Comparação entre classificadores por pixel e por região com imagem SPOT-5 para o estado de Minas Gerais



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Transcrição:

Comparação entre classificadores por pixel e por região com imagem SPOT-5 para o estado de Minas Gerais Fernanda Rodrigues Fonseca 1 Thiago Duarte Pereira 1 Luciano Vieira Dutra 1 Eliana Pantaleão 1 Corina da Costa Freitas 1 1 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Caixa Postal 515-12245-970 - São José dos Campos - SP, Brasil {ffonseca, thiago, dutra, elianap, corina}@dpi.inpe.br Abstract. Remote sensing (RS) is an important tool for mapping, identifying and monitoring the earth surface. In this work, we use RS and digital image processing (IP) techniques to extract information from a SPOT-5 high resolution image, from a small area of Minas Gerais state. The main goal of this work is to evaluate and compare, for this image, pixel and region based supervised classifiers, and also evaluate how the increase of image resolution affects classification accuracy. For this an image of July 5, 2003 was used, of the satellite HRG/SPOT-5 of 10 meters of space resolution, composed of 3 multiespectral bands (green band (1-G), red (2-R) and near -infrared (3-B)) and a panchromatic band of 2,5 meters of space resolution. The color composition of the image SPOT-5 was transformed, through the technique of the spectral linear mixing model and by the technique of image fusion. The result of the applied techniques were evaluated and compared by pixel (MaxVer) and region (Bhattacharyya) based supervised classifiers. Through the evaluation of the kappa index, it is verified that the MaxVer classifier presented better results when compared to the supervised classification of Bhattacharyya, for the derived image of the spectral linear mixing model and for the image fusion. However, the classification supervised by Bhattacharyya, it presented better kappa index when compared to the classification of MaxVer, in the image of color composition. Palavras-chave: remote sensing, image processing, sensoriamento remoto, processamento de imagens. 1. Introdução O sensoriamento remoto é uma importante ferramenta no mapeamento, identificação e monitoramento da superfície terrestre. Ele possibilita obter informações sobre a cobertura de áreas extensas, de maneira rápida, precisa e econômica (Matsukuma, 2002). As técnicas de processamento digital de imagens (PDI) buscam melhorar a informação visual para análise e interpretação humanas, e para a percepção automática através de máquinas. Uma das técnicas de PDI que auxiliam o processo de extração de informação a partir de uma imagem é a segmentação, que subdivide a imagem em partes ou objetos constituintes. Ela define na imagem, recortes automáticos ao redor de objetos de interesse (Gonzalez e Woods, 2000). Um outro processo de extração de informação a partir de uma imagem é a classificação, o qual atribui cada pixel da imagem a uma determinada classe, a fim de reconhecer padrões e objetos para mapear áreas de interesse. Como produto final tem-se um mapa temático, que representa a distribuição geográfica das classes temáticas. Dessa maneira, pode-se obter um mapeamento para usos múltiplos, dentre estes, o monitoramento da cobertura e uso do solo. O objetivo deste trabalho é utilizar uma imagem de alta resolução SPOT-5 de uma pequena área do Estado de Minas Gerais para avaliar e comparar classificadores supervisionados por região e por pixel, além de avaliar a influência da resolução da imagem sobre a acurácia da classificação. 959

2. Materiais e Métodos 2.1 Área de estudo O Estado de Minas Gerais localiza-se na região sudeste do Brasil e é dividido politicamente em 853 municípios numa área cerca de 590.000 km 2, com população aproximada de 18 milhões de habitantes que vivem sob clima tropical (IBGE, 2000). Figura 1. Área de estudo. A área de estudo do trabalho está compreendida entre as latitudes de 18 10 52 S a 18 51 21 S e as longitudes de 49 3 6 W a 49 49 57 W. Esta área compreende oito municípios do Estado de Minas Gerais (Figura 1). São eles: Ipiaçu, Ituiutaba, Capinópolis, Cachoeira Dourada, Canápolis, Centralina, Monte Alegre de Minas e Araporã. Os testes foram realizados no recorte compreendido entre os municípios de Capinópolis e Ituiutaba. 2.2 Materiais Neste trabalho foram utilizados os aplicativos SPRING (Câmara et al., 1996), em sua versão 4.3.2, em que foram realizados todos os processamentos de segmentação, fusão e classificação, e o Microsoft Excel para a avaliação estatística das classificações obtidas. Para realizar a segmentação e classificação da cobertura do solo na área de estudo, utilizou-se parte de uma cena de uma imagem de 5 de julho de 2003, do satélite SPOT-5 georreferenciada, do sensor HRG, de 10 metros de resolução espacial, compostas de 3 bandas multiespectrais (banda verde (1-G), vermelho(2-r) e infravermelho próximo (3-B)) e uma banda pancromática de 2,5 metros de resolução espacial. 2.3 Metodologia A composição colorida da imagem SPOT-5 foi transformada, através da técnica do modelo linear de mistura espectral, nas frações solo, vegetação e sombra. A fração solo foi utilizada no processo de segmentação e classificação das áreas desflorestadas, ou seja, solo exposto. O modelo linear de mistura espectral visa estimar a proporção dos componentes, tais como solo, vegetação e sombra, para cada pixel, a partir da resposta espectral nas diversas bandas do SPOT-5 (Shimabukuro e Smith, 1991). Com o intuito de melhorar a resolução espacial da imagem na tentativa de se obter uma melhor classificação, foi utilizada a técnica de fusão de imagens pela transformação IHS, das bandas multiespectrais de 10 m com a banda pancromática de 2,5 m, gerando um novo produto que reúne ambas as características, ou seja, uma composição colorida com alta resolução (2,5 m). Utilizou-se o processo de segmentação na composição colorida da imagem SPOT-5 na fração solo do modelo de mistura espectral e na fusão da composição colorida com a banda 960

pancromática do SPOT-5. Algoritmos de segmentação permitem encontrar diferenças entre dois ou mais objetos, e distinguir as partículas umas das outras. Esta distinção permite interpretar pixels contíguos e agrupá-los em regiões. Os algoritmos de segmentação para imagens monocromáticas são geralmente baseados em uma das seguintes propriedades básicas de valores de níveis de cinza: descontinuidade e similaridade (Gonzalez e Woods, 2000). No presente trabalho foi utilizado a segmentação baseada em similaridade, por crescimento de regiões. Inicialmente, este processo de segmentação rotula cada pixel como uma região distinta. A seguir, anexa regiões contíguas similares de acordo com um critério de similaridade, em geral, de distância entre os atributos das regiões. O processo é repetido até que nenhuma região possa ser anexada. Foi usado o critério de área mínima de 280 pixels, e o critério de similaridade grau 12 na composição colorida da imagem SPOT-5, na fração solo do modelo de mistura e na fusão da composição colorida com a banda pancromática do SPOT-5. Realizada a etapa de segmentação, o próximo passo foi efetuar a classificação dos objetos encontrados. A classificação de imagens é o processo de atribuir rótulos de classe aos pixels ou objetos da imagem. A partir dos valores dos atributos de uma imagem, gera-se uma nova imagem, mais simples, onde cada pixel está associado a uma categoria ou classe. Para realização da classificação da cobertura do solo, utilizou-se o método de classificação supervisionada por pixel e por regiões. A classificação supervisionada depende de amostras de treinamento que sejam representativas das classes presentes na imagem, assim, foram realizados treinamentos com aquisição de amostras das classes pré-determinadas para a classificação. Os classificadores por regiões utilizam, além de informação espectral de cada pixel, a informação espacial que envolve a relação com seus vizinhos. Procuram simular o comportamento de um fotointérprete, reconhecendo áreas homogêneas de imagens, baseados nas propriedades espectrais e espaciais dos objetos da imagem. A informação de borda é utilizada inicialmente para separar regiões e as propriedades espaciais e espectrais irão unir áreas com mesmas características. Para a classificação supervisionada por regiões foi escolhido o algoritmo de Bhattacharyya. O algoritmo utiliza a distância de Bhattacharyya para medir a separabilidade estatística entre cada par de classes espectrais e calcula a distância de cada região às classes fornecidas no treinamento, escolhendo a mais próxima (Jensen, 1996). Os classificadores por pixel utilizam apenas a informação espectral de cada pixel para encontrar regiões homogêneas. Estes classificadores podem ser separados em métodos estatísticos (utilizam regras da teoria de probabilidade) e determinísticos (não utilizam regras de probabilidade). Para a classificação supervisionada por pixel foi escolhido o algoritmo de Máxima Verossimilhança (MaxVer), em que amostras previamente selecionadas são utilizadas para o treinamento do classificador. Esta classificação associa cada pixel à classe com maior probabilidade de gerar um pixel com as suas características (Jensen, 1996). Para o mapeamento temático foram utilizadas quatro classes, sendo elas: Solo exposto: áreas onde a cobertura vegetal foi retirada em sua totalidade. Formação campestre: constituído principalmente por vegetação de gramíneas e herbáceas. Pastagens naturais e/ou plantadas. Formação arbórea: fragmentos florestais, matas ciliares e formação arbustiva. Água: rede de drenagem. Para analisar a acurácia dos classificadores, selecionou-se 60 amostras pontuais na composição colorida da imagem SPOT-5, que foram classificadas visualmente de acordo com as tonalidades da composição das bandas RGB da imagem, ou seja, cada ponto foi atribuído à classe correspondente (água, solo exposto, formação campestre ou formação arbórea). Os pontos 961

classificados foram utilizados como a referência na geração das matrizes de erros, e os pontos de mesma posição foram analisados para comparar a classificação atribuída pelo algoritmo. Para comparar e avaliar as medidas quantitativas de exatidão das classificações, foi utilizado o método baseado na matriz de erros e calculado para cada classificação o índice Kappa. A Figura 2 apresenta uma representação esquemática das etapas metodológicas do presente trabalho, para auxiliar em sua compreensão. Figura 2. Metodologia do trabalho. Como mostrado na Figura 2, a metodologia do trabalho é realizada em duas fases. A primeira etapa consiste no processamento e classificação da imagem. Nesta fase são segmentadas a composição RGB, fração solo (derivada do modelo de mistura) e fusão de imagens pela transformação IHS. Em seguida são realizados os processos de classificação através dos algoritmos de Bhattacharyya (com as imagens já segmentadas) e MaxVer (sem a segmentação das imagens). A segunda fase do trabalho consiste no processo de análise dos resultados. São coletadas amostras pontuais na composição RGB e tomados esses pontos como referência para a classificação. Por fim, é realizada a análise estatística dos resultados, com o cálculo do índice kappa. 3. Resultados e Discussões A Figura 3 apresenta o resultado da transformação da composição colorida do SPOT-5, através da técnica de modelo linear de mistura espectral. Figura 3. Imagem resultante da transformação da composição colorida do SPOT-5, através da técnica do modelo de mistura espectral. 962

A Figura 4 apresenta o resultado da fusão de imagens pela transformação IHS, das bandas multiespectrais de 10 m com a banda pancromática de 2,5 m. Figura 4. Imagem resultante da fusão pela transformação IHS As Figuras 5(a), 5(b) e 5(c) apresentam o resultado da classificação supervisionada pelo MaxVer utilizando, respectivamente, a composição colorida da imagem SPOT-5 original, a imagem da fração solo obtida pelo modelo de mistura e a imagem fusionada pelo IHS com a pancromática. (a) (b) (c) Figura 5. Classificação supervisionada pelo método MaxVer: (a) composição colorida da imagem SPOT-5; (b) fração solo (modelo de mistura); (c) fusão da composição colorida com a pancromática (Transformação IHS). As tabelas a seguir mostram as matrizes de erro das classificações supervisionadas do algoritmo MaxVer sobre a composição colorida da imagem SPOT-5 (Tabela 1), a fração solo (modelo de mistura), apresentada na Tabela 2 e sobre a fusão da composição colorida com a pancromática (Tabela 3). 963

Tabela 1. Matriz de erros da classificação do MaxVer sobre a composição colorida da imagem SPOT-5 Arbórea 0.13 0.00 0.00 0.07 0.20 Campestre 0.03 0.10 0.00 0.25 0.38 Exposto 0.02 0.07 0.18 0.02 0.28 Água 0.07 0.00 0.07 0.00 0.13 Total 0.25 0.17 0.25 0.33 1.00 Índice kappa = 0,25 Tabela 2. Matriz de erros da classificação do MaxVer sobre a fração solo (modelo de mistura) Arbórea 0.12 0.07 0.00 0.02 0.20 Campestre 0.00 0.37 0.02 0.00 0.38 Exposto 0.02 0.10 0.17 0.00 0.28 Água 0.00 0.03 0.10 0.00 0.13 Total 0.13 0.57 0.28 0.02 1.00 Índice kappa = 0,48 Tabela 3. Matriz de erros da classificação do MaxVer sobre a Fusão (Transformação IHS) Arbórea 0.27 0.07 0.05 0.00 0.38 Campestre 0.03 0.17 0.00 0.00 0.20 Exposto 0.00 0.00 0.17 0.12 0.28 Água 0.05 0.00 0.08 0.00 0.13 Total 0.35 0.23 0.30 0.12 1.00 Índice kappa = 0,45 De acordo com os resultados gerados, observa-se que o classificador MaxVer apresentou uma melhor performance sobre a fração solo. Os índices kappa produziram 0,25 para a composição colorida da imagem SPOT-5, 0,48 para a fração solo (modelo de mistura) e 0,45 para a fusão da composição colorida com a pancromática. As Figuras 6(a), 6(b) e 6(c) apresentam o resultado da classificação supervisionada pelo Bhattacharyya utilizando, respectivamente, a composição colorida da imagem SPOT-5 original, a imagem da fração solo obtida pelo modelo de mistura e a imagem fusionada pelo IHS com a pancromática. 964

(a) (b) (c) Figura 6. Classificação supervisionada pelo método de Bhattacharyya: (a) composição colorida da imagem SPOT-5; (b) fração solo (modelo de mistura); (c) fusão da composição colorida com a pancromática (Transformação IHS). As tabelas a seguir mostram as matrizes de erro das classificações supervisionadas do algoritmo Bhattacharyya sobre a composição colorida da imagem SPOT-5 (Tabela 4), a fração solo (modelo de mistura) (Tabela 5) e sobre a fusão da composição colorida com a pancromática (Transformação IHS) (Tabela 6). Tabela 4. Matriz de erros da classificação do Bhattacharyya sobre composição colorida da imagem SPOT-5. Arbórea 0.12 0.07 0.00 0.02 0.20 Campestre 0.05 0.25 0.00 0.08 0.38 Exposto 0.02 0.05 0.20 0.02 0.28 Água 0.02 0.10 0.00 0.02 0.13 Total 0.20 0.47 0.20 0.13 1.00 Índice kappa = 0,41 Tabela 5. Matriz de erros da classificação do Bhattacharyya sobre fração solo (modelo de mistura). Arbórea 0.10 0.08 0.00 0.02 0.20 Campestre 0.02 0.28 0.08 0.00 0.38 Exposto 0.02 0.07 0.20 0.00 0.28 Água 0.03 0.08 0.00 0.02 0.13 Total 0.17 0.52 0.28 0.03 1.00 Índice kappa = 0,42 965

Tabela 6. Matriz de erros da classificação do Bhattacharyya sobre a fusão da composição colorida com a pancromática (Transformação IHS). Arbórea 0.17 0.02 0.02 0.00 0.20 Campestre 0.10 0.15 0.12 0.02 0.38 Exposto 0.00 0.05 0.22 0.02 0.28 Água 0.00 0.07 0.07 0.00 0.13 Total 0.27 0.28 0.42 0.03 1.00 Índice kappa = 0,35 Na classificação supervisionada utilizando o classificador de Bhattacharyya sobre a composição colorida da imagem SPOT-5, a fração solo (modelo de mistura) e a fusão da composição colorida com a pancromática (Transformação IHS), foram obtidos índices kappa de 0,41; 0,42 e 0,35; respectivamente. Observa-se que a eficiência da classificação supervisionada utilizando os classificadores de MaxVer e Bhattacharyya foi mais acentuada nos resultados da estimativa da área arbórea, campestre e de solo exposto do que na área de água. 4. Conclusão Através da avaliação dos índices kappa, verifica-se que o classificador MaxVer apresentou melhores resultados quando comparado à classificação supervisionada de Bhattacharyya, para a imagem derivada do modelo de mistura espectral e a fusão da imagem pela transformação IHS. No entanto, a classificação supervisionada por Bhattacharyya, apresentou melhor índice kappa quando comparado à classificação de MaxVer, na imagem de composição colorida O emprego da transformação do modelo linear de mistura espectral proporcionou maiores índices kappa quando comparado aos resultados da mesma classificação nos dados da composição colorida da imagem SPOT-5 e na fusão da composição colorida com a pancromática pela transformação IHS. O aumento da resolução espacial interferiu de forma negativa na avaliação kappa da classificação, devido ao aumento da variabilidade interna das classes. Ou seja, com o aumento da resolução, os objetos tornaram-se menos homogêneos, dificultando a identificação pelo classificador. Referências Bibliográficas Câmara, G.; Souza, R. C. M.; Freitas, U. M.; Garrido, J. C. P. SPRING: Integrating Remote Sensing and GIS with Object-Oriented Data Modelling. Computers and Graphics, v. 20, n. 3, p. 395-403, May-Jun 1996. Gonzalez, R. C.; Woods R. E. Processamento de Imagens Digitais. Edgard Blucher, 2000, 509 p. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php? sigla=mg>. Acesso em: abril, 2006. Jensen, J. R. Introductory digital image processing: a remote sensing perspective. 2ª ed. New Jersey: Prentice Hall, 1996, 316 p. Matsukuma, C. K. Análise comparativa de algoritmos de classificação não-supervisionada, no mapeamento do uso e cobertura do solo. 2002. 84 p. Dissertação (Mestrado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba. 2002. Shimabukuro, Y.E., Smith, J.A. The Least-Squares Mixing Models to Generate Fraction Images Derived From Remote Sensing Multispectral Data. IEEE Transactions on Geoscience and Remote Sensing, Vol. 29, p. 16-20, 1991. 966