MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx - DFA - DEPA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DO EXÉRCITO E COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR



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Transcrição:

MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECE - DFA - DEPA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DO EXÉRCITO E COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR 1º Ten Al GEISA CARLA MARTINS DE CAMPOS ANÁLISE DO CONTROLE DE PRAGAS NO RANCHO DA ESAEX Salvador 2010

GEISA CARLA MARTINS DE CAMPOS ANÁLISE DO CONTROLE DE PRAGAS NO RANCHO DA EsAE TCC EsAE 2010

12 1º Ten Al GEISA CARLA MARTINS DE CAMPOS ANÁLISE DO CONTROLE DE PRAGAS NO RANCHO DA ESAEX Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Avaliação de Trabalhos Científicos da Divisão de Ensino da Escola de Administração do Eército, como eigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Orientador: Cap QCO José Maria Ferreira Júnior Salvador 2010

13 1º Ten Al GEISA CARLA MARTINS DE CAMPOS ANÁLISE DO CONTROLE DE PRAGAS NO RANCHO DA ESAEX Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Avaliação de Trabalhos Científicos da Divisão de Ensino da Escola de Administração do Eército, como eigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Aprovado em: 30 / setembro /2010 Anaditália Pinheiro Viana Araújo - Cap - Presidente Escola de Administração do Eército José Maria Ferreia Júnior Cap - 1º Membro Escola de Administração do Eército Renate Uhr Gomes Braga Cap 2º Membro Escola de Administração do Eército

Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, pela força. Ao meu filho, Vinícius e ao meu marido Cristiano, por toda paciência diante das dificuldades impostas pela minha ausência e principalmente, pelo apoio e carinho nesta árdua caminhada.

RESUMO As pragas provocam danos ao homem desde os tempos mais remotos não só pelo risco à saúde que representam através das doenças transmitidas, mas também pelos estragos que causam na estocagem dos alimentos, nas contaminações dos produtos e ambientes. Objetivos: averiguar quais os métodos de controle de pragas vem sendo aplicados no Rancho da EsAE/CMS; verificar se o Rancho adota as medidas preconizadas pelo Controle Integrado de Pragas. Métodos: na condução da pesquisa foi utilizada parcialmente a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em cozinhas militares e serviço de aprovisionamento da Portaria nº854 / SELOM (BRASIL, 2005) que institui as orientações técnicas referentes às Boas Práticas em Segurança Alimentar nas Organizações Militares. Foram confrontadas as recomendações da Lista de Verificação com a realidade do Rancho. Os dados foram obtidos através de informações do oficial aprovisionador e por visitas às instalações. A pesquisa é classificada como de natureza aplicada e foi adotada uma abordagem qualitativa. Conclusão: no Rancho da EsAE é realizado apenas controle químico, sendo esse considerado medida corretivas. Não são feitas medidas preventivas tais como implantação de Boas Práticas, barreiras físicas, ações de limpeza e treinamento das pessoas envolvidas no processo. Para que o Rancho da EsAE se adeque a esta nova realidade é preciso que o controle seja baseado nas medidas preventivas tendo o controle químico um papel coadjuvante. Palavras-chave: Controle Integrado de Pragas. Rancho da EsAE. Pragas Urbanas. Insetos. Roedores urbanos.

12 ABSTRACT Pests have caused damage to people since earliest times, not only concerning the health risk through diseases but also by the damage they cause in the storage of food, in the contamination of products and environments. Objectives: the present study aims at investigating pest control methods applied at the dining hall of Escola de Administração do Eército (EsAE), checking whether the dining hall adopts the measures advocated by the Integrated Pest Control. Methods: the conduct the research the Checklist of Good Manufacturing Practices in military kitchens was partially us Good Practice at Food Safety in military Organization. The recommendation of the checking were compared with the reality of the dining hall. The data were obtained through information of the Official responsible to the facilities. This research is of applying nature and a qualitative approach was adopted. Conclusion: As a result, it was seen that at the dining hall only a chemical contral is done, being considered as a conrrective measure. Preventive measures are not being made such as Good Practice Introdution, physical barriers, cleaning actions and the training for the involved people. In order that the dining hall gets adequate to this new reality, it is necessary that the control is based on preventive measures, having the chemical control as a supporting role. Keywords: Integrated Pest Control. Ranch of EsAE. Urban pests. Insects. Urban rodents

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 9 2 REFERENCIAL TEÓRICO... 12 2.1 ALIMENTO SEGURO E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF)... 12 2.2 ASPECTOS BIOLÓGICOS DAS PRINCIPAIS PRAGAS URBANAS... 13 2.2.1 Baratas... 13 2.2.2 Formigas... 14 2.2.3 Moscas... 16 2.2.4 Roedores... 16 2.3 LEGISLAÇÃO... 18 2.4 CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS... 19 2.5 ETAPAS DO CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS... 20 2.5.1 Inspeções... 20 2.5.2 Inspeção/ identificação de insetos... 21 2.5.3 Inspeção/ identificação de roedores... 22 2.5.4 Caracterização das ocorrências... 22 2.5.5 Ações específicas... 22 2.5.6 Tratamento... 23 2.5.7 Monitoramento e desenvolvimento... 26 2.6 MEDIDAS DE SEGURANÇA E FALHAS NO PROCESSO DO CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS... 26 3 REFERENCIAL METODOLÓGICO... 28 3.1 TIPO DE PESQUISA... 28 3.2 QUESTÕES DE ESTUDO... 28 3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 29 4 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE DADOS... 30 4.1 EDIFICAÇÃO E INSTALAÇÕES... 30 4.2 HIGIENIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES... 31 4.3 MANEJO DE RESÍDUOS... 32 4.4 HIGIENIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E MAQUINÁRIOS, E DOS MÓVEIS E UTENSÍLIOS... 32

4.5 MATÉRIA-PRIMA, INGREDIENTES E EMBALAGENS... 33 4.6 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS... 33 5 CONCLUSÃO... 36 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 37 ANEXOS...39

9 1 INTRODUÇÃO A higiene ambiental constitui um dos fatores que influenciam a qualidade sanitária de um serviço de alimentação. Muitos insetos e vários animais como ratos, morcegos, pombos, aracnídeos e outros, vivem em contato íntimo com o homem, associados às cidades, invadindo e colonizando locais habitados, danificando construções e transmitindo doenças (ZORZENON, 2002). As infestações são frequentes em locais onde eistem condições favoráveis para a proliferação e disponibilidade de alimentos. Falhas no gerenciamento nas diferentes etapas de elaboração de um alimento comprometem a qualidade e epõem quem se alimenta a inúmeros riscos. Os surtos de doenças transmitidas por alimentos, resultado da contaminação, podem provocar inúmeros danos à saúde, sendo as mais frequentes as toinfecções alimentares. Essas são doenças de origem infecciosa ou tóica transmitidas por alimentos e água e que, normalmente, ocorrem como surtos provocando, na maioria das vezes, vômito, diarréia e febre. A contaminação dos alimentos pode ocorrer na produção de matéria prima, transporte, recepção, armazenamento, nas etapas de manipulação para sua elaboração e durante a eposição para o consumo (ZANDONADI et al., 2007). As pragas podem contaminar os alimentos nas diversas etapas que envolvem a sua elaboração, deteriorar o produto, serem vetores de inúmeras doenças ao homem e a outros animais e causar repulsão a quem consome. Antigamente, o controle de pragas era realizado apenas com ações imediatistas que baseavam-se, quase que simplesmente, no controle químico, acarretando o uso abusivo e indiscriminado de praguicidas, não obtendo resultados prolongados e com aumento dos riscos de contaminação ambiental. Devido à necessidade de um sistema de controle de pragas o qual empregasse o mínimo de produtos químicos e menor dano ao ambiente, criou-se então o Controle Integado de Pragas (SBCTA, 2003). De acordo com a Portaria nº 854 / SELOM (BRASIL, 2005): Controle Integrado de Pragas: sistema que incorpora ações preventivas e corretivas, destinadas a impedir a atração, o abrigo, acesso e/ou proliferação de pragas urbanas que comprometam a segurança do alimento. Para que haja controle efetivo destas pragas, é necessário não apenas medidas corretivas, mas também a limpeza dos ambientes e proteção física. Deve-se levar em conta requisitos como qualidade, saúde, segurança e ecologia; conceitos mais atuais, que cumprem as necessidades de combate às pragas e a preservação do ambiente e da saúde do homem.

10 O Rancho da Escola de Administração de Eército (EsAE), assim como um restaurante convencional, recebe, armazena, e manipula alimentos; elabora refeições e produz resíduos (lio). Assegurar a qualidade da refeição fornecida não garante apenas a saúde do militar que faz sua refeição no Rancho, mas também, reduz baias. O objetivo geral deste trabalho é verificar como as pragas estão sendo controladas no Rancho e epor as medidas que compõem o conceito moderno de Controle Integrado de Pragas. A fim de atingir esse objetivo geral, foram também estudados os seguintes objetivos específicos: definir alimento seguro e os riscos de contaminação; verificar a importância do controle de pragas na produção de um alimento seguro; caracterizar a biologia das principais pragas que acometem o Rancho; levantar as principais legislações federais que tratam, ou simplesmente citam o assunto controle de pragas e descrever as principais etapas do Controle Integrado de Pragas. Para atingir todos os objetivos acima delineados, este trabalho adotou a metodologia a seguir: quanto aos procedimentos técnicos, foi feita uma revisão bibliográfica sobre Controle Integrado de Pragas. Posteriormente, foi apresentado um Estudo de Caso do Rancho da EsAE/CMS, através da aplicação parcial da Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Cozinhas Militares e Serviços de Aprovisionamento (ANEXO A) preconizado pela Portaria nº 854 (BRASIL,2005), a qual traz o Regulamento de Boas Práticas em Segurança Alimentar nas Organizações Militares. Concomitantemente à aplicação da lista de verificação foram coletadas informações verbais, junto ao Aprovisionador (oficial aprovisionador do Rancho) e seus auiliares visando maior esclarecimento quanto aos resultados encontrados. Ressalta-se, que a utilização desta lista se dá em função da estreita relação entre controle de pragas e boas práticas de fabricação. Através da aplicação parcial da lista de verificação é possível verificar se o Rancho da EsAE/CMS está realizando o Controle Integrado ou não. Visando respaldar conceitualmente o objeto de estudo, a segunda seção, que dispõe sobre o referencial teórico, será dividida em seis subseções. A primeira descreve um alimento seguro e os riscos que um alimento pode oferecer. A segunda faz um levantamento das características biológicas importantes das pragas mais comuns no Rancho da EsAE/CMS. A terceira apenas aborda as legislações federais que citam o assunto controle de pragas. A quarta, quinta e seta subseções tratam do Controle Integrado de Pragas propriamente dito. Nestas será abordado o conceito de Controle Integrado de Pragas, as etapas para sua realização, as medidas de segurança e riscos no processo.

11 Na terceira seção, serão evidenciados os aspectos metodológicos envolvidos no trabalho, tendo em vista a descrição dos objetivos, do tipo de pesquisa e dos procedimentos metodológicos. Na quarta seção, é feita a apresentação dos dados obtidos por meio de estudo de caso. A lista de verificação é apresentada sob a forma de quadro preenchido. A última seção será dedicada à eposição das conclusões do trabalho, conforme análise feita das seções anteriores.

12 2 REFERENCIAL TEÓRICO No referencial teórico são feitas algumas considerações sobre alimento seguro e Boas Práticas de Fabricação; os principais aspectos biológicos das pragas mais frequentes; são citadas as legislações, que pelo menos, tratam o assunto controle de pragas e conceitua o Controle Integrado de Pragas com suas respectivas etapas. 2.1 ALIMENTO SEGURO E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF) É direito das pessoas terem epectativa de que os alimentos que consomem sejam seguros e adequados para o consumo (ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE, 2006, p.26). Akutsu et al (2005) consideram que a qualidade de um alimento se relaciona a aspectos intrínsecos (qualidade nutricional e sensorial) e também à segurança (qualidade higiênico-sanitárias). A qualidade higiênico-sanitária é considerada fator de segurança alimentar e tem sido amplamente estudada e discutida, já que as enfermidades de origem alimentar ocorrem quando uma pessoa contrai uma doença devido a ingestão de alimento contaminado com microrganismos ou toinas indesejáveis (AKUTSU et al, 2005). Segundo Zandonadi et al (2007), a contaminação dos alimentos tem início na produção da matéria prima e estende-se pelas etapas subsequentes (transporte, recepção, armazenamento). Durante a manipulação, as contaminações ocorrem, principalmente, por condições precárias de higiene de manipuladores, equipamentos, utensílios, ambiente e condições inadequadas de armazenamento dos produtos prontos para o consumo. Segundo OPAS (2006), as pragas representam uma séria ameaça à segurança e à adequação dos alimentos. É importante destacar que o Controle Integrado de Pragas está diretamente ligado às BPF de alimentos, que são um conjunto de práticas e procedimentos a serem seguidos para o correto manuseio e preparo dos alimentos, incluindo todas as etapas da cadeia produtiva, de forma a garantir a segurança e a integridade. As BPF atingem, basicamente, aspectos de âmbito sanitário, que vão desde normas específicas de construção civil, com a finalidade de previnir a entrada de pragas e facilitar a

13 produção dos alimentos, a manutenção de higiene das instalações, estocagem, transporte e distribuição. São levadas ainda em consideração as práticas de higiene pessoal dos manipuladores e o treinamento dos mesmos. Tais procedimentos asseguram ao estabelecimento a minimização das perdas de alimentos impróprios para o consumo, devido a infestações de pragas ou contaminações microbiológicas por processos de higienização inadequados (CHAVES et al, 2006). 2.2 ASPECTOS BIOLÓGICOS DAS PRINCIPAIS PRAGAS URBANAS As pragas tem causado problemas ao homem desde tempos remotos, não só pelos riscos à saúde que representam, pricipalmente como vetores de inúmeras doenças transmitidas, mas também pelos estragos que causam, na estocagem dos alimentos, nas contaminações, produtos e ambientes (GIORDANO, 2004). A presença danosa das pragas e o descontrole de algumas espécies se dá em função do desequilíbrio ecológico provocado pelo próprio homem, no qual tem destaque o acúmulo de lio, a falta de saneamento básico, a ausência de predadores naturais e as falhas na higiene e na educação das pessoas. Muitos insetos e vários animais como ratos, morcegos e aracnídeos são encontrados em refeitórios, porém neste trabalho serão abordadas as características biológicas apenas das mais frequentes, tais como baratas, formigas, moscas e os principais roedores sinantrópicos. 2.2.1 Baratas As baratas estão entre o grupo de insetos mais antigos e de maior capacidade de adaptação encontrados na face da terra. (SBCTA, 2003). Pertencentes à ordem Dictyoptera, possuem aproimadamente 3500 espécies descobertas, onde apenas 1% destas possuem hábitos domiciliares (ZORZENON, 2002). As espécies de maior importância são a Periplaneta americana (barata americana) e Blattella germanica (barata alemã).

14 São insetos de corpo ovalar e deprimido e, normalmente, os machos são menores do que as fêmeas. Possuem a cabeça curta, longas antenas inseridas entre os olhos e aparelho bucal mastigador que as permite roer papéis, roupas sujas de alimento, pão gorduras, etc. Esses insetos são andarilhos ecepcionais e possuem coas grandes, fêmures e tíbias com espinhos. O desenvolvimento dá-se por metamorfose gradual, na qual tem-se as fases de ovo, ninfa e adulto. A fase de ninfa é onde ocorre todo o crescimento do inseto e ocorrem de seis a treze trocas de pele, denominadas ecdises. As baratas são animais de hábitos noturnos e é durante a noite que saem do abrigo para alimentação, cópula, ovoposição, dispersão e vôo (MARINÉSIA et al., 2002). A Periplaneta americana (barata americana ou de esgoto) possui um ciclo de vida que varia de 180 a 1095 dias, a fêmea coloca, em sua vida, uma média de 225 ovos dispostos em várias ootecas. Esta espécie, de porte médio e coloração avermelhada, localiza-se preferencialmente em tubulações de esgotos, caias de gordura, embaio de pias, locais escuros e úmidos, em geral. A espécie Blattella germanica é de porte bem menor e cor que varia de amarelo a cinza. Esta barata é etremamente prolífera (260 ovos/fêmea) e possui um ciclo de vida em torno de 200 a 300 dias. Este inseto prefere locais quentes e úmidos e por isso é encontrado atrás de fogões, geladeiras, frestas, armários de cozinha e outros (SBCTA, 2003). 2.2.2 Formigas As formigas são insetos que pertecem à ordem Hymenoptera, onde também se incluem abelhas e vespas. Dividem-se em castas com diferentes funções dentro da colônia. Segundo Zorzenon (2002), aproimadamente 11000 espécies de formiga já foram identificadas no mundo, sendo que, no Brasil, são encontradas aproimadamente 2000. Destas, apenas 20 a 30 são consideradas pragas urbanas. As formigas operárias são as que costumamos ver. Elas são todas fêmeas, não possuem asas e são estéreis; são também as responsáveis por todo o trabalho dentro da colônia, que também é chamada de formigueiro. Em alguns períodos do ano, colônias maduras produzem um grande número de indivíduos alados que são os reprodutores. A casta dos reprodutores é composta de rainhas e machos. Estes saem para realizar o vôo de

15 acasalamento e formar novas colônias. O uso inadequado de inseticidas de determinados princípios ativos (repelentes) podem antecipar esta fragmetação e gerar um aumento da infestação. As formigas apresentam metamorfose completa com as fases de ovo, larva, pupa e adulto. Na maioria das espécies de formiga, apenas uma rainha é encontrada dentro do ninho e caso morra, o formigueiro também morre. No entanto, em algumas espécies, especialmente as domésticas, várias rainhas fecundadas podem ocorrer dentro de um formigueiro. As rainhas possuem grande longevidade, rainhas de saúvas podem viver até vinte anos, enquanto rainhas de formigas domésticas podem viver de dois a quatro anos. As diferentes espécies de formigas que ocorrem no ambiente urbano apresentam algumas características, como: compartilham o mesmo ambiente com o homem que fornece locais para a construção de ninhos e é o responsável pela dispersão da espécie para longas distâncias; possuem grande capacidade de migração; não possuem comportamento agressivo entre indivíduos de diferentes ninhos que ocorrem na mesma área. Esta característica permite o trânsito de indivíduos, da mesma espécie, de uma colônia para outra. Outra característica importante é a reprodução pela fragmentação da colônia, isto é, as formigas urbanas não realizam mais o vôo nupcial, ocorrendo a cópula dentro do ninho. A colônia então se fragmenta, pois as operárias partem com rainhas fecundadas para novos locais onde formam uma nova colônia (BUENO, 2003). O tempo de vida de uma colônia é de aproimadamente vinte anos, podendo chegar a quarenta anos no caso de substituição da rainha. Para Bueno (2003), qualquer forma de controle adotado deve ter por objetivo eliminar a colônia como um todo e não somente as operárias que realizam atividades eternas ao ninho. Para se controlar efetivamente formigas, é necessário identificar a espécie e identificar seus hábitos alimentares através de uma inspeção minuciosa no ambiente, registrando o número de espécies presentes e, quando possível, localizar todos os ninhos. Se o ninho for encontrado, ele pode ser eliminado com o uso de água quente com detergente ou mesmo com um inseticida convencional (BUENO, 2003). O uso indiscriminado de inseticidas pode promover, além da contaminação do ambiente, a fragmentação das colônias, aumentando o nível de infestação. Normalmente, usa-se iscas atrativas que são levadas para dentro do formigueiro e distribuídas a todos os indivíduos da colônia, inclusive para a rainha. No entanto, o ingrediente ativo deve atuar em baia concentração e não deve agir por contato (BUENO, 2003).

16 2.2.3 Moscas As moscas pertencem à ordem Diptera, que recebe este nome (di=duas, ptera=asas) devido ao fato de possuírem um par de asas membranosas. Os dípteros pertecem a um dos quatro maiores grupos de organismos vivos, onde constata-se que eistem mais moscas que vertebrados (SBCTA, 2003). Os dípteros possuem metamorfose completa, pois apresentam a fase de ovo, larva, pupa e adulto. São insetos cosmopolitas e a maioria deles são causadores de doenças no homem e em animais domésticos. Eistem moscas com aparelho bucal com capacidade para absorver líquidos e outras com aparelho bucal do tipo sugador. A importância do controle de moscas não se baseia apenas no fato do incômodo físico provocado por elas, mas sim no risco de contaminação que elas oferecem devido ao fato de proliferarem em material orgânico, como lio e material em decomposição. As moscas são responsáveis pela transmissão de inúmeras doenças e bactérias que podem ficar alojadas dentro delas ou mesmo sobre os pelos que as recobrem. A transmissão é mecânica e ocorre, principalmente, pelo fato delas pousarem sobre lio e material em decomposição e, posteriormente, sobre o alimento pronto. O controle das moscas urbanas não é cosiderado fácil. De um modo geral, o uso eclusivo de praguicidas pode provocar o desenvolvimento da resistência aos inseticidas químicos e impactar o ambiente (BUENO, 2003). O uso de inseticidas químicos tem a vantagem de reduzir rapidamente as populações de moscas, mas seus efeitos são temporários, requer uso periódico, com custos elevados; desenvolve resistência nas populações tratadas; além dos riscos de intoicação e contaminação ambiental. Basicamente, o controle da infestação de moscas ampara-se em medidas preventivas como colocação de telas em portas e janelas, um correto acondicionamento e destinação do lio e a manutenção de alimentos tampados (SBCTA, 2003). 2.2.4 Roedores

17 Depois dos seres humanos, os roedores são o grupo de mamíferos mais bem sucedidos do planeta. Alguns deles tornaram-se sinantrópicos, isto é, convivem com o homem no mesmo ambiente e representam um sério problema (MARQUES, 2008). Os roedores vivem em colônias ou agrupamento, cujo número irá variar conforme as espécies e as condições ambientais do território. A instalação destes roedores em um ambiente está apoiada no tripé água, abrigo e alimento. Eles se alimentam, principalmente, de alimentos armazenados e lio em áreas urbanas e de grãos e vegetação natural em áreas rurais. Como abrigo, utilizam-se de pilhas de material abandonado, pilhas de materiais de construção, veículos sucateados, lio aberto, podendo ainda se aproveitar de problemas estruturais nas instalações etc. São três as espécies mais adaptadas ao ambiente urbano e causadoras de prejuízos: ratazanas (Rattus norvergicus), ratos de telhado (Rattus rattus) e camundongos (Mus musculus). Segundo Marques (2008), identificar a espécie de roedor infectante é fundamental no sucesso das ações de controle. Ratazana A ratazana é também conhecida como rato de esgoto, rato marrom, gabiru etc. São ratos escavadores que vivem em tocas perfuradas na terra ou em locais protegidos junto a muros ou estruturas de concreto. Segundo Marques (2008), são encontrados facilmente em galerias de esgoto, de águas pluviais, caias subterrâneas de telefone, eletricidade etc. Vivem em colônias cujo tamanho depende da disponibilidade de abrigo e alimentos no território habitado. Atingem a maturidade seual aos três meses de idade e vivem, em média, dois anos. A fêmea entra no cio oito vezes ao ano, parindo, vinte e dois dias após a cobertura, as ninhadas de oito a doze filhotes. São hábeis nadadores e possuem membranas interdigitais que as permitem tal hábito. Possuem um hábito alimentar bem variado, mas demonstram preferência por cereais, peie, carne e lio.

18 Rato preto ou rato de telhado São ratos comuns em áreas rurais e em áreas urbanas. Estes ratos possuem não só diferenças morfológicas em relação às ratazanas, mas também diferentes habitat, comportamento e hábitos. Possuem grande capacidade de escalar superfícies verticais e andar sobre fios, cabos e galhos de árvores (MARQUES, 2008). O rato preto vive em pequenos grupos, em sua maioria com laços parentais. As características das construções urbanas, tais como presença de forros falsos, galerias para passagem de fios e cabos e o intenso processo de verticalização das cidades vem propiciando o aumento da população destes ratos (MARQUES, 2008). Segundo Marques (2008), outro fato que deve ser considerado para o aumento desta espécie em áreas urbanas é que programas de controle de roedores tem sido direcionados para o controle de ratazanas e ignorado medidas de combate ao rato preto. Camundongo O camundongo é também conhecido como rato caseiro, mondongo, catita e outras denominações regionais. É um pequeno roedor que vive em pequenas famílias, dominados por um macho e algumas fêmeas. Vivem dentro de casas e edifícios e fazem seus ninhos em fundos de caias, gavetas pouco usadas, estufas de fogões, depósitos de lenhas e em quintais, onde são criados animais domésticos. Podem se alimentar de inúmeros tipos de alimentos mas demonstram preferência por grãos e cereais. Vivem, em média, um ano, atingindo a maturidade seual em sessenta dias. A fêmea entra no cio seis vezes ao ano, gerando até seis filhotes por ninhada (MARQUES, 2008). 2.3 LEGISLAÇÃO Segundo Matias (2007), a qualidade do alimento oferecido à população sempre foi uma preocupação do Governo Federal. Esta preocupação se concretiza na criação de

19 regulamentos, normas, decretos-lei e outros mecanismos legais que tem por finalidade maior a produção de alimentos de melhor qualidade. Devido a relevância do controle de pragas na produção de um alimento seguro, todas legislações abaio possuem uma certa relação ao assunto, embora em algumas seja apenas citado, não ficando eplícito os procedimentos a serem adotados: Portaria SVS/MS nº 326, de julho de 1997: Aprova o Regulamento Técnico; Condições Higiênicos-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadore de Alimentos (BRASIL,1997). RDC nº 175, de 8 de julho de 2003: Regulamento Técnico de Avaliação de matérias macroscópicas e microscópicas prejudiciais à saúde humana em alimentos embalados (BRASIL, 2003). RDC nº 18, de 29 de fevereiro de 2000: Dispõe sobre Normas Gerais para o funcionamento de Empresas Especializadas na prestação de serviços de controle de vetores e pragas urbana (BRASIL, 2000). RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004: Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviço de Alimentação (BRASIL,2004). PORTARIA nº 854 / SELOM, de 04 de julho de 2005 (Ministério da Defesa): Regulamento Técnico de Boas Práticas em Segurança Alimentar nas Organizações Militares (BRASIL,2005). 2.4 CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS A Portaria nº 854 do Ministério da Defesa (BRASIL, 2005) define Controle Integrado de Pragas como o sistema que incorpora ações preventivas e corretivas, destinadas a impedir

20 atração, o abrigo, o acesso e \ou proliferação de vetores e pragas urbanas que comprometam a segurança do alimento. O Controle Integrado de Pragas teve sua estrutura fundamentada na necessidade de minimizar o uso abusivo e indiscriminado de praguicidas. As práticas inadequadas e os riscos constantes de contaminação geraram preocupação em profissionais da agricultura e ambientalistas, que sempre buscaram um sistema que empregasse o mínimo de produtos químicos (SBCTA, 2003). Com o aumento das eigências do mercado em relação à qualidade de alimentos e a vigilância sanitária cada vez mais atuante, o Controle Integrado de Pragas tem aumentado sua abrangência em estabelecimentos que manipulam, armazenam e preparam alimentos. O Controle Integrado de Pragas é baseado em duas grandes linhas de ação: ações preventivas e ações corretivas, que juntas destinam-se a impedir que pragas ambientais possam gerar problemas significativos. Nas ações preventivas, estão compreendidas a implantação das BPF, barreiras físicas, trabalhos de educação e treinamento das pessoas visando evitar infestações. As ações corretivas, por sua vez, compreendem a instalação de barreiras físicas que impeçam o acesso das pragas e a colocação de armadilhas complementadas, então, por ações de limpeza, higiene e, finalmente, pelo controle químico (SBCTA, 2003). 2.5 ETAPAS DO CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS A implementação do Controle Integrado de Pragas é obtida com uma série de atividades onde as principais são: inspeções, caracterização das ocorrências, ações específicas, tratamento e monitoramento. 2.5.1 Inspeções Nesta primeira fase, as instalações devem ser inspecionadas e avaliadas em busca de dados sobre as seguintes situações: tipo e grau de infestação;

21 os problemas causados; tipos de ambientes, etensão física e para que fins são utilizadas; origem da infestação. Nesta etapa, faz-se necessário dividir as instalações por setores a fim de facilitar a avaliação. As instalações deverão ser caracterizadas de acordo com os riscos dos trabalhos eecutados como mais ou menos críticos. Em caso de infestações, é interessante dar graus de criticidade: 1, 2, 3, ou outro, a fim de definirmos as ações nas etapas subsequentes. Para SBCTA (2003), devem ser considerados setores de alto risco de infestação aqueles que a presença das pragas é altamente comprometedora (insumos, processo, produtos etc.). Aqueles onde a presença das pragas podem propiciar a ocorrência de contaminação ou inadequação à qualidade (áreas de acesso, serviços de apoio etc.) são consideradas de risco moderado. Já as áreas eternas e adjacentes, onde a presença eventual não causa danos epressivos, podem ser consideradas como de risco menor. São nestas inspeções que podemos analisar as condições de Boas Práticas de Fabricação e a eliminação das possíveis causas de infestação. Em relação à inspeção destinada a insetos e roedores, pode-se destacar: a identificação de insetos, de roedores, a caracterização das ocorrências, as ações específicas, os diversos tipos de tratamento e, por fim, o monitoramento e desenvolvimento. 2.5.2 Inspeção/ identificação de insetos Tem por objetivo identificar a presença ou indícios de insetos, através da visualização do próprio inseto ou mesmo de sinais atribuídos à sua presença (SBCTA, 2003). No ambiente, faz-se necessário identificar: presença de insetos vivos e locais de abrigo; danos, presença de fezes, mudas de pele; possíveis pontos de entrada; falhas na vedação em tubulações, ralos sem proteção, portas e janelas mal vedadas; azulejos mal assentados ou quebrados; acúmulo de água em ralos, drenos ou caias de passagem; presença de entulho, materiais fora de uso, caias mal armazenadas; os estrados com presença de brocas ou cupins;