TÍTULO: EFEITOS DA DEPRESSÃO UNIPOLAR NO SISTEMA IMUNOLÓGICO: UMA REVISÃO.

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Transcrição:

TÍTULO: EFEITOS DA DEPRESSÃO UNIPOLAR NO SISTEMA IMUNOLÓGICO: UMA REVISÃO. CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: Biomedicina INSTITUIÇÃO(ÕES): CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU AUTOR(ES): BARBARA FAZIALI BUENO ORIENTADOR(ES): KAREN TIAGO DOS SANTOS

RESUMO: A depressão unipolar (DU) é considerada um dos maiores transtornos psiquiátricos da atualidade e uma das doenças mais incapacitantes do mundo. É caracterizada pela deficiência de neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar ou pela falta de receptores dos mesmos. Paralelo a essa situação, temos a constante ação do sistema imunológico (SI), responsável pelo reconhecimento e resposta à todos os antígenos e agentes agressores detectados em nosso organismo, podendo ser de dois tipo: imunidade inata e adaptativa. Esse trabalho tem como objetivo, mostrar possíveis situações onde o SI pode ser influenciado pela DU, mostrando que é possível gerar resposta inflamatória à partir dessa interação, fato que pode resultar em lesões teciduais graves. INTRODUÇÃO: A Depressão unipolar (DU), um dos maiores transtornos psiquiátricos e segundo a OMS, até 2020 será a doença mais incapacitante do mundo, sendo que na última década houve um aumento significativo de cerca de 20% de casos registrados 1. O Brasil é o quinto país no mundo com maior índice de DU, o maior com prevalência de depressão na américa latina e o segundo maior das américas, acometendo cerca de 5,8% da população, perdendo apenas para os Estados Unidos com 5,9% da população. Quanto à sua fisiopatologia, acredita-se que esta pode ser causada pela diminuição ou pela falta de receptores de neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar tal como a noradrenalina, dopamina e serotonina. Para a teoria cognitiva, trata-se da maneira pela qual interpretamos e vivenciamos os acontecimentos no decorrer da vida 2. Por outro lado o Sistema Imunológico (SI) é composto por uma complexa rede de células e moléculas produzidas, e armazenadas em órgãos linfoides, distribuídos pelo corpo, através de uma conexão de vasos (linfáticos e sanguíneos), capaz de reconhecer estruturas moleculares e antígenos, produzindo uma resposta efetiva resultando em sua destruição ou inativação. Essa capacidade de combater microrganismos, tumores ou qualquer substância considerada como antígeno pelo SI, vem das células fagocíticas, células apresentadoras de antígenos (APC), linfócitos, anticorpos, granulócitos e agranulócitos 3. O Sistema Nervoso Central (SNC) tem uma grande influência sob essa complexa rede de células, possibilitando que haja algumas mudanças como o aumento ou a diminuição da produção de determinada molécula química responsável pela efetividade do SI, por exemplo. De fato, sabe-se que o uso de

antidepressivos aumentam processos inflamatórios, ou que a depressão pode agravar a situação de pacientes imunocomprometidos como em casos de câncer. OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo demonstrar possíveis situações onde o SI é constantemente influenciado por transtornos psiquiátricos com ênfase no transtorno depressivo unipolar. METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa bibliográfica no Pubmed, Google acadêmico e Scielo, utilizando descritores, para a comparação de dados científicos reportados nos artigos experimentais, clínicos, bem como artigos de revisão bibliográfica. DESENVOLVIMENTO Por definição, sabe-se que a depressão é caracterizada pelo o desânimo, tristeza, perda de interesse em atividades corriqueiras, perda de apetite e concentração, sentimento de culpa e inquietação. Cronicamente ou dependendo da periodicidade dos sintomas, o acúmulo de fatores pode até mesmo levar ao suicídio 4. Em linguagens biológicas, a depressão é causada pela diminuição ou falta de receptores na fenda sináptica de neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar e felicidade como a Noradrenalina (NE), Dopamina (DA) e Serotonina (5HT). A primeira hipótese, proposta por Shildraut, Bunney e Davis (1965), propunha que a depressão estava associada a dimunição das catecolaminas, principalmente NE, na fenda sinaptica. Nos anos de 1971 com Van Praag e Korf, a hipótese de falta de 5HT ganhou força principalmente após o advento do dos antidepressivos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS). Outras evidências ajudam na confirmação das hipóteses como a redução de 5HT e seu metabolito, ácido 5- hidroxindol acético (5HIAA) em pacientes que cometeram suicídio. 2 Já o SI é uma rede complexa de células, órgãos e moléculas químicas que tem a função de reconhecer e responder a tumores, microrganismos e estímulos químicos levando-os a sua inativação ou destruição. A resposta imunológica, é mediada por linfócitos, anticorpos, APCs e leucócitos que em geral respondem a diferentes estímulos e que desempenham funções particulares. 3 A imunidade inata compreende respostas limitadas vindas de células presentes em todos os indivíduos não necessitando contato prévio com o agente agressor e especificidade limitada. A

imunidade adaptativa compreende uma resposta específica que gera memória imunológica, tem a presença de linfócitos e moléculas solúveis por eles produzidas 5. Acredita-se que a depressão pode interferir nas respostas imunológicas. De fato a depressão, induzida por qualquer tipo de estresse, pode estimular a produção demediadores químicos induzindo inflamações e levando à sérias lesões teciduais. É fato que em um indivíduo depressivo, detecta-se o aumento de interleucinas 2 e 6 (IL2 e IL-6) interferon alfa (IFN- ) e também a supressão de linfócitos T auxiliares (Th), principalmente Th1 e Th2 comprometendo assim a sua imunidade 2. RESULTADOS PRELIMINARES A partir da década de 50, o uso de antidepressivos possibilitou o estudo de novos mecanismos que ligam o sistema imune à depressão. Em um estudo experimental, é possível observar que ratos, quando submetidos ao uso de fluoxetina e nado constante (para estímulo de estresse), apresentaram queda na produção de anticorpos quando expostos à hemácias de carneiro, injetas em seu organismo 6. É importante lembrar também que em um estudo recente, pacientes com câncer (inevitavelmente imunodeprimidos), já com tratamento antitumoral iniciado, a depressão pode servir como um gatilho e desencadear novas reincidências ou até mesmo se tornar o seu agravante 7 Conclui-se parcialmente, até esta etapa do trabalho, que nossa saúde mental é um interferente do funcionamento homeostático de nosso SI. FONTES CONSULTADAS 1 https://www.paho.org/bra/index.php?option= com_content&view =article&id=5385:com-depressao-notopo-da-lista-de-causas-de-problemas-de-saude-oms-lanca-a-campanha-vamos-conversar&itemid=83; Acesso em: 08/08/2018 2 Saint-Clair Bahls (1999). Depressão: Uma breve revisão dos funtamentos biológicos e cognitivos 3 Alfredo Cordova Martínez e Melchor Alvarez-Mon (1999). O sistema imunológico (1): Conceitos gerais, adaptação ao exercício físico e implicações clínicas. 4 American Psychiatric association (2012-2013). DSM V 5 Wilson de Melo Cruvinel, Danilo Mesquita Júnior, Julio Antonio Pereira Araujo, Tania Tieko Takao Catelan, Alexandre Wagner Silva de Souza, Neusa Pereira da Silva, Luis Eduador Coelho Andrade (2010). Sistema Imunitário Parte I Fundamentos da Imunidade Inata com ênfase nos mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória. 6 Eduardo Vignoto, Fernandes Solange de Paula Ramos, Celio Estanislau, Emerson José Venancio (2012). Efeitos Comportamentais e Imunológicos da Fluoxetina em Ratos Submetidos ao Nado Forçado 7 Maria Alice Amorim Garcia, Maria Julia Tafuri, Ricardo de Carvalho Nogueira, Thiago Mussato Carcinoni (2000). Depressão em pacientes com câncer: uma revisão