras e dois sujeitos foram treinados a empurrar o cubo utilizando o focinho. Todos os sujeitos resolveram o problema, apenas um dos sujeitos (que foi treinado a empurrar com as patas) emitiu, entre os dois repertórios, respostas que não faziam parte da resolução, não sendo considerada de forma fluida. Os resultados mostraram que ambas as topografias de resposta de empurrar possibilitaram a resolução do problema, porém a topografia de empurrar com as patas permitia melhor contato visual com a argola. No experimento de Santos (2017) foi observada uma diferença no número de respostas emitidas nas fases de treino de cada habilidade. Respostas de Subir e Puxar ocorreram sempre em maior número do que respostas de empurrar o cubo. Esse último repertório parece ser um padrão de resposta mais complexo do que a resposta de subir e puxar.

9 Quanto as dificuldades metodológicas em relação as tarefas treinadas, em que o treino do repertório de empurrar o cubo direcionado a um alvo parece ser muito mais demorado e com maior nível de dificuldade do que o treino de subir e puxar, Dicezare (2017) teve como objetivo desenvolver e avaliar um novo procedimento de treino de deslocamento de caixa que utilizou divisórias para aumentar o efeito do controle discriminativo na referida fase de treino. Dicezare (2017) treinou dois ratos nas habilidades de empurrar o cubo e subir no cubo e subir em uma plataforma. Foram utilizados pedaços de cereal como estímulo reforçador. O treino de empurrar foi dividido em 3 fases. Na primeira o rato foi treinado a empurrar o cubo até perto de uma das paredes. Na segunda o rato foi treinado a empurrar em direção ao fundo de uma das divisórias utilizadas, que separavam quadrantes dentro da câmara experimental (no fundo de cada quadrante havia uma luz acessa). O critério para o encerramento dessa fase foi a emissão de 25 respostas em uma única sessão. Na terceira fase do treino de empurrar foi feito um treino discriminativo em que apenas uma das três luzes no fundo das divisórias ficavam acessas. Respostas de empurrar o cubo até o fundo da divisória que estivesse iluminada eram seguidas de reforço. O critério de encerramento foi de um índice discriminativo (ID) maior que 80% em quatro sessões seguidas. O treino de subir no cubo e na plataforma foi realizado sem a presença das divisórias e com a presença do cubo fixo no piso próximo a plataforma (que foi posicionada nos mesmos quadrantes onde ficaram as divisórias). Um pedaço de cereal ficava na plataforma e era consumido. Na fase de teste de Insight, o cubo ficou posicionado no lado oposto à plataforma, de forma que a resolução consistiu em empurrar o cubo na direção da plataforma, subir no cubo e depois na plataforma. Os sujeitos resolveram o problema na primeira tentativa (tempo de resolução de 20 segundos para o sujeito 1, e 8 segundos para o sujeito 2). Pontua-se aqui que, na situação de teste, a plataforma ficou posicionada no mesmo quadrante em que ficavam as divisórias utilizadas durante o treino de empurrar direcionado. O autor realizou um teste de

10 generalização posterior ao teste de insight. Com o cubo no meio da câmara experimental, a plataforma ficou posicionada no lado oposto em que ficaram as divisórias durante o treino de empurrar. O objetivo desse teste foi verificar qual fator controlava a resposta de empurrar (a plataforma ou a posição). Os resultados mostraram que os sujeitos empurravam o cubo sob controle da posição e não da plataforma. Um outro procedimento utilizado para o estudo do insight foi realizado por Neves Filho, et al. (2015) utilizando ratos como sujeitos. Nesse estudo, foi utilizado um equipamento que possibilitou o treino de habilidades mais próximas da filogênese do animal do que o procedimento de deslocamento de caixa, foram treinadas as habilidades de cavar e subir. Foram utilizados pedaços de cereais como estímulo reforçador. No treino da resposta de cavar, o sujeito devia cavar a maravalha até alcançar um pedaço de cereal colocado em um recipiente plástico. No treino de subir, realizado de maneira separada do treino de cavar, o cereal foi colocado no primeiro degrau, e em seguida, foi colocado no segundo degrau, de forma que o sujeito devia subir os dois degraus para alcançá-lo. Na situação de teste, o sujeito ficava separado dos patamares por uma tela de acrílico transparente, sendo que a resolução do problema consistia em cavar no lado da tela de acrílico e subir os dois patamares. Foram utilizados seis ratos (Rattus norvegicus) divididos em três grupos: 1) um grupo de dois ratos que receberam treino das duas habilidades (cavar e subir); 2) um grupo que recebeu treino apenas de cavar; 3) um grupo que recebeu treino apenas da habilidade de subir. Os resultados mostraram que apenas o grupo que recebeu treino das duas habilidades resolveu o problema de maneira satisfatória. No estudo de Neves Filho et al. (2016) foi utilizado também um procedimento semelhante ao descrito acima, treinando as habilidades de cavar e subir em ratos (Rattus norvegicus). O objetivo desse estudo foi verificar o efeito de dois tipos de treino (sucessivo e concomitante) sobre os repertórios de cavar e subir. Seis sujeitos foram divididos em três

11 grupos, Dois sujeitos foram treinados de forma concomitante, ou seja, os dois repertórios em sessões intercaladas no mesmo dia. Outros dois sujeitos foram treinados de maneira sucessiva (após o ensino de um repertório, iniciava o treino do outro repertório). Uma terceira condição foi treinada, dois sujeitos foram treinados de maneira parecida com o grupo de treino sucessivo, porém com sessões de retomada após os treinos. Todos os ratos que atingiram o critério de aprendizagem resolveram o problema (um dos ratos da condição de retomada foi excluído pois ficou doente), porém o autor considerou que apenas dois resolveram de maneira fluida e contínua, caracterizando insight, o restante teria resolvido por tentativa e erro. Os ratos que resolveram o problema por insight pertenciam a dois grupos (CC2 concomitante e CA4 sucessivo). Sendo assim, não teria sido a variável ordem de treino que teria determinado a ocorrência da resolução, já que todos os sujeitos resolveram o problema, também não teria controlado a ocorrência do insight, pois ratos de ambos os grupos apresentaram essa topografia. O procedimento sugerido por Neves Filho et al. (2015), tem vantagens pela proximidade com comportamentos filogenéticos do animal treinado (ratos albinos, no caso), porém é passível de críticas como a apresentada por Dicezare (2017) em que os ratos teriam apenas uma opção no início do teste, cavar a maravalha, enquanto que em procedimentos de deslocamento de caixa, os sujeitos teriam pelo menos duas opções (empurrar na direção ou afastar do alvo). Os trabalhos experimentais que utilizaram procedimento de deslocamento de caixa realizados com ratos até agora (Ferreira, 2008; Delage, 2006; Tobias, 2006; Santos (2017); Leonardi, 2012; Dicezare, 2017) não tem demonstrado um padrão de ocorrência de interconexão de repertórios (insight). Os autores apontam diversos fatores problemáticos, como por exemplo número elevado de sessões experimentais para o treino de repertório de empurrar o cubo (Ferreira, 2008; Leonardi, 2012), além também da diferença de número de respostas emitidas de cada repertório ( empurrar e subir ). Tornando necessária a elaboração de um

12 estudo que utilize uma metodologia que viabilize a execução de um número menor de sessões experimentais, e que equilibre o número de respostas emitidas de cada repertório na fase de teste de Insight. O objetivo geral do presente estudo foi produzir um procedimento de treino de repertórios que diminuísse os problemas já observados em trabalhos anteriores. Foi escolhido o procedimento de deslocamento de caixa, pois oferece pelo menos duas opções de respostas durante o teste de Insight. Os objetivos específicos do trabalho foram: a) verificar os efeitos de dois esquemas de reforçamento (reforçamento contínuo e reforçamento de razão fixa 2) sobre o repertório de empurrar o cubo ; b) verificar os efeitos de um treino misto de habilidades sobre a resolução de problema. A utilização de esquemas de reforçamento sobre resposta de empurrar o cubo pode produzir maiores taxas de emissão durante as fases de treino e de teste e é uma estratégia para minimizar a diferença de emissão de repertórios na fase de teste, mencionada anteriormente. O treino misto por sua vez, é uma tentativa de diminuir os efeitos de ordem de treino sobre a fase de teste. Método Sujeitos Foram utilizados seis ratos albinos (Rattus norvegicus, linhagem Wistar) provenientes do biotério central do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (ICB/UFPA), com idade de 6 meses no início do experimento, pesando entre 200 e 400 gramas. Os ratos foram acondicionados no biotério do Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento e foram acomodados de dois em dois, em gaiolas-viveiros de policarbonato, com um teto metálico que comporta mamadeiras de água e ração própria para roedores. As gaiolas-viveiro eram forradas com maravalha trocadas duas vezes por semana. O biotério era refrigerado artificialmente a uma temperatura de 23 C. A luminosidade seguia um ciclo de claro/escuro de 12 horas. Os ratos foram submetidos a privação de água de

13 24h. Todos os dias após as sessões experimentais uma mamadeira de água ficava disponível para cada rato durante um tempo de 40 minutos. A comida estava disponível livremente e o peso dos animais foi verificado diariamente. Os procedimentos realizados no experimento foram aprovados pela Comissão de Ética para Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal do Pará, sob o protocolo de número 4973261017. Equipamentos e materiais Uma câmara experimental em formato cilíndrico, construída de acrílico branco, possuindo diâmetro de 50 cm, 60 cm de altura, sendo 10 cm da base inferior até o piso e 50 cm a partir do piso até o teto. Possui piso circular de acrílico com barras de 0,5 cm de largura e espaçamento de 0,5 cm entre barras. O teto é removível, consistindo em uma barra de acrílico na horizontal e três barras de acrílico na vertical. A câmara experimental possui um bebedouro automático, que consiste em uma cuba metálica de 0,5 cm de diâmetro localizada no piso próximo a parede da caixa, conectado a uma caixa de controle da marca Insight Equipamentos, a qual podia ser acionada manualmente ou por meio de uma barra. A barra podia ser posicionada de oito formas diferentes (ver figura 1). Figura 1: Câmara experimental, os pontos no teto em que era possível posicionar a barra que era liga a argola.

14 Foram utilizados três tipos de cubos: cubo A de papelão (2 cm de altura, 15cm de targura e 15cm de comprimento) e um cubo B de acrílico (7cm de altura, 13 cm de largura e 13 cm de comprimento) que foram utilizados no treino de subir e puxar; um cubo C de acrílico possuindo 9 cm de altura, 9cm de largura e 9 cm de comprimento. Figura 2: Cubos utilizados nas sessões experimentais. Para o treino de subir e puxar, foi utilizada uma argola presa a uma corrente metálica, a qual era conectada à barra acionadora da caixa de controle do bebedouro. Uma bola de ping pong transpassada pela corrente foi utilizada como elemento visualmente saliente de modo a contrastar com o fundo branco da câmara. O alvo consistiu em um pedaço de cartolina azul cortada na forma retangular com medidas de (2,5 cm de largura, 14 de altura), anexado a uma régua de 40 cm, que foi utilizada para facilitar a fixação do alvo nas posições na câmara experimental.

15 Figura 3: A porção esquerda da figura apresenta a argola e a bola de ping pong, e a porção direita apresenta o alvo feito de cartolina colado em uma régua fixada na parede da câmara experimental. Para filmagem das sessões, foi utilizada uma câmera filmadora (SONY modelo HDR- CX220) posicionada acima da câmara experimental, de forma a enquadrar toda a área da câmara. Para registro das respostas, foram utilizadas folhas de registro, caneta e cronômetro. Procedimento O procedimento consistiu no treino de duas habilidades: 1) empurrar um cubo de maneira direcionada ao alvo; 2) subir no cubo e puxar uma argola. Instalados os repertórios, foram realizadas sessões de teste para verificar a ocorrência da resolução de problema (Insight). Os ratos foram sorteados para três grupos, dois sujeitos por grupo correspondentes a cada condição experimental: grupo CRF (A1 e A3); grupo RF2 (A5 E A6) e grupo Treino Misto (A2 e A4). Cada grupo passou pelas fases de treino ao bebedouro, pré-teste de insight, modelagem e treino das habilidades pré-requisito e teste de insight. Os procedimentos diferiram quanto ao esquema de reforço utilizado para modelagem e treino da habilidade de empurrar o cubo: reforço contínuo (grupos CRF e Treino Misto) ou razão fixa 2 (grupo FR 2); e quanto à ordem de modelagem e treino das duas habilidades: empurrar o cubo, seguido de subir e puxar a argola (grupos CRF e FR 2) ou sessões com blocos alternados entre empurrar o cubo e subir e puxar a argola (grupo Treino Misto). Treino ao bebedouro O objetivo dessa fase foi tornar o som do acionamento do bebedouro um estímulo discriminativo para a resposta de aproximação ao bebedouro. A sessão iniciou com uma gota de água já presente no bebedouro e, após o consumo da gota e afastamento do sujeito em relação ao bebedouro, uma nova gota de água foi liberada. Foram contabilizados os tempos de

16 reação (TR) dos sujeitos. O critério para encerramento dessa fase foi a emissão de dez tentativas com TR abaixo de 5 segundos. Pré-teste de Insight Essa fase teve como objetivo testar a ocorrência de resolução do problema antes da realização dos treinos de repertório. A configuração de teste foi: Presença da argola a 20 cm de altura em um ponto aleatório na câmara; presença do cubo de acrílico em uma posição aleatória no piso da câmara experimental, distante 15 cm da posição da argola. As sessões de pré-teste tiveram duração de 20 min. Modelagem da resposta de empurrar o cubo (E) Essa fase objetivou a instalação da resposta de empurrar o cubo direcionado ao alvo. O alvo foi fixado na Posição 1 (P1, ver figura 4), a uma distância de 1cm da parede da câmara experimental. Inicialmente foram reforçadas repostas de farejar o cubo, tocar o cubo e, empurrar o cubo. A cada emissão de 20 respostas de E, o cubo foi reposicionado 1 cm a mais em relação ao alvo, até ficar à 10 cm de distância e, após a emissão de 20 respostas nessa distância, o cubo foi colocado à 20 cm em relação ao alvo (centro da câmara experimental). O critério para mudar a posição do alvo de lugar foi a emissão de 20 respostas de E estando o cubo a 20 cm de distância do alvo. Bebedouro P7 P1 P6 P2 P5 P4 P3

17 Figura 4: Posições em que o alvo foi fixado durante as sessões de modelagem e treino de empurrar o cubo. A seta indica a posição do bebedouro. Após instalada a resposta de E na posição P1, o alvo foi fixado na ordem P2, P3, P4 P5, P6, P7. Em cada uma dessas posições, o cubo foi colocado a uma distância de 1, 3, 5, 10 e 20 cm, e sendo exigido o número de 5 respostas de E em cada uma das distâncias, porém na distância de 20 cm, foi exigida a emissão de 20 respostas (critério para mudança de posição do alvo). Todas as sessões dessa fase tiveram duração de 20 minutos. Treino de empurrar direcionado Somente passaram por essa fase os sujeitos do grupo CRF e do grupo RF2. O treino consistiu na configuração: alvo fixado em uma posição aleatória; cubo posicionado no centro da câmara experimental. A ordem em que foi posicionado o alvo foi determinada por sorteio prévio, descartando as ordens de até três posições seguidas (exemplo: P1, P2, P3, ou P5, P6, P7). O alvo mudou de posição a cada resposta reforçada. Nessa fase, para os sujeitos do grupo CRF, cada resposta de E correta foi seguida de reforçamento. Para os sujeitos do grupo FR2 vigorou um esquema de reforçamento de razão fixa 2. Na fase de treino de empurrar, foram contabilizadas as respostas certas e erradas. Após o contato do sujeito com o cubo (farejar, tocar, mover), foi iniciado o cronômetro, o sujeito então tinha um minuto para mover o cubo em direção ao alvo, caso negativo, o cubo era realocado para o centro da câmara experimental e a resposta era contabilizada como errada, caso a resposta fosse correta, era liberada uma gota de água e o cubo era realocado para o centro da câmara. O critério para o encerramento dessa fase foi a emissão de 20 respostas corretas seguidas e um percentual de acerto acima de 70%. Todas as sessões dessa fase terminaram com a obtenção do critério ou ao final de 20 minutos. Modelagem e Treino de subir no cubo e puxar a argola (SP)

18 A finalidade dessa fase foi instalar a resposta de subir no cubo e puxar a argola. A sessão de modelagem dessa resposta iniciou com o cubo de papelão fixado no centro da câmara experimental e a argola na mesma posição a 10 cm de altura. Foram reforçadas respostas de farejar a argola, tocar a argola e por último, puxar a argola. A sessão de modelagem foi encerrada após a emissão de 40 respostas de subir na caixa de papelão e puxar a argola. Foram realizadas ainda três sessões de subir e puxar com o cubo de acrílico (2); e três sessões de puxar com o cubo (3). Cada uma das sessões foi encerrada com o critério de emissão de 40 respostas. Finalmente, foram realizadas três sessões de subir e puxar, sendo que a posição do cubo e da argola foi fixada aleatoriamente na câmara experimental e, a cada resposta de subir e puxar (SP), essa posição mudava. O critério de encerramento foi a emissão de 40 respostas em cada sessão. Todas as sessões dessa fase tiveram duração máxima de 20 minutos. Sessões intercaladas de treino de habilidades Foram realizadas quatro sessões de treino de cada habilidade ( E e SP ) de maneira intercalada. A ordem do tipo de treino foi sorteada da seguinte forma: 1 treino E, 2 treino SP, 3 treino SP, 4 treino E, 5 treino SP, 6 treino E, 7 treino E, 8 treino SP. O objetivo dessa fase foi realizar a manutenção dos repertórios e tentar equilibrar a probabilidade de ocorrência das respostas na fase de teste de Insight. O critério de encerramento das sessões foi de 20 respostas corretas na sessão de treino de E, e de 40 respostas reforçadas no treino de SP. As sessões dessa fase tiveram duração de 30 minutos. Treino Misto Apenas os sujeitos do grupo Treino Misto foram submetidos a essa fase. Após passarem por modelagem de E e de SP, os ratos passaram pela fase do treino em que as duas habilidades foram treinadas em uma mesma sessão, de maneira intercalada. O tempo de 30 minutos de sessão foi dividido em partes iguais para as duas habilidades. Foram realizadas

19 oito sessões dessa fase. O objetivo dessa fase foi tentar equilibrar a probabilidade da ocorrência de entre as habilidades no teste. As sessões tiveram duração de 30 minutos, a primeira sessão ficou dividida em 15 minutos iniciais para a habilidade de empurrar o cubo, e os 15 minutos finais para a habilidade de subir e puxar. As outras sessões foram divididas em blocos de 5 minutos para cada habilidade, sendo a segunda sessão, quarta, sexta e oitava, iniciando com a habilidade de subir e puxar, e o restante das sessões iniciaram com a habilidade de empurrar o cubo. Teste de Insight A fase de teste teve o objetivo de verificar a ocorrência da resolução de problema e da interconexão entre os repertórios treinados previamente. A configuração do teste foi: corrente pendurada na tampa da câmara de Insight, fora do alcance do sujeito a uma altura de 22 cm do piso da câmara, o cubo de acrílico localizado do lado oposto ao da corrente a uma distância aproximada de 20 cm. A resolução do problema consistiu em mover o cubo para a posição abaixo da argola, subir no cubo e puxar a argola. O cubo foi mudado de posição a cada resposta de resolução ou passados 2 minutos sem resolução do problema. O dispositivo do bebedouro permaneceu ligado durante essa fase, de forma que cada resposta de resolução foi seguida de reforço. O tempo total da sessão foi de 20 minutos. Resultados A tabela 1 mostra o número de sessões que cada sujeito foi submetido em cada fase experimental. Tabela 1 Número de sessões realizadas em cada fase Grupo CRF Grupo Treino Misto Grupo FR2 A1 A3 A2 A4 A5 A6 Treino ao bebedouro 2 1 2 1 2 1 Pré-Teste de Insight 1 1 1 1 1 1

20 Modelagem Empurrar 33 38 52 44 40 33 Treino de Empurrar 2 20 - - 6 3 Modelagem Subir e Puxar 10 10 10 10 10 10 Treino misto - - 8 8 - - Sessões Intercaladas 8 8 - - 8 8 Teste de Insight 1 1 1 1 1 1 TOTAL 57 79 74 65 68 57 Treino ao Bebedouro Todos os sujeitos atingiram o critério de encerramento nessa fase. Os sujeitos A3, A4 e A6 atingiram o critério na primeira sessão, enquanto que os demais sujeitos atingiram o critério de dez tentativas com tempo de reação abaixo de 5 segundos, somente na segunda sessão. Pré-Teste de Insight Nenhum sujeito resolveu o problema no pré-teste de insight. As respostas registradas em relação ao cubo e a argola foram: farejar o cubo; tocar o cubo; empurrar o cubo; subir no cubo; erguer-se em direção a argola (ver tabela 2). As respostas mais emitidas pelos sujeitos foram farejar o cubo (6,5 em média) e tocar o cubo (3 em média). Os sujeitos A6 e A1 emitiram 2 e 1 respostas de empurrar o cubo respectivamente, o A6 deslocou o cubo cerca de 1 cm em direção oposta a argola e o A1 deslocou o cubo cerca de 1cm para o lado oposto do bebedouro, afastando também o cubo em relação a argola. Tabela 2 Respostas registradas durante o pré-teste Respostas direcionadas ao cubo Grupo CRF Grupo Misto Grupo FR2 A1 A3 A2 A4 A5 A6 10 17 0 10 7 16

21 Respostas direcionadas à argola 0 4 0 3 2 1 Respostas direcionadas ao bebedouro 9 6 1 8 9 9 Respostas de Resolução 0 0 0 0 0 0 Modelagem da Resposta de Empurrar o Cubo Todos os sujeitos atingiram os critérios de aprendizagem determinados para essa fase (20 respostas de empurrar o cubo na direção do alvo posicionado em cada uma das sete posições possíveis). Os sujeitos A1 e A6 finalizaram essa fase em 33 sessões cada um. Os sujeitos A2, A3, A4 e A5 finalizaram essa fase em um total de sessões de 52, 38, 44 e 40 sessões, respectivamente. A topografia da resposta de empurrar o cubo na direção do alvo consistiu nas seguintes formas: empurrar o cubo com a pata esquerda; empurrar o cubo com a pata direita; empurrar o cubo com as duas patas; empurrar o cubo com o focinho (para esquerda); empurrar o cubo com o focinho (para direita). Apenas o sujeito A5 apresentou uma topografia que se diferenciava das topografias apresentadas pelos outros sujeitos: segurar o cubo com as duas patas, puxá-lo andando de costas na direção do alvo, em seguida, o sujeito empurrava o cubo na direção do alvo com uma das patas. Sessões de Treino de Empurrar o Cubo Todos os sujeitos que passaram por essa fase atingiram o critério de 20 respostas corretas seguidas e 70% de acertos. O sujeito A1 finalizou essa fase em duas sessões. Na primeira sessão, de 54 tentativas, ele acertou um total de 29 vezes (54%). Na segunda sessão, o sujeito emitiu 25 respostas, errando apenas as 5 primeiras, fazendo um percentual de 80% de acertos e atingindo o critério.

22 O sujeito A3 finalizou a fase de treino de empurrar em 20 sessões. Nas dez primeiras sessões, o sujeito emitiu um percentual de acertos menor que 50 % das tentativas, e emitiu um número total de tentativas menor que 15 em cada sessão. Na décima sessão de treino de empurrar, foi necessário remodelar a resposta de empurrar o cubo, após esse procedimento, o sujeito atingiu o critério na vigésima sessão dessa fase, emitindo 24 tentativas, dessas, 23 foram corretas (96%). O sujeito A5 atingiu o critério na sexta sessão de treino. Na primeira sessão dessa fase ele emitiu 26 tentativas, sendo 21 corretas (81%), porém não atingiu o critério de 20 respostas corretas seguidas. Na segunda sessão dessa fase, o A5 emitiu 28 tentativas, sendo 20 corretas (71%), porém novamente não atingiu o critério de respostas seguidas. Na terceira sessão, o sujeito emitiu 30 tentativas, sendo 22 corretas (73 %), mas novamente não emitiu o número de acertos consecutivos suficientes para atingir o critério. Na quarta sessão dessa fase foram 22 tentativas, 13 foram corretas (59%). Na quinta sessão foram 19 tentativas, 13 corretas (79 %). Finalmente, na sexta sessão foram emitidas 22 tentativas, sendo as 20 últimas corretas (91%), atingindo assim o critério para seguir para a próxima fase. O sujeito A6 atingiu o critério na terceira sessão da fase de treino. Na primeira sessão ele emitiu 19 tentativas, sendo apenas 9 corretas (47%). Na segunda sessão, o A6 emitiu 18 tentativas, sendo 13 corretas (72%). Na terceira sessão, o sujeito emitiu 35 tentativas, 30 corretas (86%), sendo as 20 últimas de forma consecutiva, atingindo assim o critério para continuar na próxima fase. Modelagem da Resposta de Subir e Puxar Nessa fase, todos os sujeitos emitiram o número de respostas suficientes para o encerramento das sessões de modelagem de subir e puxar (40 respostas em cada sessão), atingindo assim o critério de aprendizagem determinado. Foram necessárias 10 sessões para a finalização do treino de subir e puxar para todos os sujeitos, como previsto.

23 Sessões Intercaladas de Treino de Habilidade Todos os sujeitos que foram submetidos a essa fase (A1, A3, A5 e A6) emitiram o mesmo número de respostas (20 respostas de empurrar em cada sessão correspondente ao treino dessa habilidade, e 40 respostas de subir e puxar, em cada sessão correspondente a essa habilidade) suficientes para encerramento de cada uma das sessões intercaladas de treino de habilidade. Sendo que, para os sujeitos A5 e A6, que faziam parte do grupo FR2, o reforço era liberado somente após a emissão da segunda resposta de empurrar na direção do cubo. Treino Misto de Habilidades O número de respostas para cada habilidade em cada sessão é mostrado na tabela 3. Os números médios de emissão da habilidade de empurrar, durante toda a fase do treino misto, foi de 14,5 para o A2 e de 17,1 para o A4. Para a habilidade de subir e puxar, os números médios de emissão foram de 50 para o A2, e 73,1 para o A4. Tabela 3 Frequência de respostas de empurrar (E) e subir e puxar (SP) em cada condição do treino misto dos sujeitos A2 e A4 Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5 Sessão 6 Sessão 7 Sessão 8 E/SP SP/E/SP/E/SP/E E/SP/E/SP/E/SP SP/E/SP/E/SP/E E/SP/E/SP/E/SP SP/E/SP/E/SP/E E/SP/E/SP/E/SP SP/E/SP/E/SP/E A2 14/49 17/7/19/9/16/6 4/20/5/15/4/14 10/3/10/5/11/5 3/13/3/12/3/14 13/6/15/4/14/3 3/21/4/15/3/14 19/11/21/8/18/5 A4 10/100 26/8/22/10/25/6 3/22/3/25/3/21 14/9/23/3/32/3 14/24/4/23/5/17 33/8/25/4/20/3 12/27/6/27/5/16 27/6/27/7/9/5 Teste de Insight